Alckmin em São Vicente: Confetes, pontes, blábláblá e R$ 1 milhão para encenação?

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve nesta última terça-feira dia 15 de janeiro de 2012 em São Vicente para assinar os protocolos de abertura de licitação para efetivar obras na Rodovia dos Imigrantes. O objetivo dessas construções é resolver definitivamente o problema do trânsito que liga a Capital Paulista com a Baixada Santista, mais precisamente no litoral sul – entre as cidades de Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande e São Vicente (mas o transporte público continua caro e deficiente).

Lembrando que no ano passado, no dia 21 de dezembro, o governador também esteve na região (na cidade de Santos) para anunciar a compra de 22 Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) para a Baixada Santista. (sem querer se aprofundar no tão sonhado VLT que já tem data marcada para iniciar – março de 2014 – após uma década de promessas) Enfim, a vinda de Alckmin na Baixada novamente é mais uma estratégia propagandística para as eleições de 2014, onde prefeitos jogam confetes para abocanhar um quinhãozinho aqui e outro ali, do que para trazer soluções de fato.

Infelizmente os horários desses eventos são sempre em momentos em que os trabalhadores estão trabalhando, por isso, pouco ou nada se vê em relação a alguma manifestação de repúdio (pelo fato também da Baixada ter pouca organização popular), principalmente por este ser um dos governos mais reacionários da história do Estado de São Paulo, que vem promovendo massivamente uma higienização social descarada e violenta contra a população pobre, vide: “Pinheirinho”, ” Cracolândia”, e a lista não para, se formos elencar tudo que vem ocorrendo. Para se ter uma ideia, um dos motivos vociferados por Alckmin em relação à construção dos viadutos, não tem nada a ver com o trânsito, mas, disse ele: controlar o índice de marginalidade nos trechos da Rodovia, e acrescentou, quando lhe fizeram uma pergunta sobre a onda de violência no Estado de SP, que uma de suas propostas é a redução da maioridade penal. Esta aí o cara que desceu à baixada e foi recebido com confetes.

Pois bem, 2014 é ano de eleição, e é costurando alianças que se projetam pontes e viadutos. E no que se diz respeito à cidade de São Vicente, cheia de problemas de ordem econômica e administrativa – e com um novo prefeito que prometeu o Paraíso, mas que começou cortando gastos atingindo a população covardemente – evidente, que ao contrário de uma manifestação, o novo prefeito (Bili) levou a sua cordialidade, para assim, garantir sobrevivência, solicitou por um hospital, expôs as dificuldades da cidade e blábláblá – negócios. (não há porque esperar algo de um governante profissional, oras.)

E como quem não chora não mama, quem não libera não ganha!

Roendo o ossinho e jogando o confetezinho, o Governador se alegrou e liberou R$ 97 milhões para os oito municípios que têm direito à verba do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade) na região, exceto Cubatão. Só para São Vicente, liberou R$ 50 milhões para a construção de uma nova ponte sobre o Canal dos Barreiros e mais 3,5 quilômetros de pista.

Agora é só aguardar o edital e os trâmites da lei 8.666 de Licitações, que muita gente reclama de burocrática, mas que na verdade garante à iniciativa privada mamar no dinheiro público, exemplo disso, no que se trata de obras do Governo do Estado, trazendo um pouco para a realidade vicentina, temos o Viaduto Mário Covas, que corta a Rodovia dos Imigrantes, ligando os bairros Parque Bitarú e Vila Margarida, cuja obra é extremamente mal planejada e principalmente há de se colocar que a população que mora ao redor não foi consultada, muito menos indenizada com os problemas que o viaduto trouxe, pois derrubou o valor das casas que ficam ao redor, há algumas que simplesmente ficaram sitiadas pelo viaduto.

E aí, a culpa é de quem? Com certeza se formos aprofundar, chegaremos a uma conclusão: O dinheiro público, da forma como é usado, pouco faz para o bem comum das pessoas, ele só financia empresas que vão entrar nesse edital, superfaturar, explorar trabalhadores e construir problemas.

Continuando com o dinheiro público liberado…

Para apoiar o maior espetáculo do mundo em areia de praia ao ar livre (como se isso quisesse dizer alguma coisa), o governador decidiu liberar a bagatela de R$ 1 milhão para a 31ª edição da Encenação da Fundação da Vila de São Vicente. Segundo o novo prefeito vicentino, o espetáculo deste ano será uma apresentação teatral de volta à sua origem histórica (lembrando que no final do ano passado o novo prefeito disse que cortaria gastos e faria uma versão menor da apresentação). E agora, José? Com R$ 1 milhão nas mãos, como vai ser?

Para quem ainda não sabe, a entrada do espetáculo este ano é um ato solidário, ou seja, custará 800 gramas de achocolatado ou um leite em pó integral, que será repassado para o Fundo Social, que destinará às escolas e às creches de São Vicente. Eis o ponto: no final do ano passado, houve denúncia de falta de alimentos nas escolas e nas creches, que resultou em reportagens por meio da mídia corporativa e da mídia independente. Em resposta à denúncia, a supervisora da SEDUC disse que não havia problemas, apenas atrasos, porém, os pais denunciaram e disseram que houve e ainda há problemas sim, o que vem a se confirmar com esse pedido de solidariedade.

Mas e aí, que fazer? Esperar que Geraldos e Billis resolvam nossos problemas?

Incra ocupado! Milton Santos resiste

Cerca de 120 pessoas, entre assentados e apoiadores do Assentamento Milton Santos, ocuparam o Incra em São Paulo. Por Passa Palavra

Fonte: http://passapalavra.info/?p=70663

Cerca de 120 pessoas, entre assentados e apoiadores do Assentamento Milton Santos, ocuparam um pouco depois das 4 horas da manhã do dia 15 de janeiro o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria) na Rua Doutor Brasílio Machado, 203, Santa Cecília, na região central de São Paulo. Foram estendidas lonas e faixas na entrada do prédio e os funcionários que chegavam para trabalhar estavam sendo dispensados. Perto das 8h começaram a chegar os primeiros funcionários do corpo técnico do Incra, que também foram impedidos de entrar.

Os assentados já estenderam seus colchões e pertences em um andar do prédio.

Já há seis meses as famílias estão convivendo com a insegurança, diante da ameaça de perderem suas casas e, ao contrário do que aconteceu em outros momentos, desta vez a posição dos manifestantes é manter-se em ocupação até que a presidenta Dilma assine o decreto de desapropriação.

Também acompanham a ocupação alguns representantes do acampamento Luiz Gustavo, situado na região de Colômbia, próximo a Barretos. Eles exigem que o Incra acelere o processo de indenização do terreno, sob o risco de 110 famílias serem desalojadas nos próximos dias.

Atualizações

As circunstâncias da ação de hoje

A ação de hoje acontece como tentativa de estabelecer um canal de pressão mais direto sobre o governo federal.

Apesar de o Incra vir sofrendo um processo de enfraquecimento de suas funções, a própria mudança de orientação na prática de reforma agrária do governo coloca este órgão no centro das atenções.

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A ocupação do prédio mantem-se total por prazo indeterminado. Substituindo a sua atividade ordinária, outras estão sendo pensadas com o intuito de estreitar os laços com outras organizações e parceiros na cidade de São Paulo. A idéia é abordar a questão do Assentamento Milton Santos dentro de um contexto mais amplo, vivenciado por outras experiências de luta social, marcado pelo avanço das formas de expropriação da classe trabalhadora.

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Enquanto isso, em Americana…

Enquanto no prédio do Incra nenhum responsável apareceu para estabelecer um contato oficial com os manifestantes, coisas importantes aconteceram no Assentamento.

O prefeito de Americana esteve no local para dialogar sobre possíveis soluções. Chegou a oferecer propostas reparativas para as famílias, como alojamentos provisórios ou subsídios, mas que foram prontamente rechaçadas por elas. Neste diálogo chegou a ser cogitada a possibilidade de a Prefeitura executar a desapropriação, desde que tivesse dinheiro em caixa para cobrir a idenização, o que recolocaria o problema no colo do governo federal.

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Por fim, é importante ressaltar que hoje a notificação chegou no Assentamento pela parte da manhã, de forma a não deixar nenhuma dúvida de que o prazo está correndo. Ao mesmo tempo, espera-se o resultado do julgamento do embargo da liminar pedido pelo INSS. Era essa a última desculpa sustentada pelo governo federal para executar a desapropriação, visto que em todos os espaços de negociação ele alegou que faria uso deste instrumento tão logo se esgotassem os recursos jurídicos.

Mas até o momento não há informações sobre esta questão.

Apelo de solidariedade às famílias do assentamento Milton Santos

Reproduzimos abaixo comunicado do setor de comunicação do assentamento Milton Santos, que vive um momento delicado nos últimos dias. Como não poderia ser diferente, nos colocamos ao lado dos companheiros nessa luta.

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A comunidade do assentamento Milton Santos vive uma situação urgente e extremamente delicada.

O assentamento Milton Santos é uma comunidade consolidada há 7 anos, por 68 famílias que batalharam na luta pela reforma agrária e construíram suas casas e suas vidas mantendo plantação e produção de alimentos na região de Americana, São Paulo. No entanto, desde julho de 2012, os moradores do Milton Santos vêm sofrendo pressões para saírem das terras nas quais foram legalmente assentados pelo presidente Lula e pelo Incra, em 23 de dezembro de 2005.

Em meados do ano passado, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi intimado a cumprir uma reintegração de posse solicitada pela pela família Abdalla, antiga proprietária do terreno que teve parte de sua propriedade confiscada, na década de 1970,  por conta de dívidas que mantinha com o Estado. Ignorando o longo e doloroso processo de consolidação da comunidade de pequenos agricultores – que conta inclusive com apoio de diversos programas governamentais – o Desembargador Federal Luiz Stefanini autorizou a ordem de despejo.

Desde então, várias tentativas se seguiram no sentido de reverter a situação. Conversas com representantes do governo e ações de protesto foram realizadas, mas nenhuma delas trouxe a garantia que as famílias precisam para voltarem às suas vidas e continuarem a sua produção.

No início desse ano, no dia 09 de janeiro, o Incra foi oficialmente comunicado da decisão judicial, que estabelece o prazo de 15 dias para as famílias se retirarem do terreno. Conforme o documento, a partir do dia 24 de janeiro a ação de despejo pode ser executada com o uso da força policial. E, de acordo com o histórico da região, é muito provável que esta ação seja feita de forma altamente truculenta.

Os assentados não têm nenhuma alternativa, por isso prometem lutar até as últimas consequências para que possam continuar vivendo tranquilamente em suas casas, com suas plantações, na comunidade onde já estão há 7 anos e pela qual empenharam toda a vida. Por isso, reivindicam que a presidenta da república, Dilma Rousseff, assine o decreto de desapropriação da área por interesse social, a única medida que resolveria o problema de forma definitiva.

A situação no local é extremamente tensa. É urgente difundir o que está acontecendo com o assentamento Milton Santos e apoiar a luta dessas famílias que correm o risco de serem jogadas na rua a partir do dia 24 deste mês. Apelamos para que apoiadores da causa, jornalistas e observadores de direitos humanos voltem a sua atenção para o caso e não deixem que outra barbárie se repita.

Saiba mais sobre o caso:

www.assentamentomiltonsantos.com.br

http://www.facebook.com/AssentamentoMiltonSantos

 

Entre em contato pelo email:

assentamentomiltonsantos@gmail.com

Projeto Bike Santos: Quem vai sambar?

Foto-0143Projeto de Transporte Individual Sustentável

Desde o dia 29 de novembro de 2012 a cidade de Santos colocou em prática o projeto “Bike Santos”,(sistema de locação gratuito de bikes), foram instalados cinco estações e mais dez serão instaladas até fevereiro de 2013.

Segundo a Prefeitura de Santos ao todo serão 15 estações distribuídas em diversos pontos da cidade com um total de 300 bicicletas disponíveis à população.

Para efetuar a locação é preciso se cadastrar no site,  baixar e instalar o aplicativo para smartphones tipo iPhone ou Android, ou, por celular  (13) 4062 9211. Feito isso, é só digitar o n: da estação, n: da bike e confirmar. Fácil! Daí é utilizar por 30 min, ou pagar R$ 5,00 por cada 30 min acrescentados que serão debitados no cartão de crédito que obrigatoriamente é preciso ter.

Opa! Cartão de crédito? Ué, projeto sustentável que utiliza dinheiro público também é rentável? Claro, como não. Mas, para quem?

Foto-0145Pergunta: Se for assim, quem vai sambar neste projeto que começou bem falacioso? E torto. Utilizando-se de um discurso ciclo eco-ativista legitimo, porém, furado dentro deste projeto, afinal, ele vai contribuir muito mais com o bolso da iniciativa privada do que contribuir com a qualidade de vida dos cidadãos santistas, (isso no que diz respeito a tal sustentabilidade) pode-se dizer que é um projeto interessante para turistas, para estudantes e para quem precisar resolver algo rápido, corre ali, volta aqui, não é a toa que o projeto registrou cerca 19.635 utilizações no primeiro mês. Mas, dizer que: à população será muito beneficiada, e que o projeto irá contribuir para desafogar o trânsito na cidade, que reduzirá o impacto ambiental e despertará a consciência das pessoas para que elas andem mais de bike. Aí não dá!

Outra coisa, de forma prática, basta prestar atenção nestes pontos de distribuição das bikes, não há cobertura, ficam todas ao relento, ou seja, não é preciso ser especialista para saber que em menos de um ano essa frota de 300 bikes vai se deteriorar e irá precisar ser substituída, e este é o ponto. Quem vai pagar por isso? Vale a pena este investimento?

De quanto foi este investimento? Alguém sabe? A população foi consultada? Pois o quê parece é que o caro poderá sair mais caro ainda. E como este é um projeto de transporte público individual sustentável que tem como intuito a qualidade de vida na cidade, importante que seja discutido o transporte público como um todo, pois, é um problema seríssimo que durante anos os governos aprenderam a delegá-lo à iniciativa privada. Resultado: qualidade péssima e valores altíssimos. E ano após ano velhas balelas que não resolvem o problema, e quem samba?

Não desconsideramos a importância do ciclo eco-ativismo. Pois, é um debate importantíssimo! Desde que seja levado em consideração todos os aspectos sociais que influenciam e determinam a realidade. Pois, são estes aspectos que irão deflagar em todos os problemas que enfrentamos diariamente. Adotar o discurso de sustentabilidade sem considerar isso, é apenas fingir uma responsabilidade que não existe para mascarar o descompromisso com o público e o compromisso com o privado. E essa tem sido a praxe adotada por empresas e órgãos públicos.

EZLN: “Escutaram? É o som de seu mundo caindo”

[Nossa grande fonte de inspiração de luta autônoma popular, os zapatistas, no México, deram mais uma demonstração de sua força]

Post de origem: Desinformémonos

Numa ação massiva, disciplinada e simultânea, que não era vista desde os dias do levantamento insurgente de 1994, milhares de zapatistas ocuparam pacificamente e num silêncio ensurdecedor cinco cidades do estado de Chiapas. Algumas horas depois,revelaram um breve comunicado.

Desinformémonos
Tradução: Mariana Petroni e Erneneck
Fotos: Moysés Zúñiga

Chiapas, México. Milhares de bases de apoio do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) ocuparam num silêncio emblemático as ruas de cinco municípios do estado de Chiapas, na primeira manifestação púbica que os zapatistas fazem desde o dia 7 de maio de 2011, quando se juntaram à convocatória do Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade. Essa ação simultânea e massiva, a maior de toda a história, foi antecedida pelo anúncio de que a organização indígena daria sua palavra, a qual se conheceu algumas horas depois da mobilização.

“A quem possa interessar. Escutaram? É o som do seu mundo caindo. É o do nosso mundo ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. E noite será o dia que será o dia” Foi a mensagem assinada pelo subcomandante Marcos e difundido horas depois, através da página Enlace Zapatista.

Em cada uma das cidades ocupadas (Ocosingo, Las Margaritas, Palenque, Altamirano e San Cristóbal), os tzeltales, tzotziles, ch’oles, tojolabales, zoques, mames e mestiços marcharam com seus tradicionais lenços e passa-montanhas, em fila e silêncio rigoroso. Homens e mulheres, na sua maioria jovens, passaram sobre o templete em cada cidade e levantaram o punho. Essa foi a expressão mais simbólica de toda a mobilização.

Força, disciplina, uma ordem extraordinária, dignidade, integridade e coesão. Não é pouco. São 19 anos nos quais uma infinidade de vezes foram considerados mortos, divididos e isolados. Uma e outra vez saíram para dizer “aqui estamos”. Hoje, com 40 mil zapatistas nas ruas, novamente silenciaram, de uma só vez, os boatos infundidos.

Em San Cristóbal de Las Casas, cidade onde são feitas tradicionalmente as manifestações do EZLN fora do seu território, mais de 20 mil homens e mulheres zapatistas provenientes do caracol de Oventik, onde se concentraram um dia antes, desfilaram sob uma chuva que começou de madrugada. A passeata de 28 destacamentos (segundo a numeração que levavam os grupos nos seus passa-montanhas) iniciou fora da cidade, ao redor das oito e meia da manhã, e aproximadamente ao meio dia a retaguarda ainda estava muito longe do centro da cidade. A praça central foi muito pequena para receber todos eles.

Habitantes e turistas gritaram e cantaram o hino zapatista em alguns trechos da passeata. Os comerciantes, como de praxe, baixaram suas cortinas, porque os índios novamente os surpreenderam. O templete foi colocado na frente da catedral, enquanto que os blocos zapatistas organizados se localizaram ao redor da zona central da cidade.

Em Palenque, uma antiga cidade ch’ol e um dos centros turísticos mais importantes do estado de Chiapas, os indígenas zapatistas entraram pela avenida principal e realizaram o gesto do punho sobre o templete colocado no centro da cidade, em frente à igreja. Posteriormente, saíram pela rua Chiapas para voltar às suas comunidades.

Em Las Margaritas, os zapatistas repetiram a dinâmica com 7 mil bases de apoio, enquanto que em Ocosingo – cidade tomada pelo insurgentes no dia 1 de janeiro de 1994, onde se deu o massacre de civis por parte do exército federal durante os primeiros dias de guerra, mais de 6 mil bases de apoio iniciaram a ação a partir das seis horas da manhã; aproximadamente 8 mil zapatistas ficaram no caracol de La Garrucha porque o transporte para a cidade não foi suficiente. Não tinham se concentrado tantos zapatistas nessa localidade desde os combates sangrentos do levantamento indígena.

Os símbolos são muitos elegeram o último dia do ciclo maia, o dia que seria “o fim do mundo” para muitos e para outros o início de uma nova era, a troca de pele, a renovação. Durante estes 19 anos o caminho da luta zapatista está cheio de simbolismos e profecias, nessa ocasião não foi diferente.

Desde o anúncio de que, em breve, a comandância geral do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) daria sua palavra, a expectativa pelo conteúdo de sua mensagem só cresceu, mas, nessa sexta-feira, o que se escutou foram os passos, o caminhar silencioso cruzando cinco praças, seu andar digno e rebelde pelas ruas e seu punho ao alto.

A última vez que o subcomandante Marcos, chefe militar e porta-voz zapatista, falou foi no epistolar intercâmbio com o filósofo Luis Villoro, no dia 7 de dezembro de 2011. A iniciativa política mais recente foi o festival da Digna Raiva, para o qual convocaram as lutas e os movimentos do México e do mundo, em dezembro de 2008.

Esta sexta-feira não se apresentaram os membros do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena, como fizeram em maio de 2011, que foi a última vez que foram vistos Tacho, Zebedeo, Esther, Hortência, David e a toda a comandância geral, com a exceção do subcomandante Marcos, que tem se mantido distante da cena pública.

Do feminismo nosso de todo dia.

“Maquilagem, cabelo, roupa, corpo e homens! Saiba tudo o que uma mulher precisa aqui! Responda SIM e assine por R$0,35/dia os segredos que toda mulher tem que saber”

Fonte: http://outramento.blogspot.com.br/2012/12/do-feminismo-nosso-de-todo-dia.html

Recebi essa mensagem no celular essa semana, e ficou ecoando na minha cabeça o tempo todo. Em um primeiro momento, o fato de “maquilagem, cabelo, roupa e corpo” serem colocados no mesmo “conjunto” de “homem”. Como se tratasse de um mesmo grau de interesse e de uma mesma necessidade de atenção a forma como escolhemos um penteado ou nos relacionamos com outro ser humano. A questão é essa: não se trata de relações humanas. É uma coisa, os homens. Precisamos saber o que eles afinal pensam e querem, e como fazer para ganhá-los. Dos bons, evidentemente. E claro, a melhor opção é adquirindo um serviço de celular.

Sempre escrevo insistentemente sobre como reproduzimos nas relações humanas a forma que nos relacionamos com as coisas. Insisto porque é uma lógica que estamos todos sujeitos a reproduzir sem perceber. E é muito triste esse grau de previsibilidade e clichê que nos tornamos. Repetimos e repetimos insistentemente, tentando reproduzir da forma mais correta que a “receita” prescreve a forma de amar outra pessoa, as outras pessoas. Mesmo que esse modelo nos custe colocar de lado nossos desejos e vontades.  Não bastasse nos ordenar: trabalhas, pague, compre… também nos orientam: ame aquele, seja desse jeito, sirva a teu esposo dessa forma, reproduza filhos sadios.

Para além dessa relação reificada, existe essa redução do que se trata ser mulher. É tão cristalizado e naturalizado que penso quantas mulheres questionaram ao receber um SMS. Eu me senti, ao ler, extremamente reduzida. Como se fosse isso que a mulher deveria se interessar: estética e homens. Estética para conseguir atrair os homens. Parece bobeira, parece papo chato de feminista como gostam de falar por aí mas não é! Normalmente fico brava e me irrito com essas mensagens – não só do celular, mas cenas da televisão que nos reduzem dessa forma: Seja burra, mas seja gostosa. Seja decidida, porque os homens gostam, mas não tão decidida, porque eles assustam. Seja sexy, mas não seja vulgar – pode dificultar arrumar um marido – coisa mais fácil é ser mal falada.

Dessa vez não fiquei brava, mas fiquei triste. A cena que me veio na cabeça era como uma criança gordinha com roupinha de ginástica, tentando impressionar os pais com coreografias mirabolantes e mal sucedidas, que dão risada tentando dizer: “não precisa disso, queridinha”. De repente eu era essa criança, em meio a tantos livros, buscando com tanto compromisso uma formação humana com o objetivo de contribuir da melhor forma pra uma transformação social… e a sociedade me manda um SMS dizendo que tudo que eu preciso é de uma boa sombra e um bom decote. Desista. Esse mundo dos pensantes não é pra ti, lindinha.

Talvez um homem não tenha a dimensão disso, do que significa ouvir quase a vida toda que sua inteligência é bônus. Ou, pior, como algo que atrapalha. Melhor que seja burra mesmo, mas bonita. Bem cuidada. Belos dentes. Contanto que o conjunto de roupas e maquilagem estejam de acordo, tanto faz o que falaremos. Lembro de um livro, sobre Simone de Beauvoir e Sartre no Brasil, que comentava de notícias do jornal, que quase não falavam dela, apontando os holofotes sempre para Sartre. Muitas vezes, ela era isso: a companheira de Sartre. O cúmulo do absurdo foi em uma palestra dela os jornalistas comentarem sobre a ausência de Sartre na platéia, pois estava sabe lá onde. A ausência de Sartre era mais interessante que Simone falando.

Nós nos acostumamos (essa palavra dói nos ossos na alma e em tudo) a essa condição. Reduzidas a uma máquina de fazer filhos e refeições para o marido. Com uma calça que ressalta a bunda e um sutiã que valoriza os seios, uma maquilagem que esconde as olheiras de cansaço e qualquer sinal de idade – afinal, temos que nos manter ou aparentar jovens, para não sermos trocadas.

Parece exagero, mas se pararmos para pensar é essa imagem que está de fundo quando nos dão bonecas de presente, quando nos mostram desde pequenas o batonzinho, a bolsinha, o sapato alto. Fogãozinho. Nos ensinam a sentar de perna fechada – “senta igual mocinha“. Se buscarmos entender o que está no nosso imaginário social, o que está pelas televisões, nas notícias de jornal, nas músicas… é isso que está nos dizendo. O tempo todo. E se entendemos a mensagem e questionamos somos as feministas chatas. Não entendemos a brincadeira.

Pois é, eu não entendi a brincadeira, sociedade. Talvez eu tenha perdido a parte engraçada quando um sujeito imaginou que tinha permissão de agarrar a minha bunda no metrô quando eu não tinha nem 18 anos – eu fiquei com vergonha, ao invés de ficar brava. Ele disse que foi sem querer, mas eu e ele – e o resto que viu – sabe que não foi. Talvez era muito nova pra entender a piada quando o zelador do prédio ao lado me chamou de gostosa ao me ver com o uniforme da escola, e eu então fiquei um tempo sem coragem de usar saia. Talvez não tenha entendido a piada quando um “companheiro” me disse que eu não precisava falar muito para convencer os homens a ser militante, basta piscar meus olhinhos verdes. Ou perdeu a graça – tantas brincadeiras depois –  quando eu vi na TV que mulher feia deve agradecer ser estuprada. Não vi graça mesmo ao sentir medo de voltar pra casa pois morava num prédio que outras garotas tinham sido estupradas outras vezes, algo “recorrente naquela região”. Esqueci de rir quando bateram na minha vizinha, pelo fato dela ser mulher, e de seu esposo estar com raiva – que outro lugar para depositar sua raiva, que não em sua mulher, não é mesmo?

A forma de apagar essa mensagem da cabeça é talvez escrever sobre. Denunciar. É o que podemos fazer. Sabemos que nosso grito não tem o alcance das palavras e gestos sufocantes do outro lado, mas vamos tentando. Que chegue em uma, que alcance outra, que questione mais uma. Quem sabe alguns companheiros no caminho se sensibilizem. Até que um dia deixem de nos querer deixar pequenas. Até que nós passemos a aprender que não devemos pedir permissão para sermos grandes do jeito que somos. Até que um dia a opressão comece a perder a graça, e possa, quem sabe, ser superada.

Mães de Maio lançam livro na Rádio da Juventude (ouça o programa!)

A periferia de São Vicente foi a primeira região na Baixada Santista a receber o lançamento do novo livro das Mães de Maio, chamado “Mães de Maio, Mães do Cárcere – A Periferia Grita”.

Nós da Rádio da Juventude tivemos a satisfação de falar em primeira mão sobre o livro, lançado em Sampa três dias antes, e que é mais um esforço do Movimento em dar visibilidade aos crimes cometidos pelo Estado brasileiro (principalmente o de São Paulo), a partir de 2006. Neste sábado, dia 08 de dezembro, o programa Vozes do Gueto recebeu a coordenadora do movimento, Débora Maria da Silva, e o poeta Armando Santos, onde conversamos por mais de duas horas.

Parceiras e referência de luta para nós, as Mães de Maio já tinham passado pela Rádio da Juventude neste ano. Agora, voltaram em transmissão que rolou ao vivo só para os moradores da região da Vila Margarida, periferia de São Vicente. O livro, inclusive, além da palavra de vários parceiros, traz nosso manifesto: “A luta por mudanças se faz além das urnas”.

CLIQUE AQUI E OUÇA O PROGRAMA NA ÍNTEGRA

Transcrevemos aqui algumas falas dos convidados:

Armando

“Não adianta trocar secretário (…) Tem que mudar o sistema de segurança pública (…) E tem que desmilitarizar mesmo!”

Débora:

“Eu paguei a bala que matou meu filho. (…) Essa bala que matou meu filho teve uma direção certa: o pobre, o negro, o periférico.”

“Em 2006 trocaram o comando, todo o aparato corruptor, mas só pra inglês ver. Porque a política continua a mesma, talvez pior.”

“[o atual secretário de Segurança Pública de SP] Grella foi um dos procuradores com quem tivemos conversando, e ele foi um dos que se exaltou quando eu falei que era necessário a federalização dos crimes, e ele rapidamente mandou o Ministério Público fazer uma investigação interna para poder blindar o pedido de federalização que nós fizemos em 2010.”

“Que se faça a desmilitarização, porque a gente não precisa de duas polícias: uma polícia que mata e uma que não investiga”

“A mídia, por trás dela, vive o capitalismo”

“A gente não precisa de mais partido. A gente precisa de mais vergonha na cara por parte deles!”


O machismo na loja de brinquedos

A mulher, há tempos, é relegada ao papel de mero coadjuvante nas sociedades. Jessita Rodrigues, em seu livro “A mulher operária: um estudo sobre tecelãs”, já dizia do papel subalterno a que as mulheres são relegadas em todas as classes sociais, pois às operárias ensina-se o cuidar da casa e filhos. Quando esta operária sai de casa de casa para trabalhar irá cuidar dos filhos e marido da madame. E a madame que, de posse de recursos, não precisa trabalhar, também estará relegada ao papel doméstico, não como executora das tarefas em si, mas como uma administradora dessas tarefas realizadas por sua empregada.

A simbologia do que se espera da mulher é de fácil assimilação. É inculcada na cabeça dela desde a sua primeira infância quando se presenteia a criança com bonecas. A mais tradicional é a boneca bebê – responsabilidade de ser mãe que já é ensinada aos 3, aos 5 anos de idade! E a mais moderna, o modelo Barbie, longe de ser um “modelo de mulher bem-sucedida” está mais próximo de um modelo que, sem pesar tanto sobre a maternidade, pesa mais sobre um modelo de magreza socialmente aceito que desfilará roupas acinturadas e cabelos loiros e lisos, produzindo milhares de mulheres frustradas num Brasil de morenas gordinhas.

Afora a linha anoréxica-fashion, a Barbie (e suas variações de modelos populares mais baratos porém nada alternativos) também inculca nas futuras mulheres um padrão de beleza e comportamento aceito pelos homens: roupas provocantes, seios fartos, sapatos altos (já inclusos em todas as caixas), unhas pintadas e, para finalizar, um cor-de-rosa sempre presente que instrui, sem sutilezas, uma feminilidade artificial baseada na presença de acessórios produzidos pela indústria fashion, além disso, uma aquiescência e uma meiguice esperadas pelo patriarcado. Não que a meiguice, a feminilidade ou a aquiescência sejam, por si, características execráveis. Mas a padronização de um perfil tido como ideal visa a erradicar uma variedade de pensamentos e comportamentos livres salutares a uma sociedade plural e igualitária – a qual estamos longe de alcançar.

Desafio qualquer um a comprar um brinquedo que não contenha os elementos supra-citados. É praticamente impossível encontrar um brinquedo que não tenha a missão de inculcar valores machistas nas nossas meninas: princesas, bebês, Barbies, panelinhas, castelos de princesas – para que nossas meninas fiquem à espera de seus príncipes encantados, como se sua vida precisasse da presença de um homem para ter significado, e por aí vai…

E para finalizar este texto, anexo fotos da última visita à loja de brinquedos: réplicas perfeitas em miniatura de fraldas descartáveis, conjuntos de maternidade, com direito a pérolas que só o machismo poderia replicar com tamanha desfaçatez e maldade:

 “Para as pequenas mamães!”

 

Um minuto de silencio à morte da infância lúdica

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Reflexão e Ação – em debate: O sistema carcerário no Brasil

O sistema carcerário no Brasil é uma máquina de moer gente! Principalmente negros e pobres, impossível pensar os problemas das prisões no Brasil sem levar em consideração a formação histórica e o recorte de classe.

Neste último sábado dia 01 de dezembro de 2012 o programa Reflexão e Ação teve como tema de debate: “O sistema carcerário no Brasil”.

Contou com participações da Prof. do Curso de Serviço Social da UNIFESP Andrea Almeida Torres e com a Educadora Social Camila Gibin que compõe o movimento de defesa da infância e juventude e o Coletivo Feminista Anastácia Livre.

Ouça na íntegra todo o programa com a apresentação de Lila Maria.

Download: VBR MP3 (176 MB) | Ogg Vorbis (47.7 MB)

Comunicação livre! levante sua antena, levante sua voz!

A concessão

No Brasil a questão da concessão sempre foi um negócio político e capital. De um lado políticos que enxergam o meio como aparelho ideológico, de outros empresários transformando tudo em negócio, (e tudo se funde) enquanto a informação e o direito a liberdade de expressão são jogados no lixo. Na realidade o direito de se comunicar e produzir informação são sufocados por uma moral que favorece alguns e excluem outros.

Os oligopolistas durante décadas controlam que tipo de conhecimento deve chegar até o povo, velhas raposas insistem num discurso vazio, do tipo: rádio pirata derruba avião. No entanto, nunca foi confirmado por laudos técnicos que isso fosse verdade.

Subvertendo o espectro radiofônico

Rádios livres com orgulho! E se quiserem que chamem de pirata, porque ninguém está se apropriando de nada, mas sim ocupando o espectro que é direito de todos, e para informação, rádios livres atuam numa potência de até 250 watts e comerciais de até 8.000 watts. Quem derruba avião afinal? Sem contar que as rádios atuam numa frequência de 88 MHz a 108 MHz, enquanto a aviação atua numa faixa acima de 108 MHz.

Enfim, há interesse político e capital neste discurso que a mídia, o quarto, senão o primeiro poder neste país, prolifera cheia de moral em defesa sabemos do que.

Pois, essa moral regulatória defende os barões da mídia, e desta forma não é qualquer mortal que terá uma concessão, pois o meio legal a ser trilhados não é para qualquer um, é coisa de gente $, ou seja, deve-se oferecer uma proposta financeira ao governo avaliada em muitos e muitos zeros, concessão? Não! Estelionato descarado. A moral neste caso, não tem moral nenhuma, é de uma violência incontestável.

O que percebemos claramente é que ela vem carregada de subjetividades e quem paga com isso somos nós comunicadores,  militantes, universitários, comunidades, sindicatos, movimentos populares… Todos sem exceção! Proibidos de exercer a comunicação por causa de uma moral dissimulada que exclui e dita regras.

Mas, vamos falar francamente. Qual o problema de se ter uma rádio com fins lucrativos ou não? O espectro está saturado em algumas cidades, ok? Vamos administrar, numa lógica de respeito, de organização e não de opressão? Alguém topa? Duvidamos, querem o controle total, é a lógica deste sistema, controlar para acumular mais capital e poder.

Anistia bloqueada no Congresso Nacional

A lei de Anistia não ter passado no Congresso Nacional, infelizmente, não dá para ser encarada com espanto, oras, boa parte dos Deputados são concessionários, donos ou acionistas de TVs e Rádio no Brasil, não é a toa que o projeto de regulamentação dos meios de comunicação também não consegue prosseguir adiante, o que vemos sempre são discussões e mais discussões e promessas.

Na prática segundo dados do Coletivo Intervozes “ o Governo do PT fechou mais rádios comunitárias que o Governo do FHC” E isso, não é nenhuma novidade vindo de um Governo cujo interesse se resume a luta pelo poder e que entende comunicação social como uma meia dúzia de Blogueiros Progressistas pelegos que vivem da critica ao PIG, mas, que fecham os olhos a politica opressiva do Governo.

Um direito humano

A comunicação deve ser entendida como um direito humano fundamental, do mesmo modo que a educação, a saúde, a moradia… Mas assim, como esses direitos, ela é negada e quem ousa subverter essa lógica ainda é taxado de criminoso.

O que devemos fazer é levantar nossas antenas, ligar nossos transmissoras e deixar ecoar a nossa voz! A rádio livre tem um papel importantíssimo nessa luta contra a opressão Estatal. Não é possível aceitar mais um dia de opressão, de exclusão, de prisão e de todo o lixo que essa organização social fundado no lucro quer nos empurrar e nos fazer vivenciar dia a dia.

Rumo a gestão popular de rádios livres! De forma que não fiquemos engessados em leis que impossibilitam a luta pela transformação radical da sociedade.

E toda solidariedade aos companheir@s comunicador@s que estão respondendo processos, por ter o direito a comunicação negado, contrariando o Artigo 5º da Constituição Federal que diz:

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença

Seguimos na luta!

Lançamento: Mães de Maio, Mães do Cárcere – A Periferia Grita

MÃES DE MAIO, MÃES DO CÁRCERE – A PERIFERIA GRITA (Nós por Nós, São Paulo, 2012)

(Evento no facebook)

Coletiva de Imprensa + LANÇAMENTO nesta Quarta-Feira (05/12), a partir das 15:30hs no Sindicato dos Jornalistas (Rua Rêgo Freitas, 530 – Sobreloja – São Paulo)

Mais informações: 13-8124-9643 (Débora Maria) ou 11-98708-7962 (Danilo Dara)

Coletiva de Imprensa nesta Quarta-Feira (05/12) a partir das 15:30hs no Sindicato dos Jornalistas (Rua Rêgo Freitas, 530 – Sobreloja)

Seguiremos, no mesmo dia, a partir das 18:00hs, ali do lado para o SESC Consolação – Teatro Anchieta (Rua Dr. Vila Nova, 245 – Consolação, São Paulo), junto ao lançamento do Relatório Anual de DH da Rede Social de Direitos Humanos.

Ao longo das próximas semanas ocorrerão diversas outras atividades de lançamento/apresentação do livro (CONFIRAM ABAIXO).

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A cidade de São Vicente enfrenta problemas sérios!

Escolas e creches em São Vicente estão super lotadas. Jovens disputam para conseguir uma vaga, na maioria das vezes em escolas distantes de suas casas. Tudo isso, sem contar a violência, a falta de espaço de lazer, práticas de esporte, cultura e oportunidades de estudo para além do ensino médio.

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Relato das pessoas que utilizam o serviço público de transporte e que legitimamente expõem suas indignações. “O transporte público é horrível” diz população Vicentina. E o aumento vem aí!
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Motorista relata as condições precárias de trabalho que tem de enfrentar.

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Clique nos links abaixo e leia as matérias.

Três conjuntos habitacionais fantasmas em São Vicente. Mas, foram gastos 12 milhões!

Depoimento de uma mãe que perdeu sua filha por negligência médica no CREI em São Vicente

Feriado e violência policial em São Vicente

Continuaremos.

 

 

Há machismo na esquerda?

No sábado 10 de novembro de 2012 foi realizado na cidade de São Paulo um debate necessário porem pouco feito no interior dos movimentos sociais, sindicatos, partidos, coletivos e outros espaços de organização que contestam o sistema capitalista. O debate sobre machismo e principalmente a violência dentro dos movimentos contestatórios e de resistência.

O espaço estava sendo organizado por alguns coletivos feministas como Anatácia Livre, Mulheres do DAR, Revolução Preta e Violeta Parra.

Entendendo que não estamos automaticamente livres de sofrer ou exercer uma opressão pelo fato de contestarmos a ordem vigente, pois somos filhas e filhos do patriarcado (sociedade gerida por homens brancos e proprietários), e reproduzimos todos os dias o machismo. Estes coletivos sentiram a urgência de discutir tal assunto, tendo em vista que o debate ainda permanece como secundário nos espaços da esquerda.

No entanto a pergunta: Há machismo na esquerda? se tornou óbvia a resposta ao longo do seminário e até mesmo durante a divulgação quando na verdade deveria ser assustadora pois o machismo é opressão, lutamos e sonhamos por mundo livre das opressão e injustiças. Contra a lei do mais forte, de repremir, violentar e explorar. Lutamos por um mundo onde sejamos livres e iguais em nossa essência, seja ela do gênero masculino ou feminino.

Então a questão não é apenas: Sim ou Não, existe ou deixa de existir mas como vamos combater?

Seguindo nessa perspectiva, de que o machismo enquanto cultura patriarcal, desenvolvida há séculos, ou milênios atrás, encontra-se no nosso inconsciente coletivo, tanto masculino quanto feminino, pensamos e debatemos sobre a prática do chamado “escracho” (prática de tornar pública a imagem do agressor, no caso o companheiro que praticou o machismo) que vem sendo utilizada e divulgada nas redes sociais, nos atos, nas ruas e na mídia de maneira geral.O que é o escracho? Pra quem é o escracho? Devemos nos unir por sermos feministas, e utilizar desse  instrumento para condenar, punir, excluir, boicotar o agressor? Estamos mesmo construindo desta forma a liberdade da mulher? Devemos, como se diz a gíria “passar um pano” para os sujeitos que exerceram tal violência, apenas por serem companheiros de luta?As respostas, como vimos e debatemos durante o Seminário-Debate ficou em aberto, e isso pareceu-nos produtivo, para que a reflexão seja feita  e não nos fecharmos em receitas e métodos universais, muitas vezes pecamos nas urgências, simplesmente por querer dar respostas imediatas.Buscamos a liberdade e equidade entre os sujeitos, não a supremacia de um sobre o outro.  Não estamos ” querendo passar a mão na cabeça” e ser  coniventes com os homens que afirmam seu machismo a todo custo, que “batem no peito” o seu autoritarismo e sua necessidade de permanência no controle das relações estabelecidas.

Nos referimos aqui a companheiros que necessitam de espaços e reflexões  para pensar suas posturas, rever suas condutas e modificar suas ações. E isso, foi visto e vivenciado nesse dia, homens falantes, indagando-se, questionando suas posturas, seus comportamentos e querendo se transformar e levar isso para seus espaços íntimos, coletivos, partidos e relações pessoais.

Não podemos  perder de vista o fato da sociedade ser mais conivente com o homem, historicamente um privilégio dentro de inúmeras sociedades, mas vamos refletir o quão é complexo para muitos (homens) se despirem do machismo implantado e reforçado  desde seu nascimento.

Não estamos defendendo a omissão dentro dos grupos, coletivos, partidos,  seja qual for a organização, acreditamos que combate coletivo possa trazer frutos de mudança e libertação, ao contrário; quando um grupo se cala sobre um determinado assunto de violência,  só tende a aumentar e reforçar as situações de opressão.

Simplesmente ignorar, questões relacionadas a violência (psicológica, simbólica, física, moral) no nosso cotidiano nos faz hipócritas. Se queremos  mudanças concretas e lutamos por elas, comecemos por repensar nossas posturas, sem exercer o papel do Estado, esse que tanto nos oprime.

Não sejamos o Estado. Sejamos sujeitos(as) que buscam práticas diferenciadas, criativas e de eficácia, que a teoria seja a prática, que a igualdade seja atitude, e que nenhuma mulher tenha que sair do espaço político, que nenhuma mulher sinta-se em qualquer instância humilhada.

Que não sejamos definidas(os) por gênero, e que essa definição não trace os caminhos que devemos seguir, que não perpetue a lógica capitalista.

Pela organização das mulheres, por suas práticas de resistência diaria ao mundo extremamente machista, devemos homens e mulheres nos fortalecer e nos solidarizar, a opressão que a mulher sofre não diz respeito só a mulher, ou só ao homem.

Vamos dar esse passo juntos e juntas!

Higienização social? Extermínio? Muitas mortes de jovens na periferia.

Em maio de 2006, 493 jovens foram assassinados na baixada santista. Segundo dados do IML foram possíveis constatar que 60% dos 493 corpos registrados no período receberam pelo menos um tiro na cabeça, e 57% dos cadáveres receberam pelo menos um disparo pelas costas. Até hoje, ninguém foi punido! 

04/09/2012

Três jovens que morreram no morro da Nova Cintra em Santos, no litoral de São Paulo, na noite de domingo. A Polícia Militar disse que eles foram baleados depois de atirar contra a PM. Moradores acusam a polícia de execução.

Os corpos de Igor Aparecido da Silva Soares, de 19 anos, e Willian Cesar da Silva Oliveira, de 18 anos, chegaram depois. “Justiça, aqui é uma mãe que implora, que chora, pela morte do meu filho e de dois adolescentes que estão ali”, diz a mãe de Igor, Laudicéia Barbosa da Silva.

Emocionada, a mãe de Igor chegou a desmaiar e não acompanhou o enterro porque foi levada inconsciente ao hospital. A mãe de William, o outro rapaz assassinado, também passou mal durante o enterro. Amigos e parentes dos jovens estavam revoltados. “Se acharam alguma coisa com eles ou não, eles tinham que levar para o distrito e não executar”, diz uma pessoa próxima aos jovens que não quis se identificar.

 10 de Abril de 2010

Por volta das 23:30, na Rua A, em frente ao número 351, na Vila Glória, onde o DJ Felipe morava. Enquanto o MC e o DJ aguardavam a carona, dois indivíduos em uma moto de cor escura pararam no local.

Felipe Boladão (camiseta vermelha) morava em São Vicente e Felipe da Silva (camiseta verde) na Praia Grande, no litoral de São Paulo. Ambos tinham vinte anos de idade quando foram assassinados. DJ Felipe era o DJ do MC Felipe Boladão, eles faziam shows juntos e eram grandes amigos.


Estavam indo para mais um baile funk na cidade de São Paulo, quando suas jovens carreiras e vidas foram interrompidas para sempre.

19 de abril de 2012

O cantor de funk MC Primo morreu após ser baleado no final da tarde desta quinta-feira no bairro Jóquei Clube, em São Vicente.

MC Primo foi atingido com 5 tiros, segundo informações. Ele chegou a ser levado para o Hospital Crei de São Vicente, mas não resistiu aos ferimentos. Dentre as músicas conhecidas estão “Diretoria”, “Máquina de Fazer Dinheiro” e “Longe de Mim”.

12 de abril de 2012

Eduardo Antônio Lara, o Duda do Marapé, foi assassinado com nove tiros sob o elevado ao lado da Rodoviária de Santos, em uma região conhecida como Cracolândia

Um ano após a morte do cantor, a Polícia Civil ainda não tem pistas de quem o matou.

25/06/20012

Na cidade de Santos ocorreu o julgamento de um policial que está sendo acusado de assassinar nove jovens na baixada Santista. Resultado: nada ficou provado, nada foi esclarecido para os parentes das vitimas, devido a insuficiência de provas.

08 de outubro de 2012

Sete pessoas foram mortas em um espaço de 20 horas no distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. No fim de semana, os crimes voltaram a se repetir, ocasião em que mais sete pessoas foram mortas.

19/07/2012

Em Santos, um carro com seis jovens não parou em uma blitz. O motorista não tinha habilitação e acelerou tentando escapar. A polícia foi atrás e disparou, pelo menos, 25 tiros. Dois rapazes que estavam no banco de trás foram atingidos. O estudante Bruno Vicente de Golveia, de 19 anos, morreu.

Os PMs afirmam que atiraram porque ouviram tiros e acharam que estavam sendo alvejados. Segundo a polícia, duas armas foram encontradas dentro do carro. O pai da vítima, João Viana, não acredita: “Como é que vai haver um cerco e eles vão dar tiros? Como apareceram dois revólveres que não se sabe da onde? Todos os tiros partiram de fora para dentro”, diz.

11 de Abril de 2011

Pelo menos 10 pessoas foram baleadas na madrugada deste domingo na Baixada Santista. Uma delas morreu. Segundo dados da Polícia Militar, foram seis registros em São Vicente e quatro em Santos. Todos os casos ainda estão sendo apurados.

Não acaba, a lista é enorme, sem contar os que não aparecem como estatística. Paramos pro aqui, porque a ideia não é ser o Datena, mas sim, denunciar este massacre que acontece diante de nossos olhos, e não pode ser tido como algo natural.