Transporte público em São Vicente: Um negócio lucrativo!

Foto: Perfil de Cooperlotação

Foto: Perfil de Cooperlotação

Depois de um passeio no dia 08 de agosto pelas montadoras de Van; Apta, Mercedes Benz e Volare em SP, o Prefeito Luiz Cláudio Billi convidou para um café no dia 02 de setembro, representantes dos permissionários do serviço de lotações na cidade. O objetivo foi esclarecer alguns pontos nevrálgicos como, por exemplo, de que modo vai dividir o osso do transporte público na cidade, ironia à parte, o Sr prefeito reafirmou que tem um projeto de renovação da frota, mas que nenhum permissionário será prejudicado com a licitação que será aberta, solenemente disse: “Vocês serão preservados”. Pois, haverá licitação da gestão administrativa das lotações, assim como haverá licitação da permissão do serviço.

Tem caroço nesse angu?

Realmente a novela do transporte público em São Vicente é vergonhosa, como já afirmamos centenas de vezes em outros textos, o transporte é um direito essencial que garante à população o acesso a outros direitos, porém estruturado neste formato mercadológico, a população vai continuar pagando caro e enfrentando transporte lotado.

Hoje 09 de setembro tem audiência pública onde será novamente discutido o projeto de um transporte público na cidade, esta é terceira audiência, onde a quebra de braços entre o Prefeito e os permissionários (e alguns oportunistas) já rendeu bons debates, mas de concreto nada firmou como alternativa viável de um transporte realmente público e de qualidade. Evidente que isso também não seja nenhuma novidade, audiência pública é jogo de cartas marcadas, onde as correlações de forças são testadas para depois terminarem em “acordões”.

O governo municipal

Um dos objetivos apontados pelo prefeito é exatamente dar maior transparência nos custos e atuar de forma direta no controle de gastos, e na cobrança de maior qualidade na prestação do serviço oferecido pela empresa que estiver operando.

A empresa

A Cooperlotação está pressionando pela criação de um órgão gestor do transporte público na cidade, com um projeto elaborado por ela mesma, que apenas trata de questões técnicas e em nenhum momento fala de redução da tarifa, ou maior efetivo nas linhas. O projeto está muito mais ligado às condições técnicas do veículo – que é uma obviedade, já que muitos estão desgastados e possuem problemas nas portas, com isso podem acarretar acidentes – do que apresentar propostas para um transporte público com gestão direta e popular.

Daí, se a população tem interesse num transporte realmente público e de qualidade terá que brigar muito, pois com o andar da carruagem, o interesse real dessa discussão está onde sempre esteve: nos lucros.

Todo voto é nulo! Só a luta muda a realidade!

518642O grito que emergiu das ruas em junho do ano passado não pediu por uma assembleia para eleger representantes políticos. O grito não pediu por uma renovação nas estruturas parlamentares. O grito não pediu para a população se dirigir até uma urna e apertar um botão. O grito não pediu para a população avaliar um programa político partidário e escolher um candidato. O grito não pediu para a população se mobilizar e legitimar um projeto que não é construído pelo povo, e sim por grupos que querem remendar ainda mais essa estrutura democrática estatal falida. O grito não disse: vamos juntos votar melhor e fortalecer um estado popular, ao contrário, junho questionou exatamente tudo isso; as estruturas hierárquicas, estatais, a democracia representativa, a política do negócio, dos conchavos e das cooptações.

774447_483200238439569_366960714_oJunho mostrou na prática que é na ação direta, combativa e coletiva que se conquista direitos. Que toda transformação social necessária só será conquistada com luta e com a demolição da lógica representativa, estatal e hierárquica de poder. Junho colocou em debate as instâncias de poder. Para que elas existem? A quem elas servem? Junho colocou a reflexão que, é preciso construir um poder horizontal, solidário e combativo – realmente popular. Chega deste poder que esta nas mãos de grupo políticos e econômicos, cujos interesses passam longe de empoderamento popular.

A surdez e a ignorância da classe política partidária são propositais. 

Não houve nenhuma resposta concreta dos governos, seja de qual for a esfera a que ele pertença. Todos nós continuamos reféns das duras labutas diárias para manter a sobrevivência, enquanto o dinheiro público financia incessantemente as corporações e boa parte dos partidos que estão no poder.

A resposta política do governo e de quem está disputando esta forma de governo que está posta, é deturpada em relação às manifestações de junho, exatamente porque existe uma disputa de poder e pela consciência da classe trabalhadora com intuito de controlar e conduzir as massas de acordo com seus interesses, afinal, não é pela autonomia (marca registrada das manifestações) do povo que estes grupos institucionalizados lutam, mas sim por uma forma de poder que não difere em nada do modelo que está colocado, apesar de pintarem de cores lindas e populares.

A corrida eleitoral

Nos debates dos presidenciáveis, por exemplo, nenhum deles fala sobre o empoderamento popular como a mais importante forma de transformação da realidade, alguns falam em aumentar mecanismos de participação popular, porém, a maioria destes mecanismos só reforça e legitima o poder de um determinado grupo político. O que é apresentado nestes debates é somente balela eleitoreira, não há uma voz dissidente propondo uma nova forma de organização social radical, e isto, obviamente não veremos, pois, a corrida eleitoral é um espetáculo midiático de sorrisos e dissimulações políticas, onde cada um vende seu peixe, uns de modo escancarado mostrando a quem serve, e outros tentando persuadir ou surfar sobre as lutas que vieram das ruas. Por isso, como propõe a outra campanha: todo voto é nulo! Só a luta coletiva e horizontal transforma a realidade.

O voto é a forma como delegamos nossas responsabilidades nas mãos de quem não fará nada por nós.

Quem manda no transporte público em São Vicente?

Foto: Perfil de Cooperlotação

Foto: Perfil de Cooperlotação

No dia 08 de agosto, o prefeito de São Vicente, Luiz Claudio Billi foi para São Paulo, acompanhado de representantes do “transporte público” vicentino, as lotações, para conferir modelos e propostas para a modernização e padronização da frota do transporte. Circularam por quatro montadoras: Apta, Mercedes Benz e Volare, contando também com a presença do vereador Eronaldo José de Oliveira¹, o Ferrugem, ex-diretor do Sindicato dos Rodoviários².

Durante o passeio, houve pausa para fotos e postagens no facebook pelo perfil da Cooperlotação, que até algum tempo atrás esperneava e destilava críticas ao governo municipal, por propor a implantação de um serviço público municipal de transportes na cidade gerenciado pela prefeitura – inclusive, chegou a pronunciar publicamente que, se a licitação de contratação de transporte público fosse aberta, iam entrar na justiça para cancelar.

320086_222056441184230_100001396260264_627501_1812275990_nMas como o serviço público de transporte é tratado como negócio (bem lucrativo!), e ninguém quer “largar o osso”, os discursos se esvaziam rapidamente. Afinal, o que tanto a Prefeitura quanto a Cooperlotação estão interessadas é no controle dos lucros do serviço. Questões como qualidade aos passageiros são cortina de fumaça para escamotear os verdadeiros interesses que existem por trás deste serviço.

Foto: Perfil de Cooperlotação

Foto: Perfil de Cooperlotação

Acrescentamos ainda a disputa dessa correlação de forças, entre Prefeitura e Cooperlotação. Porque não sejamos ingênuos, a Cooperlotação representa uma força política e econômica na cidade, que se julga dona do serviço público que presta, e sob o manto da defesa dos direitos de trabalhadores que operam nas lotações, bravateia aos quatro ventos contra a Prefeitura. Não é à toa que ela está pressionando pela criação de um órgão gestor do transporte público na cidade, com um projeto elaborado por ela mesma, que apenas trata de questões técnicas e em nenhum momento fala de redução da tarifa, ou maior efetivo nas linhas. O projeto está muito mais ligado às condições técnicas do veículo – que é uma obviedade, já que muitos estão desgastados e possuem problemas nas portas, com isso podem acarretar acidentes – do que apresentar propostas para um transporte público de verdade. Resumindo: é somente uma empresa apresentando sua proposta de trabalho. Daí, o sr prefeito, que também não é bobo, lançou o convite: “Bora dar um passeio e namorar uns carros novos”. Portanto, o desdobrar dessa disputa de modo algum irá beneficiar a população.

Hoje, o modelo de transporte público municipal é permissionário, ou seja, as lotações possuem uma permissão para prestar o serviço, e pagam à Prefeitura uma quantia determinada de imposto. O gerenciamento é feito pela Cooperlotação, representante das sete associações que existem na cidade.

A Prefeitura quer um novo modelo, por meio de uma licitação contratar uma empresa para gerenciar o sistema de transporte com a integração ao SIM – Sistema Integrado Metropolitano. O objetivo é dar maior transparência nos custos e atuar de forma direta no controle de gastos, e na cobrança de maior qualidade na prestação do serviço oferecido pela empresa que estiver operando. (Bonito isso, né? Seria, se não fosse balela!)

Ousamos dizer, no que diz respeito à qualidade do transporte, o custo, a mobilidade, o tempo de espera nos pontos, infelizmente, dificilmente algo irá mudar, até porque não há discussão “real” da construção de um transporte público de verdade em São Vicente. Não citaremos nem a questão da gratuidade, seria querer muito de quem apenas entende direitos sociais como mercadoria.

Por um mundo sem catracas!

1.         O vereador Ferrugem, em 2009 foi um dos acusados pela Polícia Federal de participação em um esquema de fraude na concessão de pelo menos 130 benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, que teriam onerado os cofres do INSS em cerca de R$ 3,5 milhões. O esquema fraudulento foi apontado pela PF como o maior já cometido contra a Previdência Social. Em 2012, o vereador foi reeleito.

2.         A Baixada Santista é a única região do país onde se extinguiu a profissão de cobrador, (o que garante ainda mais o enriquecimento da empresa que presta o serviço), com isso os motoristas têm que cumprir dupla função, e são muitos os casos de afastamento por estresse, devido às longas jornadas de trabalho. Neste sentido, o Sindicato dos Rodoviários se revela incapaz de defender a categoria.

Presidenta Dilma Rousseff na Baixada Santista, investimento pra quem?

Foto: http://www2.planalto.gov.br/centrais-de-conteudos/imagens/anuncio-de-investimentos-do-pac2-mobilidade-urbana-para-a-regiao-metropolitana-da-baixada-santista

Foto: http://www2.planalto.gov.br

A visita da Presidenta Dilma Rousseff à Baixada Santista na última quinta-feira (26) tem uma porção de significados políticos e econômicos, mas uma das coisas que passa despercebido e precisamos nos atentarmos, é como este país tem dinheiro, e dinheiro público! E gasta-se, a todo momento uma quantia, (que não é pouca) em algum serviço, equipamento, projeto… Contudo, os resultados nem sempre resolvem os problemas da população, por que será?

A Presidente anunciou investimento de 456,3 milhões para a mobilidade urbana, e ainda fez cobranças aos administradores da região para se municiarem de projetos, porque a ideia do governo ao que parece “é para o infinito e além!” Brincadeiras à parte, o problema de mobilidade urbana na baixada é uma realidade concreta de extrema urgência, e que não será solucionado num passe de mágica. Porém, difícil acreditar que dentro dessa lógica mercadológica alguma coisa seja resolvida.

Primeiro; não é preciso ser especialista para saber que a maior parte deste investimento irá se diluir no bolso de corporações que irão prestar o serviço.

Segundo; o problema da mobilidade urbana na baixada perpassa a construção de um túnel ligando as zonas Leste e Noroeste de Santos, ajuda no escoamento do trânsito, mas não resolve. Entretanto, o caminho que todos os governos estão tomando é o contrário, obras faraônicas de grande impacto social e ambiental, e pouquíssima, ou nenhuma discussão de alternativas realmente sustentáveis.

Terceiro; abrem um túnel de um lado para escoar o trânsito e colocam mais carros de outro. Como assim? Porque isso é o quê irá acontecer com a construção do outro (polêmico) túnel (submerso) que interligará as cidades de Santos e Guarujá, e que segundo o projeto da DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) injetará 14 mil veículos por dia na cidade com projeção para 40 mil nos feriados. Entenderam?

Mobilidade urbana tem que tirar carro da rua, e não colocar mais, pra isso tem que ter transporte público de qualidade; tem que ter ciclovia; tem que ter planejamento de cidade e tratando-se de Baixada Santista tem que ter planejamento metropolitano, porém, o quê se vê é apenas bravatas, e obras sendo realizadas de qualquer forma, além de dinheiro público sendo gasto aos montes, servindo apenas para enriquecer empreiteiras e sustentar políticos. Enquanto essa lógica de colocar investimento direto nas mãos de corporações predominar, nada irá se resolver.

Em fevereiro deste ano o Governo Federal anunciou recurso de 143 bilhões, que seriam investidos nas cidades sede e subsede da Copa do Mundo. Vamos pensar sobre estes números e avaliar o que mudou, ou o quê irá mudar para a população, pois na prática (sem fatalismos) os transportes públicos continuam lotados e de péssima qualidade, o trânsito continua um caos, traduzindo; o serviço público continua sucateado e toda essa violação de direitos é sustentada com dinheiro dos trabalhadores, e não da Sr.ª Dilma que só veio à baixada demarcar território e fortalecer campanha política.

Sobre os 143 bilhões para mobilidade urbana

O Governo Federal declarou que este investimento é uma resposta as reivindicações das jornadas de junho, balela, o que está fazendo é colocar ainda mais dinheiro público no bolso de empresas mafiosas/que monopolizam os serviços públicos de transporte, de construção civil, de prestação de serviço, entre outros que vão se tornando alvos deste capitalismo selvagem, corporativo e parasitário.

Para termos uma ideia, as empresas de transporte público recebem fortunas anualmente, na cidade São Paulo em 2013 o município gastou em torno de R$ 1,25 bilhão para subsidiar empresas privadas de ônibus, em 2011, as empresas obtiveram de lucro cobrindo todos os custos, R$ 1,2 bilhão. Aí temos que citar que essas empresas de transporte entram no rol de empresas financiadoras de campanhas de partidos políticos. E citamos também as empresas (mais conhecidas como empreiteiras) que prestam dos mais variados serviços, e colocamos como exemplo, Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez que de acordo com uma pesquisa do Instituto Mais Democracia;

“Entre as eleições de 2002 e 2012, juntas, as quatro empresas investiram mais de R$ 479 milhões em diversos comitês partidários e candidaturas pelo Brasil. No Estado do Rio de Janeiro, o PMDB é de longe o partido mais beneficiado, com R$ 6,27 milhões, mais que a soma dos quatro seguintes: PT, PSDB, PV e DEM. Porém os repasses podem ser ainda maiores em anos não eleitorais. Em 2013, por exemplo, somente a Odebrecht repassou R$ 11 milhões dos R$ 17 milhões arrecadados pelo PMDB.”

Por isso, reafirmamos, este país tem dinheiro, pertence à população, mas a forma como está sendo gerido nunca trará mudanças radicais para a vida da população.

Vivemos uma ditadura corporativa, ou a população se organiza coletivamente para mudar essa realidade e rompe também com essa lógica de acreditar num ser “bonzinho que vai lutar pelo povo”, ou, continuaremos vivendo esta farsa democrática, onde uns têm privilégios e outros a exclusão social de direitos.

OBS: Indicamos esta matéria sobre as corporações financiando campanhas partidárias, produzida pelo Instituto Mais Democracia do Projeto Quem são os proprietários do Brasil. Vale a pena ler!

Audiência Pública sobre o sistema de transportes públicos municipal em São Vicente

1920363_617922018297575_7565840606261490_nNa última sexta-feira (11) a Prefeitura de São Vicente publicou um comunicado de uma audiência pública que ocorrerá no dia 24 de abril às 18h no Centro de Convenções de São Vicente, que tem como objetivo discutir um novo sistema de transportes públicos de caráter municipal para a cidade.

Na terça (15) em protesto, cerca de 350 pessoas (permissionários e funcionários) compareceram a Câmara Municipal para se manifestar contra a possibilidade de uma nova empresa prestar o serviço, e exigir transparência da Prefeitura nesta questão, que segundo informações baseadas em um vídeo exibido na TV Câmara do município de Tupã, em novembro do ano passado, um empresário do ramo de transportes afirmou que participará de licitação, em São Vicente, voltada à contratação de 100 ônibus e 350 micro-ônibus destinados ao transporte público municipal.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente declarou que o serviço de vans continuará sendo prestado normalmente, e que a audiência pública servirá para dar início a um debate sobre o transporte público na cidade, e também para a criação de um projeto para o sistema de transportes públicos municipal, cujo objetivo é melhorar a qualidade do serviço prestado à população.

Neste ponto o argumento utilizado pela Prefeitura se conflui com o dos permissionários, pois eles também reivindicam tanto do legislativo, quanto do executivo, apoio para melhorias do serviço.

O transporte público visto como negócio e a participação popular

Mas, não sejamos ingênuos, todo o transporte público é um serviço monopolizado, e o serviço de transporte prestado pelas vans também possui uma série de problemas, além de seguir a mesma lógica de uma empresa privada, apesar de estar organizado enquanto “Associação/Cooperativa”, há muito para se resolver, mesmo com este formato de organização.

Reconhecemos que há pontos delicados nesta prestação de serviço de vans (o que não isenta de serem resolvidos), por exemplo, há muitos trabalhadores autônomos que dependem do serviço para sustento próprio, justo pensar sobre isso, e não gerar prejuízos a ninguém, assim como é justo também dizer, que o serviço tornou-se uma forma alternativa de transporte na cidade, que “quebra um baita galho”. Contudo, o serviço é público, não é particular, por isso, deve sim, ser colocado em discussão junto à população. Por que não? Até porque muitos permissionários prestam o serviço como se ele fosse “particular”. Não é. Daí uma série de outros problemas que vão sendo gerados justamente por causa disso.

E, um ponto que precisa ser discutido com urgência; é a falta de participação e de gestão popular direta, resolver de vez que o serviço prestado é um serviço público e deve ser entendido como um direito social, não como mercadoria. Enquanto estes pontos não serem discutidos e resolvidos, poucos avanços irão ocorrer. Não importa qual seja a empresa que irá prestar, ou continuar prestando o serviço, ele sempre será ruim, porque sua finalidade é o lucro.

A Prefeitura quer mesmo melhorar o serviço?

Se a Prefeitura realmente tivesse interesse em mudar alguma coisa, não estaria pensando em abrir licitação (ela mal consegue planejar uma ciclovia). Óbvio, “que tem caroço nesse angu”. Afinal, todo mundo sabe que audiência pública só serve para legitimar o poder instituído, fingem ouvir a população, mas ignoram as opiniões quando são contrárias. Não há local mais cínico que uma audiência pública.

Direito à cidade e organização já!

O problema é que não há soluções em curto prazo para a população, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) pouco solucionará o problema de mobilidade urbana que temos hoje, os ônibus continuarão lotados e caros, e as vans também continuarão lotadas e caras. Isto é, o buraco dessa discussão é muito embaixo, e vai exigir organização popular, porque no momento, o que temos são joguetes políticos, e se os usuários e trabalhadores de vans não se atentarem para isso, serão usados como massa de manobra política.

Concordamos em não impedir o serviço de lotações na cidade, devido à quantidade de trabalhadores que ficarão sem emprego. Porém, não concordamos que o serviço de transporte público seja visto como um negócio. Quando citamos que o transporte é um direito, é porque acreditamos que ele é um direito essencial, como saúde, educação, entre outros. Neste sentido, somos a favor do Projeto Tarifa Zero, que propõe um transporte público gratuito, sendo custeado por financiamento público, assim, ninguém será privado de seu direito de ir e vir, por causa de um valor monetário.

Referente questionamentos de que os municípios não teriam condições de arcar com os custos

Tarifa Zero está diretamente ligado à políticas redistributivas, por meio de impostos progressivos, onde quem tem mais, paga mais. Muitas cidades no Brasil e no mundo já adotaram o projeto, quem quiser se inteirar no assunto, é só gastar um tempinho na internet, existem diversos estudos de sua viabilidade, e de que forma funcionaria o financiamento, o que não existe de fato, é vontade política de quem governa e legisla, por isso, quem quer discutir e construir um sistema de transporte realmente público, Tarifa Zero é o norte, o grande empecilho para ser enfrentado, são as corporações que monopolizam o serviço, e que transformaram o transporte público num negócio tão rentável, tão poderoso, que se tornou algo quase que intocável – que inclusive, deve financiar muita campanha eleitoral, por isso, há tanta resistência nos meios políticos.

Piracicabana aumenta valor da tarifa da linha 934EX1 – Praia Grande (Terminal Rodoviário e Urbano – TA-Santos (Paquetá)

No dia 01 de junho de 2013 cedendo às pressões que vieram das ruas impulsionadas pelo Movimento Passe Livres (MPL) o governo do estado de SP anunciou que todas as linhas de transporte público teriam o aumento da tarifa revogado.

Na Baixada Santista não houve revogação do aumento do transporte público gerido pelo estado, mas sim a redução do aumento, as linhas intermunicipais que haviam elevado o valor entre 0,20 e 0,25 centavos, (dependendo da linha) com a suposta revogação, tiveram redução de 0,15 centavos, garantindo o aumento do mesmo modo.

Foro: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Curiosamente há pouco mais de um mês a linha 934EX1 que executa o itinerário; Praia Grande – Terminal Rodoviário e Urbano – TA-Santos – Paquetá, aumentou o valor da tarifa de R$ 3,55 para R$ 3,85 sem nenhum comunicado a população. Ao pesquisar no site da EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano) não há nenhum comunicado, inclusive, ao consultar o valor da tarifa desta linha se consta o valor de R$ 3,40 que é referente a 2011 – estranho, porque todas as outras tarifas de outras linhas estão com valores atualizados. (confira aqui)

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Para resolver este impasse resolvemos ligar para EMTU e obter informações a respeito, mas o que conseguimos (após minutos de espera) com o atendente por meio do serviço de 0800 (quem quiser ligar este é o n: 0800 724 05 55) foi o encaminhamento para ouvidoria digital, que nos enviou esta mensagem;

Prezado (a) cliente,

O número de protocolo da sua mensagem é 288851. O andamento poderá ser consultado na página da Ouvidoria. Enviaremos a resposta após apurações necessárias. Agradecemos sua participação, que é vital para a melhoria do serviço. Atenciosamente, EMPRESA METROPOLITANA DE TRANSPORTES URBANOS DE SÃO PAULO S/A – EMTU/SP.

Aguardamos e dois dias depois recebemos o seguinte e-mail;

“São Bernardo do Campo, 27 de novembro de 2013

Prezado Cliente

Em referência à sua manifestação, registramos a(s) notificação(ções) a seguir:

 Nº        TIPO  ASSUNTO

 30859/2013     Informação     Orientação

Em atenção à sua manifestação informamos que o reajuste tarifário foi necessário para recompor o valor em função dos aumentos de custos nos insumos, como pneus, diesel, lubrificantes e mão de obra, de forma a manter os serviços.

Destacamos que a sistemática de fixação tarifária para os serviços sob gerenciamento da EMTU-SP, é determinada pela Secretaria de Transportes Metropolitanos, que a executa mediante a publicação de uma tabela de tarifas por faixas quilométricas de extensão das linhas, considerando a estrutura dos custos para a manutenção do padrão de serviço do Sistema de Transporte Coletivo Regular (serviços comum e seletivo), bem como seu equilíbrio operacional e tarifário com todo o sistema de transporte de passageiros.

Atenciosamente,

MARIA BERNADETTE COSTA HENRIQUEZ URZUA

Central de Atendimento ao Cliente

Rua Joaquim Casemiro,290 – Jd. Planalto – S. B. Campo – SP CEP 09890-050 Tel.:0800 724 05 55 Fax.:(11)4341-1120 Internet:www.emtu.sp.gov.br”

Pois é, a justificativa é a de sempre, mas é interessante a estratégia deste aumento, tipo: uma linha por vez, (na surdina) para evitar mobilização.

Injustificável! E passou batido…

Com certeza o aumento anual em 2014 adotará estratégias como esta, sem comunicado, sem nada, aumenta uma linha, aumenta outra… A população tem que se organizar, pois com certeza a empresa  vai seguir aumentando X pra ganhar Y, da forma como fizeram.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Baixada Santista

A Baixada possui uma das passagens mais caras do país, para uma região plana por onde o transporte percorre sem dificuldades, por não haver ladeiras ou obstáculos que prejudiquem a rota, em nada se justifica uma tarifa tão abusiva, entretanto, a empresa Piracicabana explica que o valor é reflexo do custo da manutenção da frota.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Além de uma passagem caríssima, a baixada também possui um sistema de transporte público onde não há cobradores nas linhas, e são os motoristas quem cumprem a dupla função de dirigir e cobrar – o corte destes trabalhadores (cobradores) há uma década, era para reduzir o custo e aumentar a velocidade do percurso, de forma a melhorar a qualidade custo beneficio, não melhorou, só aumentou os lucros da empresa e precarizou o serviço.

OBS: Os questionamentos da impossibilidade sobre o Tarifa Zero estão em sua maioria baseados em ignorar uma possibilidade de forma pensada, exatamente porque quebra o monopólio de muitas empresas e acaba com o fnanciamento de campanha de muito político.

TARIFA ZERO JÁ!!!!!

Assista ao vídeo;

Debate “Tarifa Zero: realidade possível” (Passa Palavra, 2012). Registro de debate realizado pelo MPL-SP junto ao CEUPES para a Campanha Tarifa Zero, na USP. Na mesa, Vladmir Safatle (professor de Filosofia da USP), Raquel Rolnik (urbanista da FAU-USP e relatora da ONU), Lúcio Gregori (ex-secretário de transportes de São Paulo) e Dayse (militante do MPL-SP).

Cultura na periferia é mil grau: Tem teatro, tem dança, tem poesia, tem debate e tem luta!

Foto-0012Neste último sábado dia 26 de outubro ocorreu na Associação de Melhoramentos do Conjunto Residencial do Humaitá (bairro humaitá – São Vicente) uma atividade cultural que reuniu diversos segmentos da cultura e proporcionou para a comunidade local, não só um momento de diversão, mas também de reconhecimento de sua própria identidade. Grupos locais participaram e apresentaram suas danças, poesia, teatro, alegria…

Foto-0079Teve contador de história para crianças ( que os adultos também gostaram bastante e participaram rssr), varal de poesia, com muita coisa boa mesmo!

Foto-0008E a galera de dança de rua mandou bem pacas! Galera do Break também colou e ficou pequeno com os saltos, piruetas e mortais – olha, os caras são bons!

Sem contar @s dançarin@s mirins que demostraram muito talento.

Foto-0116Houve também um Documentário apresentado pelo pessoal do Movimento Pró Passe Livre Baixada Santista (MPL-bs) que levou a discussão do transporte junto à comunidade que conhece bem essa dura realidade, inclusive de forma bem criativa num mural de poesia havia reinvindicações em  cartazes a respeito do VLT, ao término teve a apresentação do grupo de teatro do sindicato dos metalúrgicos.

Foto-0023Segundo Armando um dos organizadores “aqui é um espaço cultural de troca de ideias, de informações, a ideia é apresentar nossa cultura, nossas produções – a periferia produz e com muita qualidade, não é como essas porcarias que aparecem na TV, isso aí é outra coisa, isso não nos interessa”. 

Pois é, disse tudo, e quem não apareceu, perdeu!

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Mobilidade urbana na Baixada Santista

Foto-0229A mobilidade urbana na Baixada Santista tem se tornado uma questão seríssima. Percursos que deveriam durar em média 30 minutos chegam a levar três vezes mais tempo para serem concluídos. Quem reside em cidades como Praia Grande e São Vicente e trabalha em Santos ou Guarujá tem enfrentado longas filas no trânsito. Se depender do transporte público então, além de todo desperdício de tempo, tem de enfrentar coletivos lotados, longas esperas no ponto e preços altos.

Micro-ônibus sem acessibilidade para cadeirantes, o único circular que atende o bairro Japuí em São Vicente

Micro-ônibus sem acessibilidade para cadeirantes, o único circular que atende os bairros Japuí e Prainha – linha São Vicente/Santos. – Foto: Rádio da Juventude

Além disso, uma parcela significativa dos coletivos não possui acessibilidade. Resumindo: conseguir chegar ao trabalho no horário é mais fácil indo de bicicleta ou moto, fora isso, é preciso acordar bem cedo e enfrentar uma maratona de 1h30min para percorrer uma distância de 8 km, – absurdo. Quem tem carro pode utilizá-lo (se não se importar com o trânsito, mas quem não tem, (a maioria) o negócio é suportar um transporte inviável e um trânsito insuportável).

Como se não pudesse piorar…

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Foto: Rádio da Juventude

A cidade de São Vicente está com dois acessos principais bloqueados: a Ponte Pênsil está fechada para reforma e o Viaduto da Antônio Emmerick interditado para demolição devido às obras do VLT, o que tem prejudicado ainda mais o fluxo do trânsito em horários de pico. São obras importantes, no entanto, a falta de planejamento estratégico para a realização delas há de ser questionada, pois duas obras em pontos vitais da cidade ocorrendo concomitantemente e a passos lentos, irão causar muitos transtornos à população.

No viaduto há apenas tapumes de bloqueio embora a demolição em si não tenha começado – o que está previsto para ocorrer em até oito meses. Enquanto isso, a população está pagando um preço alto todos os dias no trânsito pela incompetência administrativa de todas as esferas de poder.

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Foto: web

Por causa do impacto urbano dessas obras, a prefeitura vicentina resolveu alterar o sentido de algumas ruas do centro e construiu uma ciclovia, na verdade, uma “ciclo-faixa” muito mal planejada que já provocou dois acidentes no centro, um deles em frente da própria prefeitura e outro na esquina das ruas Frei Gaspar e Campos Sales onde um casal de ciclistas foi atropelado por um carro na ciclovia

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Ciclovia ou local reservado para cadeirantes?
Foto: Rádio da Juventude

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Foto: Mônica Barreto/Arquivo Pessoal

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Há cerca de um mês num típico fim de semana ensolarado, como de costume, vários turistas vieram para a região. Quem voltou do trabalho pra casa na sexta-feira à noite teve que enfrentar horas na fila, pois as ruas do centro de São Vicente ficaram bloqueadas reverberando nas Avenidas Nossa Sr. de Fátima e Presidente Wilson da cidade de Santos. Quem veio de Santos e Guarujá com destino à Praia Grande ou São Vicente teve que ficar horas numa fila, cujo espaço a ser percorrido é risório levando em consideração o tempo de espera, resultado do “desplanejamento” urbano.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Com todo esse caos, a prefeitura vicentina ainda teve a tacanhez de colocar faixas pela cidade pedindo aos motoristas que façam rotas diferentes por causa da “ciclo-faixa”, só há dois acessos para quem está em São Vicente indo rumo à cidade de Santos: Av. da orla da praia ou a Av. Nossa Senhora de Fátima, ao que parece a prefeitura quer que as pessoas vão para o trabalho voando ou nandando, será?

A maior preocupação são as datas festivas de fim de ano e carnaval em que a baixada recebe muitos turistas: como vai ficar?

Ouça o depoimento de moradores de São Vicente sobre o trânsito;

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Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)

Como solução para a caótica mobilidade urbana nossa de cada dia, temos o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que após 12 anos de discussão está em sua primeira fase de implantação. Contudo parte da obra já foi questionada pelo Ministério Público, num encontro que reuniu representantes da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e do Ministério Público no dia 09 deste mês. Segundo os “entendidos”, parte do itinerário qual ele percorreria precisa ser alterado, mais precisamente na Av. Francisco Glicério entre os bairros do Campo Grande e Gonzaga, devido aos impactos ambientais e possíveis remoções de imóveis. (justamente onde está o Mendes¹ Coincidência?).

Interessante que há pesos e medidas diferentes na avaliação dos impactos e das desapropriações, pois, “os imóveis localizados no município de Santos, no trecho Conselheiro Nébias-Valongo (5,5km de extensão) – por onde circulará o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista – foram considerados de utilidade pública para fins de desapropriação total ou parcial. O decreto foi assinado pelo governador Geraldo Alckmin. A EMTU/SP vai informar os proprietários sobre o processo de desapropriação, incluindo os documentos necessários para recebimento da indenização”. Fonte: Governo do Estado de São Paulo.

Esperamos que este meio de transporte (VLT) realmente possa contribuir de forma eficaz com o caos que a população da baixada está tendo que enfrentar. Pois em 2010, a Viação Piracicabana, empresa de ônibus que atua na Baixada Santista, entrou com um mandado de segurança contra a EMTU, responsável pela licitação, pedindo a suspensão da licitação e alegando serem ilegais as exigências de garantia de proposta no valor R$ 7 milhões. O juiz de Direito da 7ª Vara de Fazenda Pública do Foro Central de São Paulo, Emílio Migliano Neto, concedeu a suspensão da licitação em 2012. A Piracicabana disse também na época que as linhas de ônibus na Baixada Santista seriam alteradas e reduzidas se o VLT fosse implantado.

O VLT tem estimativa de atender uma demanda de 70 mil usuários/dia útil nos dois trechos que percorrerá: Barreiros – Conselheiro Nébias e Porto – Conselheiro Nébias – Valongo. Sua implantação irá contribuir muito, principalmente no trânsito. Contudo, diminuir a circulação de ônibus só fará migrar os problemas de um meio de transporte para outro.

Com um custo de R$ 313.505.850,90 há de se questionar e cobrar que este meio de transporte público possa garantir o direito à cidade. Chega de horas na fila!

1. Grupo Mendes – grupo do setor imobiliário que controla quase todo setor de imóveis, construção civil e hotelaria de alta classe na Baixada Santista, além de possuir duas casas de show e uma rádio.

Outra matéria importante sobre a mobilidade urbana, clique aqui

Baixada Santista: Greve. Vem pra rua ou vai pra casa?

Mais uma paralisação ocorreu hoje (30) pela manhã promovida pelas centrais sindicais. Segundo informações divulgadas pelos dirigentes sindicais que organizaram, esta manifestação tinha o caráter de puxar uma ainda maior no dia 06 de setembro.

No bojo das manifestações que pipocam pelo país e ocupam câmaras municipais, as centrais apesar de terem ficado anos distantes das reivindicações de rua, possuem agenda política e força de paralisação urbana, afinal, quem passou por vias bloqueadas pode perceber que não haviam muitos manifestantes, apenas alguns de camisetas de sindicatos. No entanto, bloquearam durante 3 horas o trânsito – um carro de som ligado falando pro nada – uma galera sacudindo bandeira – e trabalhador descendo do ônibus e indo a pé para o trabalho, aí podemos dizer; nossa que alienado esse trabalhador, deveria aderir a greve, mas aderir a quê? Por quê? E com quem?

A realidade que temos é que os trabalhadores não se vêm representados por tais entidades, além de se encontrarem anos luz de distância das pautas, e não por falta de consciência, mas pela certeza de que nada muda e que apesar do sindicato ser um instrumento de luta, a vida cotidiana não condiz com parar uma avenida durante três horas.

Na prática boa parte dos sindicatos se tornaram uma instância burocrática que disputa espaço de poder, deixando as ações de base de lado, deixando os trabalhadores submetidos as suas agendas políticas em que ir pra rua é só estratégia política para amarrar acordo.

Na orla da praia da baixada por volta das 07h30, onde estava ocorrendo o bloqueio entre as cidades de Santos/São Vicente, 99,9% das pessoas que passavam não tinham o menor interesse em participar, alguns comentavam que não estavam nem sabendo que o ato ocorreria, se soubessem ficariam em casa, outros acreditavam na legitimidade, porém, tinham imensa desconfiança de tudo aquilo e por isso preferiam ir para o trabalho.

Paralelo

Em Porto Alegre ocorreu um ato grande mesmo, envolvendo os trabalhadores do metro e dos ônibus junto com estudantes, só que em Porto Alegre tem sido o resultado do intenso trabalho do Bloco de lutas, que vem dialogando constantemente com a população sobre a questão do transporte, não utilizando apenas os atos de rua como única ferramenta de luta.

Ou seja, é ínfimo e risório tal situação, pior! Fica-se propagando pela redes a maior paralisação de todas – a baixada vai parar – na luta com os trabalhadores – e de fato quando olhamos pra rua, cadê? Cadê a massa? Cadê os trabalhadores? O que se consegue de verdade é alimentar mais ódio na população, e como a mídia burguesa não ajuda em nada mesmo, a verdade nua e crua, é que essas estratégias são um prato cheio pra direita chincalhar com tudo.

É preciso refletir sobre isso, descer do pedestal da teoria, pois na prática o que deveria aglutinar e corroborar para a luta da classe trabalhadora, está só contribuindo pra esvaziar o debate e o avanço político.

Por onde anda o Movimento Passe Livre Baixada Santista?

1016087_548704811858383_1920239757_nCinco atos contra o aumento da tarifa ocorreram na baixada santista, o último no dia 20 de junho de 2013, que chegou a aglutinar cerca de cinco mil pessoas.

Para uma região como a baixada santista onde o pensamento provinciano impera favorecendo grupos políticos que se revezam a décadas no poder, e as poucas organizações de esquerdas existentes labutam para fazerem suas lutas e no mínimo garantir seu quadro de militantes, há de se considerar que essas manifestações romperam com um paradigma de anos de inércia, agora, é garantir o refluxo da luta.

1016640_548115075250690_1376963550_nEssas manifestações foram promovidas por um grupo que até então se intitulava como Movimento Passe Livre Baixada Santista (MPL BS), e depois do quinto ato, que podemos dizer; “onde o couro comeu”, pois a polícia reprimiu geral, devido os arrastões e o quebra quebra promovido pela galera da periferia que desceu o morro e tomou de assalto o ato.

Quem acompanhou os jornais no dia seguinte se deparou com fotos de manifestantes sentados no chão (não todos!) num gesto de entregar aos vermes os vândalos, pois é, a manifestação em maior parte era constituída de “X9”, “cagueta” e “embalista” que não tinham a menor consciência de classe e nem disposição pra luta, e no momento em que as coisas se acirraram ao contrário de aderirem junto a galera do morro, que é a mais afetada com esse direito social sucateado (transporte público, além de outros.) mijaram pra trás – nos jornais, e pelas redes sociais depoimentos pipocaram, do tipo; a periferia estragou um ato pacifico e depredou ônibus, saqueou mercados, lojas… Mas vejam bem, uma galera que tem a vida saqueada todos os dias, vai ficar passeando na rua batendo palma pra polícia e cantando hino nacional? Nem fudendo!

A verdade é que o buraco era mais embaixo

Enquanto as manifestações estavam ocorrendo na orla da praia, e só estavam fudendo trabalhador que queria voltar pra casa de um dia de trampo desgraçado, a coisa foi sendo tolerada, só que uma hora tinha que se bolar armadilha pra macaco ir atrás de banana – polícia e governo municipal não iam tolerar muito tempo a onda de protesto – mas tinham que acabar de forma capciosa, limpando a barra pra não pegar mal. Aí o próprio movimento por erro estratégico, tomado pelo calor do momento e por infiltrações conservadoras decide em assembleia no sindicato dos bancários que iria fechar as quatro pistas no bairro do saboó ( bairro periférico –  área de morro)

Bingo! Era a brecha que o sistema queria – segundo relatos de moradores do bairro do saboó a polícia durante a tarde ocupou o bairro dando esculacho em morador e um jovem foi assassinado – dois ônibus foram deixados em ruas laterais que cruzam as quatro pistas por onde passaria a manifestação. Daí o resto todo mundo sabe, e a conta? Mais uma vez foi depositada na periferia – só pra acrescentar, num dos atos em que o movimento batia palma pra polícia passeando pela orla da praia, outras manifestações ocorriam na periferia de São Vicente e lá o braço do Estado recepcionou na base do cacetete.

Após isso, claro, o grupo se dividiu em dois; Passe Livre Unificado (PLU) e Movimento Passe Livre Baixada Santista (MPL BS) este último lançou uma nota dizendo que estaria se retirando das ruas temporariamente para se organizar internamente e planejar ações de base que possui a intenção de construção de debates públicos.

De volta às ruas?

Ontem, estava sendo divulgado pelas redes sociais e pela mídia burguesa que haveria um grande ato na cidade de São Vicente puxado pelo MPL BS, segundo Helliton Nottvanny um dos organizadores do protesto, este ato era contra os gastos excessivos com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e contra a demolição sem planejamento do viaduto da Antonio Emerick que irá ocasionar um caos no trânsito além do que já existe. Enfim, o ato acabou não ocorrendo, apenas cinco pessoas compareceram ao ato, agora, não se sabe se o nome do MPL por estar na moda se tornou a bola da vez e todo mundo quer tirar uma casquinha, ou se o grupo estava realmente envolvido, ou se o movimento vai se posicionar pra esclarecer dúvidas.

Pois problemas não faltam no que diz respeito a mobilidade urbana na baixada santista e pegando o link com a construção do VLT, que é uma “importante” alternativa para o transporte público que há mais de 12 anos vinha sendo discutido e até que enfim saiu do papel, porém, falta saber se ele realmente contribuirá com um transporte público gratuito e acessível? Ou será mais um meio mafioso de extorquir dinheiro público? Servindo apenas de forma turística e ferrando a vida dos trabalhadores.

Pois é, o MPL BS tem trabalho pela frente.

Seminário com MPL

Neste próximo sábado dia (24) haverá um seminário para consolidação do grupo MPL BS e daí por diante ao que parece novas ações serão encaminhadas.

Segue o Link para saber a respeito.

Debate com o MPL – SP: Princípios, práticas e perspectivas.

Um mês e cinco dias que moradores de dois bairros em São Vicente reivindicam melhores condições de transporte

Há um mês e cinco dias moradores dos bairros Japuí e Parque Prainha em São Vicente reivindicam melhores condições de transporte, e até agora nada! Os problemas que já existiam se reforçaram após o inicío da reforma da Ponte Pênsil iniciada em 10 de julho de 2013. Segundo os moradores já se reuniram com o Prefeito que se prontificou a resolver a situação, mas o problema persiste.

Tivemos acesso aos ofícios protocolados (1º ofício aqui) pela Prefeitura e divulgamos junto com vídeo produzido pelos moradores com depoimentos denunciando tal situação de desrespeito a direitos básicos e fundamentais.

Abaixo fotos dos ofícios que foram protocolados e o texto do segundo documento.

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São Vicente, 08 de agosto de 2013.

Ofício nº 02

À Secretaria de Obras, Urbanismo e Serviços Públicos;

Ao Gabinete do Sr. Prefeito do Município de São Vicente – S. Exª Luiz Cláudio Billi.

Prezados (as) Senhores (as):

Apesar do ofício que protocolamos no gabinete do Sr. Prefeito dia 01/08/13, ocasião em que dois representantes dos moradores dos bairros Japuí e Parque Prainha estiveram presencialmente reunidos com o Prefeito , os problemas dos moradores só se agravaram a partir de então.

A Prefeitura não apresentou nenhum plano de ação aos moradores, nem sinalizou qualquer tentativa de atendimento das pautas.

A despeito de todas as dificuldades que enfrentamos, a partir de ontem foram colocados nas entradas da ponte pinos que os trabalhadores disseram se tratar de barreiras para impedir a passagem de motociclistas. Porém essas barreiras impedem a passagem de cadeirantes, pessoas com carrinho de bebê, pessoas com dificuldade de locomoção em geral.

Foi informado ainda aos moradores, que caso aparecessem pessoas como as descritas acima, os funcionário da empresa que realiza a manutenção da ponte ajudariam essas pessoas a ultrapassarem os obstáculos físicos.

Temos claramente para nós que, faz parte do respeito às pessoas, as condições de acesso aos lugares públicos com autonomia. E este direito nos está sendo retirado, sem termos direito ao debate nem a soluções paliativas, a despeito, não obstante, de estarmos pagando por esta obra a quantia que quase chega a 25 MILHÕES de reais.

Estamos portanto, denunciando o mau planejamento desta obra e aguardamos soluções pontuais e URGENTES para os problemas.

Situação de risco de acidentes para quem atravessa a ponte. (madeiras soltas, grades fora do lugar, etc)

Estamos no aguardo de uma solução.

Atenciosamente,

Moradores do Parque Prainha e Japuí mobilizados.

Seguem anexas fotos do atual estado de locomoção (inexistente) da ponte:

Entrada pela Avenida Engenheiro Saturnino de Brito

Entrada pela Avenida Engenheiro Saturnino de Brito

 

Entrada pela Av. Newton Prado / Av. Pres. Getúlio Vargas

Entrada pela Av. Newton Prado / Av. Pres. Getúlio Vargas

 

 

 

Denúncia: Moradores da Parque Prainha em São Vicente continuam enfrentando dificuldades com transporte

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Nesta última quinta-feira dia (18) um grupo de moradores dos bairros Japuí e Parque Prainha realizaram um manifesto em frente a Ponte Pênsil reivindicando melhores condições de transporte e segurança, pois devido o fechamento da ponte para reforma, têm enfrentando dificuldades com o transporte que havia parado de passar no bairro Prainha e com o posto policial desativado, diversos assaltos ocorreram, inclusive um rapaz teve sua moto furtada.

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Foto: Rádio da Juventude

A manifestação dos moradores ganhou visibilidade por meio da mídia e a Prefeitura se prontificou a resolver o problema, começando pela iluminação da ponte e com envio de uma viatura para ficar circulando entre os dois bairros.

Porém, segundo relatos dos moradores os problemas com o transporte público no bairro Parque Prainha continuam, apesar dos ônibus e das peruas terem voltado a passar pelo bairro, a questão agora, é que o suposto transporte alternativo “peruas” não levam mais as pessoas em pé com medo de levarem multa na rodovia dos imigrantes, resultado: toda vez que chega uma perua no bairro, ela já está lotada, segundo um morador:

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

“é impossível conseguir chegar ao centro de perua, elas já chegam aqui vindo do Japui lotadas, isso é um absurdo! Tinha que aumentar o efetivo, como vai ficar a situação quando fecharem a ponte de vez para pedestres, eu por exemplo, tenho ido a pé até os bombeiros pra pegar um ônibus, ou lotação, e quando chego lá, vou em pé de todo jeito, coisa mais sem sentido, sem contar pra voltar do centro de São Vicente é a mesma coisa”

Outra moradora relata que:

“vai ficar muito complicado quando não poder passar pedestre pela ponte, como vai ficar os estudantes? Meu filho estuda no República de Portugal, eu não tenho condições de pagar R$ 8,00 por dia pro meu filho ir estudar, como vai ficar isso?”

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Outro problema grave que já citamos e reafirmamos é que os micro-ônibus que atendem os bairros não possuem acessibilidade para cadeirantes. (logo mais apresentaremos uma matéria com este morador cadeirante relatando este desrespeito a um direito social)

Segundo o gerente regional da Empresa Metropolitano de Transportes Público (EMTU) Rogério Plácido da Neves disse que quatro motoristas não realizaram o trajeto que deveria, por isso todo o problema, mas tudo já foi resolvido e a empresa Piracibana foi notificada e recebeu uma multa de R$ 900,00. (troco do doce perto do que ela ganha)

Só que não. O problema continua!

Conversa pra boi ir dormir deste gerente regional, hein? Eita governo de gabinete. Culpa do trabalhador né? Sempre blindam a empresa.

Pois bem,

No dia 1 de agosto ficou acordado que o Prefeito Billi receberá um grupo de moradores para discutir o problema. Esperamos que os moradores aproveitem este momento pra cobrar diversos direitos que lhes são violados.

Porto Alegre: “mobilizar até vencer” bloquearam o aumento e conseguiram passe livre pra estudantes e desempregados, de quebra: abertura das planilhas.

1044908_481594651933461_1590999406_nOs protestos em Porto Alegre contra o aumento da passagem começaram três meses antes dos atos que aconteceram em SP e RJ que depois reverberariam no país inteiro. Hoje, enquanto a maior parte deles perdeu a força e o foco, Porto Alegre segue com o lema que os norteou desde o início “mobilizar até vencer”.

518645O estopim

Válido lembrar que algumas manifestações já estavam ocorrendo, em proporção menor, mas, foi com a notícia de reajuste de passagem no dia 24 de março de 2013, que impulsionou os atos terem início de forma mais contundente, primeiro no dia 25 e depois no dia 27 com cerca de 10 mil pessoas que ocuparam as ruas para barrar o aumento da tarifa.

518642Com essa mobilização gigantesca que ocupou as ruas de Porto Alegre e bateu nas portas da Prefeitura, somada com a protocolar ação cautelar que foi aceita pelo juiz Hilbert Maximiliano Obara, da 5ª Vara da Fazenda Pública, apresentada no dia 25 de março pelos  manifestantes, a coisa foi esquentando.

Resultado:

No dia 4 de abril foi anunciado o bloqueio por meio de uma decisão judicial, e após ser notificada, a prefeitura afirmou, em nota, que não iria recorrer da decisão. “Se a Justiça entende que o caminho é suspender o reajuste então vamos acatar a decisão judicial”, afirmou o prefeito José Fortunati.

Daí teve inicio a primeira vitória que colocou o grupo a pensar em outras formas de luta que existem, além da manifestação na rua,  com isso, a rearticulação na base fortaleceu para o próximo passo que era reivindicar por passe livre para estudantes e para desempregados, (que já era pauta do movimento) mas para isso precisavam dar um upgrade na base e na organização do movimento.

1044343_480834498676143_2007410027_nVale expor neste caso, a visão e avaliação de dois integrantes da Frente Autônoma do Bloco sobre o movimento que vem há tempos realizando atos e debates sobre o transporte público na Capital gaúcha; “Há um sentimento muito forte em torno de uma maior autonomia do movimento, então vimos espaço para criar a Frente Autônoma e lutar contra o aparelhamento do Bloco por partidos políticos. É uma experiência muito positiva, pois o Bloco não está aparelhado por nenhuma força, é uma composição muito saudável”, continue lendo aqui muito interessante e fundamental o posicionamento.

774447_483200238439569_366960714_oDeste modo:

Voltaram às ruas em massa em junho com pauta e com foco muito claro, diversos atos foram desencadeados até a ocupação da câmara dos vereadores que demostrou além da força dos manifestantes, a capacidade de articulação, de mobilização e de desmascarar um poder institucionalizado que não passa de fraude, que não representa a população, e que apoiada pela mídia burguesa a todo custo tentou deslegitimar o movimento com as famosas frases: ¨são todos uns vândalos” – “esse movimento não tem direção” e por aí vai.

15211704E temos que abrir um parêntese aqui para falar do Governo facínora e boçal de Tarso Genro que promoveu perseguições e proferiu injúrias do tipo:  “aliados a ultra-esquerda do PSOL e PSTU, os anarquistas têm influência e controle direto dos atos de vandalismo. Isso já foi identificado pela polícia. São jovens desorientados que caem na marginalidade, entendem que a violência é solução para tudo. Odeiam tudo aquilo que não são eles mesmos. São os introdutores do vírus da violência num movimento que tem enorme respeito social pela pauta generosa que tem apresentado.” Canalha.

Leia aqui O enredo de uma farsa que desmascara este Governo e assista ao vídeo da Federação Anarquista Gaúcha responde ao Governador Tarso em coletiva

thumbE com tantos ataques e debaixo de cassetetes e gás de pimenta no dia 10 de julho os manifestantes ocuparam a câmara de  vereadores com muita combatividade e também criatividade, e após oito dias obtiveram mais uma vitória, passe livre para estudante e desempregados e a abertura das planilhas de contas das empresas de ônibus que foi protocolado às 09h desta quinta-feira (18) num acordo firmado entre representantes do movimento social e vereadores no Foro Central da Capital.

As  vereadoras Sofia Cavedon (PT) e Fernanda Melchionna (Psol), representando suas bancadas foram quem protocolaram, e antes que saiam por aí querendo ser as mães da criança, que fique claro, a VITÓRIA É DE QUEM SAIU ÀS RUAS E RESISTIU a todas as perseguições e gases de pimenta e balas de borracha.

Por Ramiro Furquim/Sul21E os tais invasores (da própria casa, “câmara”), baderneiros e até chamados de fascistas pelo Governador Tarso Genro, conseguiram por meio da ação direta vencer a repressão do Estado por meio da PM e da criminalização da mídia que ambos servem ao governo, porém, já anunciaram que a luta continua, foram apenas batalhas vencidas, que fique certo, “continuaremos pelando!” disse uma integrante da frente autônoma.

Mas o que faz Porto Alegre sair na frente? E vencer tantas batalhas. Fica à reflexão.

Antes de irem embora:

pra quem não ficou sabendo…

antes de desocuparem a câmara de porto alegre ontem (18), manifestantes tiraram fotos nus e seminus na sede do legislativo… o presidente da câmara disse que a imagem é “deprimente e desrespeitosa à casa do povo”… “se querem fazer sexo grupal, que vão fazer em um local privado, não em um local público”…

ah, olhem alguns quadros-fotos na parede de cabeça pra baixo… aquele que um cara está segurando no “meio” das pernas é da deputada federal manuela d’ávila (pc do b), que já foi vereadora…

uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu… ( texto da web)

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OBS: Fotos retiradas da internet.

Alguns vídeos;

Noite de terça-feira, 27 de março de 2013. Estudantes tomam a Prefeitura no maior protesto já realizado contra o aumento da passagem do transporte público em Porto Alegre. O valor do ônibus passou de R$ 2,85 para R$ 3,05.

Os Mascaristas Anarcados trolando a mídia burguesa.

Funk montado dos Mascaristas Anarcados com a mina cantando.

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“Cambada de Teatro Em Ação Direta Levanta Favela”

Vídeo do face sobre a Tropa de Nhoque recebendo os jornalistas para entrevista coletiva, na Câmara dos Vereadores de POA, 15/06/2013. disposto apenas no face segue o link:

https://www.facebook.com/photo.php?v=10201550569065626&set=vb.1219262916&type=2&theater

Reforma política: 11 de julho um momento histórico. De que lado virá o golpe?

Uma grande jogada do Governo de propor um plebiscito, ao mesmo tempo em que passava a batata quente para o congresso ganhava tempo para se rearticular em reuniões e arrumar a casa, pois como não era possível calar o grito das ruas, então o negócio era ganhar as ruas, para isso lançou suas propostas, a primeira delas trata da “responsabilidade fiscal” demonstrando logo de cara que o governo não irá ceder em sua política econômica. Deste modo, o que esperar de quem há uma década não mexeu na estrutura?

Paralelo a isso, feito baratas tontas às esquerdas começaram a se movimentar apavoradas com a ideia de um possível golpe que não sabiam ao certo de que lado direito viria, por isso, o primeiro ponto segundo elas era ocupar as ruas e retomar as pautas, visto que tomaram um cacete nas ruas pela revolta popular que repelia qualquer grupo partidário. (o que revelou o quanto a população está desacreditada das instituições, e facilmente assimilou o discurso disseminado pela direita) segundo porque sacaram (mesmo não assumindo) que não têm base popular e podem tomar uma grande surra nas eleições do ano que vem, afinal, a discussão de golpe contra o governo, uma coisa é certa, só é verdade à medida que for institucional, pois um governo que mantém uma política econômica que favorece toda uma classe empresarial, muito bem blindado ele está.

11 de julho de 2013

Visto como momento histórico as manifestações nas ruas desencadeadas pelo MPL, as esquerdas compreenderam a importância de ampliar a discussão e efetivar pautas emperradas da classe trabalhadora, com isso guinaram para uma cruzada um tanto esquizofrênica.

Logo, o governo maquiavelicamente decidiu colocar suas forças em movimento e lançou a discussão sobre a reforma política, mesmo sem muita objetividade do que representaria essa reforma política. Na verdade, o modo que está conjecturado só vai ludibriar a população com uma falsa participação, que no final das contas, os mesmos bandidos de sempre que irão decidir.

Contudo, decidido por bases governistas e outras não, o dia 11 de julho de 2013 acabou por se tornar pauta obrigatória, que toda esquerda partidária resolveu enfiar goela abaixo da população como o dia de luta nacional da classe trabalhadora, greve geral!

Legítimo? Parte do que está sendo levantado nas bandeiras, sim. E outra é puro governismo sem mexer nas causas que geram os problemas. Mas e aí? Ir pra rua ou não? Cabe refletir? Vivemos realmente um momento histórico em que a classe trabalhadora conseguirá fazer valer suas reivindicações? Ou não? Sobre isso, várias teorias já foram escritas e discutidas. Mas o que temos que ficar atentos, é para não fugir de um golpe que vinha da direita e cair em outra que agora parece vir da esquerda partidária, inclusive da governista.

Pois, será mesmo possível fechar luta com quem manda construir Belo Monte? Fecha os olhos para o extermínio indígena? Pinheirinhos? Gasta bilhões numa copa, entre outras coisas.

( referente ao partidos de luta, há muita dúvida e questionamento do porque insistem tanto nas ruas, mesmo sabendo que sem base popular não há mudanças de nada)

Ao que parece é que há um véu de ingenuidade e perversidade em tudo isso, a luta da classe trabalhadora precisa sim de organização e combatividade, mas esses instrumentos à medida que não dialogam com a população estão falidos, primeiro: porque todos eles seguem a mesma linha hierarquizada, hegemônica, centralizadora e autoritária, segundo porque suas concepções de lutas tendem a minar toda a autonomia popular, exatamente por adotarem um vanguardismo soberbo que toma decisões sem consulta popular.

Fica à reflexão, não para sectarizar, mas para não trabalharmos equivocadamente para grupos de interesse que se beneficiam da luta, assim como não deixar que a construção do poder popular seja adiado, devido estratégias que só reproduzirão o mesmo tipo de modelo de luta que pouco avança.

Poder no povo!

Prenderam o poeta incendiário. O que ele pedia: “Passe Livre pá geral”

“Tão detendo meu corpo. Meu pensamento nunca!”

 

Anarcofunk – É passe livre pá geral!
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Um vídeo na internet, sobre um cara que foi preso acusado de tentar botar fogo num busão, em Minas, chamou a nossa atenção pela argumentação do cara. Vejam:

– Eu tava com isqueiro, tava com caixa de fósforo, não queimei porque não quis. O que eu quero é a cabeça, eu não quero o braço. Motorista, trocador, não é inimigo meu. Agora empresário ladrão, perdeu. Vai ter que dividir o pão.

– Se não for passe livre pá geral, eu vou queimar e sequestrar empresário.

– Tão detendo meu corpo. Meu pensamento nunca.

– Primeiro que eu não coloquei o fogo, eu fiz um poema concreto, e eu precisava de alguns elementos, o fogo foi um desses elementos. Eu quero negociar, eu quero sentar e negociar.

– [se não conseguir negociar] Sequestro. Sequestrar empresários e playboy. Chega de morrer só favelado. Agora o outro lado também vai ver que não é só bala de borracha. Aqui é bala de borracha. Lá na favela é bala de estanho!

Fazendo uma busca simples pelo nome do mano, Wanderson Adriano Marcelo, descobrimos que o cara é realmente poeta, militante social, mais conhecido como Wanderson Novato. Com certeza, como dá pra ver no vídeo, esse sistema fudido, cheio de empresário ladrão e político corrupto, abalou o psicológico dele, a ponto de ser preso. Mas será que ele é louco, ou lúcido demais?

Wanderson Novato

Vendo o vídeo, e sabendo que o cara provavelmente tá encarcerado (ou na mira da polícia), a gente tem que ter um pouquinho de sangue frio pra não sair por aí quebrando tudo. Mas imagina só se a gente tudo fosse pro arrebento, com o mesmo grau de sanidade que o Novato? Aí sim essa porra ia mudar!

Aqui o blog dele: http://poemasnovato.blogspot.com.br/

Vídeo com uma declamação de poema, em 2009: https://www.youtube.com/watch?v=_O25kzFmlV0

Documentário Wanderson Novato, o pensador entre becos – vale muito a pena ver:
Parte 1 – https://www.youtube.com/watch?v=enqylo3SJ7U
Parte 2 – https://www.youtube.com/watch?v=Dyc9LPKWXOg
Parte 3 – https://www.youtube.com/watch?v=fOvC3Y9oKGI

P.S.: Quem tiver informações sobre a situação do compa, por favor nos informe