Mães de Maio lançam livro na Rádio da Juventude (ouça o programa!)

A periferia de São Vicente foi a primeira região na Baixada Santista a receber o lançamento do novo livro das Mães de Maio, chamado “Mães de Maio, Mães do Cárcere – A Periferia Grita”.

Nós da Rádio da Juventude tivemos a satisfação de falar em primeira mão sobre o livro, lançado em Sampa três dias antes, e que é mais um esforço do Movimento em dar visibilidade aos crimes cometidos pelo Estado brasileiro (principalmente o de São Paulo), a partir de 2006. Neste sábado, dia 08 de dezembro, o programa Vozes do Gueto recebeu a coordenadora do movimento, Débora Maria da Silva, e o poeta Armando Santos, onde conversamos por mais de duas horas.

Parceiras e referência de luta para nós, as Mães de Maio já tinham passado pela Rádio da Juventude neste ano. Agora, voltaram em transmissão que rolou ao vivo só para os moradores da região da Vila Margarida, periferia de São Vicente. O livro, inclusive, além da palavra de vários parceiros, traz nosso manifesto: “A luta por mudanças se faz além das urnas”.

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Transcrevemos aqui algumas falas dos convidados:

Armando

“Não adianta trocar secretário (…) Tem que mudar o sistema de segurança pública (…) E tem que desmilitarizar mesmo!”

Débora:

“Eu paguei a bala que matou meu filho. (…) Essa bala que matou meu filho teve uma direção certa: o pobre, o negro, o periférico.”

“Em 2006 trocaram o comando, todo o aparato corruptor, mas só pra inglês ver. Porque a política continua a mesma, talvez pior.”

“[o atual secretário de Segurança Pública de SP] Grella foi um dos procuradores com quem tivemos conversando, e ele foi um dos que se exaltou quando eu falei que era necessário a federalização dos crimes, e ele rapidamente mandou o Ministério Público fazer uma investigação interna para poder blindar o pedido de federalização que nós fizemos em 2010.”

“Que se faça a desmilitarização, porque a gente não precisa de duas polícias: uma polícia que mata e uma que não investiga”

“A mídia, por trás dela, vive o capitalismo”

“A gente não precisa de mais partido. A gente precisa de mais vergonha na cara por parte deles!”


Mães de Maio – 6 anos de luta contra o Estado genocida!

O massacre de jovens pobres e de maioria negra, filhos de trabalhadores e trabalhadoras, moradores das periferias, é uma constante do Estado brasileiro. Em maio de 2006, vidas de muitos jovens eram covardemente ceifadas em todo o estado de São Paulo, por grupos de extermínio ligados ao crime organizado – aquele formado pelos poderosos. Foram mais de 500 mortes em pouco mais de uma semana, no que foi considerado o maior Massacre da Democracia Brasileira Contemporânea contra sua própria população civil.

A partir desse triste episódio, por iniciativa mães da Baixada Santista, nasceu o Movimento Mães de Maio, formado por mães, familiares, amigos e amigas de vítimas do Estado. A luta é pelo Direito à Memória e à Verdade, à Justiça e à Liberdade. Mesmo com algumas vitórias, a grande maioria dos casos está arquivada, e os jovens pobres e negros continuam sendo mortos por grupos de extermínio ligados a agentes do Estado.

Prova de que o assunto continua presente é a nova onda de terror na Baixada Santista, promovida por agentes policiais, grupos paramilitares e grupos de extermínio, que seguem praticando execuções sumárias, prisões abusivas e até mesmo toques de recolher pelas periferias afora, sobretudo na Zona Noroeste de Santos. (Os recentes assassinatos de dois MCs de funk, em Santos e São Vicente, traz nova dimensão a esse terror).

Por conta de tudo isso, neste sábado, dia 12 de maio, a partir das 11 horas da manhã, as Mães de Maio farão um grande ato na Praça da Paz Celestial, na Zona Noroeste. Além das mães e outros militantes, estarão no ato grupos de rap e música popular (Anexo Verbal, Cientistas MCs, Família Ducorre, Guerreiroz do Capão, Versão Popular e Yzalú), saraus periféricos de São Paulo (da Ademar, Brasa, Casa, Elo da Corrente, Marginaliaria, Mesquiteiros, Perifatividade e Vila Fundão), e outras Redes de Luta (Rede Contra Violência – RJ, Rede 02 de Outubro, Rede Nacional de Familiares de Vítimas do Estado) que se somarão às organizações parceiras da Baixada Santista (Educafro, o Procuru – Projeto Cultura de Rua, o movimento sindical, a Igreja e nós da Rádio da Juventude). No final, haverá ainda uma grande surpresa em homenagem às vítimas históricas do Estado brasileiro!

Mães na Rádio da Juventude

Em 24 de março, as Mães de Maio Débora Silva Maria, Vera de Freitas e Flávia Gonzaga (mãe de abril de 2010) estiveram na Rádio da Juventude para falar sobre os crimes do Estado, bem como a luta do movimento. O programa, que tem cerca de duas horas, pode ser visto abaixo: