Para que serve um Ponto de Cultura? Ou, quem se serve de um Ponto de Cultura?

O que é? E quem financia?

No papel os Pontos de Cultura são projetos financiados pelo Ministério da Cultura (MinC) cuja finalidade é fomentar e fortalecer a diversidade cultural, de modo a impactar socialmente e culturalmente garantindo melhores condições de vida em sociedade e também democratizar direitos fundamentais. Um ponto de cultura pode funcionar num centro comunitário, numa casa, num clube… Recentemente um bar em São Paulo recebeu verba para tocar um ponto de cultura, ou seja, não importa o local e sim o que dali será produzido.

No Brasil segundo dados do MinC há 2,5 mil pontos de cultura funcionando pelo país, cada um recebe em torno de cinco mil por mês numa “parceria” de três anos de projeto que vai somar R$ 180,00 no total. Os projetos são os mais diversos desde áudio visual, circo, quadrilhas, oficinas de cultura popular, apresentações de filmes em comunidades longínquas e por aí vai.

Quem pensou?

Idealizado por Célio Turino gestor do programa Cultura Viva e dos Pontos de Cultura, tendo exercido diversas funções públicas seu objetivo era criar um mecanismo que injetasse verba pública diretamente em comunidades e garantisse o fomento cultural e o acesso a tecnologias de modo a contribuir com a preservação e com o desenvolvimento do patrimônio cultural.

E aí?

Muitos Pontos de Cultura têm desenvolvidos trabalhos interessantes, principalmente aqueles em que as comunidades gestionam o recurso e são as agentes atuantes desses trabalhos e não apenas coadjuvantes assistidas, em muitas regiões, por exemplo, alguns projetos de ponto de cultura propiciaram o acesso e a produção cultural utilizando-se de tecnologias que até então seriam inacessíveis se dependessem apenas do Poder Público local. No entanto, há o lado perverso e mais real que este projeto tem garantido, que é, ao contrário de contribuir realmente para a transformação social, acabou por inaugurar um novo tipo de modalidade empresarial do mundo dos negócios, inserida em locus onde pessoas, tradições, costumes e cultura são vistas da mesma forma; “negócio”. Com isso, surge o “empresário social”, aquele preocupado com os problemas sociais, aquele que participa de conselhos municipais, que tece teorias de como criar redes de mutua coloboração livre e coletiva. Mas no fundo seus interesses são particulares.

Um financiamento problemático

Um programa social de uma organização social capitalista cria aberturas para raposas transvestidas de responsabilidades sociais se beneficiarem do dinheiro público, aí veremos;  discursos baseados na capacitação e no olhar empreendedor como salvação da lavoura, não é a toa que nestes grupos a palavra empreendedorismo é indispensável, por isso temos que considerar que, empreender é aprender as regras do jogo, as regras do mercado e do campo político e econômico, empreender é estar antenado com o movimento que delibera para onde vai a barca, e assim construir alianças politicas, principalmente partidárias.

E isso tudo é tão minucioso nesta teia onde o negócio, o clientelismo, a luta social, a democracia, a liberdade… se misturam e são utilizadas capciosamente que muitos chegam a acredtar que este é o caminho para as mudanças, mas elas nunca vêm, apenas para o dono, porque sempre há um dono!

Especialistas de plantão

Todo ponto de cultura bem sucedido há um (ou mais) especialista em projetos, em discussões populares e livres que se encaixam muito bem para editais – os famosos discursos colaboracionistas democraticos pela pluralidade e diversidade.

Apesar de existirem muitos grupos sérios, boa parte são grupos que se instrumentalizaram de tal forma que aprenderam como arrancar dinheiro público de forma organizada e disfarçada de solidária e participante na transformação social, ou seja, tornaram-se em “experts” no mundo dos negócios “social” , mas seu modus operandi é tão capitalista quanto qualquer empresa cuja finalidade é o lucro, traduzindo; a relação de privilégio e exploração fará parte do negócio.

Infelizmente a miséria (insuficiência de recursos) gera riqueza, o papo de colaboracionismo social não passa de corporativismo social, e como está em voga palavras como liberdade, horizontalidade, apartidarismo e fortalecer o poder popular, usam maquiavelicamente essas palavras para captar recursos públicos e garantir o bem estar próprio.

Na cidade de São Vicente litoral sul de São Paulo

Foi distribuída em 2011 a verba de R$ 1,8 milhão para dez entidades que funcionariam como Ponto de Cultura, um repasse de R$ 180,00 para cada uma, durante três anos de parceria, (R$ 60,00 por ano/ R$ 5mil por mês) segundo o Secretário de Cultura da época, Renato Caruso;

“O objetivo do programa é utilizar a cultura como instrumento de inclusão social, transformando a vida de pessoas que vivem em situação de risco e vulnerabilidade social”

Reparem na ideia paternalista e equivocada, pois não existe pessoas em situação de risco ou de vulnerabilidade social, o que existe são pessoas em situação de exclusão social, onde direitos para além de direitos sociais e sim humanos, são violados. Por isso a critica da relação promiscua do investimento, onde retira-se o papel do Estado (como se ele servisse para alguma coisa) e coloca-se nas mãos de pequenos grupos que irão gerenciar, pensar e decidir o que é, e o que não é cultura, e a partir disso produzir cultura junto aos coitadinhos que estão em situação de risco.

Não retiramos aqui a seriedade de tais entidades. Porém é preciso abrir os olhos para todos esses projetos, pois resumindo; eles recriam a mesma estrutura social de exclusão, uma estrutura onde as pessoas não são de fato agentes transformadoras de sua realidade, mas sim, objetos de pesquisas, mão de obra, referência de estudo… Seres inanimados que precisam de orientação e aprendizado, e este é o velho esteriótipo de sempre que precisa ser quebrado junto com a farsa do compromisso com o social – sustentado por grupos cujo interesse é meramente nos cifrões. Afinal, compromisso com dinheiro na conta é fácil.

Por onde anda o Movimento Passe Livre Baixada Santista?

1016087_548704811858383_1920239757_nCinco atos contra o aumento da tarifa ocorreram na baixada santista, o último no dia 20 de junho de 2013, que chegou a aglutinar cerca de cinco mil pessoas.

Para uma região como a baixada santista onde o pensamento provinciano impera favorecendo grupos políticos que se revezam a décadas no poder, e as poucas organizações de esquerdas existentes labutam para fazerem suas lutas e no mínimo garantir seu quadro de militantes, há de se considerar que essas manifestações romperam com um paradigma de anos de inércia, agora, é garantir o refluxo da luta.

1016640_548115075250690_1376963550_nEssas manifestações foram promovidas por um grupo que até então se intitulava como Movimento Passe Livre Baixada Santista (MPL BS), e depois do quinto ato, que podemos dizer; “onde o couro comeu”, pois a polícia reprimiu geral, devido os arrastões e o quebra quebra promovido pela galera da periferia que desceu o morro e tomou de assalto o ato.

Quem acompanhou os jornais no dia seguinte se deparou com fotos de manifestantes sentados no chão (não todos!) num gesto de entregar aos vermes os vândalos, pois é, a manifestação em maior parte era constituída de “X9”, “cagueta” e “embalista” que não tinham a menor consciência de classe e nem disposição pra luta, e no momento em que as coisas se acirraram ao contrário de aderirem junto a galera do morro, que é a mais afetada com esse direito social sucateado (transporte público, além de outros.) mijaram pra trás – nos jornais, e pelas redes sociais depoimentos pipocaram, do tipo; a periferia estragou um ato pacifico e depredou ônibus, saqueou mercados, lojas… Mas vejam bem, uma galera que tem a vida saqueada todos os dias, vai ficar passeando na rua batendo palma pra polícia e cantando hino nacional? Nem fudendo!

A verdade é que o buraco era mais embaixo

Enquanto as manifestações estavam ocorrendo na orla da praia, e só estavam fudendo trabalhador que queria voltar pra casa de um dia de trampo desgraçado, a coisa foi sendo tolerada, só que uma hora tinha que se bolar armadilha pra macaco ir atrás de banana – polícia e governo municipal não iam tolerar muito tempo a onda de protesto – mas tinham que acabar de forma capciosa, limpando a barra pra não pegar mal. Aí o próprio movimento por erro estratégico, tomado pelo calor do momento e por infiltrações conservadoras decide em assembleia no sindicato dos bancários que iria fechar as quatro pistas no bairro do saboó ( bairro periférico –  área de morro)

Bingo! Era a brecha que o sistema queria – segundo relatos de moradores do bairro do saboó a polícia durante a tarde ocupou o bairro dando esculacho em morador e um jovem foi assassinado – dois ônibus foram deixados em ruas laterais que cruzam as quatro pistas por onde passaria a manifestação. Daí o resto todo mundo sabe, e a conta? Mais uma vez foi depositada na periferia – só pra acrescentar, num dos atos em que o movimento batia palma pra polícia passeando pela orla da praia, outras manifestações ocorriam na periferia de São Vicente e lá o braço do Estado recepcionou na base do cacetete.

Após isso, claro, o grupo se dividiu em dois; Passe Livre Unificado (PLU) e Movimento Passe Livre Baixada Santista (MPL BS) este último lançou uma nota dizendo que estaria se retirando das ruas temporariamente para se organizar internamente e planejar ações de base que possui a intenção de construção de debates públicos.

De volta às ruas?

Ontem, estava sendo divulgado pelas redes sociais e pela mídia burguesa que haveria um grande ato na cidade de São Vicente puxado pelo MPL BS, segundo Helliton Nottvanny um dos organizadores do protesto, este ato era contra os gastos excessivos com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e contra a demolição sem planejamento do viaduto da Antonio Emerick que irá ocasionar um caos no trânsito além do que já existe. Enfim, o ato acabou não ocorrendo, apenas cinco pessoas compareceram ao ato, agora, não se sabe se o nome do MPL por estar na moda se tornou a bola da vez e todo mundo quer tirar uma casquinha, ou se o grupo estava realmente envolvido, ou se o movimento vai se posicionar pra esclarecer dúvidas.

Pois problemas não faltam no que diz respeito a mobilidade urbana na baixada santista e pegando o link com a construção do VLT, que é uma “importante” alternativa para o transporte público que há mais de 12 anos vinha sendo discutido e até que enfim saiu do papel, porém, falta saber se ele realmente contribuirá com um transporte público gratuito e acessível? Ou será mais um meio mafioso de extorquir dinheiro público? Servindo apenas de forma turística e ferrando a vida dos trabalhadores.

Pois é, o MPL BS tem trabalho pela frente.

Seminário com MPL

Neste próximo sábado dia (24) haverá um seminário para consolidação do grupo MPL BS e daí por diante ao que parece novas ações serão encaminhadas.

Segue o Link para saber a respeito.

Debate com o MPL – SP: Princípios, práticas e perspectivas.

Funcionários da Funai detidos devido a problemas na Sesai. Como entender isso?

Desde o dia 15, segunda-feira, uma comissão de indígenas ocupou o Pólo Base da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) sediado no município de Peruíbe reivindicando o atendimento às demandas que já foram inclusive acordadas em reuniões ocorridas no ano corrente junto ao Coordenador do DSEI Litoral Sul (Distrito Sanitário Especial Indígena), Sr. Paulo Camargo, uma vez que os compromissos não estão sendo cumpridos: nas aldeias segue faltando o atendimento pelas equipes de saúde, que por sua vez acusam a falta de veículos para que cheguem até os locais de atendimento. Após a ocupação, os funcionários do pólo foram detidos apenas para garantir que houvesse o diálogo com o Sr. Paulo Camargo, que agendou uma reunião com os indígenas na sexta-feira, dia 19 de julho.

Após a ocupação pelos indígenas do Pólo Base da Sesai em Peruíbe, a Funai participou das negociações para garantir uma reunião com a Sesai, com intervenção do Ministério Público e da Polícia Federal, em troca da liberação dos funcionários da Sesai que eram mantidos detidos pelos indígenas. Porém, a Sesai não compareceu à reunião acordada e a Funai do Litoral Sudeste, em Itanhaém, sofre neste momento, por tabela, a sua ocupação ocasionada da total falta de compromisso e responsabilidade da Sesai no atendimento às aldeias e sua incapacidade de negociação e diálogo com os indígenas.

Entretanto, frente à falta de diálogo com a Sesai, seis servidores da Funai se encontram detidos neste momento e cerceados do direito de ir e vir pelos indígenas que reivindicam a melhoria do atendimento à Saúde Indígena junto à Sesai.

É preciso esclarecer a todos que a execução desta ação não passa em nenhum momento pelo crivo da Funai, que não tem poder algum sobre ela, mas que cabe somente acompanhar a sua execução, ou seja, reproduzir a reclamação dos indígenas, o que tem sido feito seguidamente nestes dois anos e meio de existência da Sesai.

Acrescente-se a isto o momento delicado em que se encontra a Funai, sofrendo ataques seguidos e sistemáticos dos três poderes, executivo, legislativo e judiciário, e a fúria devastadora do latifúndio e do agronegócio, todos querendo enfraquecer o papel da Funai na demarcação das Terras Indígenas e arruinar de vez o acesso dos indígenas a suas terras tradicionalmente ocupadas ainda não regularizadas.

A situação da Saúde Indígena no Estado de São Paulo, que já não era exemplar durante o período de 10 anos com a Funasa (Fundação Nacional da Saúde), declinou gravemente a partir da transferência desta Ação Orçamentária para o Sesai, e já no primeiro ano da transição as cobranças dos indígenas se transformaram em um jogo de empurra entre os dois órgãos, que terminavam por não resolver os problemas apresentados. Depois da Funasa sair definitivamente do cenário, o Coordenador do Sesai ainda levou mais de dois anos para fazer sua primeira conversa com os indígenas no Estado de São Paulo, criando entre os indígenas a sensação de abandono frente à demanda pelo atendimento diferenciado compreendido pelas peculiaridades geográficas e culturais destes povos. As aldeias indígenas encontram-se em locais que muitas vezes não são atendidos pelo sistema público de transporte, e a insegurança se agrava em relação aos casos de emergência.

As equipes estão muitas vezes despreparadas para compreender e respeitar as práticas tradicionais de saúde em indígenas, gerando em muitos casos desentendimentos e conflitos que podem ser evitados. Outro problema gravíssimo envolve as condições de Saneamento, devido à precariedade no tratamento da água, falta de material para a manutenção da captação e distribuição, péssima política para o tratamento dos dejetos, sem sustentabilidade ambiental e prejudicando consequentemente os indígenas que habitam estes locais.

A falta de Saneamento adequado, responsabilidade também da Sesai, é a fonte de muitos dos problemas de Saúde que poderiam ser evitados com esta ação básica de prevenção. Será que vão continuar deixando morrer crianças indígenas, anciãos e pessoas que necessitam de acompanhamento médico e medicamentos controlados?

Histórico da transição Funasa para Sesai

A Funasa durante mais de dez anos foi usada e abusada por uns tantos esquemas de corrupção como quase todos os setores da saúde do país. O próprio modelo de gestão já dava desde o início toda a abertura para que isto acontecesse, espirrando o dinheiro da saúde indígena nos municípios e no terceiro setor sem o devido controle público.

Os protestos das comunidades indígenas foram constantes, mesmo com as seguidas investidas dos envolvidos nos esquemas políticos no sentido da cooptação de lideranças, no que muitas vezes fracassaram. Tudo isto fez com que este serviço básico afundasse ainda mais e a relação com as comunidades fosse cada vez mais desgastada. Foram mais de dez anos sem que se tenha visto um programa sequer de nível nacional atendendo às reivindicações das comunidades para a valorização da medicina tradicional indígena, que sequer era respeitada, ou para o combate à dependência química, principalmente do álcool, nem houve qualquer programa em nível nacional para a promoção de sistemas de saneamento adequados à realidade indígena e rural. Enfim, elementos básicos para se vislumbrar um atendimento à saúde diferenciado.

A Funasa, com o corpo de funcionários afogado na burocracia e equipes de saúde terceirizadas, muitas vezes se resumiu a repassar verbas nem sempre utilizadas de forma correta e a disponibilizar veículos e motoristas para levar os indígenas para serem atendidos na cidade pelo SUS, no que sempre houve muita inconstância. Só nos últimos cinco anos em que a saúde indígena esteve sob responsabilidade da Funasa foram desviados mais de meio bilhão de reais.

Passou-se o ano de 2010 com a perspectiva de que a ação de saúde indígena iria ser transferida da Funasa para a nova Secretaria de Saúde Indígena a ser criada. Em 2011 a transferência da ação de saúde indígena da Funasa para a Sesai foi mais de uma vez protelada, e muitas vezes não se sabia a quem recorrer: se à Funasa, que alegava estar encerrando suas ações de saúde indígena, ou à Sesai, que alegava estar ainda em processo de estruturação e por este motivo ainda não havia assumido a ação.

O jogo de empurra durante o ano de 2011 entre Funasa (Fundação Nacional da Saúde) e Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) só fez com que esta ação definhasse.

Recapitulando com maiores detalhes: durante o ano de 2011, houve inúmeros casos de falta de medicamentos, dificuldade das equipes de saúde em se deslocar para as aldeias, inacessibilidade dos indígenas ao serviço de transporte dos enfermos, principalmente em casos de urgência, omissão no controle da qualidade da água nos sistemas de abastecimento, falta de água causada por omissão na manutenção e reposição de materiais, morosidade ou mesmo inoperância na instalação e manutenção de sistemas de saneamento.

Um caso emblemático foi o da aldeia Tangará, em Itanhaém – SP, onde entre 2010 e 2011 vieram a óbito quatro crianças. Em uma delas foi feita biópsia e foi constatado forte indício de que a anemia profunda que sofria foi causada por contaminação da água e levou à morte da criança. Uma servidora pública que vinha acompanhando com preocupação a situação desta comunidade e pretendia investigar inclusive a qualidade da água foi vetada por pessoas da Funasa de prosseguir com suas visitas à aldeia. Todos estes problemas se repetiram nos anos de 2012 e 2013.

Entretanto, uma dúvida: Foi a crise permanente da Funasa na ação de saúde indígena que motivou a criação da Secretaria de Saúde Indígena – SESAI? Será que devemos ser otimistas em relação às decisões dos mesmos governantes que tantas provas nos deram do amor que têm pelo povo? Hoje, em 2013, a responsabilidade da ação de saúde indígena está toda na Sesai, porém, simplesmente iniciamos o ano novamente sem qualquer ação na área da saúde: as equipes não têm condições de serem transportadas, pois os carros estão parados.

Apesar de haver se passado dois anos da criação da Sesai, será que não houve tempo hábil para a transição? Será a falta de contratos, licitações para combustível, manutenção de veículos? Não existe uma série de argumentos jurídicos e administrativos que tratam da emergência no atendimento à saúde com os quais se dispensam de licitação até mesmo ambulâncias e equipamentos caríssimos, frequentemente utilizados para o desvio de verbas? Por outro lado, vemos argumentos referentes às mudanças na gestão da saúde indígena, no sentido da otimização dos recursos públicos. Pergunto: Será ótimo para quem? Otimizar para reduzir as verbas realmente aplicadas na ponta e continuar a alimentar a máquina burocrática e o desvio? Otimizar o clientelismo político?

Haveremos de ver uma verdadeira reestruturação do atendimento público à saúde indígena, onde os altos recursos que hoje são sugados pela máquina e pela corrupção sejam investidos realmente em saúde? Uma na qual haja o apoio à medicina tradicional, à fitoterapia e às formas indígenas próprias de curar enfermidades de ordem mental, espiritual, que venham a contribuir até mesmo no tratamento de casos como a dependência química dentre outros problemas advindos do contato com a sociedade não-indígena? Para que isto aconteça estamos certos da necessidade primordial da organização das comunidades indígenas neste sentido e dos trabalhadores que com elas atuam ou que a elas se sintam sensibilizados, pois isto não será realizado por nenhum governante. Pretendemos com estas palavras não apenas a denúncia, que por si não tem a capacidade de transformar a realidade, mas conclamar a sociedade, indígena ou não, que conscientes do direito fundamental à saúde, viremos o jogo a nosso favor por meio da organização, da prática e da luta!

Denúncia: Polícia na periferia nunca será sinônimo de segurança!

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Foto: Rádio da Juventude

Neste último sábado dia (20) estava sendo realizada uma batida policial na Vila Margarida, cidade de São Vicente, SP – na esquina da rua Polidoro e Av. Nações Unidas, cuja ação policial se restringia a parar jovens de bicicleta que passavam. (o que já se tornou praxe)

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Foto: Rádio da Juventude

Esta esquina na Vila Margarida fica exatamente num cruzamento onde o fluxo de trânsito é bastante intenso, e no caso, o semáforo que foi instalado (há uns dois anos) para organizar o trânsito nunca foi acionado com a justificativa de assaltos, ( um vereador da cidade já foi assaltado) com isso, está lá o equipamento parado se deteriorando.

A Rádio da Juventude diversas vezes já denunciou essa questão no ar, porque o local é muito caótico no que diz respeito a acidentes de trânsito, pontuamos que; desde que o viaduto Mário Covas (que fica a uns 100 metros do local) foi construído, há cerca de 15 anos, ao longo deste tempo, a intensificação do trânsito resultou em várias pessoas atropeladas, inclusive, a mãe de um companheiro foi atropelada e veio a falecer, e este companheiro como não tinha familiares em São Vicente e morava apenas com a mãe, foi para o Rio de Janeiro junto a seus familiares, onde reside até hoje.

O que queremos deixar claro aqui, é que há um problema especifico neste local que é de mobilidade urbana, que está causando danos à população e poderia ser resolvido com a ativação do semáforo, não retiramos a questão dos assaltos que é outro problema, conectado a este, mas, devemos questionar o Poder Público, que como forma de resolução, adotou a medida apenas de colocar aos fins de semana uma viatura no local, cuja finalidade prática como demostra a foto, é de dar esculacho nos jovens – estes identificados como supostos criminosos – ou seja, a medida além de paliativa é criminosa! Mais uma vez reforça o olhar etnocêntrico distorcido e homogeneizador de controle e manutenção social, onde a periferia é sempre a crucificada e a estereotipada como bandida.

Abordagem truculenta da Polícia Militar em São Vicente

Feriado e violência policial em São Vicente

Está difícil de viver numa Baixada Santista policiada

Resolver  o problema da segurança pública é muito fácil com viaturas e aumento de efetivo policial, só que o buraco é mais em baixo, embaixo pra caralho! Pois, estamos vivenciando no país um intenso processo de militarização das cidades que está cada vez mais promovendo o extermínio de jovens pobres, periféricos e pretos. Ações como esta ocorrendo na luz do dia denotam em como devem ser as abordagens na calada da noite, por exemplo, a uma quadra deste local, no ano passado no dia 1 de novembro, foi assassinado um jovem de 18 anos, alvo de seis tiros efetuados por homens de moto, a polícia quando apareceu no local tratou a situação com um tremendo descaso, tipo: “ótimo um a menos” provocando a ira da população. (assista o vídeo logo abaixo) E nesta mesma semana, enquanto a rádio transmitia a programação discutindo o assassinato deste jovem que inclusive era conhecido de uma companheira da rádio, recebeu uma ligação com a informação de outro jovem assassinado na Vila Margarida, onde tudo apontava de acordo com a informação como uma ação policial de extermínio.

Voltando ainda mais no tempo, em 2011, na Vila Margarida um carro preto atirou em três jovens, a resposta da polícia foi que deveria ser alguma facção criminosa agindo na baixada, o que seria mais tarde desmascarado por descobrirem que as ações partiram do policial militar André Aparecido dos Santos que neste dia matou uma pessoas e feriu oito na baixada santista, o policial ainda não foi condenado, pois a julgamento já foi protelado pela terceira vez.

Infelizmente, os casos de morte na periferia não param e os culpados nunca são presos. Por isso, é preciso ter memória e aguçar o pensamento para não naturalizarmos ações como esta da foto, e que na maioria das vezes, acabam se transformando em sinônimo de segurança. Não é! É preciso ter claro, que a polícia não é, nunca foi e nunca será garantia de segurança na periferia.

A Polícia Militar é um dos braços do Estado e os verdadeiros bandidos vestem paletó e gravata e estão por trás de gabinetes.

A Vila Margarida é um bairro extremamente carente em equipamentos básicos como escolas, creches, postos de saúde, áreas de lazer, espaços de cultura, transporte de qualidade e por aí vai. A juventude do bairro está inserida numa perspectiva de vida do se virá como dá, pois, a verdade é que a cidade de São Vicente é um município dormitório, e no geral, a baixada santista pouco tem a oferecer de concreto no que diz respeito ao trabalho digno aos jovens, além de projetos sociais que gastam enormes recursos públicos que mais favorecem a iniciativa privada do que contribuem para transformar a realidade dessa juventude perirférica, com isso, é fato que toda essa realidade desencadeie fenômenos sociais atípicos como a violência, que também é uma forma de subversão e confronto em relação um estado de coisas que só oprime e encarcera.

Resolver essa questão é muita mais profunda e não está sendo discutida. Como já citamos em outros momentos aqui no blog em casos como este, que sempre se repetem, é que há um recorte de classe nestas operações policiais, um recorte que denota interesses em conter para manter tudo como está, ou seja, defesa de privilégios e exclusão social.

Repudiamos, por isso denunciamos!

Vídeo: População da Vila Margarida se revolta contra o descaso da polícia.

São Vicente: Moradores do Parque Prainha e Japui reclamam da falta de transporte público no bairro.

Foto-0257Com o fechamento da Ponte Pênsil para reforma desde o dia 10 de julho, os moradores dos bairros Parque Prainha e Japuí têm enfrentado dificuldades de locomoção devido à falta de transporte público que atende a região, segundo os moradores do Parque, tanto as peruas de lotação quanto os ônibus não têm exercido o itinerário que deveriam cumprir, que seria sair do Japui ir até o Parque e depois seguir caminho pela ponte do mar pequeno, entretanto, estão usando a justificativa de que com a ponte pênsil fechada, ir até o Parque, tornou o percurso maior e eles têm que cumprir horário.

Os moradores do Japui também acrescentam que a quantidade de ônibus diminuiu, inclusive, alguns moradores têm ido a pé até o centro de São Vicente para poder conseguir um transporte. (sendo que já eram poucos).

No caso, alguns ônibus e algumas lotações devido à pressão da população têm ido até o Parque, mas não são todos, ontem mesmo houve uma confusão dentro de um ônibus onde a população se revoltou com o motorista que não queria cumprir o itinerário.

Foto-0258Este dois bairros de São Vicente há tempos são atingidos pela falta de transporte público que é escasso e caro, muito caro mesmo! O preço do coletivo que atende a região é de R$ 3,85 (era para ser R$ 4,00, senão fosse reduzido) e, por exemplo, não possui acessibilidade para cadeirantes, pois, os micro-ônibus que fazem essa linha não possuem o suporte de elevação para tal, sendo que nem mesmo uma pessoa com carrinho de bebê consegue acessar o coletivo, as peruas são a mesma coisa, poucas atendem o que é previsto em lei. (talvez devido o tempo de adaptação que foi repassada as empresas de transporte, que é até 2014, no entanto, há de se apontar, que isso é uma questão de falta de interesse econômico) Para se ter uma ideia a forma com os cadeirantes que moram no Japui fazem para saírem do bairro, é pegar um ônibus municipal Praia Grande (este possui a ponte de elevação) que vai até o terminal de Praia Grande e de lá pegar outro ônibus até o destino desejado. Absurdo!

Foto-0259Além da questão do transporte público os moradores pontuam que, os moradores que fazem o itinerário a pé correm o risco de assaltos, o que já ocorreu, pois as luzes da ponte estão todas apagadas e a avenida de acesso de um bairro ao outro, é mal iluminada e os policiais que faziam guarda num posto da polícia, não estão mais no local, o que também não resolve muito, sendo que, a PM quando estava no posto, se preocupava mais em dar geral na população e mandar as pessoas fazerem o caminho pela Praia Grande do que garantir a segurança das pessoas.

Pra finalizar acrescentam também que até o ônibus escolar municipal que atendia ao Parque saiu de férias e as pessoas que o utilizavam para levarem suas crianças na creche (que fica no bairro do japui, sendo que no Parque não há creche) foram completamente desamparadas pela falta total de transporte e estão se virando tendo que ir a pé ou de bicicleta.

Hoje por volta das 12h os moradores irão fazer um ato simbólico de protesto na ponte pênsil e convidaram a TV Tribuna para fazer uma matéria, uma equipe da TV esteve no local pela manhã desta quinta-feira para gravar alguns moradores que fazem o itinerário a pé.

Em todo caso, esperamos que o poder público deixasse de negligenciar estas comunidades e resolvesse os problemas, mas sabemos que só a pressão junto com a organização popular pode construir mudanças. Parabéns a população que está se articulando!

Foto-1487OBS: Logo, lançaremos uma matéria sobre esta reforma da Ponte Pênsil que no início deste ano o poder público gastou cerca de meio milhão para fazer uma reforma de tábuas, e agora outra reforma estrutural se encaminha, onde as cifras aumentaram de forma exorbitante. Isso mais uma vez indica dinheiro público sendo utilizado indevidamente.

Leia matéria sobre a reforma de meio milhão da ponte no início do ano aqui junto com outros problemas que não foram totalmente resolvidos.

Visita do papa ao Brasil terá gastos de R$ 118 milhões dos cofres públicos. Onde fica o Estado laico???

O governo federal irá desembolsar R$ 62 milhões, sendo que R$ 30 milhões para garantir a proteção do pontífice. Os gastos também irão inclui gastos que sairão de cofres estaduais e municipais, ao todo a visita do Papa Francisco sairá à bagatela de R$ 118 milhões. Segundo as autoridades a justificativa é devido à mobilização popular para o evento, a visita do papa faz parte da 26ª Jornada Mundial da Juventude, que acontece de 23 a 28 de julho no Rio e estima-se que dois milhões de peregrinos se desloquem para a cidade. Entre os gastos estão também quatro milhões de hóstias que serão distribuídas durante os seis dias da Jornada. Elas serão fabricadas por seis fornecedores em todo o país.

Pois é, para um Estado laico, a visita do papo é, e sempre foi paga à custa do dinheiro do povo, de um povo diverso culturalmente e religiosamente, mas que infelizmente os governantes ainda mantém uma política de estado confessional católica mascarada, afinal, será que se mobilizaria tanto dinheiro assim para um evento de cultura africana? Com certeza não.

A livre manifestação religiosa é legitima e um direito, mas a partir do momento que o financiamento destes eventos é feito por meio de dinheiro de cofres públicos de um Estado laico, há de ser questionado sim o uso. Pois, tal atividade é de caráter privado de determinado grupo social, portanto, há de ser tratada também como tal, ora, quem professa sua fé e considera importante a vinda do papo, ok, mas, tem que arcar com os custos, e a instituição católica tem dinheiro pra isso.

O que não é justo, (além de um desrespeito) é quem pertence a outra religião, ou mesmo quem não possui religião alguma, ter que financiar hóstia, hotel, restaurante, avião, carro, helicóptero entre outras coisas.

E que fique claro, o respeito à liberdade religiosa é fundamental para a convivência entre grupos sociais diversos, contudo, de forma alguma um Estado laico pode financiar instituições privadas.

Fonte: estimativa de custo feito pelo “O Globo”

Transporte público: Uma redução capciosa dos governos revela para quem eles trabalham.

De R$ 4,05 reduziu para R$ 3,90. Continua caro e muti ruim o serviço.

De R$ 4,05 reduziu para R$ 3,90. Continua caro e muito ruim o serviço.

Desde segunda-feira dia 01 de julho de 2013 como anunciado pela Piracicabana e pelo Governo Estadual as linhas intermunicipais tiveram seu valor reduzido em R$ 0,15 na baixada santista. Uma vitória do povo nas ruas que reivindicou? Sim.

No entanto, uma redução um tanto maquiada, afinal, a passagem havia aumentado na região o percentual de R$ 0,25 e após as manifestações teve redução de R$ 0,15, ou seja, aumentou da mesma forma, sendo que a valor já era abusivo e qualquer aumento configura mais abusivo ainda.

Resultado: palmas aos governantes! Eles conseguem dar uma volta e blindar a empresa de todas as formas, e no final, fazer o povo continuar pagando as contas. Em SP, por exemplo, foi acordado que a tarifa voltaria ao valor anterior, entretanto, para não haver perdas (para a empresa) o percentual seria repassado por meio dos impostos. E quem paga os impostos?

Incrível como os representantes públicos servem descaradamente a iniciativa privada, o triste é que isso demonstra o quanto a população é refém desta política cuja existência não é para resolver os problemas e trabalhar para o bem comum de todos, mas sim para administrar negócios do capital privado, deste modo, favorecer uma política econômica que usa e abusa do dinheiro público para financiar privilégios, resultado; sucateamento total do serviços públicos.

A PEC 37 caiu. E agora, José? Continuamos na ruas?

Há mais ou menos duas semanas quando começaram as manifestações contra o aumento da tarifa em SP que acabou desencadeando atos no país inteiro, um debate extenso e confuso no país iniciou-se pelas redes sociais onde a tal PEC 37 era tratada como algo muito mais importante que o debate do transporte público que havia sido iniciado, quase que a solução de todos os problemas estavam no bloqueio da emenda, inclusive, em algumas regiões as manifestações se tornaram contra a corrupção.

Mas, o que é a tal PEC 37?

A PEC 37 tem como objetivo retirar o poder do MP Ministério Público de investigar casos de corrupção, desvio de verbas, crime organizado, abusos cometidos por agentes dos Estados e violações de direitos humanos. Porém vale lembrar que o Ministério Público engaveta mais de 70% dos inquéritos policiais recebidos. Se o Ministério Público se dedicasse à sua função constitucional, não engavetando os inquéritos policiais, poderíamos, talvez, reduzir a impunidade. Na verdade, isso demostra um racha entre os Poderes, onde um quer passar a bola para outro.

Aguá mole pedra dura tanto bate até que aliena.

Com a onda de manifestações nas ruas, na rede, petição on line e até a Rede Globo pautando, o Governo Federal teve que sair de seu silêncio e se pronunciar a respeito, na verdade, num jogo de empurra-empurra para quem segura o pepino, e como já estava marcada a votação para esta última terça-feira (25) a PEC 37 foi derrotada na Câmara dos Deputados. Portanto, vale lembrar que há cerca de um mês uma imensa maioria queria aprová-la, e por que será? Sair ileso e defender os amigos bandidos? Claro. Porém, hoje os caras-de-pau simplesmente querem pegar carona na onda das mobilizações e votaram contra (medo porque ano que vem tem eleição?). Outras votações também ocorreram como dos royalties do pré-sal – sendo 75% para educação e 25% para a saúde. (lembrando que o pré-sal está a 8 km debaixo de rocha) Até o final da semana o Congresso pretende votar uma série de projetos que estão emperrados.

Mas, será que é com essas reformas anunciadas que iremos mudar “a cara” do Brasil? E transformá-lo num país justo e igualitário para todos? Como estão dizendo por aí. Claro que não.

Resolver casos de corrupção e aumentar investimentos são deveres, na verdade, obrigações até moral de quem governa, mas são soluções paliativas. Pois, o problema é estrutural: a forma como a sociedade está organizada, de como as instituições funcionam e como o sistema econômico se articula, são essas as questões que determinam as condições de vida das pessoas, entretanto, esse debate não está sendo colocado, e, é o mais importante!

As reformas vão garantir melhorias em determinados setores sociais, todavia, é mais um realinhamento das pautas da ordem do dia para readequar uma política econômica que se funda no lucro, na exploração e que somente continuará reproduzindo o mesmo formato de abismo social que separa grupos sociais garantindo privilégios e gerando exclusão. Ora, querem colocar os mensaleiros na prisão, quem não quer? Contudo, os mesmos que querem, também são os mesmos que aprovam leis do agronegócio, que são contra a reforma urbana, agrária, que super faturam em cima de licitações, que utilizam dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDES) favorecendo empresas particulares, que querem educação e saúde de qualidade, mas estão sucateando os serviços públicos para favorecer a iniciativa privada e por aí vai, assim como são os mesmos hipócritas que agora criticam a copa, e no entanto, são os mesmos que lucraram e estão lucrando com ela, e como a discussão veio a tona querem pegar carona para se alinharem na política atual visando as eleições do ano que vem. Por que não foram contra antes? Antes que todo este circo fosse armado e todo esse dinheiro fosse gasto?

Neste momento devido a pressão popular (mesmo que torta) o que estamos assistindo é uma reconfiguração, e não uma radical mudança na estrutura social, pena que a maioria ainda não sacou isso, e quem percebeu, (esquerdas) em sua maioria estão mais pensando nas eleições do ano que vem.

De fato, as manifestações abrem caminhos tanto para a direita quanto para a esquerda petista e outras se beneficiarem na disputa pelo poder, enquanto lá na periferia, a bala não é de borracha e a galera está pagando bem caro, devido o embate político que usa o povo como massa de manobra e deixa o ônus onde a mídia não tem interesse de noticiar.

Gigante se você acordou, por favor faça a lição de casa e pare de ser X-9 que há muita coisa para se resolver e muto safado para combater.

Federação Anarquista Gaúcha responde ao Governador Tarso em coletiva

Entrevista Coletiva realizada no dia 23 de junho de 2013 na sede da FAG – Federação Anarquista Gaúcha que foi invadida ilegalmente pela Polícia Civil na última semana. Essa entrevista é uma resposta da FAG as declarações do Governador do RS Tarso Genro feitas na mídia culpando os anarquistas pela violência nas manifestações ocorridas em Porto Alegre.

Comunicado da Rádio da Juventude sobre a conjuntura das manifestações.

A Rádio da Juventude vem por meio desta comunicar que está se retirando das manifestações contra o aumento da tarifa, devido à deturpação do movimento que foi cooptado por forças conservadoras que estimulam a exacerbação de um nacionalismo cego que favorece grupos autoritários de extrema direita, incitando violência e ódio aos instrumentos de luta da classe trabalhadora, deste modo, não mais nos sentimos pertencentes ao que ele se tornou.

1. Não compactuamos com as agressões promovidas aos companheiros que há tempos estão nessa luta, e somente porque pertencem a partidos, sindicatos, organizações sociais estão sendo hostilizados e agredidos. Consideramos isso, um atentado à liberdade, além de uma estratégia política de grupos de direita que promovem o pensamento conservador que não tem interesse em mudar os pilares da sociedade, mas sim fazer reformas políticas que favoreceram ainda mais o fortalecimento do capital privado.

Resultado: fortalecimento de um Estado ainda mais opressor e segregacionista que só contribuirá para aumentar ainda mais as disparidades sociais, reafirmando privilégios da classe burguesa e a criminalização da pobreza, por exemplo, os saques e os quebra-quebras que estão ocorrendo na periferia são reflexos de uma política de Estado excludente que foi desencadeada com os protestos. No entanto, ao contrário dessa discussão ser feita. Não está. Apenas um debate moralista e preconceituoso que até mesmo setores da esquerda estão sustentando.

2. Compreendemos que a maior parte desta juventude que está nas ruas, encontra-se em estado de euforia e revolta legítima, porém, sua não experiência e não conhecimento político (e a falta de trabalho forte de base das esquerdas) permitiu o sequestro da pauta por um grupo velado de direita que venceu no momento as esquerdas na disputa pela consciência da população, e o mais preocupante são os grupos extremistas que perceberam o momento e estão fazendo o trabalho sujo de incitação de violência tentando incutir sutilmente na população uma unificação homogenia que é partidária, mas que capciosamente se intitula como – apartidária – com ideário de pureza se auto sacralizando – do povo pelo povo – porém, essa ideologia que permeia travestida de liberdade e luta popular não passa de fascismo.

3. Acreditamos que neste momento as esquerdas que são de luta devem ficar juntas refletir e providencial retornar a base, pois, foi o distanciamento dela que propiciou nossa perda neste momento, e revelou claramente que o sectarismo e as verdades estratégicas não são fórmulas de nada, porque quando dizemos: “isso é fascismo” de que adianta se a massa não compreende o que é. Portanto, nesta coalizão o fundamental é fortalecer a base e pensar estratégias de como desmascarar essa farsa que está sendo muito bem articulada com o apoio da mídia.

No mais, seguimos na luta sempre fortalecendo na luta contra o Estado e pelo poder popular sempre! Com autonomia, liberdade, solidariedade, combatividade e respeito numa perspectiva classista.

SOMOS VÂNDALOS E NÃO ACORDAMOS HÁ DUAS SEMANAS!

“O poder simbólico é aquele que consegue transformar relações de dominação- submissão em relação afetivas e quanto maior o sentimento mobilizado, mas se ocultam as diferenças – sejam elas sociais, políticas, acadêmicas ou de qualquer espécie – sem ficar clara a violência perpetrada, parto do princípio de que, no campo das ciências sociais, sobre tudo, nenhuma escolha “de palavras” é ingênua ou neutra”. Bourdieu

A moral contra a liberdade! Resultado: São Vicente e uma guerra não particular

A luta e o debate pelo transporte público foi ocupado capciosamente  por conservadores de direita enrustidos de libertários – com um discurso apartidário – promovem o ódio pelas redes social e incitam uma juventude eufórica que saiu as ruas pela primeira a adotarem um discurso de ódio, e por não estar preparada para as armadilhas políticas, estão aderindo nacionalmente, e a maioria está sendo direcionada indiscutivelmente.

Dizem que a discussão não é ideológica – mas, isso não se sustenta. Tudo há ideologia. Existem ideias em todos os âmbitos da vida – ideias profundas, criticas, rasas, mal organizadas, ou não, a ideologia sempre estará lá.

Outra coisa, acreditar que cooptação e o direcionamento partidário se faz apenas quando o partido lhe apresenta uma cartilha, é ingenuo, porque a forma mais articulada é quando de forma perversa grupos políticos deturpam a pauta e insistem numa contraposição não clara e que ao contrário de pautar liberdade, insere um debate moral que se diz livre, mas hostiliza tudo, uma coisa é ser autônomo, outra é tornar inimigo aquilo que não lhe convém.

É isso o que estamos assistindo, um debate moral totalmente contrário a liberdade! Um debate moral com base nacionalista que atenta contra toda a diversidade de pensamento.

Desta forma, como podemos nortear um horizonte? Impondo ideias? Enaltecendo causas sem antes serem avaliadas? Que incitam um olhar homogeneizador que dita regras, e não se abre à discussão de toda a população, a verdade, a participação popular virou minoria? Nesta luta, a maioria é uma classe social fazendo uma luta individualista que mina toda a perspectiva popular e livre que existia.

Deste modo,duas frentes foram montadas, primeiro; adoção dos símbolos pátrios, segundo; a utilização do arquétipo pícaro VENDETTA. (e este tornou-se insano, pois este personagem fictício jamais usaria uma bandeira, ou atentaria contra a liberdade)

Resultado: São Vicente e uma guerra não particular

A cidade de São Vicente nesta quarta (19) foi um palco de guerra, saques, ônibus queimados, arrastões, depredação, tiros e tudo mais que uma situação de caos pode produzir, o que fortaleceu ainda mais o debate da moral na baixada santista, um debate moral que irá crucifixar a população pobre (QUE TEM FOME) e colocar na conta das esquerdas, principalmente do MPL. Agora vamos ter a lucidez de pensar o seguinte; este foi o maior golpe que o Estado pode promover, pois ele tem ligações com o crime, muitos representantes públicos tem ligação com o crime, inclusive respondem por isso, e derrepente, antes que essa revolta contra o transporte público (mesmo deturpada) começasse a desmascarar a farsa da classe política eleita toda aqui na baxada, o golpe foi aliciar o crime e estimulá-lo a aderir de forma a dividir toda a sociedade e clamar pela paz. O que irá maximizar ainda mais a moralidade, suprimindo a liberdade e o reflexo disso serão criticas mais ferozes contra as pautas propostas pela esquerda.

Neste momento nós perdemos. Até porque muitos “supostos” esquerdistas também começam a debater tudo sobre o prisma da moral. Oportunismo? Canalhice? Ou medo? O que importa agora, e´que aqui na baixada nós que estamos na base perdemos. Perdemos porque não vamos recuar de nosso recorte de classe e de nossa luta contra o Estado.

Manos e minas:

Aquilo que tão chamando de baderna, na época da ditadura era luta pela democracia, por efetivação de direitos! Aqueles que chamam de vândalos, na época da ditadura chamavam de terroristas! Sacaram a grande mentira que querem transformar numa verdade?

Não se deixe enganar, ditadura nunca mais! Viva a liberdade, lutemos por ela, sangremos por ela, só ela importa nesta falsa democracia capitalista, hostilizar alguém por sua bandeira é pura reprodução da moral arcaica que mantém todo este estado de coisas, e o grande culpado é o Estado e seus representantes! Seu símbolos!

Preze pela liberdade, estão roubando suas ideias, sua consciência e sua juventude!

Não se deixe enganar por quem quer fazer manifestação impondo que irá te fotografar, te filmar e te entregar pra polícia!

A baixada santista parou! Manifestação contra aumento da tarifa cresce a cada dia.

1016640_548115075250690_1376963550_nOntem dia (14) cerca de mil pessoas foram às ruas e deram o recado a Piracicabana e a classe inócua política, “se a passagem não baixar a baixada santista toda vai parar”!

Quem duvidou e achou que o movimento não tivesse força, agora deve estar engolindo à seco suas criticas.

O movimento saiu da praça da independência em Santos em direção à cidade de São Vicente seguindo pela orla da praia com intuito de ir apenas até a divisa (da praia) das cidades, já para dar o recado que no próximo ato, São Vicente também será ocupada, pois, a preocupação dos manifestantes é com a questão metropolitana do transporte.

983972_548037775258420_984982196_nA via de acesso entre as cidades de Santos e São Vicente foi bloqueada e por onde as pessoas passavam: aplausos e apoios foram ganhando, além de adeptos na caminhada. Claro que, também muitas pessoas reclamaram pelo congestionamento criado, afinal, muitas pessoas que voltavam do trabalho não entendiam bem o que estava acontecendo, pois, para uma região onde o estado de letargia engendrou a ideia que jamais na baixada ocorreria uma manifestação desta magnitude, até mesmo, por uma questão cultural, evidente que o choque e o espanto são elementos naturais, mas também são formas de questionar e mostrar o tamanho da força que tem a população quando ela está organizada.

Hoje terá mais um ato às 17h e começará na divisa da praia indo em direção ao centro de São Vicente para ocupá-lo e também convidar os vicentinos a juntar-se ao movimento, assim como deixar o recado aos representantes públicos que a população acordou e que a inércia política está com os dias contados, pois, quem não estiver a favor, estará contra, só que, quem manda é a população!

Lutar, criar poder popular!

Parabéns a todos os protagonistas desta caminhada! Tamujunto!

 

12 mil pessoas na rua? Temos que multiplicar essa resistência!

  1. Quem fala em violência nos manifestos se dizendo lutador de esquerda, realmente tem que repensar seus conceitos e assumir logo o reacionário que mora em si.
  2. Quem não acredita na legitimidade desta grande mobilização, tem que repensar muitas coisas, mais muitas coisas mesmo…
  3. Quem acha que vivemos numa democracia e que tudo pode ser resolvido com conversas, também deve acreditar em Papai Noel e coelho da páscoa.
Foto: MTST

Foto: MTST

Amanhã vai ser maior!

12 mil pessoas na rua é muita mais que uma mobilização pela redução da tarifa! É sim, um grande levante corajoso, generoso e radical, que entendeu que não é mais possível viver sendo violentado, amordaçado e silenciado pelo Estado, e foi a luta!

As forças se unem nacionalmente dizendo basta! E as máscaras caem, as esquerdas governistas obrigadas a se posicionarem, dividem-se, entre os moralistas e os que assumem que o tempo de sonhar passou.

Pois a garotada na rua diz a coisa de forma raivosa, expressa franqueza e recria uma era de cristal – de transparência. (Cléo)  Em tempos de hipocrisia, em tempos de nascituro, Feliciano e ruralistas, massacres indígenas e quilombolas, Belo Monte, Xingu e grandes eventos (que expulsam comunidades inteiras, por uma copa que nos afundará em dividas).

Essa massa na rua é prelúdio de novos tempos! Temos que multiplicar essa resistência, espalhar por todas as esquinas, ruas, guetos, vielas e praças, pois, é nos espaços públicos que mostramos nossa cara e estimulamos quem ainda acredita num mundo igualitária a sair da frente da TV e vir somar numa única força de luta, capaz de enfrentar este Estado, e mostrar a quem governa que eles só fazem merda, e nós, não vamos abaixar a cabeça, nunca mais!

Declaração do Promotor Rogério Zagallo pelo face é apenas a ponta de um iceberg fascista chamado Estado.

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Esta declaração demostra claramente uma sociedade de classes, onde quem tem poder conferido pelo Estado, manda. E manda matar! Pergunta: irá acontecer algo com esse promotor? Com certeza não. Isso se ficarmos calados, temos mais é que cobrar punição a este promotor, ou no mínimo um escracho manifesto denunciativo.

Pois, nas mãos do Poder Público com certeza ficará impune. Afinal, segundo justificativa do mesmo, o que ocorreu foi um momento de desabafo pela espera no trânsito, pois seus filhos os esperavam nervosos. Não justifica!

Compreender que ficar preso no trânsito gera estresse é uma coisa, porém isso não limpa a barra de um posicionamento autoritário. Agora, imaginem o que ocorre no distrito deste promotor, quantos casos vão para o arquivo?  E reparem como ele utiliza o pronome possessivo “meu Tribunal”, revelando uma prepotência, pois, refere-se a uma instituição pública como sua propriedade particular.

Entretanto, qual é a novidade oriunda de alguém a serviço deste Estado que não passa de uma máquina de moer gente, mas que tipo de gente? Trabalhador, morador de periferia que acorda às 5h da manhã para pegar ônibus lotado, pagar um valor caríssimo por um serviço público péssimo.

E ainda querem retirar a legitimidade do ódio que leva ao protesto.

Aí vem à mídia oficial dizendo que teve quebradeira, dano ao patrimônio público, violência… desculpe a expressão, mas, “vão à merda!” Divulgar que na manhã de sexta havia gente desaparecida, presa e ferida, e que inclusive segundo nota do MPL até a data de hoje ainda tem gente presa, isso não fazem, e por quê?

Exatamente porque a sociedade está dividida em quem manda e quem obedece, e quando quem obedece se cansa e vai a luta, aí é reprimido, tratado como vândalo e deve morrer.

Alguma dúvida que a polícia e todo o sistema jurídico são aparatos de extermínio da população pobre a serviço do Estado?

Isso comprovou-se na ordem dada pelo promotor; só porque estava nervosinho no trânsito. Ora, como ele acha que estão quem é violentado todos os dias pelos serviços públicos sucateados? É válido lembrar também que é o povo quem paga o salário gordo que garante a ele não precisar pegar o metro, o busão e suportar a violência cotidiana do transporte público e de todos os outros serviços públicos que são uma grande merda.

 Logo abaixo a nota do MPL sobre compas que continuam presos.

No ato contra o aumento da passagem realizado no dia 06/06, houve divulgação de que 15 pessoas foram detidas, dessas, 6 manifestantes foram presos e mantidos na 78ª Delegacia de Polícia. Quatro deles se encontram em liberdade desde sexta-feira pela manhã, mediante o pagamento de fiança, duas no valor de um salário mínimo e duas no valor de 3 mil reais. Parte deste valor foi pago pelas famílias e, em parte, por fundos do Movimento Passe Livre. Outros dois continuam detidos apesar do MPL e da Conlutas terem levantado o dinheiro necessário para a fiança.

Isso se deve a um conjunto de fatos. Primeiramente, ao chegarmos na 78ª DP para pagar as fianças, os mesmos já haviam sido transferidos, para a 2ªDP. Desta forma, tivemos que nos dirigir ao Fórum da Barra Funda, porém não pudemos pagar a fiança pois a documentação da delegacia ainda não havia chegado ao Fórum. Às 18 horas de sexta-feira os papéis finalmente chegaram, mas não havia mais tempo para que as fianças fossem pagas.

Na segunda-feira(10/06)faremos o pagamento da fiança para libertar os presos e os advogados de confiança do MPL irão acompanhar os respectivos processos.

Acreditamos, no entanto, que nenhum destes problemas foi casual: nem a transferência, nem a demora dos documentos, nem os valores das fianças. Todo esse conjunto de empecilhos tem como objetivo atrasar o processo, mantendo os companheiros por mais tempo na cadeia – algo que não pode ser deixado de lado em hipótese alguma. Além disso, contribui para a criminalização de quem luta por uma cidade de e para todas as pessoas.

Movimento pela redução da tarifa fez São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia tremer.

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Foto: SP

Nesta tarde e início de noite de quinta-feira, 06 de junho de 2013, manifestações deram o tom de repúdio ao aumento da tarifa do transporte público em três estados do Brasil. E como de hábito (infelizmente) os manifestantes foram recebidos a cassetes, balas de borracha e gás lacrimogênio de uma polícia truculenta a serviço deste Estado capitalista e cúmplice das empresas de transporte.

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Foto: RJ

Porém, nos três estados os manifestantes não se acuaram e foram para cima mostrando que não estavam para brincadeiras, com faixas, apitos e muita revolta; queimaram pneus, fecharam vias e enfrentaram o choque, o lema era; “se a tarifa não baixar a cidade vai parar” .

Quem ficou em casa assistindo TV, com certeza viu a noticia, pois, foi divulgado inclusive em tempo real o que estava ocorrendo; e a informação era a mesma: população na rua protesta contra o aumento da tarifa. Claro que a mídia burguesa não conseguindo esconder a brutalidade da polícia, restou apenas dizer que houve violência de ambas as partes.

Foto: Goiânia

Foto: Goiânia

E mais protestos virão por aí, pois não é possível continuar essa realidade que se repete no país inteiro de um transporte público caríssimo, que na verdade, se tornou um grande negócio, onde circula muito dinheiro, e por isso não será de forma amigável que irão largar o osso. Os poderes municipais, estaduais e federal já se venderam, só resta a população mesmo se organizar, protestar e tornar essa luta constante, pois, muito mais que barrar o valor, precisamos de autogestão deste serviço público!

Foto: SP

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Em nota: Por Movimento Passe Livre, via e-mail. (em SP)

O Movimento Passe livre informa que os advogados presentes na manifestação de hoje foram IMPEDIDOS de entrar na delegacia onde há um grande número de manifestantes presos.

Toda solidariedade e força aos compas! Seguimos na luta!

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Vídeos do manifesto em SP. Divulguem!

 

E aqui o link do vídeo de Goiânia da mídia burguesa.