Término do contrato de serviço de transporte em Santos: E agora José? Aumentar a concorrência ou a gestão popular direta?

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

A Piracicabana é a empresa que monopoliza todo o serviço público de transporte coletivo na região da Baixada Santista, englobando as cidades de Santos, Cubatão, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Desde 1.994 com sua política de expansão vem comprando as empresas concorrentes e assumindo o total controle do meio de transporte que existe na baixada, de lá para cá, demitiu cobradores, elevou as tarifas, retirou linhas de circulação, acumulou função aos motoristas, implantou aliada ao poder executivo de Santos a obrigatoriedade do cartão nas linhas municipais, recusando pagamento da tarifa em dinheiro, ou seja, é uma empresa que manda e desmanda no serviço público de transporte da região, e são poucas as vozes dissonantes do poder público, legislativo ou judiciário, que enfrentam essa máfia do transporte que só tem oferecido um péssimo serviço à população, e mesmo assim, é bem provável que a renovação do contrato ocorra.

Término do contrato

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude – foto ilustrativa, este valor se refere a passagem do bairro Japui SV até Santos, hoje está em R$ 3,85. Absurdo!

Em março de 2014 termina o contrato de prestação de serviço de transporte em linhas municipais na cidade de Santos, há vinte anos a Piracicabana monopoliza o serviço – a renovação do contrato está em andamento e pode ser para mais oito anos. A pergunta é; queremos que essa “M…” de Piracicabana continue gerindo o serviço?

Na mídia oficial, pouco, ou nada se levanta de questionamento a respeito – o poder executivo em Santos tem sido omisso em não divulgar em como está este processo de licitação de contrato, o que denota conivência com a renovação, e isso se fará em silêncio, sem consulta popular. O vereador do partido dos trabalhadores (PT) Evaldo Stanislau enviou um requerimento ao legislativo para que se oficie ao Prefeito nos termos do artigo 58 da lei orgânica, com algumas indagações; se haverá licitação, ou prorrogação do contrato vigente, além do pedido de abertura à discussão popular.

Pelas redes facebook e twitter algumas pessoas já estão discutindo que seria importante abrir o leque de participação de outras empresas a concorrerem ao serviço. E aí cabe outra pergunta? Queremos outra empresa lucrando e nos oferecendo outra “M…” de serviço? Ou queremos gestão popular?

São pontos bases e muito simples que precisam ficar claros; licitação pra que? E pra quem? Queremos e temos que exigir gestão popular de forma direta! Ok? Ah! Não dá… Então vamos brigar! É preciso mobilização popular para inviabilizar essa farsa licitatória que mais uma vez financiada e orientada pela máfia do transporte irá continuar usurpando e sucateando o serviço público de transporte. E no final, quem irá pagar as contas? Bora pra luta então!

A Prefeitura em seu silêncio revela seu posicionamento, óbvio! Após o acordão que o Sr. Prefeito Paulo Alexandre Barbosa fez no ano passado com a Piracicabana; de colocar circulares com ar condicionado e sinal wifi para rodar na cidade, e de segurar o aumento da tarifa até a renovação do contrato – quem acredita que o contrato não será renovado, melhor se movimentar, porque irá sim, se não houver resistência.

Pelo Poder Popular!

“Un pueblo fuerte no necesita líderes” Emiliano Zapata

Audiência Pública sobre a construção do túnel Santos/Guarujá. Desapropriação não!

Audiência Pública

Nesta terça-feira (18) acontecerá a audiência pública sobre a revisão do EIA/ RIMA (Estudo de Impacto Ambiental) para a implantação da ligação viária (túnel submerso) entre Santos e Guarujá. A participação popular e a anulação desta audiência é fundamental para deter este megaprojeto  que serve apenas aos empresários e irá desapropriar centenas de pessoas – somente no Guarujá estima-se que 1.500 familias serão removidas.

Local: Arena Santos –  Avenida Rangel Pestana, 184 – Santos -SP

Horário: 17h, 

Leve sua faixa e seu protesto!

Insumos:

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Macuco um bairro de luto. Desapropriação não!

Quem tiver a oportunidade de passar pelo bairro do Macuco em Santos irá se deparar com diversas bandeiras negras penduradas pelas casas com a seguinte mensagem; “Aqui, túnel não!”. O motivo das bandeiras negras segundo os moradores é um protesto em relação à construção do túnel que interligará as cidades de Santos e Guarujá que irá desapropriar centenas de pessoas nas duas cidades sem consulta popular, e além do protesto, também simboliza o luto das pessoas, por perderem suas casas que durante anos construíram com muito trabalho, esforço e dedicação. 

Segundo os governos municipal e estadual a construção do túnel irá contribuir para a cidade no que diz respeito à mobilidade urbana, no entanto, difícil acreditar que aumentar o fluxo de automóveis nas ruas irá resolver algum problema, de acordo com o projeto de construção do túnel que está disposto no site da Dersa (para qualquer um ler), haverá pistas do túnel para passagem de caminhões, ou seja, é um projeto de expansão portuária para escoamento de cargas, assim, como servirá como porta de entrada para turistas que descem de São Paulo para o litoral, de modo que estes dois pontos já revelam que essa obra faraônica irá deflagrar num aumento significativo do trânsito na cidade, sendo que a cidade já possui este problema, por exemplo, em horários de picos, só quem volta do trabalho no transporte público, ou mesmo de carro e tem que enfrentar a Afonsa Pena, Avenida da Praia ou Perimetral sabe o quanto é complicado trafegar, distâncias pequenas, chegando a levar duas ou três vezes o tempo que deveria, senão fosse o trânsito. Agora, estes pontos não estão sendo discutidos. Apenas uma grande cortina de fumaça que vem sendo erguida para não deixar a população santista perceber o problema que está sendo construído a revelia de consulta popular.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Por isso, as bandeiras negras erguidas pelos moradores do Macuco, é uma brilhante ideia para questionar e chamar toda a população para uma reflexão profunda sobre o tipo de cidade que queremos, e qual o papel neste caso da atuação popular. Ficar assistindo e deixar que o problema se instaure, ou resistir e lutar?

Que essa decisão emane do povo. Muito mais que um túnel, o povo quer ter o direito de exercer sua autonomia.

Macuco

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Pra quem não sabe o bairro do Macuco é um dos mais antigos bairros da cidade de Santos, um dos poucos onde as crianças brincam nas ruas, os moradores podem sentar a calçada e curtir um final de tarde. Na verdade, é um dos poucos bairros em que a especulação imobiliária ainda não derrubou, porém, vem sendo alvo da expansão portuária e de um projeto que pretende erradicar o bairro da forma como o conhecemos hoje.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Naira Teixeira – Sr Eulálio, morador do Macuco há cerca 30.anos 

Considerado um dos primeiros bairros operários da região, sua importância histórica e cultural está diretamente associada ao patrimônio social da cidade de Santos. Por isso, é preciso documentar e resistir as formas de ocupação meramente econômicas, que além de estar destruindo o bairro está destruindo a memória e a história viva das pessoas que nele residem.

Abaixo, alguns vídeos com depoimento dos moradores do Macuco;

Levante Zapatista: 20 anos de resistência e construção da autonomia

fotos por: Regeneración Radio

ATENÇÃO: A Junta de Buen Gobierno do Caracol de Morelia denuncia hostilização e agressões.

No dia 1 de fevereiro, companheir@s bases de apoio do ejido 10 de abril, município autônomo em rebeldia “Dezessete de Noviembre” sofreram ataques por parte da Central Independiente de Obreros Agrícolas y Campesinos (CIOAC), onde alguns compas ficaram gravemente feridos e outros tiveram feridas leves. Além das agressões, os integrantes do Hospital San Carlos foram impedidos a todo custo de realizar suas atividades. leia a denúncia aqui

Há pouco mais de um mês completaram 20 anos do levantamento Zapatista. O Exército Zapatista de Libertação Nacional – EZLN, um povo simples do Estado de Chiapas, sul do México, que em 1 de janeiro de 1994 se levantaram em armas para dizer basta de injustiças. Desde então se organizam, lutam e resistem por democracia, liberdade e justiça, pelas quais defendem cotidianamente dos ataques e agressões orquestradas pelo “mau governo” (governo oficial do México), como alerta a notícia acima.

“Porque através desses paramilitares e seus seguidores, filiados aos diferentes partidos políticos, tem agredido, despojado, expulsado, provocado, ameaçado e roubado os pertences das nossas bases de apoio” – Comandanta Hortensia

Ao longo destes 20 anos o Estado Mexicano buscou e segue tentando desmobilizar o Movimento Zapatista com ataques ideológicos, utilizando a mídia como uma das ferramentas para criminalizar o movimento, grupos paramilitares que não param de crescer, dentre outras maneiras. A essas diferentes formas de ataques, os/as zapatistas tem organizado a resistência através das rádios comunitárias autônomas e projetos de vídeos; a busca da via pacífica para os conflitos com paramilitares; o resgate da cultura, idiomas e vestimenta, contrapondo a cultura hegemônica imposta; os trabalhos coletivos com gados, porcos, milho, feijão, tendas de artesanato, entre outras, como resistência econômica aos programas assistenciais que tentam minar a independência dos povos ao Estado.

“Nossos povos começaram a viver e a governar-se com suas próprias formas de pensar e de entender como o faziam nossos pais e avós. Isso é, começamos a viver a autonomia e a liberdade segundo l@s Zapatistas” – Comandanta Hortensia

Após o levante, @s zapatista perceberam que não bastava retomar suas terras, mas teriam que organizar-se politicamente, aprender a governar e construir sua autonomia. Tal autonomia baseia-se nos sete princípios: servir e não servir-se; representar e não suplantar; construir e não destruir; obedecer e não mandar; propor e não impor; convencer e não vencer; baixar e não subir. Dessa maneira seguem organizados os três níveis de governo: local, municipal e de zona, com autoridades eleitas pelas bases de apoio, com mandato revogado caso não cumpram com seus deveres. Dessa maneira segue a construção da autonomia, onde o povo manda e o governo obedece.

“Para que nossos irmãos e irmãs, do nosso país e do mundo, conheçam e vejam nossos pequenos esforços e humildes experiências, tratamos de compartilhar com el@s através das Escuelitas Zapatistas” – Comandanta Hortensia

Então, depois de vinte anos de experiência na luta contra o Estado, que não atende as urgências d@s “de baixo”, da classe oprimida. Mais que isso, contra um sistema mundial de opressão que é o neoliberalismo, o EZLN decidiu convidar movimentos, coletivos, organizações, do mundo inteiro, que tem afinidade com a VI Declaração da Selva Lacandona, para compartilhar sua visão de liberdade, suas formas de resistência, sua maneira de governar autonomamente e seus desafios em desconstruir valores machistas tão difundidos no sistema capitalista. Assim, estão acontecendo as Escuelitas Zapatista, com três rodadas já realizadas desde Agosto passado, contando com, aproximadamente, 1500 pessoas por edição. Quem participa da atividade tem como tarefa principal ouvir. Muito mais que propagar “ismos” (marxismos, bakuninismos, feminismos etc), @s alun@s devem conhecer, sentir e aprender com a trajetória desse povo em luta e resistência, para potencializar suas ações locais e fortalecer os laços de solidariedade.

“A melhor forma de honrar a memória de todos os nossos companheir@s, caíd@s, é comprometer-nos mais na luta, é seguir o exemplo dos nossos companheir@s , que nunca se venderam, nunca se renderam, nunca desistiram, até entregar a vida à seu povo” – Comandanta Hortensia

BASTA DE AGRESSÕES ÀS BASES DE APOIO ZAPATISTAS!
VIVA A RESISTÊNCIA E A AUTONOMIA ZAPATISTA!
VIVA O EZLN!

  • Mensagem do Comite Clandestino Revolucionario Indígena a cargo da Comandanta Hortensia
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  • Hino das Escuelitas Zapatistas
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  • Poema Utopias
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  • Hino Zapatista
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MACUCO UM BAIRRO OPERÁRIO

Foto: Tatiane Travisani

Foto: Tatiane Travisani

Pra quem não sabe o bairro do Macuco é um dos mais antigos bairros da cidade de Santos, um dos poucos onde as crianças brincam nas ruas, os moradores podem sentar a calçada e curtir um final de tarde. Na verdade, é um dos poucos bairros em que a especulação imobiliária ainda não derrubou, porém, vem sendo alvo da expansão portuária, e de um projeto que pretende erradicar o bairro da forma como o conhecemos hoje.

Considerado um dos primeiros bairros operários da região, sua importância histórica e cultural está diretamente associada ao patrimônio social da cidade de Santos. Por isso, é preciso documentar e resistir as formas de ocupação meramente econômicas, que além de estar destruindo o bairro está destruindo a memória e a história viva das pessoas que nele residem.

Assista ao vídeo abaixo,

Foto: Naira

Foto: Naira

Há 55 anos morador do bairro do Macuco em Santos, Guilherme Rodrigues Gomes relata suas impressões sobre a construção do túnel e o impacto em sua vida.

(Parte deste vídeo integrará o Documentário (que está em construção) sobre o bairro do Macuco em Santos ).

Acorda pra Viola: Entrevista Quadrilha Junina Andy e Angel

Neste sábado, 01/02, a Rádio da Juventude entrevistou a Quadrilha Junina Andy & Angel, que organizam há 13 anos, de forma independente, um grupo na Vila Margarida, São Vicente, São Paulo – Brasil.


Confira a entrevista e saiba como organizam os preparativos para as grandes apresentações Juninas, onde se reúnem e como financiam esta alternativa cultural para a comunidade.

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Sarau / Rolezinho na Vila do Teatro

No ultimo domingo, 26, o “rolezinho” não foi num Shopping, mas em um lugar que tem como princípio a ocupação popular, a Vila do Teatro, Santos.Sarau rolezinho Vila do Teatro

No dia em que a cidade completou 468 anos de exploração, os grupos participantes fortaleceram nos debates sobre racismo, desmilitarização e a questão ficou latente: No “aniversário” de Santos, e mais, neste ano de Copa do Mundo, comemorar o que?

O “rolezinho” iniciou com a apresentação teatral do “Projeto Bispo – tratados como bicho, se comportam como um…”, seguido de debate com Douglas, UNEafro, sobre o racismo e a farsa da “democracia racial”, o Movimento Mães de Maio levantou a importância da desmilitarização da Polícia Militar e a Thaís, Margens Clínicas, tratando da importância da psicologia no Luto à Luta. O grupo “Gigantes da Alegria” impressionaram com apresentações circenses e a noite seguiu com muita música com o DJ Wagner Parra na discotecagem.

Confira alguns registros do Sarau / Rolezinho na Vila do Teatro:

  • Mães de Maio: Pela desmilitarização da Polícia Militar
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  • Thais – Margens Clínicas e o trabalho com as Mães de Maio
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  • Thais: Receita para arrancar poema (Viviane Mosé)
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  • Armando – O que comemorar no aniversário de Santos?
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Funk ostentação incomoda muita gente.

funkTem bombado nas redes sociais a discussão em torno do funk ostentação, a mídia televisiva inclusive tem se rendido a este fenômeno, produzindo matérias sensacionalistas associando ao crime, ou num recorte aparentemente mais limpo, mostrando uma juventude de periferia seduzida e absorvida pela cultura de consumo, que adota um modo de viver baseado no ter e não no ser, de forma que toda uma geração pode caminhar para uma reprodução de relações sociais “vazias”.

Enfim, é uma boa discussão, mas, interessante que essa exposição do funk ostentação incomoda de uma maneira que parece que ela, “a ostentação” nunca existiu, mas quantos artistas no Brasil e mundo a fora “ostentam”? Compram castelos, colecionam carros importados, roupas caríssimas, constroem zoológicos no quintal e coisa e tal – e há problematização de tudo isso? Os excessos nestes casos quase sempre embelezam ainda mais o artista – dão até um toque humano e apaixonante.

Por isso, a insistência e a necessidade em problematizar o funk ostentação, todo esse incômodo, está muito mais ligado às questões: econômica e etnocêntrica, do que por uma real preocupação com a juventude periférica absorvida pela sociedade de consumo. E há quem coloque a questão colocando em primeiro plano; o que é, ou não é arte? Ok, tudo isso está intrínseco, e deve ser discutido, mas a verdade, ficar rodeando em torno desses pontos e começar a discutir questões morais usando como objeto apenas o funk ostentação – é cortina de fumaça para criar ruído na discussão, que neste caso em específico só revela uma única coisa; “a senzala sempre teve que ficar do lado de fora” – presenciar um jovem de periferia adentrar a casa grande (camarote) não dá! É este sentimento internalizado que provoca o incômodo, e este, é o ponto delicado, calcanhar de Aquiles que trás a tona, se discutido, toda uma sociedade enterrada em preconceito, em ódio mesmo, e pela defesa de privilégios. Por isso, este enorme incômodo maquiado.

Simples, vamos dividir os eixos: sociedade de consumo, juventude periférica e recorte de classe, este último ligado a uma cultura racista, preconceituosa, excludente e elitista, quem se propõe a discutir? Os privilegiados não! E quando sim, os parcos argumentos giram em torno apenas de defender seus interesses e suas propriedades, tanto materiais, quanto intelectual, neste ponto, o funk ostentação serve para colocar isso na mesa e revelar a divisão de classes, onde cada um tem que ficar no seu lugar.

Gostem ou não, façamos uma discussão moral, ou não, o funk é subversivo em muitos sentidos, pois, mesmo com insuficiência de recursos, a periferia criou, não podendo acessar, ela se apropriou – onde tudo isso vai parar e se o conteúdo é problemático, aí é outra questão que pode ser discutida se os preconceitos e interesses forem deixados de lado.

Cultura se movimenta no tempo e no espaço, sendo algo inerente ao ser humano, mesmo que alguns queiram enclausurá-la em academias, dentro de regras que só criam a exclusão. E foi dentro desta exclusão que os meninos e as meninas da periferia foram criativos, de modo, que reagiram aos desafios que o meio os proporcionavam.

OBS:  Funk ostentação é um resultado do próprio sistema capitalista, que diz o tempo todo (através da TV, das propagandas e tantos outros meios) que o bom é o cara que tem, que usa marca tal, que ‘as meninas gostam é de quem usa Nike’… Tem aspectos mais profundos e subjetivos: o olhar de reprovação de alguns diante de um “fudido” com roupas e calçados modestos; o dilema ser ‘honesto’ e viver com dificuldades financeiras ou entrar no ‘movimento’ para garantir um estilo de vida que o capitalismo diz que ele deve ter; enfim, a expectativa de uma vida melhor. Para alguns, a vida fudida ensinou que isso significa “ter” e não “ser”. Desenvolveremos num próximo texto este ponto. Bora ir refletindo.

Alckmin na visita a Santos: Protestos – Moradores do Macuco dizem não as desapropriações!

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

O Governador Geraldo Alckmin esteve em Santos neste domingo (26) aniversário de 468 anos da cidade para assinar o contrato de reforma e reativação do abandonado Hospital dos Estivadores, que ao término das obras, atenderá pelo nome de Hospital da Clinicas e Maternidade, segundo informação da Prefeitura de Santos, esta reforma e reativação faz parte do projeto que vem sido trabalhado para a área da saúde em Santos.

Foto: http://saopaulo.sp.gov.br/

Foto: http://saopaulo.sp.gov.br/

Pois é, o primeiro pacote foi à aprovação do Projeto 242/13 que trata das Parcerias Público-Privadas – PPP, cuja finalidade é colocar o gerenciamento de prédios e serviços públicos da cidade de Santos nas mãos de corporações, as conhecidas (OS) Organizações Sociais, que foi aprovado em dezembro do ano passado debaixo de muitas críticas e pressão popular.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Com certeza o gerenciamento deste hospital ficará nas mãos destas empresas que, por exemplo, no Estado de São Paulo têm ocupado áreas da saúde, e têm provocado enorme endividamento aos municípios, a princípio surgem como alternativa para melhorar um determinado equipamento público e com a propaganda de organização preocupada com o social, contudo, são empresas, que ao passar dos anos têm se tornado um grande problema por causa de quantias milionárias que arrancam dos cofres públicos, enquanto o serviço ao público e condições de trabalho do servidor vão sendo sucateados.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Mas, se os Srs Prefeito Paulo Alexandre e o Governador Geraldo Alckmin acharam que seriam recebidos somente com aplausos, enganaram-se, moradores organizados do bairro do Macuco que lutam contra as desapropriações devido a arbitrária obra faraônica do túnel que interliga Santos/Guarujá estiveram presentes e levaram seu manifesto para serem ouvidos, já que o projeto do túnel está pronto e não houve transparência e nem consulta popular – os moradores que por meio de pesquisa e investigação própria descobriram que perderão suas casas, pois a Prefeitura ignorou e a ouvidoria pública da prefeitura só tem ludibriado os moradores (outras organizações sociais estiveram presentes em apoio aos moradores).

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Macuco resiste

Com o objetivo de alertar a população sobre os impactos que ocorrerão na cidade devido à construção do túnel, os moradores organizados do bairro do Macuco na manhã deste domingo, estiveram na orla da praia de Santos panfletando e dialogando sobre os impactos na cidade, e também sobre a violação de direito sociais, em que famílias serão removidas de suas casas sem ao menos terem sido consultadas, e as indenizações ainda são uma incógnita, sendo que há casas e terrenos grandes em que moram até cinco famílias. Para onde essas famílias irão? Será que conseguirão comprar outra casa na cidade com os preços exorbitantes que tem alcançado o valor dos imóveis?

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Após a panfletagem seguiram até o Hospital dos Estivadores para recepcionar com seu manifesto a visita do governador, entretanto, o palco armado para o governador não permitia a entrada de manifestantes (a entrada estava lotada de seguranças). Com isso, os moradores para evitar qualquer tipo de atrito, que ocasione em criminalização do movimento, permaneceram do lado de fora panfletando e conversando com as pessoas. O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que estava no evento chegou a conversar com os moradores, anotando contatos e se colocando a disposição para contribuir com a causa, o ouvidor público da prefeitura Flávio Jordão também falou (novamente) com os moradores, propôs nova reunião nesta quarta-feira (29) sendo que em reunião anterior se mostrou desentendido no assunto, mas em entrevista num programa local defendeu a obra, revelando que entende do assunto sim, ao que parece querem manter os moradores desinformados, de modo a desgastar a resistência e vencer pelo cansaço.

Vídeo dos moradores explicando sobre as desapropriações;

4º Campeonato de Ping Pong do México 70 em São Vicente

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

No dia 29 de dezembro de 2013 ocorreu no México 70 em São Vicente o 4º Campeonato de Ping Pong reunindo cerca de cem pessoas entre crianças, jovens e adultos. Foram em torno de cinco horas de muita adrenalina em que a comunidade deu um show de talento, criatividade, organização e alegria.

Idealizado pelo Mano Zé Elias morador do bairro e apresentador do programa Vozes do Gueto da Rádio da Juventude (além de militante do hip hop e do movimento negro), segundo Elias a ideia do campeonato é reunir e colocar a molecada em movimento, para a partir de uma atividade esportiva/cultural mostrar a capacidade que cada um tem para atingir seus objetivos.

O campeonato é fracionado por faixa etária, sendo que cada parte, apenas três menin@s recebem medalhas, além de prêmios, sendo que o primeiro colocado também recebe um troféu.

Para participar é livre, basta fazer a inscrição e cair pra dentro, porém, tem que estar preparad@, há garot@s que jogam o ano inteiro e quando chegam ao campeonato não dão mole, vão mesmo pra ganhar, afinal, além do troféu e medalha, os prêmios são camisas, bonés e bermudas, ou seja, muit@ garot@ vai na garra pra faturar a roupa de fim de ano.

Em sua quarta edição o campeonato é organizado pelo Mano Zé Elias, por moradores e por quem queira contribuir com a atividade, este ano foram compradas duas mesas novas de ping pong por meio de campanha financeira em que muitas pessoas contribuíram. (comunidade agradece a tod@s)

Todas as fotos do campeonato veja aqui

Vídeo;

OBS: As roupas foram doadas pelas lojas Beco.

30 anos de redemocratização do Brasil e as jornadas de junho de 2.013.

ditaduraEste ano completam 30 anos de redemocratização do Brasil após um período de vinte anos de ditadura militar, onde muitos daqueles que lutaram pela liberdade desapareceram pelos porões da ditadura, anos de chumbo que marcaram a história do país, não podem ser esquecidos e nem apaziguados com eufemismos como muitos querem fazer, dizendo que foi uma situação de guerra, e, por isso, não há heróis e nem vilões. Não. Em 1.964 os militares brasileiros passaram por cima de um governo eleito de forma democrática, atropelaram a Constituição e submeteram a população ao silêncio do fuzil. Hoje a Campanha do Direito a Memória e a Verdade luta pela abertura dos arquivos da ditadura para que os crimes sejam revelados, que os culpados sejam responsabilizados, que as famílias tenham no mínimo, o direito, a saber, o que aconteceu com seus entes. Porém, o Estado ainda permanece relutante em ceder, e toda a discussão tem enfrentado além dos entraves da justiça, a retórica da conciliação, o próprio, ex-presidente Lula, quando presidente, disse que era preciso superar o passado e deixar o rancor de lado. (quem diria?) De fato, ainda há muita luta a se travar.

1.984 – Direta já!

downloadUma data histórica em que as ruas do país foram tomadas pela população. Era insustentável a continuidade do estado de ditadura militar, os próprios militares em parte reconheciam que era hora de passar a bola – comícios explodiam pelo país e o slogan; “Diretas Já” aglutinava diversas camadas sociais em torno da ideia de que era chegada a hora de retomar o direito de fazer parte das decisões do país, com isso, o sentimento de apropriação de liberdade e de união crescia, os movimentos sociais se fortaleciam nestas ideias, surgia o PT (Partido dos Trabalhadores) na ilegalidade, mas agregando essa ebulição ideológica de que pela primeira vez os “de baixo” teriam voz.

A ditadura caiu, mesmo com uma eleição colegiada, disputada por Tancredo Neves e Paulo Maluf – Tancredo vence, mas não toma posse, falece de uma complicação cirúrgica -assume o vice, José Sarney PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), que por uma fatalidade do destino se torna o primeiro Presidente civil do Brasil, após vinte anos de presidentes militares, seu governo é herdeiro de inflação colossal chegando a 18% ao mês, dívida externa de 105 bilhões entre outros problemas. Para buscar apoio popular o governo adota o lema “tudo pelo social”, restabelece eleições diretas para Presidente, estende direito ao voto para aos analfabetos e para dar base legal, deputados e senadores formaram o Congresso Constituinte, que aprovou em 1.988 uma nova Constituição para o país.

Trinta anos depois…

Em trinta anos de redemocratização parte daqueles que lutaram pela democracia, continuaram lutando por um novo Brasil, cada com seu método; conquistando mandatos, cargos e articulando estratégias na disputa pelo poder – outra parte voltou à vida cotidiana, acomodando-se a ideia de vitória, de liberdade e de democracia. No entanto, os problemas sociais continuaram explodindo – inúmeros conflitos se acirraram, e o estado democrático conquistado, não tem sido capaz de resolvê-los, ao contrário, tornou-se tão violento quanto o ditatorial, provas disto; reforma agrária não realizada, cidades inflando cada vez mais, amplificando o processo de marginalização social, demarcações de terras indígenas e de quilombolas se arrastando em longas discussões, e nada, mais absolutamente nada de mudanças reais para a população pobre, podemos ousar em dizer que ditadura e democracia dentro de um estado capitalista possuem poucas diferenças para a população pobre que sempre esteve à margem das discussões e das decisões políticas deste país.

Nos treze últimos anos com os governos de Lula e Dilma, ambos do PT, houve ações afirmativas de reparação histórica que contribuíram muito para que a população pobre acessasse a universidade e garantisse o mínimo de comida na mesa com os programas: PROUNE (Programa Universidade Para Todos) e o Bolsa Família, assim como outras séries de programas assistenciais direcionados a população pobre, por outro lado, seus governos dão continuidade à política desenvolvimentista que injeta quantias enormes na iniciativa privada e cria ainda mais disparidade entre ricos e pobres no Brasil, são governos contraditórios – não há rompimento com a lógica de organização social capitalista – suas políticas assistenciais ao longo dos anos têm se tornado em moedas de troca para garantir eleição. E por quê? De forma simples e objetiva, porque a política hoje se resume na disputa pelo poder, onde os grupos partidários defendem seus interesses segundo orientações de financiadores de campanhas eleitorais, e não pelos interesses da população, o resultado são as bancadas ruralistas, da construção civil, das mineradoras, entre outras que tomam contam do Congresso Nacional, apresentando e aprovando leis em beneficio do agronegócio, da terceirização, da privatização, da especulação ambiental e imobiliária, do favorecimento em licitações, além de outras infinidades de projetos que garantem ao capital privado explorar e utilizar-se de dinheiro público, controlando e comandando o país literalmente. E este mecanismo de domínio acontece também nas esferas estadual e municipal. Daí os conflitos no campo, na floresta e na cidade que resultam em mortes e muita violência contra a população campesina, ribeirinha, indígena, quilombola e periférica, daí o sucateamento dos serviços públicos de saúde, de educação, de transporte e de cultura, daí a total falta de responsabilidade com o meio ambiente e o envenenamento diário que vivemos por meio dos alimentos que consumimos… Tudo vira mercadoria e a vida não tem valor algum.

Portanto,

imagesQuando MPL (Movimento Passe Livre) em junho de 2.013 impulsionou toda uma mobilização que se espalharia pelo país contra o aumento da tarifa, e muitas pessoas que lutaram na época da ditadura, ou estiveram presentes na campanha das “Diretas Já”, não conseguiram e nem se esforçaram para compreender o que significava a luta contra o aumento de 20 centavos da tarifa do transporte público, é exatamente porque estavam e estão desconectadas anos luz da realidade nacional, que fervilha – uma parte por ser responsável e estar presa à disputa pelo poder, e a outra por ter se alienado voluntariamente por acreditar que liberdade, democracia e justiça social se resolvem com o Sufrágio Universal.

Categorias em que a maioria não se reconhecem enquanto trabalhadores

Na campanha das diretas, muitos artistas e intelectuais estiveram presentes e hoje se gabam de terem feito parte deste momento histórico do país, o triste é não vê-los mais em parte alguma, além dos espaços comuns a que pertencem, destilando criticas conservadoras – assimilando e reproduzindo o discurso da mídia. Uma das criticas mais absurdas que boa parte propaga em suas análises; que o movimento de junho aconteceu do nada e pegou todo mundo de surpresa, por isso, os artistas e os intelectuais não participaram, além de ter faltado uma representatividade para criar unidade e evitar a ação dos vândalos. Pois é, este é um dos motivos do “descolamento” destas gerações de 1.984 e 2.013, enquanto parte da primeira envelheceu e vive de um discurso atrofiado, fora de realidade, pois, até mesmo estes que lutaram foram traídos pelo grupo político que os liderou na época – a geração de 2013 esta na ativa, não surgiu do nada e nem está vagando sem rumo, o MPL há anos realiza um trabalho de base discutindo a questão da mobilidade urbana e do direito a cidade, assim como outros movimentos populares que participaram do levante, e do mesmo modo, discutem diversas pautas além do transporte. Além do mais, temos que pontuar que havia nas ruas artistas e intelectuais sim, contudo, não neste formato do tipo que quer mídia e adulações, e nem se reconhecem enquanto trabalhadores.

Por isso também quando alguém das Diretas Já critica o levante e diz que os vândalos estragaram a festa da democracia, primeiro, é triste pra caramba ouvir isso, pois não entendem nada de vandalismo, mas cabe à pergunta: que festa? Segundo, pensar que o movimento surgiu de um passe de mágica revela ignorância política em relação à realidade do país, e terceiro; não compreender a falta de representatividade do movimento é um atestado de burrice mesmo, e no mais, a luta não parou, todos os movimentos organizados que foram às ruas, continuam na luta, produzindo, discutindo e se preparando para as próximas ações de rua, até porque há muito a se conquistar, e este ano de 2.014, além dos trinta anos de redemocratização, é um ano de eleição e de copa do mundo, por isso, a comemoração deve ser feita com luta, com protesto na rua, com enfrentamento popular – só que isso não vai aparecer na mídia –porque política de opressão do Estado não aparece na mídia, só o recorte criminoso dos “vândalos” quebrando as lojas do Leblon, do “patrimônio público” do Palácio dos Bandeirantes…Dos Bandeirantes? Assassinos de índios? A quem representa isso? Com certeza, não ao povo que acorda às 06h da manhã e tem que enfrentar o transporte lotado, chegar num trabalho precarizado (cada vez mais fudido mesmo), com todas as garantias sociais achincalhadas pelo Estado para favorecer a iniciativa privada e ainda ter que aceitar um sistema político decadente, corrupto e déspota, além de toda uma classe artística e intelectual de faz de conta.

Lutar é preciso! Essa é nossa comemoração de trinta anos.

Com muito respeito à tod@s que estão na luta desde sempre, e aqueles que perderam suas vidas por uma sociedade justa, livre e igualitária.

Poder popular!

Assim funciona o Governo: Cria Tropa de Choque de 10 mil homens e depois quer dialogar com os movimentos sociais que irão protestar contra a copa. Fala sério!

Força Nacional de Segurança PúblicaDepois de criar Tropa de Choque que irá apoiar a polícia militar em protestos contra a Copa do Mundo nas doze cidades-sede dos jogos, nesta última quinta-feira (09) foi instituído o decreto 8.181, publicado no Diário Oficial da União, que estabelece que a Secretária-geral da Presidência, responsável pelas relações do Governo com os movimentos sociais, será reforçada com dois altos funcionários, cuja função será a “promoção do diálogo com os movimentos e segmentos sociais por ocasião da Copa do Mundo de 2014”.

Foto: Página do Face Black Bloc Rio

Foto: Página do Face Black Bloc Rio

Assinado pela presidenta, ao que parece o Governo Federal anda preocupado com sua imagem diante da comunidade internacional que vem divulgando as atrocidades que a copa no Brasil tem causado a população pobre, a última violação de direitos humanos que se espalhou pelas redes e chegou aos jornais europeus foi o caso da favela do Metrô no Rio – em que mais uma vez a Tropa de Choque da polícia Militar removeu outra comunidade na base da borracha e do gás de pimenta. Ou seja, sua preocupação é econômica, pois, teme que o turismo fique em baixa diante da onda de violência eminente, tanto pela questão da criminalidade que explode e também pelas ondas de protestos que podem transformar a “Copa das Copas”, como disse a presidente Dilma, num enorme barril de pólvora que irá deflagrar numa derrota eleitoral em 2014, que também é ano de eleição, não esqueçamos, apesar de não servir para nada.

imagesDe fato, a direita irá se aproveitar para usar a demanda popular para jogar contra o PT, e tirar algum proveito, porém, inaceitável tudo que aconteceu e vem ocorrendo, sentar e assistir um jogo do Brasil como se nada estivesse acontecendo, não faz sentido para quem tem um mínimo de consciência do preço desta copa.

Foto: Página do Face Black Bloc Rio

Foto: Página do Face Black Bloc Rio

Algumas campanhas estão sendo divulgadas pela rede do tipo; “Se você é contra a Copa do Mundo, é contra o Brasil” lembra alguma coisa não é? Copa de 1970, em que os militares exacerbaram o ufanismo pela seleção e usavam o slogan; “Brasil ame ou deixe” – tempos de chumbo foram, e são estes, que vivemos sobre as botas de governos que dialogam desta forma (mas o que esperar de governos?). Organização popular sempre!

Foto: Página do Face Black Bloc Rio

Foto: Página do Face Black Bloc Rio

O que ainda não sacaram aqueles que disputam o poder e estão pisando em ovos devido o interesse eleitoral, e nos cargos que podem perder com sua alianças escusas, é que as lutas de junho racharam a lógica da representatividade e desmascararam um estado que se finge de democrático, mas é ditatorial, não importa se o governo é de direita ou de esquerda, quando ascende ao poder ele joga o jogo do capital, e nesta partida, a população pobre não tem vez, por isso, o refluxo das lutas em 2014 pode nem arranhar a blindagem que está sendo armada para proteger a Copa do Mundo, mas com certeza vai deixar um recado para o mundo. O Brasil não é só o país do samba, do carnaval e do futebol, mas também das lutas sociais por um mundo livre, justo e igualitário, este é o legado!

Teatro na rua não tem poltrona! Tem alegria e tem povo.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Quem passou pela Praça dos Andradas (Santos) no final de ano de 2013 precisamente no dia (21) por volta das 19h e não estava com pressa, pôde conferir o “Alto de Natal dos Palhaços” do grupo de teatro Trupe Olho da Rua, além das apresentações de “Números Circenses” com os Panthanas e Circopatas e “Eu, migo e meu umbigo” com O Bando Pero No Mucho.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Sem poltrona, com alegria e muitas “criticas ácidas”, a primeira apresentação ficou por conta do grupo de teatro Trupe Olho da Rua, que com seu “Alto de Natal” provocou e questionou as armadilhas e mitos que compõem e são disseminados nesta data natalina, em que a maioria das pessoas são absorvidas pelo consumismo predatório e pelo simulacro de compaixão, amor e misericórdia que querendo ou não, senão abrirmos bem os olhos, tudo isso, só servirá a uma determinada finalidade social.  (mais isso é discussão pra outro dia).

Ao término da apresentação mais provocação, o grupo incendiou um Papel Noel de brinquedo e teve gente que se indignou com tal ato ultraje, mas ficou tudo bem. Agora, será mesmo ultraje? São palhaços e a função de um pícaro não seria essa?

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Enfim, as apresentações que seguiram também cativaram a plateia trazendo toda interação e conectividade que somente o teatro feito na rua é capaz de proporcionar.

Pedacinho da peça;

E o ano de 2014 começa com despejos em São Vicente

No terceiro dia do ano de 2014, quatro casas de moradores de uma ocupação na área continental foram demolidas na cidade de São Vicente. Segundo a prefeitura, elas estavam em Área de Preservação Ambiental Permanente, e como de praxe todos os aparatos de um despejo estavam presentes: Secretaria de Habitação, de Obras, de Meio Ambiente, também a Defesa Civil, Polícia Militar, Ambiental, Guarda Civil Municipal e Codesavi (Companhia de “Desenvolvimento” de São Vicente). Esta operação, segundo o secretário de Habitação, Emerson Santos, teve como objetivo coibir e não permitir a expansão dessas invasões. (Notas da Prefeitura sobre a ação do dia 03 e do dia 07)

Essas ocupações vêm explodindo pela região nos últimos anos, e por isso, cabe a reflexão sobre essa política de coibir. Há muitos significados por trás dela, temos que aguçar nossos olhares, afinal, historicamente a maior parte da área continental é de ocupação. Próximo a este local em que foram retiradas estas casas, há mais umas duzentas e poucas, ou seja, há mais um bairro em processo de desenvolvimento na base da ocupação mesmo, porque é assim que funciona (infelizmente ou felizmente). Sem esquecer que, desde que Martim Afonso aqui chegou, tudo, absolutamente tudo é área de invasão. Inclusive sua casa e a minha.

ocupac3a7c3a3oilegal(Este local onde há esse bairro em desenvolvimento, é conhecido como Fazendinha e fica na Vila Ema, e faz algum tempo que um suposto proprietário reivindica seu direito pelo terreno, inclusive, entrou com ação no (MP) Ministério Público, que pediu soluções à Prefeitura – o caso arrasta-se).

(Na Vila Ema, estão sendo construídos 380 apartamentos no Residencial São Vicente II, com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida, porém, não  beneficiará estas famílias se houver despejo.)

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude – México 70 -vista da ponte do mar pequeno.

O déficit habitacional em São Vicente é histórico (sendo a cidade um recorte do resto do país). Por exemplo, a favela do México 70 é toda uma área de ocupação, área de manguezal que pertencia à Marinha, foi ocupada no final da década de 1960, e trinta anos depois, na década de 1990, iniciou-se um processo de organização habitacional por meio de um projeto do Governo do Estado – CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Vinte anos depois, ainda é um problema, devido a um modelo de habitação segregacionista.

Foto: Rádio da Juventude - desocupação no Samabaiatuba - SV

Foto: Rádio da Juventude – despejo em março de 2013 no Samabaiatuba – SV

Aí podemos citar também o Dique do Sambaiatuba, outra área de ocupação que pertencia à Marinha, e que se constituiu em outra das maiores favelas de São Vicente, com problemas de todo tipo no que diz respeito a direitos sociais – onde foram construídos três conjuntos habitacionais, que se deterioraram devido à incompetência administrativa municipal, estadual e federal, e, em 11 de março de 2013 o MP (Ministério Público) mandou despejar cerca de 700 familías que haviam ocupado os conjuntos, e a Prefeitura em sua política de vencer pelo cansaço, cadastrou as famílias em programas de habitação em resposta à pressão da mídia oficial que especulou a situação.

Foto: Rádio da Juventude - Conjuntos no Parque Bitarú abandonados.

Foto: Rádio da Juventude – Conjuntos no Parque Bitarú – SV, abandonados. Dinheiro público gasto afundando na lama.

Há outros conjuntos em São Vicente de projetos de habitação seguindo pelo mesmo caminho (logo mais matéria completa a respeito). No Parque Bitarú, conjuntos se deterioram aos poucos, abandonados após terem ficados ¨quase¨ prontos, enquanto há inúmeras pessoas sem ter onde morar. (São 416 unidades com recursos do PAC. Os  beneficiados são os moradores do Dique do Meio e Saquaré, no México 70. Só que não, de acordo com o abandono.

Infelizmente essa é a realidade, a mesma que defende a propriedade privada por meio do Estado, que defende falaciosamente o meio ambiente, mas quando é para construir pátios de container, de produto químico, construir túnel, viaduto, aí não tem problema. O problema é construir moradia para pobres, e o problema mesmo é quando os pobres se organizam e constroem suas moradias! Aí… É despejo, essa é linguagem e a política de habitação que todo governo entende e promove há décadas.

Portanto, em 2014 a política do trator continuará sobre a população pobre vicentina e o sonho de um teto para viver não virá com uma canetada, somente continuará sendo conquistado com luta e organização.

Foto: Rádio da Juventude - Conjuntos abandonados no Parque Bitarú SV

Foto: Rádio da Juventude – Conjuntos abandonados no Parque Bitarú SV

1. Quem puder visitar o México 70 poderá entender melhor o termo segregacionista que utilizamos, pois, lá ainda existe muitos problemas de habitação, inclusive nos conjuntos construídos pela CDHU que supostamente eram para resolver. OBS: As famílias que moram sobre o dique da rua do canal e da rua mecanizada, que são as mais atingidas e residem em condições sub-humanas continuam aguardando promessas da Prefeitura.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude – despejo em março de 2013 no Sambaiatuba

2. Nestes três conjuntos do Dique do Sambaiatuba foram gastos 12 milhões, (O dinheiro da obra veio do FAT fundo de amparo ao trabalhador) ficou pronto em 2004, porém, logo foi abandonado pela burocracia e pela incompetência municipal, estadual e federal que em 2005 não sabiam se o projeto iria virar “Minha casa minha vida” ou ficaria como obra do PAR. Em 2007 a CDHU entra como Administradora, mas a obra fica novamente emperrada, porque parte do dinheiro virá do PAC, outra parte do Estado e outra do Município, só que… Nada aconteceu e o prédio continuou abandonado. Com isso, a população foi ocupando e retirando o que precisava. Depois de inúmeras denúncias, agosto de 2010, a Prefeitura de São Vicente e a Caixa Econômica Federal anunciaram que as obras seriam retomadas com previsão para novembro de 2011.  Em 2012 nada aconteceu. Março de 2013 o MP despeja as 700 famílias que residiam no local. Janeiro de 2014 os conjuntos continuam se deteriorando e nada sendo feito.

3. A Prefeitura gaba-se de ter entregado cerca de 1.000 unidades no ano de 2013, mas este é um resultado de anos e risório comparado ao déficit da cidade que segundo o Prefeito Bili está em torno de 20 mil, e com certeza é para mais considerando toda a região periférica de São Vicente onde pessoas vivem em condições sub-humanas. Agora, se todo o dinheiro desperdiçado em obras que terão que ser refeitas, sem contar o dinheiro do PGU que  desapareceu e ninguém sabe onde está, mas aí é outra matéria, fosse repassado direto para organização popular de moradia, com certeza muitos problemas já teriam sido resolvidos, correto?

A Volta da Rádio Feira

Depois de um longo tempo sem levar a caixa de som para a Feira Livre da Vila Margarida, tivemos no dia 21 de dezembro a calorosa recepção dos feirantes e freguesia. Procuramos atender aos pedidos, com as gravações de grandes compositores e intérpretes da nossa música popular brasileira, da música caipira e do rock nacional. Um dos pedidos, “O Menino da Porteira”, pudemos atender com o som ao vivo da viola caipira, que depois teve a compania da percursão e do coral na música “Calix Bento”. Debatemos ainda sobre o ano eleitoral, a enganação dos políticos oportunistas e a importância da organização popular.

Mesmo sem as condições adequadas de equipamento para uma melhor qualidade do evento, já que estamos precisando de uma nova caixa de som, valeu o improviso e como cantava Geraldo Vandré: “quem sabe faz a hora”.

A Rádio da Juventude tem por objetivo ser uma ferramenta de luta para o povo trabalhador da Vila Margarida e do México 70, e é com grande alegria que levamos nossa proposta e nossa ação para a rua.

Moradores do Macuco/Estuário em defesa de suas moradias e famílias!

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Sexta-feira dia 13 de dezembro de 2013 os moradores do bairro Macuco e Estuário em Santos que lutam contra as desapropriações devido à obra do túnel Santos/Guarujá realizaram uma passeata pacífica em torno do bairro para alertar e convidar as pessoas a participarem dessa luta. A passeata foi composta por crianças, jovens, adultos e idosos. (além de organizações sociais que estão solidárias com essa luta, por entenderem que ela é de toda a sociedade da baixada santista).

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

A passeata foi acompanhada pela bateria da X9, e mostrou toda a força, alegria e cultura dos moradores que estão nesta luta para preservar um bairro importante historicamente para a região, um dos últimos bairros operários em que a especulação imobiliária ainda não expulsou, mas que se esta obra for consolidada, é certo que será o primeiro passo para varrer o bairro do mapa, transformando num bairro sem casas apenas com edifícios e grades, onde as crianças não brincam nas ruas e nem as pessoas conhecem seus vizinhos.

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Dia 15 domingo visita do governador de SP

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Moradores do Macuco recepcionaram com vaias e muito protesto a vinda do Governador Geraldo Alckmin a Santos, que às 18h esteve com o Prefeito Paulo Alexandre Barbosa (além de outros políticos da região) no Centro Cultural da Zona Noroeste para assinar a autorização para que a Dersa publique o edital para a construção do Túnel Santos-Guarujá.

Mobilizados a cerca de dois meses, os moradores têm cobrado os vereadores e principalmente o Prefeito que até então, tratava com eufemização a reivindicação dos moradores, dizendo que estava tudo bem, que ninguém ia ser prejudicado, porém, ao lado de Alckmin o Prefeito deixou claro aos moradores do Macuco que; o túnel será construído e haverá desapropriações, acrescentou em seu discurso que o Macuco é o melhor local para ser construído o túnel segundo os estudos que foram feitos, e que as pessoas precisam entender a importância desta obra

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

Já o engenheiro responsável pela obra da DERSA tentou explicar a obra apresentando todo o traçado num mapa da região por onde o túnel irá passar, tendo a frase pronunciada: “não se faz omelete sem quebrar os ovos”. (talvez porque não seja a casa dele que será destruída) Péssimo e comprovou a forma escrota como esta obra esta sendo elaborada.

Segundo os moradores há em torno de 160 casas somente na Rua José do Patrocínio no bairro do Macuco, rua esta, onde será a passagem principal do túnel, porém, há as alças de acesso ao túnel, que obviamente haverá desapropriações, isso na parte de Santos, segundo o mapa que estava sendo apresentado – na cidade do Guarujá as desapropriações serão ainda maiores.

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Guarujá

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

O governador convidou os moradores para conversar, dizendo que estava disposto a ouvi-los, uma comissão de moradores chegou a se reunir com as autoridades após o cumprimento de protocolo, mas ao que parece o governador apenas encenou democracia para não subir a serra com fama ainda maior de antidemocrático.

Outros políticos da região estiveram presentes, o ex-prefeito Papa, o vereador Carabina, o Deputado Luciano Batista, entre outros, o Papa chegou a conversar com os moradores, onde tentou explicar a questão da mobilidade urbana, dizendo que o túnel tem sua importância neste sentido. (só se esqueceu de dizer que o problema da mobilidade é outro problema sério, culpa da incompetência administrativa de anos na região, inclusive dele, e que mais carro na rua, significa matematicamente expulsão das pessoas, e que o modelo de cidade que estão construindo hoje em Santos não é para todos, somente para os ricos, de forma que a população pobre está sendo varrida da região com o aval silencioso de todos os políticos).

Denunciamos: Enquanto a reunião da comissão ocorria, os moradores que ficaram do lado de fora aguardando, foram assediados por vários P2. (policias infiltrados para provocar tumulto) Estes policiais exerceram o papel de aterrorizar os moradores do Macuco, se passando por moradores de quebrada, de favela, dizendo que a Zona Noroeste é a “quebrada deles e que ninguém ia tirar a quebrada deles”. Um rapaz nervoso com a situação chegou a discutir com um P2 e foi ameaçado, teve que se retirar. Ótima tática utilizada para provocar terror nas pessoas. Não passará!

Adendo – A bolha imobiliária

Empreendimento da Odebrecht em Santos: quartos de hotel que custavam 13.800 reais o metro quadrado foram vendidos em dez dias

Empreendimento da Odebrecht em Santos: quartos de hotel que custavam 13.800 reais o metro quadrado foram vendidos em dez dias

Nos últimos anos a cidade de Santos tem vivido um processo intenso de boom imobiliário, segundo o plano diretor da cidade: “Santos é a cidade brasileira com maior índice de verticalização, tendo 63% dos domicílios ocupados permanentemente em apartamentos. A indústria da Construção Civil, ao longo da última década, produziu 343 empreendimentos verticais, construindo 5.953.764,29m²”.

O resultado desta verticalização reflete no aumento exorbitante dos imóveis, do IPTU, de um custo de vida aquém da realidade de toda a população, pra além, na construção de um modelo de cidade extremamente desigual, construída para uma determinada classe social, aquela que tem poder aquisitivo, as outras, são automaticamente expulsas.

Todo este crescimento também está relacionado a uma expectativa econômica da indústria de petróleo e gás, além de obras de infraestrutura que irão iniciar até 2014; VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) Túnel Santos/Guarujá – e não devemos esquecer que em Santos está localizado o maior porto do país, há estimativas de aumentar em 150% o volume de cargas, o governo estadual já anunciou a construção de um novo terminal de cargas que será usado para o embarque e desembarque em navios de cruzeiros marítimos e estuda a construção de um túnel submerso que vai unir o bairro do Valongo à região portuária prometendo acabar com as filas de caminhões que desembarcam mercadorias no local. Todas essas obras apostam em mobilidade urbana e apontam dois questionamentos;

  1. Mobilidade urbana pra quem?
  2. Construir cidade pra quem?

Todas essas obras abrem ainda mais caminho para a especulação segregando os espaços urbanos e empurrando a população pobre para mais longe.

Toda revitalização urbana trás o discurso desenvolvimentista de melhora de qualidade de vida das pessoas, mas nunca explica que o preço é caro, desumano e desnecessário. Precisamos mesmo destas obras? Deste modelo de cidade?

Àudios.

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