Operação caça folião em São Vicente. Absurdo!

Foto-1633Uma das ações mais absurdas e truculentas vivenciadas na cidade de São Vicente. Chegamos ao ponto, onde até o carnaval no país do carnaval não é permitido, e para evitar que a população brinque o carnaval, uma ação fascista do Governo Municipal disponibiliza todo um efetivo policial com único intuito: reprimir.

Impossível não associar com uma ditadura. Impossível se calar quando nos pedem silêncio com cassetetes e cães.

A diversidade, a pluralidade e a liberdade em São Vicente andam com os dias contados. Reina a intolerância, o jogo politiqueiroFoto-1570s e as botas dos governantes sobre nossas cabeças.Foto-1633Foto-1629Foto-1651

Foto-1567

Foto-1560

Carnaval em São Vicente: Uma ditadura particular

Foto-1587Neste domingo dia 10 de fevereiro, foliões vicentinos compareceram em massa no maior bloco de carnaval da cidade, o Ba-baianas. E também como prometido pela Prefeitura da cidade, a Força Tarefa marcou sua presença para coibir que o bloco saísse do bairro e passasse pelas vias do centro indo até a praia. Quem esteve presente pode conferir uma verdadeira operação de guerra que remetia ao regime ditatorial. (se é que não foi uma ditadura particular)

Foto-1565Foi por volta das 11h que o bloco das Ba-baianas saiu em direção oposta à de costume, circulou pelo bairro de forma contida, mas provocante, iniciou com um grito de guerra que mandava o Prefeito ir chupar. Porém, o som do trio elétrico estava baixo e como havia apenas um este ano, as pessoas que vinham acompanhando o trio numa distância maior de 60 metros, simplesmente não conseguiam ouvir nada.

Foto-1634Num passeio de uma hora e meia o bloco retornou ao seu ponto de partida e a pedido de Oficiais da Polícia Militar (PM), que de forma “delicada” disseram aos organizadores que era para acabar a festa ali, e deste modo, evitar problemas.

Pois é, como já diz o ditado “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, lá se foi o carnaval de rua, deu para brincar um pouco, beber um pouco, xingar um pouco e se irritar muito! Pois, foi vergonhosa a forma como a população foi tratada num dos únicos momentos em que ela pode sair à forra e se divertir, depois durante o percorrer do ano,  enfrentar um CREI sucateado, uma Educação sucateada e toda uma cidade entregue aos vermes do Estado, que fizeram palanque, que fizeram uma São Vicente entregue ao descaso.

Foto-1569Vamos economizar as palavras, silêncio! Eles pedem com os cães para ficarmos em silêncio.

Carnaval em São Vicente foi liberado. A vitória é do povo!

O carnaval em São Vicente foi liberado de última hora. Um grupo de vereadores e representantes carnavalescos foram dialogar com o Juiz e conseguiram a liberação, ou seja, encontraram uma brecha, sendo assim, desde que o bloco não cruze o centro está tudo certo, ficou acordado que o bloco das baianas ficará pelo bairro, pois é, menos mal, ( não queríamos ver sangue) só que agora vai rolar um palanque em torno disso. Por isso, interessante não perdemos o foco: A vitória é do povo! Pois foi a população, que mesmo não tendo ido ao fórum, afirmou que iria as ruas.

A vitória é do povo!

Força Tarefa pretende coibir as manifestações carnavalescas em São Vicente

Reunidos nesta quinta-feria (7), representantes do carnaval vicentino e vereadores procuraram encontrar uma solução pacifica para que não haja violência no carnaval (censurado) deste ano em São Vicente, pois, as manifestações estão proibidas, mas segundo o que circula nas redes sociais e pelas ruas é que os foliões vão subverter a regra.

Pois é, a decisão deste grupo que se reuniu de forma extraordinária foi ir no dia (8) até o fórum da cidade para tentar resolver essa situação, pois a criação de uma força tarefa da Policia Militar, Civil e Guarda Municipal atuando de forma preventiva já está armada. A Prefeitura cancelou as festividades e disse que essa ação (força tarefa) é para manter a ordem, garantindo a integridade física das pessoas e preservando o patrimônio público.

Se a população será silenciada, representada, ou irá para o enfrentamento, é a “trifurcação” na qual chegamos, aceitarmos as imposições, as delegações, ou perdermos a paciência. (sendo que são muitos os motivos para se perder a paciência) No entanto, temos que refletir, as forças político partidárias que estão aí, lutam pelo bem comum de todos, ou por interesses particulares? Qual o passo que temos que dar?

O que temos de concreto é que as representações partidárias historicamente nunca trouxeram nada para o povo, mais atrapalharam do que contribuíram. Todas as conquistas foram sempre construídas pelo povo. Bora construir o poder popular! Só assim, teremos nossas mais legitimas manifestações não coibidas.

Eu quero em São Vicente um carnaval libertário!

No ano passado uma decisão judicial do Ministério Público (MP) proibiu qualquer  tipo de manifestação na vias principais do Município de São Vicente, seja ela de cunho religioso, cultural, esportivo, cívico ou de livre-iniciativa. Essa  decisão é do juiz da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Vicente, Eurípedes Gomes Faim Filho, que atendeu ao pedido da Promotoria.

Muitas criticas surgiram, principalmente por aqueles setores que foram prejudicados com a lei. Na época uma pequena mobilização percorreu as ruas de São Vicente em busca de assinaturas para um abaixo assinado em prol da liberdade de expressão, houve petição na internet e até tuitaço, o que não surtiu efeito algum. E como se tudo não pudesse piorar, na sequência houve o bloqueio de apresentações artísticas no Parque Cultural Vila de São Vicente, deixando muita gente que frequentava o parque, indignada, pois, a cidade no quesito “cultura” é um problema, e com mais esse impedimento a impressão que causou foi que tudo aquilo que era de graça, popular e que possibilitava artistas locais a apresentarem sua arte, estava sendo desmantelado de vez. Algumas discussões ocorreram, vídeos circularam para promover o debate, mas a liberdade de expressão entrou num caminho obscuro…

Na verdade, houve pouco diálogo com a população sobre o que estava ocorrendo, o próprio slogan da campanha  “Pelo Direito de Livre Manifestações – Diga Não a Intolerância – Por uma cultura de paz” ( com direito a foto do ator  inglês Hugh Laurie que fez o protagonista da série Dr. House) que percorreu as ruas não deixava claro o que representava essa lei e quais seus efeitos práticos, e como em ano de eleição tudo vira moeda de troca para angariar votos, é bem provável que as pessoas que tiveram acesso à informação não entenderam o que representava de fato para embarcar na cruzada.

ba_baianas01Hoje, após quase um ano da lei ter entrado em vigor, a discussão tornou-se ácida, pois a Prefeitura em pronunciamento nesta última segunda-feira (4) disse por meio de seu Secretário de Cultura Amauri Alves que irá acatar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Com isso, muita gente ficou indignada e pelas redes sociais expressaram repúdio e colocaram que, há de acontecer um enfrentamento direto, que os blocos carnavalescos devem burlar a lei e irem para as ruas, há também um manifesto percorrendo as redes dizendo que as pessoas devem comparecer na concentração do maior bloco carnavalesco da cidade, o das Ba-baianas, existente há 76 anos, um bloco tradicional que agrega uma quantidade massiva de foliões que sai do Parque Bitarú, cruza todo o centro da cidade e termina na praia.

Podemos afirmar sem sombras de dúvidas que este bloco é uma iniciativa popular de carnaval de rua tão forte que é impossível de conter por meio de uma lei, inclusive a presidente do bloco, Regina Dias preocupada com a questão, disse que irá comunicar os foliões, mas, de acordo com as manifestações que estão ocorrendo pela rede, o bloco vai para a rua em ato de protesto. Afinal, o formato do bloco é de iniciativa livre, ou seja, as pessoas vão aderindo à ele durante o percurso de forma natural, e assim ele vai se construindo, resultado: como se pode evitar isso? ( preocupante, pois, a Prefeitura anunciou que vai intensificar a fiscalização e o efetivo policial para coibir)

Pois é, a ignorância dos governantes ( no sentido de ignorar) é tão grande, e deixa claro o quanto São Vicente tem uma visão provinciana, sem a menor sensibilidade de entender que bloquear o carnaval de rua, é atingir o cerne de uma das maiores expressões culturais brasileiras ( e popular, o mais interessante) e também podemos tirar como conclusão que, quem faz as leis não está conectado com a realidade, e a lei é sempre um produto vindo de cima para baixo que não atende aos interesses  da população.

Em cidades do nordeste brasileiro, por exemplo, nas de Pernambuco onde os blocos de rua tem um significado e uma força popular muito grande, diferente dos espetáculos apoteóticos, é impossível pensar na proibição de tal evento. Segundo os números oficiais do Carnaval Multicultural de Pernambuco realizado em 2012, foram: 300 atrações nos palcos, 325 shows, 800 apresentações de agremiações em polos descentralizados, 8 polos no centro, 9 polos decentralizados e 42 polos comunitários. O Bairro do Recife teve um público de 600 mil pessoas por dia. E na economia injetou R$ 773,6 milhões.

Ok, podemos dizer que em Pernambuco há uma industria do carnaval, enquanto em São Vicente estamos longe disso. Correto? Até porque neste ponto abre-se outra discussão, afinal, nós da Rádio da Juventude queremos um carnaval gestionado pelo povo. Entretanto, a analogia é apenas para visualizarmos o quanto existe de um pensamento raso na forma como está sendo discutido essa questão, e como toda esta miopia favorece os grupos de interesse que se aproveitam deste momento para se articularem usando o povo como massa de manobra, atacando uns aos outros, mas, são todos farinha do meu saco querendo palanque.

O momento político de São Vicente

A cidade de São Vicente está num momento delicado de transição política, os serviços públicos estão completamente sucateados, nem o governo de ontem resolveu e nem o de hoje com certeza irá, mas, a disputa politica partidária está usando de todas as maneiras possíveis para amarrar a população e legitimar suas bandeiras. Isso resultará em quê? Fica à reflexão. Pois, colocar o bloco na rua e enfrentar a polícia e um governo reacionário é legitimo, mas devemos levar todas as nossas bandeiras: da educação, da saúde, do emprego, da cultura, da informação e de tudo que nos é arrancado dia a dia. Sem contar também que há de se colocar essa discussão em pauta com toda a comunidade, se existem pessoas que estão sendo prejudicadas com as manifestações nas vias públicas, elas também têm o direito de serem ouvidas. Este é o ponto, abrirmos ao debate e discutirmos levando em consideração todas as partes, e coletivamente decidirmos o que é melhor para toda a comunidade vicentina. ( sem lei que oprima)

O carnaval é uma das manifestações culturais mais legitimas que existe, vinda de um povo que a 500 anos aprendeu a resistir e com muita criatividade criou formas de expressões riquíssimas, contudo, a lógica da sociedade em que vivemos é transformar tudo em mercadoria, e os grupos de interesse, velhas raposas treinadas no jogo da manipulação, são habilidosos em usar o povo como massa de manobra. É tempo de subverter isso, se queremos blocos nas ruas, precisamos de autonomia para realmente sermos protagonistas de nossas formas de produção, e deste modo, ninguém usar dos nossos sonhos e das nossas lutas para nos explorar e nos vender como objetos.

É isso, São Vicente precisa de um carnaval libertário! Livre para todas as expressões e formas livre de se viver.  Sem preconceito de credo, cor ou grupo social!

Um carnaval do povo feito pelo povo!

São Paulo: Manifestação em solidariedade aos presos políticos no Chile

Foto-0190Nesta segunda-feira dia 4 de janeiro de 2013 cerca de vinte pessoas estiveram por volta das 11h em frente ao Consulado Chileno para exigir que o Governo do Chile liberte das prisões lideranças do povo Mapuche. O grupo não conseguiu falar com nenhuma autoridade, mas, foi à rua dialogar com a população sobre a quantidade de prisões arbitrárias que estão ocorrendo no Chile e sobre toda a comunidade Mapuche que está sendo dizimada. Ao término do ato o grupo decidiu tornar constante os protestos em solidariedade aos Mapuches e mobilizar outras organizações para aderirem a luta.

Quem são os Mapuches?

Os Mapuches, “pessoas da terra” é uma etnia indígena que vive no Chile, e desde a invasão espanhola lutam para defender suas tradições, seus costumes, sua cultura e suas terras, que consideram não apenas como áreas de plantio, de caça e de pesca, mas, também terras sagradas onde toda a ancestralidade Mapuche reside, por isso, eles não reconhecem a soberania chilena sobre os territórios onde estão suas comunidades e resistentemente vem travando uma luta contra o Governo do Chile que tem desencadeado uma violenta repressão, utilizando de aparatos do próprio Estado. Exemplo disso, é que parte dos territórios no sul do país, onde há comunidades Mapuches, essas áreas encontram-se militarizadas, os “Carabineiros” possuem bases especiais com única e especifica função, reprimir manifestações. ( os carabineiros são um tipo de polícia ostensiva de defesa civil, de defesa nacional, isso, segundo o governo, mas, na verdade sua única função é conter atos de protesto, poderíamos fazer uma comparação com o choque e agora com as UPPs que existem por única finalidade)

A prisão de Milary Huichalaf

Considerados terroristas, as prisões chilenas estão cheias de nativos Mapuches desde os tempos da ditadura Pinochet, quando foi instituída uma lei Antiterrorista que ampliou a perseguição e a criminalização do povo Mapuche. Hoje na América Latina a luta deste povo é um exemplo de resistência e ofensiva, da mesma forma como os Zapatistas no México, seu nível de organização, talvez, seja o que mais assusta o Governo Chileno. Por isso, nos últimos dias aconteceram: um espancamento à uma mulher e outras três foram presas, uma delas era Milary Huichalaf não só líder política, mas também espiritual. O que representa que este ataque do Estado é para desestruturar espiritualmente a comunidade Mapuche, já que Milary é uma liderança espiritual muito importante em sua comunidade.

Milary esteve no Brasil ano passado participando do Tribunal Popular da Terra em São Paulo no bairro Parque Santo Antônio, o Tribunal foi um júri popular que reuniu diversas organizações do país que colocaram o Estado no banco dos réus, o considerando culpado por todos os seus crimes contra a população pobre, preta, indígena, kilombola, homossexual e todo grupo social ou pessoa que vive na pele a opressão promovida pelo Estado.

Nos momentos em que Milary falou, pontuou que, hoje tem a certeza de que o Governo Chileno quer de qualquer forma eliminar o povo Mapuche, utilizando da violência, e legitimando por meio de difamações, chamando os Mapuches de terroristas, um povo que apenas defende sua cultura e não aceita e jamais aceitará ser expulso de suas terras, pois, são sagradas, resistirão a todo custo. Contudo, esta realidade vivida pelos Mapuches não é apenas uma particularidade deles, mas um plano econômico muito maior que atingirá toda a América Latina, por isso, a soma de forças entre os povos é fundamental para combater este Estado genocida que vem dizimando comunidades inteiras.

Foto-0202Mapuches, Guarani Kaiowá e a luta de todos nós 

Sobre os Mapuches podemos fazer um paralelo com a luta dos Guarani Kaiowá aqui no Brasil, que lutam para defender suas terras contra a expansão do agronegócio e de construções de usinas hidrelétricas, ou seja, o motivo de tanta repressão é histórico, questão econômica, pois, os territórios que pertencem aos Mapuches e aos Guarani Kaiowá são grandes biomas, e como a ganância desta organização social em que vivemos (capitalismo) não tem limite, ela simplesmente procura de todas as formas absorver e  eufemizar com o manto falacioso do desenvolvimento que nada está acontecendo de mal, só para o bem.

Por isso, desarticular, prender e assassinar tem sido a prática de todos os governos. (mesmos os que tinham um alinhamento à esquerda, hoje apenas defendem uma política desenvolvimentista que esmaga gente).

Toda solidariedade aos Mapuches! Tamu junto nesta luta!

Está difícil de viver numa Baixada Santista policiada

Policia fazendo ronda

A ronda que não respeita calçada, praça, semáforo… Muito menos a população pobre.

Como já noticiado aqui no blog, é só chegar alguma data festiva que culmine num feriado prolongado que o efetivo policial na Baixada Santista aumenta espantosamente. Comandos pelas vias principais da cidade, batidas na ciclovia, helicóptero circulando pela areia da praia, motos cruzando praças e calçadas, é isso, a operação de guerra está armada num perverso recorte de classe.

Morador de rua convidado a circular

Morador de rua convidado a circular

É nestes dias que a higienização social acentua-se duramente, afinal, a Senzala não pode ir à Casa Grande sem ser convidada, ela existe apenas para servir e ser a mão de obra que garante a riqueza do sinhozinho e da sinhazinha, enquanto os jagunços mantém a ordem e a segurança.

Ontem dia 02 de fevereiro de 2013 a orla da praia de São Vicente parecia um desfile de sete de setembro, porque a quantidade de militares circulando era espantosa, uma verdadeira ação tarefa mobilizando a PM, a Rota, a Guarda Municipal e a CET. Será que isso garante segurança ou é só para provocar terror?

As duas coisas, segurança para turista e terror para a população pobre, quem não concordar, que fique à vontade para avaliar na prática, basta ficar alguns minutos observando as ações policiais que irá constatar em como a polícia é despreparada, e em suas ações realmente seguem uma cartilha igual aquela nota que o Comando da PM de Campinas apresentou, ” abordar  especialmente indivíduos de cor parda e negra entre 18 e 25 os quais estão sempre em grupo de 3 a 5.

Foto-1522

Policial enquadrando ciclista na ciclovia

Infelizmente o celular que estava sendo utilizado acabou a bateria e há poucas fotos ( mas, dá para ter uma ideia), senão iríamos fundamentar por meio da imagem, uma situação que ocorreu na Praia da Biquinha neste dia 2 de fevereiro em que um grupo de jovens que estavam sentados num banco do calçadão foi abordado por um bando de policiais armados que simplesmente desceram o esculacho em plena luz do dia.

Sendo que um destes jovens tinha 12 anos e ficou o tempo todo sofrendo o assédio dos policiais que o interrogavam perguntando “onde tá o bagulho”. Com a movimentação das pessoas que por ali passavam e queriam entender o que estava ocorrendo os jovens foram convidados a ‘circular” ( jargão da polícia) fomos atrás do garoto de 12 anos, e ele relatou à Rádio da Juventude que um dos policiais disse que não queria vê-lo mais por ali, porque ali não era o lugar dele. Ué, qual o lugar dele então? Ele estava num espaço público. (válido lembrar que esse garoto estava somente de bermuda, quer dizer, qual o perigo que os policiais identificaram  neste menino? Enfim, ele era preto, talvez essa fosse a temeridade)

Policial enquadrando ciclista.

Policial enquadrando ciclista.

Esta é a realidade que explode para essa juventude da periferia e quanto mais adjetivos essa sociedade lhe empurra, em piores condições ela se encontra, ou seja, ser preto, favelado, funkeiro, pobre… Mais perseguido será, pois esses esteriótipos sustentados, infelizmente, para a maioria das pessoas são sinônimos de bandido, ladrão e mau caráter. Não é à toa, que mesmo quando algumas pessoas que passaram e se indignaram com a situação, comentaram: “ah! vai procurar bandido na favela”, enquanto o correto seria: vai procurar bandido em Brasília, é lá que está!

Postagens relacionadas:

Feriado e violência policial em São Vicente

Mais uma abordagem truculenta da Polícia Militar em São Vicente

 

São Vicente: Chega de descaso! Rumo à Organização Popular!

Foto-1441A crítica ao descaso e a incompetência administrativa apontada aos administradores públicos (de ontem e de hoje) da cidade de São Vicente, não é apenas uma retórica ou uma antipatia tinhosa de quem apenas tem o interesse de reclamar e pouco fazer para transformar a realidade. Infelizmente, é antes de tudo, uma realidade que atinge há anos a população vicentina.

Basta sairmos pela cidade, e conversarmos com as pessoas que iremos constatar, principalmente na periferia, a situação de caos que encontra-se o município. Problemas de habitação, de saúde, de alagamentos, de falta de escolas e de creches, de falta de emprego, de transporte, de segurança, de faltas de espaços de lazer e de manifestação cultural… Elencar tudo é uma ação tarefa enorme e resolver é o grande desafio.

Foto-1442Porém, é imprescindível aprendermos com o passado para não cometermos os mesmos erros. Viver hoje numa São Vicente delegando nossas responsabilidades à representantes políticos, é pior que acreditar em Papai Noel, não dá mais! Esperar que “supostas” lideranças resolvam nossos problemas é apostar de novo em algo que ao contrário de solucionar, cria mais problemas do que já temos.

Ficou claro com a nova reconfiguração política que, tudo muda pra continuar como estava, ou seja, tudo vira moeda de barganha, tudo se resume em disputa de poder e não há interesse pelo bem comum, o que há é muita conversa e movimentação de acordo com os próprios interesses politiqueiros, e no final, quem é que paga as contas? O povo.

Por isso, a alternativa viável é desconstruir essa lógica democrática que só é feita de dois em dois anos na hora do voto. É preciso participação permanente, somar forças, criar mecanismos alternativos de luta, ir nas plenárias para questionar projetos, propor, desmascarar e demolir tudo, arrancar o que é nosso, ocupar espaços ociosos e improdutivos e deste modo construir o que nos carece, espaços gestionados pelo povo.

Foto de Felipe Lobo

Foto de Felipe Lobo

Por exemplo: o problema da habitação em São Vicente é seríssimo, entretanto, fica sempre sendo protelado com desculpas esfarrapadas. No Dique Sambaiatuba há um conjunto habitacional pronto que se perdeu no meio da burocracia, e os prédios foram simplesmente abandonados (leia matéria aqui).

Isso é insano se pensarmos que vivemos numa São Vicente com um déficit habitacional enorme, onde famílias vivem em condições sub-humanas, vide o México 70, o Dique do Catarina, do Sambaiatuba, Favelinha da Comeca, do Bitarú, é inumerável, e o que fazer? Esperar o poder público resolver,? Não! Temos mais é que ocupar! Moradia é um direito, exemplo prático, ao lado do Centro de Convenções há um conjunto habitacional pronto, e aí?

Esperar a burocracia ou ocupar? Ocupar. Sim. Porém, isso demanda organização popular, que se traduz também em auto-gestão, que é assumirmos nosso próprio destino para geri-lo da forma como queremos. E se aquilo que queremos é uma vida digna, na qual nossos direitos são garantidos, com certeza não será por meio de ninguém que ele virá. Somente por meio de nossas ações coletivas e solidárias que poderemos construir tudo aquilo que nos é arrancado.

No ano passado, em dezembro, enquanto o mundo todo brincava com a questão do fim do mundo, uma organização popular indígena no México deu um exemplo de resistência e de organização (de forma silenciosa) que nos leva à reflexão do quanto ainda temos que aprender. Disseram em manifesto: “Escutaram? É o som do seu mundo desabando. É o do nosso ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. E noite será o dia que será o dia. Democracia! Liberdade! Justiça!

Este é o caminho. Tempo de fazer desabar promessas e crenças em Billis e Franças. Só a organização popular pode fazer surgir um mundo justo para todos e todas.

Lei que obriga utilização do cartão magnético no transporte público é inconstitucional. Cabe denúncia no Ministério Público

25946_515402968493324_1911446852_nA partir do dia 23 de abril de 2013 quem utiliza o transporte público na cidade de Santos será obrigado a utilizar o cartão magnético, (cartão transporte) pois, não será aceito dinheiro como forma de pagamento.

Essa obrigatoriedade do uso cartão advém do projeto de lei do vereador Geonisio Aguiar (PMDB) o Boquinha, apresentado na câmara dos vereadores de Santos em 9 de maio do ano passado, a lei não foi aprovada. Porém, o atual prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) resolveu aprová-la com a justificativa de que  essa medida irá resolver o problema da dupla função dos motoristas e melhorar a qualidade do transporte, dando maior agilidade no percurso, disse também que haverá investimento na frota. Já o Boquinha autor do projeto declarou que a utilização do cartão também resolverá a questão de vulnerabilidade que estão expostos os motoristas, que por estarem transportando dinheiro correm o risco de assaltos. Essa lei está em vigor em algumas cidades do Brasil, inclusive, foram parar no Ministério Público, e por quê?

Porque a lei é inconstitucional, segundo a Constituição Federal não se pode recusar a moeda corrente no pais. E mesmo que a prefeitura justifique que disponibilizará postos de vendas, segunda a lei, ela estará relativizando a moeda em curso, o que afronta a Constituição enquanto totalidade normativa.

(artigo 43 do Decreto-Lei 3.688/41 de 1941 – permanece com a Constituição de 1988 – apenas com pequena retificação, referente a multa)

Claro, que todos os trâmites para se derrubar por meio de uma ação jurídica é extremamente demorada e desgastante, porém, válida, da mesma forma como a mobilização popular é fundamental neste momento para decidir sobre uma questão que violou um direito constitucional, e que em momento algum esse decreto foi colocado em discussão aberta com a população.

Baixada Santista

Há anos que se discute sobre a questão do transporte público, que ele é ruim, caríssimo, que não deveria ter sido repassado à iniciativa privada e sobre formas de transporte público alternativo, vide a novela do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) que agora, parece que vai… Contudo, na prática o que se efetiva é o desmantelamento total do transporte público, primeiro com a demissão dos cobradores que refletiu na dupla função do motorista, e agora na cidade de Santos com essa lei arbitrária, que não é duvidável que se expanda por toda a região.

A cerca de uma década que essa realidade não muda, e piora cada vez mais! Vivemos como reféns, nas mãos de uma organização mafiosa, que até o momento nenhum tipo de organização foi capaz de fazer o enfrentamento para no mínimo barrar um aumento. Há de citar também que o Sindicato dos Rodoviários, nada fez para barrar a demissão dos cobradores e não permitir a dupla função dos motoristas, além, claro, de palanque em torno do problema.

Consequência: 

Ano após anos a passagem aumenta e assistimos atônitos. A informação não circula, os meios de comunicação que neste caso exerceriam um papel fundamental, pouco se movem e vão sempre no embalo da onda.

Algumas organizações sociais acabam por ir às ruas protestar, o que é muito importante, por exemplo, no ano passado houve uma grande agitação na câmara Municipal de Santos promovida por diversas organizações que exigiram a abertura da planinha de custos e de uma audiência pública. Não conseguiram. Porém, foi fundamental, no sentido de desmascarar a farsa que são os representantes públicos da região, deixando claro, à quem eles servem, e que só entram nessa discussão quando lhes convém, sempre para angariar votos, ou seja, meros interesses políticos pessoais, enquanto os interesses da população que os elegeram são atirados para o lixo. Resultado: a passagem aumenta, a insatisfação também e a população continua sustentando parasitas.

É difícil encontrar uma fórmula que estabeleça parâmetros de como reverter essa realidade, de como mobilizar de forma permanente e construir uma organização popular que retire das mãos dos incompetentes e corruptos as decisões que influenciam nas nossas vidas. Porém, um passo importante além do enfrentamento, é o início de um diálogo constante com a população, isso sem bandeiras, porque elas mais segregam do que contribuem para derrubar as catracas que nos oprimem.

Admitamos ou não, o Prefeito de Santos sacou isso, e foi à campo pegar buzão e vender seu peixe. Enquanto, as esquerdas estão lendo manual em reuniões.

Por um transporte público gestionado pelo povo!

Juventude e o mundo do trabalho que explora

Rapaz

Rapaz vendendo cartões solidários

 (Vistos como mão de obra barata pelo mercado capitalista, o que também contribui para empurrá-los à informalidade, essa é a realidade dos jovens trabalhadores)

A inserção da juventude no mercado de trabalho sempre foi um problema social protelado. Segundo dados de julho de 2012 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) o índice de desemprego entre os jovens é maior do que no caso dos adultos. No Brasil após a crise dos EUA de 2009, (que exportou problemas para o mundo inteiro) apesar da economia ter se mantido aparentemente instável, o problema da escassez de emprego continuou sendo um problema sério que há anos assombra boa parte da classe trabalhadora, principalmente os jovens.

O relatório da OIT apresentou que houve mudanças significativas no que diz respeito ao trabalho decente, apesar de não haver explicações neste relatório do que a OIT entende por trabalho decente.

Em 2005 foi criado o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) que em seu site ressalta que em sete anos de existência (quase oito) importantes conquistas foram obtidas por meio de diálogo entre sociedade civil e o Governo, garantindo assim diretrizes de uma política nacional de juventude. Porém, a maior parte destas conquistas se traduzem em projetos sociais que ao passar dos anos pouco se efetivaram em mecanismos de proteção e de garantias sociais concretas. O que tem revelado de fato, é que esses projetos não mudam a realidade radical das condições de vida da juventude trabalhadora. Na verdade, mascaram com soluções paliativas. (isso sem levar em discussão quem administra, ou promove esses projetos que nem sempre são órgãos públicos)

Resultado: cada nova geração enfrenta os mesmos problemas da geração anterior como: desemprego, educação precária, saúde péssima, falta de espaços de lazer,  de acesso à informação e de acesso à cultura, além de uma infinidades de outras coisas. Ou seja, total falta de perspectiva de uma vida digna, onde cada jovem possa viver segundo suas aspirações e encontre o sentido mais profundo de suas vidas. ( se é, que isso seja possível dentro dessa organização social)

Neoliberalismo 

O avanço de uma política neoliberal, que atualmente atende pelo nome de “desenvolvimento econômico sustentável”,  qual à esquerda que ascendeu ao poder brada cheia de imponência, intensificou ainda mais o processo de desmantelamento dos direitos trabalhistas da classe trabalhadora, formatos de contratos de trabalhos temporários como os serviços de Call Center, Part time e todas as terceirizações e quarterizações absorveram para este mercado principalmente os jovens, e sem nenhuma fiscalização ou lei que regulamente e crie mecanismos de proteção, a verdade é que essa configuração trabalhista deixou a juventude muito mais vulnerável. Desta forma, de um lado é tentar se inserir dentro de um projeto social durante algum tempo, porque os projetos têm exigência de faixa etária e também possuem um tempo para existirem, ou, de outro lado encarar o mundo da informalidade e do subemprego, cujos formatos citados, hoje são os que mais empregam, com isso também os que mais exploram.

E dentro desta precariedade, como se não pudesse piorar, há de se ressaltar as entidades (pilantrópicas) que contratam jovens para pintarem o nariz de palhaço e venderem cartões solidários pelas ruas, e esses jovens apenas recebem um percentual daquilo que vendem (que não é muito), após receberem treinamentos de técnicas de venda com base na solidariedade, pois, estarão prestando um trabalho lindo para a sociedade. (insano, sem contar a venda do sonho de artistas, que é mais uma das coisas vendidas para a juventude)

Diante de tudo isso, cabe à reflexão que, a juventude precisa se organizar, criar contra-posição e construir novos códigos sociais. Toda essa realidade que esmaga como um rolo compressor, tem que ser demolida. Talvez este seja o grande desafio num tempo que passa depressa –  leva nossos sonhos  –  e num acordar de dias iguais, onde o trabalho deixa de ter significado, perdemos as esperanças. Porém, lutar, criar, poder popular sempre!

A juventude trabalhadora somos todos nós!

Cracolândia um ano depois: A violência contra a população de rua. De São Paulo à Santos.

Foto-1204(Dados recentes do Governo do Estado de SP confirmam que no ano de 2012 durante ação ostensiva da polícia ocorreram 1.363 internações de dependentes químicos, após 152.995 abordagens durante o período.)

Um ano depois da Operação Cracolândia, o que realmente mudou? Após uma das ações mais truculentas e arbitrárias promovida pela Governo do Estado de São Paulo que contabilizou na época um saldo de 165 pessoas presas suspeitas de tráfico de drogas, 47 foragidas e 939 encaminhadas ao sistema público de saúde segundo dados da Secretária Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania.

Hoje no centro de SP pouco se vê da tão temida e famigerada cracolândia, porém, isso não significa que o problema tenha sido resolvido, o que houve na verdade, foi um dispersamento das pessoas que ficavam no centro para as regiões periféricas. Ou  seja, o método que o Governo utilizou para resolver não surtiu efeito algum, as pessoas continuam espalhadas pela cidade, constituindo mini- cracolândias, o que prova na prática que a ação ostensiva da operação teve apenas o objetivo de higienização social e não de resolução social.  (critica esta, apontada por intelectuais, pelos movimentos e organizações sociais na época)

O crack

O problema do crack no Brasil, atinge principalmente os moradores de rua, além de ser um problema de saúde pública, também é um problema social gravíssimo, Pois, a maioria das pessoas que vivem nas ruas e que são usuárias de crack, se encontram num processo de desumanização perverso, a maior parte delas perderam o contato com seus familiares, não possuem emprego e nem moradia, o único espaço de sociabilidade que elas têm é a rua, a droga e a garantia de sobrevivência que é esmolar, ou partir para o furto.

Por isso, encontrar a solução para este problema não trata-se simplesmente de colocar essas pessoas à força dentro de um carro de polícia e levá-las ao Sistema Único de Saúde (SUS) e pronto, internação compulsória que tudo será resolvido. (considerando que, o SUS não possui suporte adequado para o atendimento, na verdade, o sistema único de saúde está sucateado, e qualquer tipo de atendimento já carece de profissionais e leitos que possam atender a demanda)

Pois então, ao contrário de um problema apenas de saúde pública, está intrínseco uma discussão de organização social, de ordem econômica e de qual o tipo de sociedade que nós queremos? Não é possível aceitar ou sequer acreditar que atitudes truculentas como foi tomada pelo Governo do Estado de SP levem a alguma solução.

Foto-1309A sociedade do visível/invisível

A população de rua sempre foi vista com uma sociedade visível/invisível, de direitos violados e de deveres cobrados no cassetete, e esse é um dos problemas que os governantes aprenderam a lidar de uma única forma; “higienização social “.

Segundo o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH) de abril de 2011 até março de 2012, 165 moradores de rua foram mortos no Brasil. representa pelo menos uma morte a cada dois dias, a coordenadora do centro, Karina Vieira Alves,  diz que: “as investigações policiais de 113 destes casos não avançaram e ninguém foi identificado e responsabilizado pelos homicídios. O CNDDH também registrou 35 tentativas de homicídios, além de vários casos de lesão corporal.”

Somente em 2011 o disque denúncia, serviço mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, registrou, 453 denúncias relacionadas à violência contra a população de rua. Casos de tortura, negligência, violência sexual, discriminação, entre outros. As unidades da Federação com o maior número de denúncias em termos absolutos foram São Paulo (120), Paraná (55), Minas Gerais e o Distrito Federal, ambos com 33 casos.

Contudo, esses dados não traduzem a real violência que estão submetidos os moradores de rua, pois, muitos dos casos, devido à falta de provas ficam sem apuração e acabam não entrando no rol das estatísticas, por exemplo, em muitos dos casos são estabelecidos conexões com o tráfico de drogas, furtos, brigas, embriagues… O que corrobora para um mascaramento da situação, acentuando ainda mais um processo de criminalização que reforça um esteriótipo de representação social que não contribui em nada, apenas, legitima a ideia de que os moradores de rua são um problema de causa individual, devido a vadiagem, o destino ruim… Além de outras infinidades de justificativas paliativas que não levam em consideração questões de ordem econômica, social e cultural. E quando une-se a ideia de morador de rua + crack aí a discussão entra num viés preconceituoso e moralista.

Foto-1386Na cidade de Santos

Como todos os centros urbanos a cidade de Santos abriga também população de rua – em parte, usuários de crack – numa proporção muito menor, comparada com a do centro de SP, apesar da imprensa local e da Prefeitura compará-la em proporções. O fato, é que Santos enquanto cidade Portuária, historicamente possui boa parte desta área constituída por uma população marginalizada que vive do tráfico, de esmolas, de pequenos furtos, de catar papelão e da prostituição. E como Santos a pouco tempo se tornou a capital do pré-sal, o custo de vida que já era alto aumentou ainda mais, com isso, os marginalizados, principalmente os moradores de rua ficaram sobre vigília e opressão constante da Prefeitura que promove uma descarada higienização social, disfarçada de preocupação social.

Para se ter uma ideia, a maioria dos bairros, desde a orla da praia, passando pelos morros e Zona Noroeste, (área periférica) a especulação imobiliária tem avançado, diversas empresas ocupando áreas que antes eram cortiços, diversos edifícios de alto padrão sendo construídos, enquanto a população periférica é esquecida e cada vez mais sendo empurrada e convidada à se retirar da cidade. Por exemplo, no bairro Vila Mathias onde a maior parte dele é carente de recursos básicos, foi construído a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e está a caminho uma FATEC, ou seja, este bairro tornou-se movimentado por um novo grupo social que ao contrário do anterior, este possui poder aquisitivo, por isso, pode cobrar, ou pagar pela sua segurança, (e ser ouvido) resultado: muitos moradores de rua antes esquecidos pelo poder público, agora são lembrados. Que coisa não?

Contudo, de que forma? Oras, a solução encontrada pela Serviço Social de Santos para resolver este problema, é oferecer abrigo por alguns dias e pressionar para que as pessoas consigam emprego, caso, num espaço de tempo determinado não consigam, recebem uma passagem para que voltem à cidade de origem. Ou seja, deixar a cidade, ou arrumar emprego. Isto é ressocializar? Isto é garantir dignidade as pessoas? Não! Isso é transferência dos problemas, isso é marginalizar, higienizar socialmente.

Continuando…

O que acaba ocorrendo é que a maioria das pessoas voltam para as ruas, e a Prefeitura de Santos preocupada em ser Comitê da Copa do Mundo acaba resolvendo da seguinte forma: utiliza-se de servidores públicos que fazem a limpeza das ruas, que durante o trabalho de limpeza recolhem os pertences de moradores e vão os enxotando, na sequência vem a Guarda Municipal para efetivar prisão se algum morador se revoltar. (como já denunciado aqui no blog, o caso do morador de rua que foi agredido pela Guarda Municipal de Santos, acesse o link.)

Essa é a dura realidade que não podemos ignorar e temos que enfrentar coletivamente.

A grande ironia de tudo isso, é uma das fotos deste post, que contém a bandeira do Brasil, cujo hasteamento foi realizado por moradores de rua de Santos no bairro Vila Mathias na rua Silva Jardim, que é constantemente policiada, e que a população de rua daquele local de tão invisível/visível, nos levam à refletir: para quem é a ordem e para quem é o progresso?

Lixo – A irresponsabilidade administrativa

Foto-1327Foi normalizada a coleta de lixo em São Vicente nesta sexta-feira dia 18 de janeiro de 2013. Muitos bairros ficaram sem a coleta de lixo, e o resultado disso são montantes de lixo que acumulou-se pelas esquinas da cidade. (principalmente os periféricos, pois o centro e a praia teve ação tarefa, por que será?)

A paralisação da coleta deveu-se a greve dos coletores que teve como justificativa a falta de pagamento do vale-alimentação e também segundo reivindicações dos trabalhadores, a falta de segurança que estão submetidos. Legítimo e apoiado a luta dos coletores!

A coleta de lixo em São Vicente é feita pela Termaq uma empresa prestadora de serviço contratada pela Prefeitura e pela CODESAV, Companhia de Desenvolvimento de São Vicente que é uma Sociedade Anônima de capital fechado, classificada como empresa de economia mista que tem como controle acionário e acionista majoritário a Prefeitura de São Vicente –  detentora de 99,99% de suas ações.

Segundo a Prefeitura a diminuição do repasse federal foi o motivo pelo atraso dos pagamentos, contudo, não se trata apenas de atraso quando falamos de uma prestadora de serviço, pois, cabe a prestadora de serviço cumprir o seu contrato, mesma que a verba pública atrase, ela vem, neste caso, o que ficou comprovado foi a falta de fiscalização e compromisso da Prefeitura em garantir o serviço e o pagamento dos trabalhadores. O que prova na prática a delegação de responsabilidades de uma administração pública que vai repassando suas obrigações, favorecendo à iniciativa privada por meio de licitações, o que contribui à precarização das condições de trabalho dos trabalhadores.

Com o palanque armado

A nova administração começou bradando mudanças, mas em novembro demitiu 200 pessoas que pertenciam a frente de trabalho contratados, que como num passe de mágica foram todos demitidos, não receberam o último mês de trabalho, sem contar que esses trabalhadores estavam empregados por meio de um projeto de inserção social, que visava atender pessoas com dificuldades de inserção no mercado de trabalho, ou seja, tiveram seu direitos trabalhistas violados. Interessante ressaltar que esta frente de trabalho foi criada pelo atual Prefeito quando pertencia a Secretaria de Relações do Trabalho. ( A Prefeitura deu como resposta em relação as demissões, que o projeto somente duraria enquanto houvesse receita)

Aspones

Outro ponto à dizer é referente o sindicalismo que pouco ou em nada representam estes trabalhadores, há de se aguçar o olhar em relação estes momentos que são extremamente oportunos para lideranças se promoverem e abocanharem cargos. Pois, uma coisa tem que ficar claro, esses trabalhadores prestam um serviço de extrema importância para a sociedade e são remunerados com salários risórios, cadê a luta? Cadê a luta contra as terceirizações do serviço público? Essa história de projeto é pura balela para explorar o suor dos trabalhadores.

Uma coisa é certa: a população precisa se organizar!

Para que uma encenação de um milhão de reais, enquanto está faltando alimento nas escolas e nas creches municipais?

64686_107766022725870_1357241847_nÉ um absurdo! Como fora todos os outros anos em que eram gastos em torno de seis milhões na encenação da Vila de São Vicente. Neste ano será gasto um milhão ( o tal do ator Casa Grande vai levar R$ 60,00) é muito dinheiro para uma cidade endividada querer gastar todo esse dinheiro só porque o tal espetáculo é considerado o maior espetáculo em areia de praia do mundo e faz parte da tradição histórica da cidade (que história? Que Martim Afonso veio aqui e mandou matar todos os índios, enquanto os jesuítas fincavam a cruz na cultura guarani, até quando vamos aceitar isso?)

Oras, raciocinemos, uma cidade quebrada que colocou na rua um monte de trabalhadores, está em dívida com o funcionalismo público, possui apenas um hospital público que está aos cacos, tem um transporte público de péssima qualidade, problemas de habitação seríssimos, falta de alimentos nas creches e nas escolas, falta de empregos e oportunidades em todos os sentidos. (é considerada uma cidade dormitório) É ou não, uma insanidade revoltante gastar todo esse dinheiro e pedir de ingresso essa ajuda solidária? (puro desrespeito)

Analisem, não é possível o grau de ignorância política que atingimos, representantes tacanhos que não representam nada e Organizações Sociais omissas, silenciadas por uma pasta, um cargo, uma mentira perversa que ninguém se encoraja a desafiar, enquanto isso, a cidade afunda numa realidade abrupta onde quem mais paga com isso é o trabalhador, aquele que tem que pagar aluguel caro, ou morar numa casa de condições precárias porque brincam de fazer política nessa cidade, é também aquele com o filho numa fila imensa do CREI, implorando por um atendimento, a juventude que não tem perspectiva de futuro real, apenas mentiras embaladas que as vendem em projetos assistenciais que mascaram a realidade e injeta dinheiro no bolso de entidades pilantrópicas.

Chegamos num ponto em que a cidade está largada, o novo Prefeito reconfigurou sua administração aos mesmos moldes da antiga, o quadro político é o mesmo, basta ver quem são os secretários, esse enxugamento da máquina administrativa foi um tiro certeiro na classe trabalhadora.

Ele reclama dos cargos de confiança, mas o diretor da encenação de um milhão de reais é o mesmo que fez propaganda para ele durante a campanha, coincidência? Não! Tudo é uma troca de favores em São Vicente. Tudo é um toma lá dá cá.

Está mais do que na hora de perdermos a paciência!!!

Das necessidades e das propriedades privadas…

Foto-1306A sociedade invisível existe porque nos acostumamos a ignorar os nossos problemas sociais, nos refugiando em nosso pequeno mundo particular no qual apenas cabem nossos anseios, as nossas necessidades e a nossa propriedade privada.

Típico da sociedade capitalista, onde o ter antes do ser, não é só um problema quando nos empurram para uma sintomática distorção da realidade que nos obriga a viver longe de nossa essência e a transformar tudo em produto de compra e venda, ele é ainda mais perverso quando nos faz pensar e perceber o outro como o nosso inferno.

caminhandoPor isso, os problemas sociais são ignorados com tamanha facilidade e rejeição. Por isso também a naturalidade de se andar pelas ruas e ver gente dormindo/morando nas calçadas e nas praças, tornou-se algo tão comum que se perde no cenário cotidiano de uma vida sem tempo, coisificada e insensível.

Está aí uma falta de preocupação absurda que nos permeia até mesmo quando discutimos filosofias e apontamos idéias mirabolantes dentro das Universidades, dos espaços de discussão, na roda de amigos… Contudo, somos incapazes de ao nosso redor, agir sobre a realidade.

Foto-1203E muitas vezes quando essa preocupação torna-se ação, é de forma assistencial, paternalista, ou evangelizadora, obedecendo a uma lógica de enobrecimento, de ajuda solidária, porém, míope e atravessada que contribui muito mais para a manutenção e para a naturalização dos problemas, do que para uma mudança social radical.

Exemplos:

O caso Pinheirinhos o Estado entendeu que a propriedade particular é mais importante que o direito à moradia de mais de cinco mil pessoas.

Em Belo Monte o Estado entendeu que a construção de uma Usina Hidroelétrica que irá funcionar cerca de três meses ao ano é mais importante que aproximadamente 5.500 índios, 30 mil famílias que serão despejadas e todo o impacto ambiental ao Parque do Xingu.

Na Cracolândia um problema social e de saúde pública o Estado entendeu que a higienização social é a melhor solução.

Foto-1095Triste mais real, essa é a realidade que significamos dia a dia, vigiados, entretidos com o espetáculo televiso e oprimidos por um estado de coisas que cega e só contribui para proliferar a estupidez e a ignorância.

E aí, como mudar? Como transformar essa realidade abrupta? Como o discurso e a prática podem se aliar de forma efetiva?

 

ONGs ou Organizações Semi Governamentais?

Fazem cerca de 30 anos, desde meados da década de 1980, que se fazem assim conhecidas as chamadas Organizações Não Governamentais – ONGs, presentes desde então em nosso cotidiano. Uma assunção de parte da sociedade civil organizada de tendência inicialmente não governamental ou não empresarial sobre ações de interesse público teve certamente seu lado positivo em nossa realidade pós-anistia em meio à Ditadura Civil Militar e sob a transição sob controle das Forças Armadas.

O processo de abertura se dava sob os auspícios das mesmas elites, promovendo a continuidade em diversos aspectos da vida social e econômica do país que permanecem até os dias de hoje. Assim chegam os anos 90, uma democracia burguesa e com pés de barro, simbolizados com a eleição de ícones da Ditadura Civil Militar nos poderes executivo e legislativo, e com a permanência dos velhos figurões no judiciário. As tais Organizações Não Governamentais – ONGs ganham projeção nacional neste estado fragilmente democrático e mais de direita do que de direito. À frente do poder executivo estavam os defensores do neoliberalismo, propagando o Estado Mínimo no atendimento das Politicas Públicas mais básicas, em contraste com a Polícia Máxima.

É este o nicho que se abre para a atuação das ONGs, muitas delas já com boas experiências em áreas como a educação popular e a organização de base, assim como na defesa ambiental, que se faz cada vez mais visível e importante. Contrabalançando-se às iniciativas populares de base solidária, diversas destas entidades rendem-se a partir desta mesma década de 1990 ao canto da sereia de financiadores nacionais e internacionais do campo da iniciativa privada capitalista por um lado, e por outro, da política partidária, angariando cargos de confiança nas esferas municipais, estaduais e federais, e concorrendo em editais direcionados para o financiamento público de seus projetos particulares, chegando ao final desta década a serem absorvidas dentro do marco legal das parcerias público-privadas. Neste momento surgem as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs, algumas delas instituições sérias, outras, a maior parte, agindo em sintonia com a velha promiscuidade ibérica de utilização da coisa pública, sejam bens ou serviços, para fins privados.

Desta forma, ao longo dos anos, as limitações de organizações desta natureza proporcionaram-nos cada vez mais o entendimento de que sua integração com o sistema estatal/governamental e capitalista, transformou-as, em realidade, de Organizações Não Governamentais – ONGs, no que se podem chamar de Organizações Semi Governamentais, escalando cargos estatais e captando dividendos junto à iniciativa privada. De forma anti democrática e interessada inserem-se nas esferas de decisão por meio do tráfico de influências e de informação e acessam o erário público por meio de licitações fraudulentas. Desta forma, o sentido da palavra Organização Não Governamental está na berlinda, cabendo hoje stricto sensu apenas a entidades minoritárias que se identificam muito mais com outras iniciativas populares e Movimentos Sociais do que com aquelas entidades que são hoje verdadeiras empresas capitalistas e escritórios partidários, e que, como lobos que se escondem sob pele de cordeiro e insistem na fachada de “ONGs”.

Hoje, na era neopopulista do novo milênio inaugurada por Lula e o PT, esta realidade torna-se ainda mais consolidada, fazendo das instituições públicas verdadeiros cabides de emprego de conhecidos “ongueiros” e transferindo responsabilidades públicas a entidades papa-níqueis que, alçando escaladas mais altas, espreitam o volume de recursos manejados pelo Congresso e Presidência da República. Frente ao fracasso das ONGs como alternativa no sentido da mobilização popular, como já creram alguns de seus sinceros defensores, excetuando-se aquelas que ainda sobrevivem aos seguidos golpes da cooptação, o Movimento Popular deve prosseguir construindo suas próprias fórmulas de auto-organização e autogestão, renunciando vínculos a partidos e a financiadores interessados das empresas capitalistas e suas fundações, que buscam lançar migalhas à população como forma de legalizar sua sonegação de impostos. É com base na Solidariedade da nossa Classe e na Organização Popular que poderemos superar o atrelamento e a dependência frente ao Estado e ao Capital, para construirmos a nossa Emancipação Social, nossa Libertação.