Eu quero em São Vicente um carnaval libertário!

No ano passado uma decisão judicial do Ministério Público (MP) proibiu qualquer  tipo de manifestação na vias principais do Município de São Vicente, seja ela de cunho religioso, cultural, esportivo, cívico ou de livre-iniciativa. Essa  decisão é do juiz da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Vicente, Eurípedes Gomes Faim Filho, que atendeu ao pedido da Promotoria.

Muitas criticas surgiram, principalmente por aqueles setores que foram prejudicados com a lei. Na época uma pequena mobilização percorreu as ruas de São Vicente em busca de assinaturas para um abaixo assinado em prol da liberdade de expressão, houve petição na internet e até tuitaço, o que não surtiu efeito algum. E como se tudo não pudesse piorar, na sequência houve o bloqueio de apresentações artísticas no Parque Cultural Vila de São Vicente, deixando muita gente que frequentava o parque, indignada, pois, a cidade no quesito “cultura” é um problema, e com mais esse impedimento a impressão que causou foi que tudo aquilo que era de graça, popular e que possibilitava artistas locais a apresentarem sua arte, estava sendo desmantelado de vez. Algumas discussões ocorreram, vídeos circularam para promover o debate, mas a liberdade de expressão entrou num caminho obscuro…

Na verdade, houve pouco diálogo com a população sobre o que estava ocorrendo, o próprio slogan da campanha  “Pelo Direito de Livre Manifestações – Diga Não a Intolerância – Por uma cultura de paz” ( com direito a foto do ator  inglês Hugh Laurie que fez o protagonista da série Dr. House) que percorreu as ruas não deixava claro o que representava essa lei e quais seus efeitos práticos, e como em ano de eleição tudo vira moeda de troca para angariar votos, é bem provável que as pessoas que tiveram acesso à informação não entenderam o que representava de fato para embarcar na cruzada.

ba_baianas01Hoje, após quase um ano da lei ter entrado em vigor, a discussão tornou-se ácida, pois a Prefeitura em pronunciamento nesta última segunda-feira (4) disse por meio de seu Secretário de Cultura Amauri Alves que irá acatar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Com isso, muita gente ficou indignada e pelas redes sociais expressaram repúdio e colocaram que, há de acontecer um enfrentamento direto, que os blocos carnavalescos devem burlar a lei e irem para as ruas, há também um manifesto percorrendo as redes dizendo que as pessoas devem comparecer na concentração do maior bloco carnavalesco da cidade, o das Ba-baianas, existente há 76 anos, um bloco tradicional que agrega uma quantidade massiva de foliões que sai do Parque Bitarú, cruza todo o centro da cidade e termina na praia.

Podemos afirmar sem sombras de dúvidas que este bloco é uma iniciativa popular de carnaval de rua tão forte que é impossível de conter por meio de uma lei, inclusive a presidente do bloco, Regina Dias preocupada com a questão, disse que irá comunicar os foliões, mas, de acordo com as manifestações que estão ocorrendo pela rede, o bloco vai para a rua em ato de protesto. Afinal, o formato do bloco é de iniciativa livre, ou seja, as pessoas vão aderindo à ele durante o percurso de forma natural, e assim ele vai se construindo, resultado: como se pode evitar isso? ( preocupante, pois, a Prefeitura anunciou que vai intensificar a fiscalização e o efetivo policial para coibir)

Pois é, a ignorância dos governantes ( no sentido de ignorar) é tão grande, e deixa claro o quanto São Vicente tem uma visão provinciana, sem a menor sensibilidade de entender que bloquear o carnaval de rua, é atingir o cerne de uma das maiores expressões culturais brasileiras ( e popular, o mais interessante) e também podemos tirar como conclusão que, quem faz as leis não está conectado com a realidade, e a lei é sempre um produto vindo de cima para baixo que não atende aos interesses  da população.

Em cidades do nordeste brasileiro, por exemplo, nas de Pernambuco onde os blocos de rua tem um significado e uma força popular muito grande, diferente dos espetáculos apoteóticos, é impossível pensar na proibição de tal evento. Segundo os números oficiais do Carnaval Multicultural de Pernambuco realizado em 2012, foram: 300 atrações nos palcos, 325 shows, 800 apresentações de agremiações em polos descentralizados, 8 polos no centro, 9 polos decentralizados e 42 polos comunitários. O Bairro do Recife teve um público de 600 mil pessoas por dia. E na economia injetou R$ 773,6 milhões.

Ok, podemos dizer que em Pernambuco há uma industria do carnaval, enquanto em São Vicente estamos longe disso. Correto? Até porque neste ponto abre-se outra discussão, afinal, nós da Rádio da Juventude queremos um carnaval gestionado pelo povo. Entretanto, a analogia é apenas para visualizarmos o quanto existe de um pensamento raso na forma como está sendo discutido essa questão, e como toda esta miopia favorece os grupos de interesse que se aproveitam deste momento para se articularem usando o povo como massa de manobra, atacando uns aos outros, mas, são todos farinha do meu saco querendo palanque.

O momento político de São Vicente

A cidade de São Vicente está num momento delicado de transição política, os serviços públicos estão completamente sucateados, nem o governo de ontem resolveu e nem o de hoje com certeza irá, mas, a disputa politica partidária está usando de todas as maneiras possíveis para amarrar a população e legitimar suas bandeiras. Isso resultará em quê? Fica à reflexão. Pois, colocar o bloco na rua e enfrentar a polícia e um governo reacionário é legitimo, mas devemos levar todas as nossas bandeiras: da educação, da saúde, do emprego, da cultura, da informação e de tudo que nos é arrancado dia a dia. Sem contar também que há de se colocar essa discussão em pauta com toda a comunidade, se existem pessoas que estão sendo prejudicadas com as manifestações nas vias públicas, elas também têm o direito de serem ouvidas. Este é o ponto, abrirmos ao debate e discutirmos levando em consideração todas as partes, e coletivamente decidirmos o que é melhor para toda a comunidade vicentina. ( sem lei que oprima)

O carnaval é uma das manifestações culturais mais legitimas que existe, vinda de um povo que a 500 anos aprendeu a resistir e com muita criatividade criou formas de expressões riquíssimas, contudo, a lógica da sociedade em que vivemos é transformar tudo em mercadoria, e os grupos de interesse, velhas raposas treinadas no jogo da manipulação, são habilidosos em usar o povo como massa de manobra. É tempo de subverter isso, se queremos blocos nas ruas, precisamos de autonomia para realmente sermos protagonistas de nossas formas de produção, e deste modo, ninguém usar dos nossos sonhos e das nossas lutas para nos explorar e nos vender como objetos.

É isso, São Vicente precisa de um carnaval libertário! Livre para todas as expressões e formas livre de se viver.  Sem preconceito de credo, cor ou grupo social!

Um carnaval do povo feito pelo povo!

São Paulo: Manifestação em solidariedade aos presos políticos no Chile

Foto-0190Nesta segunda-feira dia 4 de janeiro de 2013 cerca de vinte pessoas estiveram por volta das 11h em frente ao Consulado Chileno para exigir que o Governo do Chile liberte das prisões lideranças do povo Mapuche. O grupo não conseguiu falar com nenhuma autoridade, mas, foi à rua dialogar com a população sobre a quantidade de prisões arbitrárias que estão ocorrendo no Chile e sobre toda a comunidade Mapuche que está sendo dizimada. Ao término do ato o grupo decidiu tornar constante os protestos em solidariedade aos Mapuches e mobilizar outras organizações para aderirem a luta.

Quem são os Mapuches?

Os Mapuches, “pessoas da terra” é uma etnia indígena que vive no Chile, e desde a invasão espanhola lutam para defender suas tradições, seus costumes, sua cultura e suas terras, que consideram não apenas como áreas de plantio, de caça e de pesca, mas, também terras sagradas onde toda a ancestralidade Mapuche reside, por isso, eles não reconhecem a soberania chilena sobre os territórios onde estão suas comunidades e resistentemente vem travando uma luta contra o Governo do Chile que tem desencadeado uma violenta repressão, utilizando de aparatos do próprio Estado. Exemplo disso, é que parte dos territórios no sul do país, onde há comunidades Mapuches, essas áreas encontram-se militarizadas, os “Carabineiros” possuem bases especiais com única e especifica função, reprimir manifestações. ( os carabineiros são um tipo de polícia ostensiva de defesa civil, de defesa nacional, isso, segundo o governo, mas, na verdade sua única função é conter atos de protesto, poderíamos fazer uma comparação com o choque e agora com as UPPs que existem por única finalidade)

A prisão de Milary Huichalaf

Considerados terroristas, as prisões chilenas estão cheias de nativos Mapuches desde os tempos da ditadura Pinochet, quando foi instituída uma lei Antiterrorista que ampliou a perseguição e a criminalização do povo Mapuche. Hoje na América Latina a luta deste povo é um exemplo de resistência e ofensiva, da mesma forma como os Zapatistas no México, seu nível de organização, talvez, seja o que mais assusta o Governo Chileno. Por isso, nos últimos dias aconteceram: um espancamento à uma mulher e outras três foram presas, uma delas era Milary Huichalaf não só líder política, mas também espiritual. O que representa que este ataque do Estado é para desestruturar espiritualmente a comunidade Mapuche, já que Milary é uma liderança espiritual muito importante em sua comunidade.

Milary esteve no Brasil ano passado participando do Tribunal Popular da Terra em São Paulo no bairro Parque Santo Antônio, o Tribunal foi um júri popular que reuniu diversas organizações do país que colocaram o Estado no banco dos réus, o considerando culpado por todos os seus crimes contra a população pobre, preta, indígena, kilombola, homossexual e todo grupo social ou pessoa que vive na pele a opressão promovida pelo Estado.

Nos momentos em que Milary falou, pontuou que, hoje tem a certeza de que o Governo Chileno quer de qualquer forma eliminar o povo Mapuche, utilizando da violência, e legitimando por meio de difamações, chamando os Mapuches de terroristas, um povo que apenas defende sua cultura e não aceita e jamais aceitará ser expulso de suas terras, pois, são sagradas, resistirão a todo custo. Contudo, esta realidade vivida pelos Mapuches não é apenas uma particularidade deles, mas um plano econômico muito maior que atingirá toda a América Latina, por isso, a soma de forças entre os povos é fundamental para combater este Estado genocida que vem dizimando comunidades inteiras.

Foto-0202Mapuches, Guarani Kaiowá e a luta de todos nós 

Sobre os Mapuches podemos fazer um paralelo com a luta dos Guarani Kaiowá aqui no Brasil, que lutam para defender suas terras contra a expansão do agronegócio e de construções de usinas hidrelétricas, ou seja, o motivo de tanta repressão é histórico, questão econômica, pois, os territórios que pertencem aos Mapuches e aos Guarani Kaiowá são grandes biomas, e como a ganância desta organização social em que vivemos (capitalismo) não tem limite, ela simplesmente procura de todas as formas absorver e  eufemizar com o manto falacioso do desenvolvimento que nada está acontecendo de mal, só para o bem.

Por isso, desarticular, prender e assassinar tem sido a prática de todos os governos. (mesmos os que tinham um alinhamento à esquerda, hoje apenas defendem uma política desenvolvimentista que esmaga gente).

Toda solidariedade aos Mapuches! Tamu junto nesta luta!

Está difícil de viver numa Baixada Santista policiada

Policia fazendo ronda

A ronda que não respeita calçada, praça, semáforo… Muito menos a população pobre.

Como já noticiado aqui no blog, é só chegar alguma data festiva que culmine num feriado prolongado que o efetivo policial na Baixada Santista aumenta espantosamente. Comandos pelas vias principais da cidade, batidas na ciclovia, helicóptero circulando pela areia da praia, motos cruzando praças e calçadas, é isso, a operação de guerra está armada num perverso recorte de classe.

Morador de rua convidado a circular

Morador de rua convidado a circular

É nestes dias que a higienização social acentua-se duramente, afinal, a Senzala não pode ir à Casa Grande sem ser convidada, ela existe apenas para servir e ser a mão de obra que garante a riqueza do sinhozinho e da sinhazinha, enquanto os jagunços mantém a ordem e a segurança.

Ontem dia 02 de fevereiro de 2013 a orla da praia de São Vicente parecia um desfile de sete de setembro, porque a quantidade de militares circulando era espantosa, uma verdadeira ação tarefa mobilizando a PM, a Rota, a Guarda Municipal e a CET. Será que isso garante segurança ou é só para provocar terror?

As duas coisas, segurança para turista e terror para a população pobre, quem não concordar, que fique à vontade para avaliar na prática, basta ficar alguns minutos observando as ações policiais que irá constatar em como a polícia é despreparada, e em suas ações realmente seguem uma cartilha igual aquela nota que o Comando da PM de Campinas apresentou, ” abordar  especialmente indivíduos de cor parda e negra entre 18 e 25 os quais estão sempre em grupo de 3 a 5.

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Policial enquadrando ciclista na ciclovia

Infelizmente o celular que estava sendo utilizado acabou a bateria e há poucas fotos ( mas, dá para ter uma ideia), senão iríamos fundamentar por meio da imagem, uma situação que ocorreu na Praia da Biquinha neste dia 2 de fevereiro em que um grupo de jovens que estavam sentados num banco do calçadão foi abordado por um bando de policiais armados que simplesmente desceram o esculacho em plena luz do dia.

Sendo que um destes jovens tinha 12 anos e ficou o tempo todo sofrendo o assédio dos policiais que o interrogavam perguntando “onde tá o bagulho”. Com a movimentação das pessoas que por ali passavam e queriam entender o que estava ocorrendo os jovens foram convidados a ‘circular” ( jargão da polícia) fomos atrás do garoto de 12 anos, e ele relatou à Rádio da Juventude que um dos policiais disse que não queria vê-lo mais por ali, porque ali não era o lugar dele. Ué, qual o lugar dele então? Ele estava num espaço público. (válido lembrar que esse garoto estava somente de bermuda, quer dizer, qual o perigo que os policiais identificaram  neste menino? Enfim, ele era preto, talvez essa fosse a temeridade)

Policial enquadrando ciclista.

Policial enquadrando ciclista.

Esta é a realidade que explode para essa juventude da periferia e quanto mais adjetivos essa sociedade lhe empurra, em piores condições ela se encontra, ou seja, ser preto, favelado, funkeiro, pobre… Mais perseguido será, pois esses esteriótipos sustentados, infelizmente, para a maioria das pessoas são sinônimos de bandido, ladrão e mau caráter. Não é à toa, que mesmo quando algumas pessoas que passaram e se indignaram com a situação, comentaram: “ah! vai procurar bandido na favela”, enquanto o correto seria: vai procurar bandido em Brasília, é lá que está!

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Feriado e violência policial em São Vicente

Mais uma abordagem truculenta da Polícia Militar em São Vicente

 

Cracolândia um ano depois: A violência contra a população de rua. De São Paulo à Santos.

Foto-1204(Dados recentes do Governo do Estado de SP confirmam que no ano de 2012 durante ação ostensiva da polícia ocorreram 1.363 internações de dependentes químicos, após 152.995 abordagens durante o período.)

Um ano depois da Operação Cracolândia, o que realmente mudou? Após uma das ações mais truculentas e arbitrárias promovida pela Governo do Estado de São Paulo que contabilizou na época um saldo de 165 pessoas presas suspeitas de tráfico de drogas, 47 foragidas e 939 encaminhadas ao sistema público de saúde segundo dados da Secretária Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania.

Hoje no centro de SP pouco se vê da tão temida e famigerada cracolândia, porém, isso não significa que o problema tenha sido resolvido, o que houve na verdade, foi um dispersamento das pessoas que ficavam no centro para as regiões periféricas. Ou  seja, o método que o Governo utilizou para resolver não surtiu efeito algum, as pessoas continuam espalhadas pela cidade, constituindo mini- cracolândias, o que prova na prática que a ação ostensiva da operação teve apenas o objetivo de higienização social e não de resolução social.  (critica esta, apontada por intelectuais, pelos movimentos e organizações sociais na época)

O crack

O problema do crack no Brasil, atinge principalmente os moradores de rua, além de ser um problema de saúde pública, também é um problema social gravíssimo, Pois, a maioria das pessoas que vivem nas ruas e que são usuárias de crack, se encontram num processo de desumanização perverso, a maior parte delas perderam o contato com seus familiares, não possuem emprego e nem moradia, o único espaço de sociabilidade que elas têm é a rua, a droga e a garantia de sobrevivência que é esmolar, ou partir para o furto.

Por isso, encontrar a solução para este problema não trata-se simplesmente de colocar essas pessoas à força dentro de um carro de polícia e levá-las ao Sistema Único de Saúde (SUS) e pronto, internação compulsória que tudo será resolvido. (considerando que, o SUS não possui suporte adequado para o atendimento, na verdade, o sistema único de saúde está sucateado, e qualquer tipo de atendimento já carece de profissionais e leitos que possam atender a demanda)

Pois então, ao contrário de um problema apenas de saúde pública, está intrínseco uma discussão de organização social, de ordem econômica e de qual o tipo de sociedade que nós queremos? Não é possível aceitar ou sequer acreditar que atitudes truculentas como foi tomada pelo Governo do Estado de SP levem a alguma solução.

Foto-1309A sociedade do visível/invisível

A população de rua sempre foi vista com uma sociedade visível/invisível, de direitos violados e de deveres cobrados no cassetete, e esse é um dos problemas que os governantes aprenderam a lidar de uma única forma; “higienização social “.

Segundo o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH) de abril de 2011 até março de 2012, 165 moradores de rua foram mortos no Brasil. representa pelo menos uma morte a cada dois dias, a coordenadora do centro, Karina Vieira Alves,  diz que: “as investigações policiais de 113 destes casos não avançaram e ninguém foi identificado e responsabilizado pelos homicídios. O CNDDH também registrou 35 tentativas de homicídios, além de vários casos de lesão corporal.”

Somente em 2011 o disque denúncia, serviço mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, registrou, 453 denúncias relacionadas à violência contra a população de rua. Casos de tortura, negligência, violência sexual, discriminação, entre outros. As unidades da Federação com o maior número de denúncias em termos absolutos foram São Paulo (120), Paraná (55), Minas Gerais e o Distrito Federal, ambos com 33 casos.

Contudo, esses dados não traduzem a real violência que estão submetidos os moradores de rua, pois, muitos dos casos, devido à falta de provas ficam sem apuração e acabam não entrando no rol das estatísticas, por exemplo, em muitos dos casos são estabelecidos conexões com o tráfico de drogas, furtos, brigas, embriagues… O que corrobora para um mascaramento da situação, acentuando ainda mais um processo de criminalização que reforça um esteriótipo de representação social que não contribui em nada, apenas, legitima a ideia de que os moradores de rua são um problema de causa individual, devido a vadiagem, o destino ruim… Além de outras infinidades de justificativas paliativas que não levam em consideração questões de ordem econômica, social e cultural. E quando une-se a ideia de morador de rua + crack aí a discussão entra num viés preconceituoso e moralista.

Foto-1386Na cidade de Santos

Como todos os centros urbanos a cidade de Santos abriga também população de rua – em parte, usuários de crack – numa proporção muito menor, comparada com a do centro de SP, apesar da imprensa local e da Prefeitura compará-la em proporções. O fato, é que Santos enquanto cidade Portuária, historicamente possui boa parte desta área constituída por uma população marginalizada que vive do tráfico, de esmolas, de pequenos furtos, de catar papelão e da prostituição. E como Santos a pouco tempo se tornou a capital do pré-sal, o custo de vida que já era alto aumentou ainda mais, com isso, os marginalizados, principalmente os moradores de rua ficaram sobre vigília e opressão constante da Prefeitura que promove uma descarada higienização social, disfarçada de preocupação social.

Para se ter uma ideia, a maioria dos bairros, desde a orla da praia, passando pelos morros e Zona Noroeste, (área periférica) a especulação imobiliária tem avançado, diversas empresas ocupando áreas que antes eram cortiços, diversos edifícios de alto padrão sendo construídos, enquanto a população periférica é esquecida e cada vez mais sendo empurrada e convidada à se retirar da cidade. Por exemplo, no bairro Vila Mathias onde a maior parte dele é carente de recursos básicos, foi construído a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e está a caminho uma FATEC, ou seja, este bairro tornou-se movimentado por um novo grupo social que ao contrário do anterior, este possui poder aquisitivo, por isso, pode cobrar, ou pagar pela sua segurança, (e ser ouvido) resultado: muitos moradores de rua antes esquecidos pelo poder público, agora são lembrados. Que coisa não?

Contudo, de que forma? Oras, a solução encontrada pela Serviço Social de Santos para resolver este problema, é oferecer abrigo por alguns dias e pressionar para que as pessoas consigam emprego, caso, num espaço de tempo determinado não consigam, recebem uma passagem para que voltem à cidade de origem. Ou seja, deixar a cidade, ou arrumar emprego. Isto é ressocializar? Isto é garantir dignidade as pessoas? Não! Isso é transferência dos problemas, isso é marginalizar, higienizar socialmente.

Continuando…

O que acaba ocorrendo é que a maioria das pessoas voltam para as ruas, e a Prefeitura de Santos preocupada em ser Comitê da Copa do Mundo acaba resolvendo da seguinte forma: utiliza-se de servidores públicos que fazem a limpeza das ruas, que durante o trabalho de limpeza recolhem os pertences de moradores e vão os enxotando, na sequência vem a Guarda Municipal para efetivar prisão se algum morador se revoltar. (como já denunciado aqui no blog, o caso do morador de rua que foi agredido pela Guarda Municipal de Santos, acesse o link.)

Essa é a dura realidade que não podemos ignorar e temos que enfrentar coletivamente.

A grande ironia de tudo isso, é uma das fotos deste post, que contém a bandeira do Brasil, cujo hasteamento foi realizado por moradores de rua de Santos no bairro Vila Mathias na rua Silva Jardim, que é constantemente policiada, e que a população de rua daquele local de tão invisível/visível, nos levam à refletir: para quem é a ordem e para quem é o progresso?

Lixo – A irresponsabilidade administrativa

Foto-1327Foi normalizada a coleta de lixo em São Vicente nesta sexta-feira dia 18 de janeiro de 2013. Muitos bairros ficaram sem a coleta de lixo, e o resultado disso são montantes de lixo que acumulou-se pelas esquinas da cidade. (principalmente os periféricos, pois o centro e a praia teve ação tarefa, por que será?)

A paralisação da coleta deveu-se a greve dos coletores que teve como justificativa a falta de pagamento do vale-alimentação e também segundo reivindicações dos trabalhadores, a falta de segurança que estão submetidos. Legítimo e apoiado a luta dos coletores!

A coleta de lixo em São Vicente é feita pela Termaq uma empresa prestadora de serviço contratada pela Prefeitura e pela CODESAV, Companhia de Desenvolvimento de São Vicente que é uma Sociedade Anônima de capital fechado, classificada como empresa de economia mista que tem como controle acionário e acionista majoritário a Prefeitura de São Vicente –  detentora de 99,99% de suas ações.

Segundo a Prefeitura a diminuição do repasse federal foi o motivo pelo atraso dos pagamentos, contudo, não se trata apenas de atraso quando falamos de uma prestadora de serviço, pois, cabe a prestadora de serviço cumprir o seu contrato, mesma que a verba pública atrase, ela vem, neste caso, o que ficou comprovado foi a falta de fiscalização e compromisso da Prefeitura em garantir o serviço e o pagamento dos trabalhadores. O que prova na prática a delegação de responsabilidades de uma administração pública que vai repassando suas obrigações, favorecendo à iniciativa privada por meio de licitações, o que contribui à precarização das condições de trabalho dos trabalhadores.

Com o palanque armado

A nova administração começou bradando mudanças, mas em novembro demitiu 200 pessoas que pertenciam a frente de trabalho contratados, que como num passe de mágica foram todos demitidos, não receberam o último mês de trabalho, sem contar que esses trabalhadores estavam empregados por meio de um projeto de inserção social, que visava atender pessoas com dificuldades de inserção no mercado de trabalho, ou seja, tiveram seu direitos trabalhistas violados. Interessante ressaltar que esta frente de trabalho foi criada pelo atual Prefeito quando pertencia a Secretaria de Relações do Trabalho. ( A Prefeitura deu como resposta em relação as demissões, que o projeto somente duraria enquanto houvesse receita)

Aspones

Outro ponto à dizer é referente o sindicalismo que pouco ou em nada representam estes trabalhadores, há de se aguçar o olhar em relação estes momentos que são extremamente oportunos para lideranças se promoverem e abocanharem cargos. Pois, uma coisa tem que ficar claro, esses trabalhadores prestam um serviço de extrema importância para a sociedade e são remunerados com salários risórios, cadê a luta? Cadê a luta contra as terceirizações do serviço público? Essa história de projeto é pura balela para explorar o suor dos trabalhadores.

Uma coisa é certa: a população precisa se organizar!

ONGs ou Organizações Semi Governamentais?

Fazem cerca de 30 anos, desde meados da década de 1980, que se fazem assim conhecidas as chamadas Organizações Não Governamentais – ONGs, presentes desde então em nosso cotidiano. Uma assunção de parte da sociedade civil organizada de tendência inicialmente não governamental ou não empresarial sobre ações de interesse público teve certamente seu lado positivo em nossa realidade pós-anistia em meio à Ditadura Civil Militar e sob a transição sob controle das Forças Armadas.

O processo de abertura se dava sob os auspícios das mesmas elites, promovendo a continuidade em diversos aspectos da vida social e econômica do país que permanecem até os dias de hoje. Assim chegam os anos 90, uma democracia burguesa e com pés de barro, simbolizados com a eleição de ícones da Ditadura Civil Militar nos poderes executivo e legislativo, e com a permanência dos velhos figurões no judiciário. As tais Organizações Não Governamentais – ONGs ganham projeção nacional neste estado fragilmente democrático e mais de direita do que de direito. À frente do poder executivo estavam os defensores do neoliberalismo, propagando o Estado Mínimo no atendimento das Politicas Públicas mais básicas, em contraste com a Polícia Máxima.

É este o nicho que se abre para a atuação das ONGs, muitas delas já com boas experiências em áreas como a educação popular e a organização de base, assim como na defesa ambiental, que se faz cada vez mais visível e importante. Contrabalançando-se às iniciativas populares de base solidária, diversas destas entidades rendem-se a partir desta mesma década de 1990 ao canto da sereia de financiadores nacionais e internacionais do campo da iniciativa privada capitalista por um lado, e por outro, da política partidária, angariando cargos de confiança nas esferas municipais, estaduais e federais, e concorrendo em editais direcionados para o financiamento público de seus projetos particulares, chegando ao final desta década a serem absorvidas dentro do marco legal das parcerias público-privadas. Neste momento surgem as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs, algumas delas instituições sérias, outras, a maior parte, agindo em sintonia com a velha promiscuidade ibérica de utilização da coisa pública, sejam bens ou serviços, para fins privados.

Desta forma, ao longo dos anos, as limitações de organizações desta natureza proporcionaram-nos cada vez mais o entendimento de que sua integração com o sistema estatal/governamental e capitalista, transformou-as, em realidade, de Organizações Não Governamentais – ONGs, no que se podem chamar de Organizações Semi Governamentais, escalando cargos estatais e captando dividendos junto à iniciativa privada. De forma anti democrática e interessada inserem-se nas esferas de decisão por meio do tráfico de influências e de informação e acessam o erário público por meio de licitações fraudulentas. Desta forma, o sentido da palavra Organização Não Governamental está na berlinda, cabendo hoje stricto sensu apenas a entidades minoritárias que se identificam muito mais com outras iniciativas populares e Movimentos Sociais do que com aquelas entidades que são hoje verdadeiras empresas capitalistas e escritórios partidários, e que, como lobos que se escondem sob pele de cordeiro e insistem na fachada de “ONGs”.

Hoje, na era neopopulista do novo milênio inaugurada por Lula e o PT, esta realidade torna-se ainda mais consolidada, fazendo das instituições públicas verdadeiros cabides de emprego de conhecidos “ongueiros” e transferindo responsabilidades públicas a entidades papa-níqueis que, alçando escaladas mais altas, espreitam o volume de recursos manejados pelo Congresso e Presidência da República. Frente ao fracasso das ONGs como alternativa no sentido da mobilização popular, como já creram alguns de seus sinceros defensores, excetuando-se aquelas que ainda sobrevivem aos seguidos golpes da cooptação, o Movimento Popular deve prosseguir construindo suas próprias fórmulas de auto-organização e autogestão, renunciando vínculos a partidos e a financiadores interessados das empresas capitalistas e suas fundações, que buscam lançar migalhas à população como forma de legalizar sua sonegação de impostos. É com base na Solidariedade da nossa Classe e na Organização Popular que poderemos superar o atrelamento e a dependência frente ao Estado e ao Capital, para construirmos a nossa Emancipação Social, nossa Libertação.

Projeto Bike Santos: Quem vai sambar?

Foto-0143Projeto de Transporte Individual Sustentável

Desde o dia 29 de novembro de 2012 a cidade de Santos colocou em prática o projeto “Bike Santos”,(sistema de locação gratuito de bikes), foram instalados cinco estações e mais dez serão instaladas até fevereiro de 2013.

Segundo a Prefeitura de Santos ao todo serão 15 estações distribuídas em diversos pontos da cidade com um total de 300 bicicletas disponíveis à população.

Para efetuar a locação é preciso se cadastrar no site,  baixar e instalar o aplicativo para smartphones tipo iPhone ou Android, ou, por celular  (13) 4062 9211. Feito isso, é só digitar o n: da estação, n: da bike e confirmar. Fácil! Daí é utilizar por 30 min, ou pagar R$ 5,00 por cada 30 min acrescentados que serão debitados no cartão de crédito que obrigatoriamente é preciso ter.

Opa! Cartão de crédito? Ué, projeto sustentável que utiliza dinheiro público também é rentável? Claro, como não. Mas, para quem?

Foto-0145Pergunta: Se for assim, quem vai sambar neste projeto que começou bem falacioso? E torto. Utilizando-se de um discurso ciclo eco-ativista legitimo, porém, furado dentro deste projeto, afinal, ele vai contribuir muito mais com o bolso da iniciativa privada do que contribuir com a qualidade de vida dos cidadãos santistas, (isso no que diz respeito a tal sustentabilidade) pode-se dizer que é um projeto interessante para turistas, para estudantes e para quem precisar resolver algo rápido, corre ali, volta aqui, não é a toa que o projeto registrou cerca 19.635 utilizações no primeiro mês. Mas, dizer que: à população será muito beneficiada, e que o projeto irá contribuir para desafogar o trânsito na cidade, que reduzirá o impacto ambiental e despertará a consciência das pessoas para que elas andem mais de bike. Aí não dá!

Outra coisa, de forma prática, basta prestar atenção nestes pontos de distribuição das bikes, não há cobertura, ficam todas ao relento, ou seja, não é preciso ser especialista para saber que em menos de um ano essa frota de 300 bikes vai se deteriorar e irá precisar ser substituída, e este é o ponto. Quem vai pagar por isso? Vale a pena este investimento?

De quanto foi este investimento? Alguém sabe? A população foi consultada? Pois o quê parece é que o caro poderá sair mais caro ainda. E como este é um projeto de transporte público individual sustentável que tem como intuito a qualidade de vida na cidade, importante que seja discutido o transporte público como um todo, pois, é um problema seríssimo que durante anos os governos aprenderam a delegá-lo à iniciativa privada. Resultado: qualidade péssima e valores altíssimos. E ano após ano velhas balelas que não resolvem o problema, e quem samba?

Não desconsideramos a importância do ciclo eco-ativismo. Pois, é um debate importantíssimo! Desde que seja levado em consideração todos os aspectos sociais que influenciam e determinam a realidade. Pois, são estes aspectos que irão deflagar em todos os problemas que enfrentamos diariamente. Adotar o discurso de sustentabilidade sem considerar isso, é apenas fingir uma responsabilidade que não existe para mascarar o descompromisso com o público e o compromisso com o privado. E essa tem sido a praxe adotada por empresas e órgãos públicos.

A cidade de São Vicente enfrenta problemas sérios!

Escolas e creches em São Vicente estão super lotadas. Jovens disputam para conseguir uma vaga, na maioria das vezes em escolas distantes de suas casas. Tudo isso, sem contar a violência, a falta de espaço de lazer, práticas de esporte, cultura e oportunidades de estudo para além do ensino médio.

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Relato das pessoas que utilizam o serviço público de transporte e que legitimamente expõem suas indignações. “O transporte público é horrível” diz população Vicentina. E o aumento vem aí!
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Motorista relata as condições precárias de trabalho que tem de enfrentar.

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Clique nos links abaixo e leia as matérias.

Três conjuntos habitacionais fantasmas em São Vicente. Mas, foram gastos 12 milhões!

Depoimento de uma mãe que perdeu sua filha por negligência médica no CREI em São Vicente

Feriado e violência policial em São Vicente

Continuaremos.

 

 

Higienização social? Extermínio? Muitas mortes de jovens na periferia.

Em maio de 2006, 493 jovens foram assassinados na baixada santista. Segundo dados do IML foram possíveis constatar que 60% dos 493 corpos registrados no período receberam pelo menos um tiro na cabeça, e 57% dos cadáveres receberam pelo menos um disparo pelas costas. Até hoje, ninguém foi punido! 

04/09/2012

Três jovens que morreram no morro da Nova Cintra em Santos, no litoral de São Paulo, na noite de domingo. A Polícia Militar disse que eles foram baleados depois de atirar contra a PM. Moradores acusam a polícia de execução.

Os corpos de Igor Aparecido da Silva Soares, de 19 anos, e Willian Cesar da Silva Oliveira, de 18 anos, chegaram depois. “Justiça, aqui é uma mãe que implora, que chora, pela morte do meu filho e de dois adolescentes que estão ali”, diz a mãe de Igor, Laudicéia Barbosa da Silva.

Emocionada, a mãe de Igor chegou a desmaiar e não acompanhou o enterro porque foi levada inconsciente ao hospital. A mãe de William, o outro rapaz assassinado, também passou mal durante o enterro. Amigos e parentes dos jovens estavam revoltados. “Se acharam alguma coisa com eles ou não, eles tinham que levar para o distrito e não executar”, diz uma pessoa próxima aos jovens que não quis se identificar.

 10 de Abril de 2010

Por volta das 23:30, na Rua A, em frente ao número 351, na Vila Glória, onde o DJ Felipe morava. Enquanto o MC e o DJ aguardavam a carona, dois indivíduos em uma moto de cor escura pararam no local.

Felipe Boladão (camiseta vermelha) morava em São Vicente e Felipe da Silva (camiseta verde) na Praia Grande, no litoral de São Paulo. Ambos tinham vinte anos de idade quando foram assassinados. DJ Felipe era o DJ do MC Felipe Boladão, eles faziam shows juntos e eram grandes amigos.


Estavam indo para mais um baile funk na cidade de São Paulo, quando suas jovens carreiras e vidas foram interrompidas para sempre.

19 de abril de 2012

O cantor de funk MC Primo morreu após ser baleado no final da tarde desta quinta-feira no bairro Jóquei Clube, em São Vicente.

MC Primo foi atingido com 5 tiros, segundo informações. Ele chegou a ser levado para o Hospital Crei de São Vicente, mas não resistiu aos ferimentos. Dentre as músicas conhecidas estão “Diretoria”, “Máquina de Fazer Dinheiro” e “Longe de Mim”.

12 de abril de 2012

Eduardo Antônio Lara, o Duda do Marapé, foi assassinado com nove tiros sob o elevado ao lado da Rodoviária de Santos, em uma região conhecida como Cracolândia

Um ano após a morte do cantor, a Polícia Civil ainda não tem pistas de quem o matou.

25/06/20012

Na cidade de Santos ocorreu o julgamento de um policial que está sendo acusado de assassinar nove jovens na baixada Santista. Resultado: nada ficou provado, nada foi esclarecido para os parentes das vitimas, devido a insuficiência de provas.

08 de outubro de 2012

Sete pessoas foram mortas em um espaço de 20 horas no distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. No fim de semana, os crimes voltaram a se repetir, ocasião em que mais sete pessoas foram mortas.

19/07/2012

Em Santos, um carro com seis jovens não parou em uma blitz. O motorista não tinha habilitação e acelerou tentando escapar. A polícia foi atrás e disparou, pelo menos, 25 tiros. Dois rapazes que estavam no banco de trás foram atingidos. O estudante Bruno Vicente de Golveia, de 19 anos, morreu.

Os PMs afirmam que atiraram porque ouviram tiros e acharam que estavam sendo alvejados. Segundo a polícia, duas armas foram encontradas dentro do carro. O pai da vítima, João Viana, não acredita: “Como é que vai haver um cerco e eles vão dar tiros? Como apareceram dois revólveres que não se sabe da onde? Todos os tiros partiram de fora para dentro”, diz.

11 de Abril de 2011

Pelo menos 10 pessoas foram baleadas na madrugada deste domingo na Baixada Santista. Uma delas morreu. Segundo dados da Polícia Militar, foram seis registros em São Vicente e quatro em Santos. Todos os casos ainda estão sendo apurados.

Não acaba, a lista é enorme, sem contar os que não aparecem como estatística. Paramos pro aqui, porque a ideia não é ser o Datena, mas sim, denunciar este massacre que acontece diante de nossos olhos, e não pode ser tido como algo natural.

 

Três conjuntos habitacionais fantasmas em São Vicente. Mas, foram gastos 12 milhões!

Foto de Felipe Lobo

Em São Vicente no bairro do Joquey Clube, mais precisamente no Dique Sambaiatuba, três conjuntos habitacionais servem perfeitamente para um filme de fim dos tempos, ou, para aqueles documentários de canal a cabo estadunidense “History” que contam histórias mirabolantes, tipo, ¨imaginem o mundo sem ninguém.¨

No entanto, a história destes conjuntos, infelizmente, não é fictícia, é tão real e perversa que precisamos pensar de verdade num mundo sem Estado, representantes e administradores públicos, pois, são tão incompetentes que não é possível sequer imaginar um mundo com eles.

Mas, vamos ao cerne da questão: Nestes três conjuntos foram gastos 12 milhões, (O dinheiro da obra veio do FAT fundo de amparo ao trabalhador) ficou pronto em 2004, porém, logo foi abandonado pela burocracia e pela incompetência Municipal, Estadual e Federal que em 2005 não sabiam se o projeto iria virar “Minha casa minha vida” ou ficaria como obra do PAR . Em 2007 a CDHU entra como Administradora, porém, a obra fica novamente emperrada, porque parte do dinheiro virá do PAC, outra parte do Estado e outra do Município, só que… Nada aconteceu e o prédio continuou abandonado. Com isso, a população foi ocupando e retirando o que precisava.

Depois de inúmeras denúncias, agosto de 2010, a Prefeitura de São Vicente e a Caixa Econômica Federal anunciaram que as obras seriam retomadas com previsão para novembro de 2011. Já estamos em novembro de 2012.

E aí? Nada! Quem tiver a oportunidade pode conferir os esqueletos dos prédios que são o que restam, parte dele foi ocupado pela população, outra parte afunda na lama e é ocupado pelo mato.

Segundo o ex secretário de habitação de São Vicente Alfredo Martins, (hoje vereador eleito ) questionado pela Rádio da Juventude, ” Ali há um problema de burocracia no qual depende de muitas questões que me fogem a alçada”. Resumindo: Ocupemos!

Pois, a incompetência administrativa de quem representa a população nunca vai mudar, e chega de representantes, façamos por nós!

Depoimento de uma mãe que perdeu sua filha por negligência médica no CREI em São Vicente

(O áudio está ruim, porque a intenção era fazer uma matéria escrita sobre o CREI, mas, com este triste caso, acabamos gravando o depoimento no celular e por isso a gravação não ficou boa, porém, providencial divulgar e denunciar este caso de violência deflagrada em morte.) Segue o áudio logo abaixo do texto.

Considerado um centro de referência em emergência e internação o único hospital público de São Vicente vive um dilema contraditório.

Quem tiver a oportunidade de ir pessoalmente até o hospital poderá presenciar o sucateamento em que se encontra o hospital, muitas pessoas na fila esperando horas por um atendimento, pessoas em macas pelos corredores, pessoas se auto medicando devido a falta de profissionais de saúde, pessoas irritadas discutindo com atendentes e uma infinidade de situações terríveis que são apenas a ponta de um iceberg de um sistema publico de saúde sucateado em São Vicente, assim, como em todo Brasil, que representa o início de algo muito pior que poderá vir com o avanço de políticas de parceria com as (Organizações Sociais de Saúde) OSS.

O CREI hoje representa cruelmente o descaso e a violência do poder público exercido sobre a população que paga seus impostos, mas, que tem seus direitos negligenciados e violados duramente.

Não querendo generalizar, porém, há de se dizer que a maior parte dos profissionais que trabalham no CREI desempenham um péssimo atendimento, desumano, desinteressado e se tratando de profissionais da saúde “ perverso”, em especial, boa parte dos médicos, que são mais peritos em exercer atitudes de intolerância e falta de educação com os pacientes, tratando todos de forma animalesca do que cumprir com o seu papel.

Há de se acrescentar também que os funcionários públicos que prestam serviço no CREI entraram em greve nesta última sexta-feira 23 de novembro de 2012 e apenas 30% do atendimento estava funcionando. Justo! Pois, a maioria desses trabalhadores fazem horas extras para garantir o possível devido a equipe não suprir a demanda, e no final vai tudo para o banco de horas.

Para se ter uma ideia hoje a cidade de São Vicente conta com cerca de dois mil funcionários públicos da área da saúde e todos estão neste bojo de pagamentos em atraso.

Isso reflete a perversidade da lógica deste sistema em que vivemos, pois, além de sucatear os serviços públicos para no futuro entregar à iniciativa privada que atende como a salvadora da pátria, coloca os trabalhadores contra os próprios trabalhadores.

Hoje um plano de saúde está em torno, isso o mais chinfrim, custando cerca de R$100,00 por pessoa e depende da faixa etária, e quem puder conferir, irá constatar que não há muita diferença do público para o particular no que diz respeito ao atendimento, filas de espera de até 02h, (isso com hora marcada e tudo) tratamento robotizado com os pacientes, enfim, não é a toa que as OSS estão investindo pesado para gerenciar os hospitais públicos e o Estado de São Paulo com o Fascista do Alquimin quer vender 25% dos leitos do SUS para os planos de saúde.

Continuaremos.

Polícia Militar ostensiva na Baixada Santista é sinônimo de segurança?

Quem é morador da Baixada Santista já deve ter notado  a quantidade de policiais que estão espalhados pela região, principalmente nos fins de semana.

Na praia da Biquinha, em São Vicente, por exemplo, flagrar viaturas da polícia  andando pela areia, motos pelas calçadas, ou atravessando pelas praças, demostram bem a forma como essa segurança está sendo conduzida. Sem contar a “geral”, que é de praxe, policiais esculachando mesmo, tratando as pessoas (principalmente os jovens) como criminosas, malfeitoras que devem ser banidas dos espaços públicos. Pior: assustadoramente tornou-se comum ver isso acontecendo à luz do dia, na frente de todo mundo.

E por quê?

Segundo o novo coronel da  Polícia Militar da Baixada Santista e Vale do Ribeira, Marcelo Prado, somente com um bom diagnóstico será possível fazer uma boa intervenção na região para conter a onda de violência. Diz também que: “Estamos reavaliando a administração e vamos liberar o maior número de policiais para a atividade […} criar conselhos comunitários, utilizar as redes sociais”.

Pois é, parece que esta atividade está em andamento (aliás, como sempre esteve). O triste é viver uma realidade onde os representantes públicos têm uma visão tacanha sobre a questão da violência, na verdade resumem ela a uma simples briga de polícia e ladrão, onde a única solução (que acaba sendo sempre a adotada) é a de aumentar o efetivo policial, que no final das contas só irá resultar em mais atitudes de repressão.

Fica nítido como toda esta ostensividade é promovida pelo Estado por puro controle social. Copa do Mundo vem aí, Olimpíada também, na Baixada Santista temos a questão do pré-sal impulsionando a especulação imobiliária.

Ou seja, a população que está sendo excluída, é a mesma que sustenta sobre seus ombros todos os grandes eventos, mas, a única coisa que ganha com isso, é a humilhação e o porrete da polícia.

OBS: Continuaremos este assunto.

Feriado e violência policial em São Vicente

O cartão de visita de São Vicente e de toda a Baixada Santista em época de feriado prolongado é a praia, cerca de 100 mil veículos descem para a Baixada Santista. É nesta época também que as delegacias registram os maiores números de “crimes”. Quem tiver a oportunidade de visitar uma delegacia poderá ver com seus próprios olhos a quantidade de pessoas que são presas pela polícia (a maioria jovens) é assustador! Principalmente devido à forma como são constituídos a maior parte dos boletins de ocorrência: sem provas, sem avaliação dos delegados de plantão, e também boa parte deles não existem testemunhas ou vítimas, confia-se apenas na fé pública de que o policial diz sempre a verdade, com isso, são instaurados inquéritos de acusação e a maior parte deles garante de imediato a prisão do acusado, antes mesmo que ele se torne réu. Sem contar que as pessoas suspeitas já estão sobre o esculacho desde o momento da prisão e quanto mais adjetivos ela tiver: preto, pobre, desempregado, homossexual… Mais culpada ela irá se tornar.

Neste último domingo dia 18 de novembro de 2012 por volta das 16h30min. uma verdadeira operação de guerra pôde ser presenciada por quem passou pelo píer ou pela orla da praia da Biquinha, localizada na cidade de São Vicente em SP. Viatura, helicóptero e policiais armados com metralhadoras e fuzis faziam um espetáculo de terror. A princípio quem pôde estar no local, deve ter pensado que algo muito ruim deveria estar ocorrendo, ou ocorrido, no mínimo, uma guerra? Um ataque terrorista?

Mas não! Era apenas uma batida policial para coibir que alguns jovens utilizassem o píer como plataforma para saltos no mar. Ou seja, a violência que se instalou no momento devido à forma como a polícia num helicóptero e numa viatura lidou com tal situação, realmente é de se pensar para além. Não é possível acreditar na legitimidade de tal atuação, de pura violência simbólica e prática, primeiro porque os garotos foram todos obrigados a ficarem em fileiras sentados com as mãos na cabeça ( como se tivessem cometido algum crime) e segundo porque os rasantes que o helicóptero dava pela orla da praia e pelo píer, indo e vindo num barulho infernal, nos remetia a uma situação de guerra.

E não era! Pura intimidação que a polícia perita no assunto está começando a aplicar em épocas de feriado para garantir “aos olhos emburguesados” uma cidade limpa, sem problemas sociais. (se é que podemos caracterizar como problema social ou de ordem pública, garotos nadando)

Mas como para a elite o pobre, o preto e o favelado são sinônimos de bandido, de algo a ser temido, nada mais natural para eles do que acionar a máquina de esmagar gente da Secretária de Segurança Pública, que mais deveria se chamar “Secretária de Limpeza Social” para que de forma opressora efetiva-se o trabalho sujo de um Estado que extermina tudo que não lhe é a sua imagem e semelhança.

Com isso, a população periférica acaba na de hora curtir uma praia sendo esculachada, aterrorizada e quem mais paga com esse tipo de violência são os jovens que além de enfrentarem tantas labutas, são simplesmente enquadrados, encarcerados e expulsos de poder se banhar na praia, saltar do píer, azarar… Ou seja, tomar banho de mar e curtir um pouco a vida.

Fica nítido o posicionamento de classe e a representação social que se tem da periferia, pois, a vigília e o encarceramento são sempre destinados a ela, é nestes momentos que podemos concatenar que precisamos aguçar nosso olhar para o que poderá vir futuramente, ditadura? Ou já vivemos numa ditadura de forma velada? O que temos de concreto é que sistematicamente as coisas estão piorando numa velocidade assustadora e a naturalização de toda essa violência precisa ser confrontada, pois, a juventude da periferia está sendo julgada, encarcerada e exterminada.!

Mais uma abordagem truculenta da Polícia Militar em São Vicente

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A PM acaba de abordar violentamente a garotada que estava nadando no píer próximo à Ponte Pênsil! Cerca de 10 jovens entre crianças e adolescentes estavam se divertindo no local quando um HELICÓPTERO da Polícia Militar sobrevoava o píer a poucos metros do chão com grande barulho, agitando as águas. Como se o helicóptero não bastasse, uma viatura estacionou do outro lado da avenida e de lá 2 policiais armados colocavam a galera sentada no chão e com as mãos na cabeça. O helicóptero ia e voltava diversas vezes e em cada regresso baixava mais a altura de seu vôo, em ação de ameaça! O fato aconteceu entre as 16:30 e 17:00 horas
Ação desnecessária e truculenta!
Semana passada a Rádio presenciou a abordagem de 2 CRIANÇAS – isto mesmo – tinham não mais que 8 anos! Dois policiais que ficam na guarita da PM perto da Ponte Pênsil armados com uma calibre 12 ou similar abordaram as crianças horrorizando quem passava pelo local.

Será possível existir uma polícia desta!?
Nossas crianças são culpadas por se divertirem!?