Três conjuntos habitacionais fantasmas em São Vicente. Mas, foram gastos 12 milhões!

Foto de Felipe Lobo

Em São Vicente no bairro do Joquey Clube, mais precisamente no Dique Sambaiatuba, três conjuntos habitacionais servem perfeitamente para um filme de fim dos tempos, ou, para aqueles documentários de canal a cabo estadunidense “History” que contam histórias mirabolantes, tipo, ¨imaginem o mundo sem ninguém.¨

No entanto, a história destes conjuntos, infelizmente, não é fictícia, é tão real e perversa que precisamos pensar de verdade num mundo sem Estado, representantes e administradores públicos, pois, são tão incompetentes que não é possível sequer imaginar um mundo com eles.

Mas, vamos ao cerne da questão: Nestes três conjuntos foram gastos 12 milhões, (O dinheiro da obra veio do FAT fundo de amparo ao trabalhador) ficou pronto em 2004, porém, logo foi abandonado pela burocracia e pela incompetência Municipal, Estadual e Federal que em 2005 não sabiam se o projeto iria virar “Minha casa minha vida” ou ficaria como obra do PAR . Em 2007 a CDHU entra como Administradora, porém, a obra fica novamente emperrada, porque parte do dinheiro virá do PAC, outra parte do Estado e outra do Município, só que… Nada aconteceu e o prédio continuou abandonado. Com isso, a população foi ocupando e retirando o que precisava.

Depois de inúmeras denúncias, agosto de 2010, a Prefeitura de São Vicente e a Caixa Econômica Federal anunciaram que as obras seriam retomadas com previsão para novembro de 2011. Já estamos em novembro de 2012.

E aí? Nada! Quem tiver a oportunidade pode conferir os esqueletos dos prédios que são o que restam, parte dele foi ocupado pela população, outra parte afunda na lama e é ocupado pelo mato.

Segundo o ex secretário de habitação de São Vicente Alfredo Martins, (hoje vereador eleito ) questionado pela Rádio da Juventude, ” Ali há um problema de burocracia no qual depende de muitas questões que me fogem a alçada”. Resumindo: Ocupemos!

Pois, a incompetência administrativa de quem representa a população nunca vai mudar, e chega de representantes, façamos por nós!

Depoimento de uma mãe que perdeu sua filha por negligência médica no CREI em São Vicente

(O áudio está ruim, porque a intenção era fazer uma matéria escrita sobre o CREI, mas, com este triste caso, acabamos gravando o depoimento no celular e por isso a gravação não ficou boa, porém, providencial divulgar e denunciar este caso de violência deflagrada em morte.) Segue o áudio logo abaixo do texto.

Considerado um centro de referência em emergência e internação o único hospital público de São Vicente vive um dilema contraditório.

Quem tiver a oportunidade de ir pessoalmente até o hospital poderá presenciar o sucateamento em que se encontra o hospital, muitas pessoas na fila esperando horas por um atendimento, pessoas em macas pelos corredores, pessoas se auto medicando devido a falta de profissionais de saúde, pessoas irritadas discutindo com atendentes e uma infinidade de situações terríveis que são apenas a ponta de um iceberg de um sistema publico de saúde sucateado em São Vicente, assim, como em todo Brasil, que representa o início de algo muito pior que poderá vir com o avanço de políticas de parceria com as (Organizações Sociais de Saúde) OSS.

O CREI hoje representa cruelmente o descaso e a violência do poder público exercido sobre a população que paga seus impostos, mas, que tem seus direitos negligenciados e violados duramente.

Não querendo generalizar, porém, há de se dizer que a maior parte dos profissionais que trabalham no CREI desempenham um péssimo atendimento, desumano, desinteressado e se tratando de profissionais da saúde “ perverso”, em especial, boa parte dos médicos, que são mais peritos em exercer atitudes de intolerância e falta de educação com os pacientes, tratando todos de forma animalesca do que cumprir com o seu papel.

Há de se acrescentar também que os funcionários públicos que prestam serviço no CREI entraram em greve nesta última sexta-feira 23 de novembro de 2012 e apenas 30% do atendimento estava funcionando. Justo! Pois, a maioria desses trabalhadores fazem horas extras para garantir o possível devido a equipe não suprir a demanda, e no final vai tudo para o banco de horas.

Para se ter uma ideia hoje a cidade de São Vicente conta com cerca de dois mil funcionários públicos da área da saúde e todos estão neste bojo de pagamentos em atraso.

Isso reflete a perversidade da lógica deste sistema em que vivemos, pois, além de sucatear os serviços públicos para no futuro entregar à iniciativa privada que atende como a salvadora da pátria, coloca os trabalhadores contra os próprios trabalhadores.

Hoje um plano de saúde está em torno, isso o mais chinfrim, custando cerca de R$100,00 por pessoa e depende da faixa etária, e quem puder conferir, irá constatar que não há muita diferença do público para o particular no que diz respeito ao atendimento, filas de espera de até 02h, (isso com hora marcada e tudo) tratamento robotizado com os pacientes, enfim, não é a toa que as OSS estão investindo pesado para gerenciar os hospitais públicos e o Estado de São Paulo com o Fascista do Alquimin quer vender 25% dos leitos do SUS para os planos de saúde.

Continuaremos.

Polícia Militar ostensiva na Baixada Santista é sinônimo de segurança?

Quem é morador da Baixada Santista já deve ter notado  a quantidade de policiais que estão espalhados pela região, principalmente nos fins de semana.

Na praia da Biquinha, em São Vicente, por exemplo, flagrar viaturas da polícia  andando pela areia, motos pelas calçadas, ou atravessando pelas praças, demostram bem a forma como essa segurança está sendo conduzida. Sem contar a “geral”, que é de praxe, policiais esculachando mesmo, tratando as pessoas (principalmente os jovens) como criminosas, malfeitoras que devem ser banidas dos espaços públicos. Pior: assustadoramente tornou-se comum ver isso acontecendo à luz do dia, na frente de todo mundo.

E por quê?

Segundo o novo coronel da  Polícia Militar da Baixada Santista e Vale do Ribeira, Marcelo Prado, somente com um bom diagnóstico será possível fazer uma boa intervenção na região para conter a onda de violência. Diz também que: “Estamos reavaliando a administração e vamos liberar o maior número de policiais para a atividade […} criar conselhos comunitários, utilizar as redes sociais”.

Pois é, parece que esta atividade está em andamento (aliás, como sempre esteve). O triste é viver uma realidade onde os representantes públicos têm uma visão tacanha sobre a questão da violência, na verdade resumem ela a uma simples briga de polícia e ladrão, onde a única solução (que acaba sendo sempre a adotada) é a de aumentar o efetivo policial, que no final das contas só irá resultar em mais atitudes de repressão.

Fica nítido como toda esta ostensividade é promovida pelo Estado por puro controle social. Copa do Mundo vem aí, Olimpíada também, na Baixada Santista temos a questão do pré-sal impulsionando a especulação imobiliária.

Ou seja, a população que está sendo excluída, é a mesma que sustenta sobre seus ombros todos os grandes eventos, mas, a única coisa que ganha com isso, é a humilhação e o porrete da polícia.

OBS: Continuaremos este assunto.

Direito à Memória e à Verdade: ditadura nunca mais!

Nos dias 22 e 23 de novembro de 2012 e 05 e 10 dezembro de 2012 ocorrerá, em celebração ao “Dia Internacional da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o evento: “Direito à Memória e à Verdade: ditadura nunca mais!”, composto por mesas de debate, oficinas, exposições, sessões de cinema dialogadas e atividades culturais.

Programação

22/11/2012 – Quinta-feira
Abertura – 19hs
– Raiane Patrícia Severino Assumpção (CRDH Unifesp)
– Francisco Assis das Virgens Calazans (CDH Maria Dolores)
– Célio Nori (Fórum da Cidadania)
– José Ricardo Portela (CRP – subsede Baixada Santista)
– Mônica de Melo (Defensoria Pública do Estado de SP – Regional Santos/ Litoral)
– Renato Azevedo (OAB – Guarujá)
– Cheila Olalla (MNDH)
– Dep. Adriano Diogo – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de S. Paulo

Mesa Direito à Memória e à Verdade – 20hs
Amélia Teles – Profa. Doutora – USP
Noite Cultural: 21h30
MPB: Cultura de resistência à ditadura.
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23 de Novembro
Coral Clave de Sol
Mesa: Panorama sobre a tortura no período da Ditadura no Brasil – 19h15
Mirna Coelho – doutora pela USP
Carlos Gilberto Pereira – Grupo Tortura nunca mais

Noite Cultural: 21h30
Música e Revolução
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05 de Dezembro
Teatro: Um novo pedaço da nossa realidade – 19hs
Cinema e Direitos Humanos – Exibição do filme “Batismo de Sangue” e debate dialogado com as professoras da UNIFESP/ BS- Dra Andrea de Almeida Torres e a Dra Ana Maria Estevão – 19h30
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10 de Dezembro – 19hs
Oficina O tecido e o tear (no Laboratório de Sensibilidades) – 17hs
Atividade Vão Livre: microfone aberto às diversas entidades e organizações – 19hs
Mesa: Dia nacional de DH – desafios e desafios – 19h30min
– Ivan Seixas – Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos – Fórum dos Ex-presos políticos e perseguidos pela Ditadura
– Raiane Patrícia Severino Assumpção (CRDH Unifesp)
– Francisco Assis das Virgens Calazans (CDH Maria Dolores)

Local: Campus da UNIFESP/ BS, sito à Av. Silva Jardim, nº 136 – Centro, Santos.
Os participantes receberão certificado.

Comissão Organizadora
CDHBS “Irmã Maria Dolores”
CRDH UNIFESP – Campus/Santos
OAB – Guarujá
Defensoria Pública do Estado de São Paulo – Regional Santos/ Litoral
Conselho Regional de Psicologia (CRP – subsede Baixada Santista)
Fórum da Cidadania de Santos.

Feriado e violência policial em São Vicente

O cartão de visita de São Vicente e de toda a Baixada Santista em época de feriado prolongado é a praia, cerca de 100 mil veículos descem para a Baixada Santista. É nesta época também que as delegacias registram os maiores números de “crimes”. Quem tiver a oportunidade de visitar uma delegacia poderá ver com seus próprios olhos a quantidade de pessoas que são presas pela polícia (a maioria jovens) é assustador! Principalmente devido à forma como são constituídos a maior parte dos boletins de ocorrência: sem provas, sem avaliação dos delegados de plantão, e também boa parte deles não existem testemunhas ou vítimas, confia-se apenas na fé pública de que o policial diz sempre a verdade, com isso, são instaurados inquéritos de acusação e a maior parte deles garante de imediato a prisão do acusado, antes mesmo que ele se torne réu. Sem contar que as pessoas suspeitas já estão sobre o esculacho desde o momento da prisão e quanto mais adjetivos ela tiver: preto, pobre, desempregado, homossexual… Mais culpada ela irá se tornar.

Neste último domingo dia 18 de novembro de 2012 por volta das 16h30min. uma verdadeira operação de guerra pôde ser presenciada por quem passou pelo píer ou pela orla da praia da Biquinha, localizada na cidade de São Vicente em SP. Viatura, helicóptero e policiais armados com metralhadoras e fuzis faziam um espetáculo de terror. A princípio quem pôde estar no local, deve ter pensado que algo muito ruim deveria estar ocorrendo, ou ocorrido, no mínimo, uma guerra? Um ataque terrorista?

Mas não! Era apenas uma batida policial para coibir que alguns jovens utilizassem o píer como plataforma para saltos no mar. Ou seja, a violência que se instalou no momento devido à forma como a polícia num helicóptero e numa viatura lidou com tal situação, realmente é de se pensar para além. Não é possível acreditar na legitimidade de tal atuação, de pura violência simbólica e prática, primeiro porque os garotos foram todos obrigados a ficarem em fileiras sentados com as mãos na cabeça ( como se tivessem cometido algum crime) e segundo porque os rasantes que o helicóptero dava pela orla da praia e pelo píer, indo e vindo num barulho infernal, nos remetia a uma situação de guerra.

E não era! Pura intimidação que a polícia perita no assunto está começando a aplicar em épocas de feriado para garantir “aos olhos emburguesados” uma cidade limpa, sem problemas sociais. (se é que podemos caracterizar como problema social ou de ordem pública, garotos nadando)

Mas como para a elite o pobre, o preto e o favelado são sinônimos de bandido, de algo a ser temido, nada mais natural para eles do que acionar a máquina de esmagar gente da Secretária de Segurança Pública, que mais deveria se chamar “Secretária de Limpeza Social” para que de forma opressora efetiva-se o trabalho sujo de um Estado que extermina tudo que não lhe é a sua imagem e semelhança.

Com isso, a população periférica acaba na de hora curtir uma praia sendo esculachada, aterrorizada e quem mais paga com esse tipo de violência são os jovens que além de enfrentarem tantas labutas, são simplesmente enquadrados, encarcerados e expulsos de poder se banhar na praia, saltar do píer, azarar… Ou seja, tomar banho de mar e curtir um pouco a vida.

Fica nítido o posicionamento de classe e a representação social que se tem da periferia, pois, a vigília e o encarceramento são sempre destinados a ela, é nestes momentos que podemos concatenar que precisamos aguçar nosso olhar para o que poderá vir futuramente, ditadura? Ou já vivemos numa ditadura de forma velada? O que temos de concreto é que sistematicamente as coisas estão piorando numa velocidade assustadora e a naturalização de toda essa violência precisa ser confrontada, pois, a juventude da periferia está sendo julgada, encarcerada e exterminada.!

Mais uma abordagem truculenta da Polícia Militar em São Vicente

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A PM acaba de abordar violentamente a garotada que estava nadando no píer próximo à Ponte Pênsil! Cerca de 10 jovens entre crianças e adolescentes estavam se divertindo no local quando um HELICÓPTERO da Polícia Militar sobrevoava o píer a poucos metros do chão com grande barulho, agitando as águas. Como se o helicóptero não bastasse, uma viatura estacionou do outro lado da avenida e de lá 2 policiais armados colocavam a galera sentada no chão e com as mãos na cabeça. O helicóptero ia e voltava diversas vezes e em cada regresso baixava mais a altura de seu vôo, em ação de ameaça! O fato aconteceu entre as 16:30 e 17:00 horas
Ação desnecessária e truculenta!
Semana passada a Rádio presenciou a abordagem de 2 CRIANÇAS – isto mesmo – tinham não mais que 8 anos! Dois policiais que ficam na guarita da PM perto da Ponte Pênsil armados com uma calibre 12 ou similar abordaram as crianças horrorizando quem passava pelo local.

Será possível existir uma polícia desta!?
Nossas crianças são culpadas por se divertirem!?

Manifesto Guarani Kaiowá em Santos

Cerca de cinqüenta pessoas estiveram na praça da independência em Santos, neste último domingo dia 11 de novembro de 2012, manifestando-se em solidariedade a comunidade indígena Guarani Kaiowá. Faixas, cartazes e pinturas de protesto deram o tom do ato.

Frases de protesto como “Somos todos Guarani Kaiowá” embalaram a manifestação que seguiu da praça da independência até a orla da praia, onde os manifestantes começaram a convidar as pessoas que passavam pelo local para participarem e expressarem sua indignação em relação ao massacre que ocorre há quinhentos anos sobre as populações indígenas, e que nos últimos anos, tem se intensificado com a construção de hidroelétricas, barragens, ferrovias, especulação imobiliária, expansão do agronegócio e todo o modelo desenvolvimentista adotado pelos governos que passaram pela história do Brasil.

A organização do manifesto ocorreu de forma espontânea, sem que nenhum grupo específico o organizasse, apenas, foi disseminada a convocação para o ato solidário por meio das redes sociais como: twitter, bloggs e facebook. Resultado: estudantes, ativistas, militantes de diversas organizações sociais e simpatizantes que por ali passavam fizeram os seguintes apontamentos:

“Essa é uma realidade de quinhentos anos de massacre! Não podemos aceitar esses massacres calados, os povos indígenas são nossos irmãos”

“Não são somente os povos indígenas que estão sendo massacrados, são também as comunidades ribeirinhas, kilombolas, sem teto, sem terra […] a expansão desta política desenvolvimentista resulta em massacre de toda a população pobre […] A juventude da periferia está sendo exterminada”

“A construção de Belo Monte trará efeitos violentos tanto no aspecto ambiental, quanto social! Comunidades inteiras serão expulsas para a construção de uma hidroelétrica desnecessária que somente irá servir ao capital”

“Temos que nos organizar, unirmos forças! Aqui mesmo em nossa região, em São Vicente há uma aldeia Guarani (Paranapuã) onde essa comunidade está sendo dizimada pelo poder público […] E tantas outras em nosso litoral que estão sendo esmagadas, pois, o poder público, proíbe a construção de escolas indígenas, não permite o acesso de grupos solidários, e boa parte dos indígenas acabam tendo que buscar emprego nas cidades, nas feiras livres, ou na mendicância […] Na verdade, nossa região carece de uma organização popular que levante e faça o enfrentamento direto, porque problemas aqui não faltam. O que a copa do mundo irá trazer de beneficio para a população? Nada! O pré-sal? Nada!” e o que estamos fazendo? “A especulação imobiliária e a higienização social estão aí explodindo na nossa cara”

“A gente não pode se iludir mais com o voto, nem com nenhum tipo de governo, nós precisamos criar formas alternativas de produção e luta social […] Socializar os conhecimentos e fortalecer nossas quebradas, é na periferia que o bicho pega! Todos sabem algo: escrever, cantar, dançar… Propagar cultura para fortalecer com iniciativas, isso, na base popular é fundamental! Não adianta esperar por um messias, um líder, um salvador, façamos por nós com nossas próprias mãos!

Ao término dos apontamentos, o grupo que se encontrava em circulo discutindo muito mais questões que aqui registradas, naturalmente dispersou-se e alguns manifestantes ainda animados resolveram seguir em caminhada até a cidade vizinha de São Vicente, onde estava ocorrendo uma feira de artesanato (também na orla da praia) e lá levar as reivindicações e por fim encerrar o ato.

OBS: Podemos elencar de positivo no ato, a resistência deste grupo que num domingo de sol se propôs a discutir e a solidarizar-se com os Guaranis Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Mas, também é preciso que essa energia produzida continue a crescer e a fortalecer as lutas sociais de forma solidária, livre e horizontal, para deste modo, transformar a realidade social, e isso, há de ser entendido como um compromisso popular que esteja além de bandeiras partidárias.

Creches de São Vicente: Crianças com fome e professores sem salários

10 NOVEMBRO 2012 – por Passa Palavra.

Em São Vicente, na Baixada Santista, as crianças de quase todas as creches (parceria público-privada) estão sem merenda escolar, crianças que muitas vezes não têm o que comer em casa. Quatro creches fecharam por falta de merenda.

Os professores, da própria comunidade, estão sem receber salário. As professoras que estão sem receber em algumas creches são as auxiliares de classe.

Estas creches são casas privadas, para as quais a Prefeitura e uma associação de pais repassam verba, inclusive para pagar o salário das professoras, que não são concursadas e pertencem à própria comunidade.

As professoras estão pedindo dois reais para as mães, para manter a refeição dos seus filhos, que são quatro refeições diárias.

No site da prefeitura de São Vicente tem uma lista grande de creches (veja aqui), mas não há muita articulação entre essas creches. Algumas classes têm em média 50 crianças e em algumas creches existe berçário.

Algumas mães se manifestaram, chamando a mídia, mas não foi divulgado. O movimento fica dificultado porque algumas mães não estão se importando. Outras pessoas têm medo de se manifestar, outras pensam que não resolve nada ou acham que estão pedindo benefício e não direito e por aí vai.

DENÚNCIA: Guarda municipal de Santos agride morador de rua

Post de origem: PassaPalavra

As forças de “segurança” que temos: profissionais que são pagos para tratar pobre com ameaça, truculência, tortura e agressão. Por Márcio G.

VÍDEO 1

VÍDEO 2

Os vídeos deixam claro o abuso da Guarda Municipal de Santos (cidade do litoral do estado de São Paulo), e por conhecer a vítima me sinto ainda mais seguro em relatar o que aconteceu. As informações relatadas a seguir foram obtidas dos próprios comentários do responsável pelo vídeo e de pessoas da vizinhança do bairro, onde meus pais moram.

O homem agredido, André, é morador de rua e amigo meu há pelo menos uns 15 anos. No dia 1º de novembro, guardas municipais foram ao local onde ele e outros moradores de rua costumam dormir, no bairro do Macuco, e retiraram os cobertores e travesseiros de lá, para jogar fora. André foi até eles perguntar o que estava acontecendo, por que eles estavam fazendo aquilo, possivelmente indignado com a situação, quando foi jogado ao chão pelos guardas e imobilizado.

A partir daí, as imagens dos vídeos são claras. Ele só fala “Eu não fiz nada! Eu não fiz nada!”, e as pessoas em volta, muitas que o conhecem e viram o que aconteceu desde o início (ali do lado há uma padaria, frequentada por estudantes de uma universidade próxima), gritavam para que os guardas parassem com aquela abordagem. Um dos guardas, como podemos ver, quase quebra o braço de André, que suplica para não ser levado, já que de fato não cometeu nenhum crime. Em um momento, outro vai atrás do homem que está gravando toda a ação e tenta intimidá-lo.

O drama prossegue com os guardas o pegando e o colocando no camburão [carro prisional]. Com muito custo levam o morador de rua, possivelmente até uma delegacia [esquadra] e, segundo relatos de vizinhos, André voltou duas horas depois, cheio de marcas de agressão.

Ainda quero conversar com ele para saber mais detalhes do que aconteceu, mas só os vídeos já mostram o caráter das forças de “segurança” que temos: profissionais que são pagos para tratar pobre com ameaça, truculência, tortura e agressão.

O que me deixa ainda menos esperançoso com o futuro é que essas ações violentas e autoritárias são vistas com bons olhos pela nossa “classe média”, até mesmo por trabalhadores, que preferem confiar na ação da “autoridade” a arriscar dizer que a vítima não era bandido. Acho que esse é um dos principais desafios para uma efetiva transformação da sociedade.

Serra e sua brilhante ideia para combater a violência. Prevenção ou Contenção Social?

 (Antes de qualquer discussão do assunto, que fique claro! Não apoiamos Haddad e nenhum candidato)

Em uma entrevista para a Rádio CBN o candidato a Prefeitura de São Paulo José Serra respondendo uma pergunta do ouvinte Cléber Augusto sobre o combate a violência nas escolas, disse que; “Uma parceria com a Fundação Casa (ex-Febem) para identificar potenciais criminosos e usuários de drogas dentro das escolas” seria muito importante e funcionaria preventivamente.

Fascistóide e nada assustador vindo da boca de quem já disse que: “a grande problemática das grandes metrópoles, como São Paulo, é a migração nordestina”.

Poderíamos dizer que não há porque alarde? Vindo da direita partidária, cuja finalidade é a defesa de seus interesses, e que obviamente se pudesse cercaria toda a periferia com arame farpado e colocaria guaritas com policiais armados para “vigiar e punir” (parafraseando Foucault), afinal, essa é a visão estereotipada sustentada a quinhentos anos para legitimar a exclusão e a opressão Estatal, comandada por oligarquias.

Faltou perguntar ao Serra qual seria o método utilizado para essa identificação? E de que forma os inspetores da Fundação iriam descobrir se uma criança tem “potencial” para ser criminosa? Moradora de favela? Cor da pele? Pobre? Homossexual? Quais seriam essas características? Pois, duvidamos que este projeto irá se estender as escolas particulares, sendo que estas, possuem seus sistemas de prevenção e proteção contra possíveis focos de “criminosos”.

Há um recorte de classe claro e objetivo neste discurso, e o que é mais assustador, é a naturalidade como a maioria das pessoas recebem essa proposta.

Pois, torna-se evidente a ideia de um sistema seletivo de contenção social, onde essa parcela da sociedade que possui poder aquisitivo para efetivar seus direitos e garantias individuais criminaliza pobres, negros, índios e excluídos para legitimar seus privilégios, além, claro, de preservá-los.

O que há de democrático num pensamento autoritário de segregação social?

É tempo de luta, de organização, pois, em alternativa ao Serra temos Haddad, que nada apresentou além de velhos discursos furados da esquerda partidária. Pois é, vivemos uma realidade em que nossa jugular está a prêmio, encabrestada por fascistas e falaciosos.

Contexto da cidade

A cidade de São Paulo está inserida no mapa do Brasil como umas das cidades mais violentas do país, junto com a cidade de Rio de janeiro e de Belo Horizonte, estando no Ranking mundial como a quarta mais violenta entre outras 99. Sua urbanização crescente e desordenada impulsiona surtos econômicos que desequilibram, e resultam em segregação espacial de comunidades inteiras, estas constituídas de imigrantes nordestinos em sua maioria, que há décadas, ocupam terrenos em encostas de morros e aterros sanitários para poderem ter algum teto para viver. (já que o direito a moradia neste país é uma falácia constitucional) As políticas públicas não se adéquam a realidade, e são insuficientes para resolver os problemas de direitos humanos básicos como saúde, educação, emprego, moradia, cultura, lazer, saneamento básico…

 

São Vicente tem um novo Prefeito. O que muda na política Vicentina?

Vereador por cinco mandatos consecutivos e ocupando, por três ocasiões, um cargo de secretário municipal, com 51,42% dos votos válidos, Luís Claúdio Bili (PP) chega ao poder na primeira Vila do Brasil prometendo mudanças e satirizando seus velhos companheiros de partido e coligação.

“Foi o fim da monarquia Márcio França. O povo respondeu que não aguentava mais opressão. A partir de hoje, São Vicente está liberta”

Para surpresa de muita gente, pois, o índice de pesquisa IBOPE apontava para uma vitória logo no primeiro turno de Caio França candidato do PSB, porém, teve 47,01% dos voto válidos.

Resultado: realmente chega ao fim uma Administração de 16 anos do PSB, que durante esse tempo alimentou o mito de que eram imbátiveis nas urnas, e de 1997 para cá, é difícil dizer se houve oposição política partidária em São Vicente, a Administração pertencia basicamente a apenas um grupo, ou fechava-se com esse grupo, ou estava fora do cenário correndo o risco de desaparecer.

Mas eis a grande questão:

Será que Bili consegue administrar sem ter conseguido eleger um único vereador de seu partido? Tendo que enfrentar uma câmara de vereadores eleitos que são ligados ao Deputado Federal Marcio França. Parece inviável, e remete aos tempos do governo Luca do PT que teve sua administração boicotada por não ter grupo ou base de apoio.

A primeira proposta segundo ele: “enxugar a máquina administrativa. Eu não tenho os números, mas entre Prefeitura e Codesavi aproxima-se de 1.200 cargos comissionados” […] 600 imóveis alugados pela prefeitura.

Isso, sem contar os cargos de confiança. Será mesmo que Bili irá mexer neste vespero? Afinal, governar em São Vicente há 16 anos foi sinônimo de distribuir pastas e cargos.

E quem paga por tudo isso?

Não sejamos ingênuos, o atual prefeito não representa renovação nenhuma, na verdade, apenas resolveu pular do barco quando percebeu que a capitania hereditária iria naufragar. Deste modo, aproveitou o momento e agarrou a oportunidade de sair ileso. A política partidária (ave de rapina), é assim, reconfigura-se na luta pelo poder absorvendo e se incorporando a novos discursos que garantam sua sobrevivência. Futuramente veremos todos aqueles que trocaram desafetos, fazendo as pazes pelo bem comum deles (não do povo).

Então, o que muda na política Vicentina de fato?

Nada! Quer dizer, infelizmente, tudo pode sempre piorar, vamos pensar o seguinte: Bili é do PP (partido progressista) para quem não sabe é o partido do Maluf, do Beto Mansur, (acho que não é preciso nem dizer nada a respeito) Um, é filhote da ditadura e responde a vários processos por desvio de dinheiro público e é procurado pela Polícia Internacional (Interpol), outro, responde no (STF) Supremo Tribunal Federal processo por abrigar trabalho escravo em sua fazenda em Goias. Lembrando que o PP também já abrigou o Celso Russomanno. Realmente é de dar medo. Por exemplo; uma das propostas de Bili durante sua campanha em relação a segurança pública foi de armar a guarda municipal, ou seja, mais uma visão tacanha, reacionária e preocupante, principalmente porque São Vicente está inserida no mapa do Estado de SP em que os índices de assassinatos de jovens de periferia envolvendo policiais é altissimo. Somente de 2006 à 2012 segundo dados do IML 493 jovens foram assassinados pela polícia, onde 70% com tiros pelas costas, traduzindo: execução sumária. E aí? Queremos mais armas nas ruas para resolver o problema da segurança pública?

Pergunta básica: a população será consultada daqui para frente nas decisões que serão tomadas no “suposto” novo rumo que tomará a Administração da cidade?

De fato, o questionamento tem de estar presente, contudo, sem organização popular veremos mais do mesmo e continuaremos reféns de novas oligárquias que se revezam no poder com os mesmíssimos discursos que nunca mudaram a vida da população.

Se no dia 07 de outubro de 2012 a população disse não aos França, que de agora em diante diga não a toda forma de poder representativo, que não passa de uma farsa sustentada por uma corja de parasitas que vivem às custas do trabalho do povo.

Essa é a grande verdade perversa que temos que encarar enquanto estivermos desmobilizados, delegando nossas responsabilidades e continuando a acreditar que a revolta depositada na urna irá resolver os problemas.

Ocupar, criar, poder popular!

 

Valdelice Verón: “A gente sabe que vai ser genocídio e mais genocídio”

Tragédia que dura décadas, o genocídio indígena no Mato Grosso do Sul segue com a conivência de todas as instâncias de governo. O povo guarani kaiowá conta com apoio dos companheiros para continuar resistindo por suas terras, mesmo massacrados pela ganância e crueldade de fazendeiros

A liderança indígena guarani kaiowá Valdelice Verón, trouxe a São Paulo um forte relato sobre a situação do seu povo em Mato Grosso do Sul, em evento realizado semana passada, na PUC.

Antes mesmo de começarem as falas, o público teve um momento de emoção no auditório da universidade: na mesa foram colados mais de 20 papéis com nomes de lideranças indígenas assassinadas nos últimos 30 anos, a grande maioria pessoas próximas de Valdelice, como seu pai Marco Verón. Em certo momento ela relatou como se deu a morte de algumas dessas pessoas, cujos assassinos até hoje seguem impunes.

Como Valdelice diz, o governo separou os povos indígenas do Mato Grosso do Sul para dividir os povos. Ela classifica as reservas indígenas de “chiqueiros”: “Para mim são áreas de abate, áreas de confinamento, de morte”, diz ela, que acrescenta que dentro da reserva não conseguem respirar, não conquistam autonomia nem mesmo de dar a educação indígena, tampouco há possibilidade de sobreviver dos recursos naturais.

Ela lembra a retomada da luta pelas terras indígenas tradicionais, feita com muita luta, reorganizando os povos. Porém, a luta traz consigo grandes tragédias. “É uma tristeza muito grande porque toda semana, todo dia morre jovem, criança, mulheres. Voltando a nosso tekoha a gente volta a tomar nossa terra. A gente encontra encontra indústria do etanol, cana, água podre, mesmo assim a gente retoma porque lá está nossa história, e nossa história não vai morrer, porque a gente tem uma memória muito forte que passa de pai pra filho, de filho pra neto.

Sobre as histórias que ela tem a contar, Valdelice diz que é a história dos líderes mortos, mas não para chorar, e sim levantar e seguir em frente.

Valdelice citou como se deu algumas das mortes nos conflitos de terra no estado, como nos anos 1970, como disse a ela seu pai, quando jagunços e outras pessoas queimaram sua tia, junto com os filhos, em uma casa grande construída pelos indígenas. Estas outras pessoas que o pai se referia vestiam blusão verde e sapatos grandes pretos (seriam militares?).

Valdelice mostra os nomes dos companheiros indígenas assassinados

Valdelice contou sobre a morte dos irmãos José Verón e Sérgio Verón, em que a versão oficial é de morte por acidente. Anos atrás, um trator passou pelas terras onde eles estavam enterrados, arrancando de lá seus corpos, e até hoje os indígenas não sabem onde estão os corpos deles e de outros familiares que estavam enterrados neste cemitério. “Mesmo assim voltamos para a terra”, diz.

A resistência e força de Valdelice foram ficando ainda mais explícitos no encontro: “Não adianta falar que compraram arma, que vão matar. A gente vai morrer, mas a gente vai retomar nossa terra. Amanhã, se eu não estiver mais, eu sei que minhas filhas vão continuar a luta”. Sobre a resistência, ela acrescentou: “Nós temos coragem para sobreviver. Aquele pedacinho de terra tem história, é sagrado, lá que a gente começa a se reorganizar, a se reestruturar, é lá que a gente começa a ter autonomia”.

Ela não demonstra medo em falar sobre as ameaças. “As pessoas se dizem civilizadas, como essas pessoas que mandaram recado pra nós, falando que já compraram armas no Paraguai pra matar nós. Esse tipo de civilização eu não quero. Quero diálogo, conversar”.
“Esses juízes deviam entender um pouco de nossa história, porque quando eles assinam uma liminar, assinam nossa sentença de morte, porque são crianças que vão morrer, mulherer, idosos, professores. Muita liderança é marcada pra morrer, a segurança privada em Dourados fez lista pra matar”.

Valdelice conta como todos podem ajudar: “Acredito que vocês que estão aqui são companheiros, são amigos – comecem de dentro de casa falando pros seus filhos que o povo indígena guarani kaiowá são seres humanos também”.

Ao final, depois de ser aplaudida de pé por todos os presentes, Valdelice ainda narrou mais mortes e violências praticadas contra os indígenas, a mando dos fazendeiros, incluindo um episódio ocorrido contra sua filha. “O que aconteceu com a minha filha não virou inquérito. Não tenho esperança na Justiça. Vamos recorrer à Funai, e lá temos filhos de fazendeiros que passaram no concurso, não temos onde pedir socorro”, diz ela, que afirma ainda: “A gente sabe que vai ser genocídio e mais genocídio”.

P.S.: Como citou Valdelice e Sassá Tupinambá, a última assembleia Guarani e Kaiowá Aty Guasu divulgou nota alertando sobre a situação de ameaça de extermínio em que vivem, e que não vão abrir mão da resistência. A nota se encerra dizendo o seguinte:

“Sim, temos somente nossos cantos e rezas sagradas mbaraka e takua para buscar e gerar a paz verdadeira à vida humana. Neste sentido, nós vamos e queremos ser morto coletivamente cantando e rezando pelos pistoleiros das fazendas. Esta é nossa posição definitiva diante da ameaça de morte coletiva/genocídio/etnocídio anunciada publicamente pelos fazendeiros da região de faixa de fronteira Brasil/Paraguai.”

(Nota completa pode ser acessada aqui)

Interessados em colaborarem com a causa guarani kaiowá podem acessar o blog do Comitê Internacional de Solidariedade ao Povo Guarani e Kaiowá: http://solidariedadeguaranikaiowa.wordpress.com/

Mais informações sobre as retomadas indígenas no http://uniaocampocidadeefloresta.wordpress.com/

Vídeo – Expedição Marco Verón – a luta dos guarani kaiowás no Mato Grosso do Sul

Carandiru. Quem é o responsável?

Infelizmente. O que ocorreu no Carandiru não é nada diferente do que ocorre no país inteiro, exemplo: Pinherinhos, Giral, Belo Monte, os assassinatos de indígenas em Roraima por grileiros, a operação higienização para receber a copa do mundo, cracolândia, Favela do Canão, as retaliações da polícia ao PCC na Baixada Santista que segundo dados do IML contabilizam 493 jovens de periferia assassinados pela polícia de 2006 à 20012, os 21 mil trabalhadores em condições análogas a escravidão segundo pesquisa de maio de 2011 do Ministério do Trabalho… E a lista não para.

O caso do Carandiru é mais um exemplo de como a política do Estado é de opressão, e toda a lógica de nossa organização social é de segregação social para garantir privilégios.

A existência de uma casa de detenção não é para ressocializar o cidadão infrator, é para moer gente que o Estado de direito não foi capaz de criar garantias.

Se ninguém foi punido, a pergunta é, por quê? Oras, evidente que não, um deles é até deputado. Precisamos é aguçar nosso olhar e radicalizar para entender o fenômeno social das prisões.

Por que elas existem? Por que o governo gasta tanto com prisões superando os gastos com educação? É preciso entender como se estrutura a sociedade e mobilizar as bases para intervir com ações reais e não paliativas. A polícia como instrumento do Estado vai cumprir seu papel de controle social, diante de qualquer situação identificada como contrária a ordem determinada pelo Estado.

Não há um momento na história onde as Instituições e os Estados não tenham sido criados para subjugar e legitimar o poder de um grupo social sobre outro.

O triste é ver a sociedade brasileira ludibriada por meios de comunicação, alienados e espúrios, reproduzindo a ideia de que colocar os responsáveis (policiais) na prisão irá dar um exemplo de justiça, quando na verdade, os policiais devem ser presos sim! Mas o grande responsável é o Estado Brasileiro, e este deve ser desmascarado como o grande assassino e opressor social, responsável por todas as mazelas sociais.

Por isso, enquanto a sociedade acreditar que a renovação política por meio de representações partidárias, trará mudanças, dentro uma organização social que não funciona, estaremos vivendo o passado no presente e projetando o mesmo futuro de barbárie.

Há 500 anos que mais de 111 são mortos, e tornou-se insustentável discutir os direitos humanos por um viés que não leva em consideração todos os aspectos sociais que determinam a realidade.

1 ano sem Redson, do Cólera – a última entrevista!

Há um ano morria Redson Pozzi, vocal do Cólera, banda precursora do punk no Brasil. Dez dias antes, 17 de setembro de 2011, a banda vinha à Baixada Santista, onde tocou no Bar e Café Santista, em um show histórico e muito foda, com sua formação original. Infelizmente seria o último show da banda com Redson nos vocais.

Antes mesmo do show, naquele sábado histórico, a Rádio da Juventude conseguiu levar o Redson pra Vila Margarida, em São Vicente, onde ele participou do programa Punk’ada, ao vivo (da meia noite à 1 da madruga!). Só a gente sabe a treta que foi conseguir levar ele até a rádio, e depois ainda conseguir assistir o show, naquele sabadão histórico que durou até a manhã de domingo.

Ganhamos ali um grande amigo, que acabou nos deixando muito cedo. Ao Redson, nossas mais sinceras homenagens.

Assista abaixo à última entrevista feita com Redson, do Cólera. No final do programa, ele fala sobre um novo disco que estava sendo preparado, o “Acorde! Acorde! Acorde!”, até hoje inédito:

Clique aqui para baixar o programa

SEGURANÇA PÚBLICA. Direitos Humanos para Todos?

Dia 19 de setembro de 2012 ocorreu na Unifesp Baixada Santista o I Seminário sobre SEGURANÇA PÚBLICA ¨Direitos Humanos para Todos¨. Cerca de cinquenta pessoas estiveram presentes, entre elas estudantes, professores, ativistas de direitos humanos, ONGs e cidadãos comuns.

A 1° mesa de debate foi composta por Thiago Santos de Souza Coordenador da Defensoria Pública Regional de Santos, Luiz Eduardo Arruda Cel PM da Diretoria de Ensino e Cultura de São Paulo, Fabiana Botelho da Defensoria Pública de São Paulo e Hélio Silva Junior Advogado representando a OAB, este último não compareceu, mas, em seu lugar para representá-lo, outro advogado incumbiu-se de tal compromisso, contudo, seu nome este que vos escreve esqueceu, fato desagrádavel para uma mesa composta por representantes do Estado, ok!

Como foi divulgado pelas redes sociais: oportunidade rara para um ¨cara a cara¨ com autoridades. Será? Enfim, feita a solene abertura de blábláblá, algo que intrigava era discutir segurança pública só com milicos, oras, a polícia é um agente muito atuante no que diz respeito a violação dos direitos humanos, e neste Seminário, a voz era deles?

O combinado era uma hora e meia de exposição (deles) e uma hora e meia de debate com o público, no entanto, milico sabe como é, DOMINA! O que começou a gerar uma tensão na galera que sacou desde o princípio a cascata de uma discussão de cima para baixo, onde o Cel Arruda tecia em discurso e em power point dados da eficiência da PM, além de dizer: sou ativista dos direitos humanos e de uma polícia humanizada e […] Construção coletiva […] Estamos abertos a ideias, sugestões…

Argumentos bem articulados, estátiscas, projeções, palavras bonitas… E assim foi d@s outr@s companheir@s de mesa e Instituição, que em alguns pontos rolou até piada: Está liberado falar palavrão porque Universidade é para a gente pirar nas ideias, formar mão de obra para o mercado, é saudável, só que discussão tem que ter educação…

Para! Nós sabemos o que eles fazem numa manifestação de greve. E não vamos esquecer e nem achar graça. Educação é o caralho! Somos nós quem levamos borrachada, somos nós quem estamos sendo oprimidos! Rebateu muito bem um estudante.

Daí por diante começou o debate, perguntas sobre Pinheirinhos, Belo Monte, Favela do Canão, Cracolândia, os 493 jovens mortos pela PM na Baixada Santista em retaliação ao ataques do PCC em 2006 ( todos com tiros pelas costas segundo dados do IML) a operação higienização nos centros urbanos, extermínio de comunidade indigenas, kilombolas e de rua. E assim parte do público bradava:

Se é para discutir direitos humanos, queremos abertura para expor todos os problemas, afinal, está sendo discutido direitos humanos para todos, ou para um nicho social?

Não tem representação de gênero nesta mesa! Não tem organização social nesta mesa! Cadê as pessoas que vivem na pele a opressão da polícia? Que na verdade, a polícia é só uma ferramenta do Estado, e o Estado é o grande culpado e o grande assassino! Enquanto houver Estado haverá opressão!

Querem discutir coletivamente e desrespeitam nossas falas. Não nos deixam falar.

Mas, apesar de todas essas colocações, nenhuma resposta, voltas e voltas e absorção de discurso; ¨concordo, claro, concordo, foi monstruoso mesmo, temos que nos unir e mudar isso¨.

O que tornou evidente que o Cel Arruda conhecia como se articulava por dentro os movimentos sociais, e das duas uma, ou ele era um esquizofrênico, ou muito bem preparado para limpar a imagem da polícia. Até penso que as duas coisas, tipo, daqueles que querem reformar o inferno, enquanto o diabo vai te usando para fazer propaganda que lá é um lugar agradável. E neste caso o diabo é o Estado.

Uma coisa interessante foi ouvir os discursos revoltosos de algumas pessoas que foram lá discutir direitos humanos e segurança pública por um viés: ¨violência é caso de polícia!¨ e quando sentiram-se intimidadas com todas as exposições das mazelas que vive a maior parte da população, o discurso deles ficou atropelado para não dizer outra coisa.

Temos que ser mais humanos, não se iludam jovens! Não existe mais esquerda, não existe mais direita, essa coisa de ideologia é ruim, todos podemos lutar e sermos felizes, por isso, precisamos da polícia, do exército, de Deus e da paz no coração.

Isso, como se toda a problematização levantada não tivesse nada de humano. E na verdade, tem muito de humano! O que não tem de humano é querer se esconder por tráz de leis que privilegiam uma minoria e exclui e oprimi a maioria.

Mas, aí o buraco é mais embaixo e assumir que se vive de discursos hipócritas não é tarefa fácil para quem defende seu ossinho, até porque naturalizar o estado das coisas e culpabilizar quem está com a cabeça de baixo das botas é simples e não dói no bolso.

 

OBS: Sobre a outra parte do seminário não acompanhei, fiquei cansado e tinha que acordar cedo no outro dia para pegar busão lotado… Se alguém sabe deixe comentários.