A Encenação da fundação da vila de São Vicente: Legitimação e glorificação do holocausto indígena

Não bastasse a atual conjuntura de caos na administração municipal de São Vicente, herdeira da dinastia França, o novo prefeito Bili já começou a mostrar a que veio. Em meio ao tom populista, evidenciado pelo discurso de redução de gastos da máquina administrativa, destacam-se também as concepções nitidamente fascistas, marca registrada do atual partido do prefeito, o Partido Progressista (PP), legenda oriunda da antiga ARENA, que representava as forças repressoras durante a ditadura militar em nosso país.

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Declarações homofóbicas, defesa da “moral”, dos “bons costumes” e da “família” marcaram o inicio turbulento de sua administração, enquanto no outro lado da história, as creches continuavam com escasses de merenda, os salários dos servidores de diversas categorias continuavam atrasados, o lixo amontoava-se nas calçadas e as pessoas simplesmente morriam nos corredores do CREI (Centro de Referência Emergência e Internação).

Como uma cereja podre a “encenação da vila de São Vicente” veio para decorar um bolo mofado e cheio de vermes. Inicialmente a administração dava a entender que devido aos cortes no orçamento seria inviável garantir o “espetáculo” que acontece praticamente todos os anos desde 1982. Essa notícia deu brecha para que políticos oportunistas, como o deputado Luciano Batista, encontrasse uma maneira de se auto-promover. O deputado que é bastante próximo ao governador Geraldo Alckmin conseguiu a liberação da cifra de 1 milhão de reais para garantir a “festa”. Lembrando que o gasto total da encenação no ano anterior foi de incríveis 6 milhões de reais, dinheiro público utilizado para pagar cachês de galãs globais, encher o bolso de “diretores de teatro” super-egóicos e por fim distribuir entre os vereadores, deputados e gestores da máquina pública, personagens não tão famosos quanto os globais, mas que exercem um papel fundamental na trama da corrupção brasileira.

Alheios às cifras os grupos de teatro amador, os jovens, crianças e idosos participaram do “espetáculo” como “voluntários”. Nos ensaios era possível medir o amor que os “cifrados” nutriam pelos “voluntários”: “ – Olha, quem não ficar até o final não vai ganhar lanche! Corta o lanche deles!” berrava o diretor pedindo aos organizadores não deixarem que algumas crianças se ausentassem do local do ensaio.

Seria apenas “trágico” se isso fosse tudo, mas a indignação aumenta quando nos damos conta do conteúdo da encenação, esse ano apresentada no formato de um musical.

O 1 milhão de reais, dinheiro público (nosso) que poderiam ser utilizados para pagar os salários atrasados dos servidores e comprar merenda para as creches, por exemplo, foi gasto em um espetáculo legitimador de uma das maiores carnificinas da história do nosso continente: a invasão dos portugueses ao território dos povos originários e sua posterior dominação e dizimação.

Em meio a músicas que lembram as canções dos filmes da Disney, todo discurso dos “vencedores” e colonizadores era colocado sob a óptica nacionalista, ufanista e civilizatória do branco europeu, homem valente que cruzou os sete mares para levar os benefícios da “civilização ocidental” e “salvar as almas” dos povos bárbaros que aqui habitavam, através da sua conversão à fé católica.

Os índios, retratados como animais maléficos que comiam uns aos outros, representavam perigo aos bravos colonizadores, por isso deveriam ser escravizados. Usados como meros adereços exóticos e folclóricos (no mal sentido) o “espetáculo” passa a imagem de um índio passivo a sua própria destruição étnica.

Tudo isso em um momento no qual os povos indígenas que ainda resistem em nosso território sofrem numerosas perseguições, ameaças e assassinatos. Um exemplo é a situação dos Guarani Kaiowá.

Em meio aos gritos de fãs histéricas e uma grande queima de fogos de artifício o diretor cultua o status quo da sociedade capitalista de consumo, berrando constantemente o nome do ator global que interpretou Martim Afonso de Souza. Assim termina a encenação da fundação da vila de São Vicente. Todos saúdam a grande festa da “Primeira Câmara das Américas” a tal “Célula Matter da democracia brasileira”. Enquanto os espectadores saem satisfeitos, o locutor oficial do evento, contratado pelo Governo Alckmin trata de puxar a sardinha para o governador, destacando a liberação da verba milionária. O controlador do som, por sua vez, subalterno da administração municipal, trata de abaixar o som do microfone no exato momento em que o locutor discorria a bajulação ao Governo do Estado. Logo após o “incidente”, o locutor, agora em alto e bom som registra alegremente a presença de centenas de personalidades entre vereadores, deputados e apadrinhados políticos. Fim do pão e do circo.

São Vicente às escuras em pleno carnaval.

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22h, orla da praia vazia em pleno carnaval.

Quem procurou algum lugar para se divertir durante as noites de carnaval em São Vicente, (como de hábito na cidade) não encontrou nada, além de muita polícia na rua e um vazio espantoso em plena época de folia. Pois é, a Prefeitura resolveu caçar geral qualquer manifestação que fizesse referência ao carnaval, com isso, o calçadão da praia e o deck dos pescadores tiveram parte de sua iluminação desligada, criando assim, para quem passeava pela orla, um sombrio divertimento, com direito a assistir um helicóptero que sobrevoava a orla da praia da Biquinha até a Ponte Pênsil passando pela Prainha com um projetor de luz iluminando a todos que passavam pelo local. (será inspeção para averiguar se estava tudo em ordem?)

23h helicóptero da PM sobrevoando São Vicente

23h, helicóptero da PM sobrevoando São Vicente

Tempos de absurdo são esses em que em pleno carnaval há mais policia na rua que foliões. Quem tiver a oportunidade de conferir essa situação bizarra e preocupante, basta caminhar pela praia de São Vicente durante a noite para constatar a quantidade de viaturas, de policiais e todo o aparato bélico que foi implantado na cidade.

22h jovens sendo revistados pela PM

22h, jovens sendo revistados pela PM

Claro que queremos segurança, mas, qual o preço teremos que pagar? Sem contar que queremos ser consultados! 

Outra coisa, humilhação, desrespeito e abuso de autoridade são coisas completamente diferentes, e isso, é o que tem ocorrido nos últimos dias na cidade, enquanto, boa parte dos “representantes do povo”, que administram e (infelizmente) decidem o futuro dela (e de sua população), inclusive, o Prefeito, festejam o carnaval em outras cidades, porque em São Vicente, só ficou o bloco da Polícia Militar (PM) cantando seu velho samba com seus apagadores de liberdade. “Mão na cabeça, cara no chão! tapa na cara, te jogo na vala…”

Carnaval em São Vicente: Uma ditadura particular

Foto-1587Neste domingo dia 10 de fevereiro, foliões vicentinos compareceram em massa no maior bloco de carnaval da cidade, o Ba-baianas. E também como prometido pela Prefeitura da cidade, a Força Tarefa marcou sua presença para coibir que o bloco saísse do bairro e passasse pelas vias do centro indo até a praia. Quem esteve presente pode conferir uma verdadeira operação de guerra que remetia ao regime ditatorial. (se é que não foi uma ditadura particular)

Foto-1565Foi por volta das 11h que o bloco das Ba-baianas saiu em direção oposta à de costume, circulou pelo bairro de forma contida, mas provocante, iniciou com um grito de guerra que mandava o Prefeito ir chupar. Porém, o som do trio elétrico estava baixo e como havia apenas um este ano, as pessoas que vinham acompanhando o trio numa distância maior de 60 metros, simplesmente não conseguiam ouvir nada.

Foto-1634Num passeio de uma hora e meia o bloco retornou ao seu ponto de partida e a pedido de Oficiais da Polícia Militar (PM), que de forma “delicada” disseram aos organizadores que era para acabar a festa ali, e deste modo, evitar problemas.

Pois é, como já diz o ditado “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, lá se foi o carnaval de rua, deu para brincar um pouco, beber um pouco, xingar um pouco e se irritar muito! Pois, foi vergonhosa a forma como a população foi tratada num dos únicos momentos em que ela pode sair à forra e se divertir, depois durante o percorrer do ano,  enfrentar um CREI sucateado, uma Educação sucateada e toda uma cidade entregue aos vermes do Estado, que fizeram palanque, que fizeram uma São Vicente entregue ao descaso.

Foto-1569Vamos economizar as palavras, silêncio! Eles pedem com os cães para ficarmos em silêncio.

Carnaval em São Vicente foi liberado. A vitória é do povo!

O carnaval em São Vicente foi liberado de última hora. Um grupo de vereadores e representantes carnavalescos foram dialogar com o Juiz e conseguiram a liberação, ou seja, encontraram uma brecha, sendo assim, desde que o bloco não cruze o centro está tudo certo, ficou acordado que o bloco das baianas ficará pelo bairro, pois é, menos mal, ( não queríamos ver sangue) só que agora vai rolar um palanque em torno disso. Por isso, interessante não perdemos o foco: A vitória é do povo! Pois foi a população, que mesmo não tendo ido ao fórum, afirmou que iria as ruas.

A vitória é do povo!

Força Tarefa pretende coibir as manifestações carnavalescas em São Vicente

Reunidos nesta quinta-feria (7), representantes do carnaval vicentino e vereadores procuraram encontrar uma solução pacifica para que não haja violência no carnaval (censurado) deste ano em São Vicente, pois, as manifestações estão proibidas, mas segundo o que circula nas redes sociais e pelas ruas é que os foliões vão subverter a regra.

Pois é, a decisão deste grupo que se reuniu de forma extraordinária foi ir no dia (8) até o fórum da cidade para tentar resolver essa situação, pois a criação de uma força tarefa da Policia Militar, Civil e Guarda Municipal atuando de forma preventiva já está armada. A Prefeitura cancelou as festividades e disse que essa ação (força tarefa) é para manter a ordem, garantindo a integridade física das pessoas e preservando o patrimônio público.

Se a população será silenciada, representada, ou irá para o enfrentamento, é a “trifurcação” na qual chegamos, aceitarmos as imposições, as delegações, ou perdermos a paciência. (sendo que são muitos os motivos para se perder a paciência) No entanto, temos que refletir, as forças político partidárias que estão aí, lutam pelo bem comum de todos, ou por interesses particulares? Qual o passo que temos que dar?

O que temos de concreto é que as representações partidárias historicamente nunca trouxeram nada para o povo, mais atrapalharam do que contribuíram. Todas as conquistas foram sempre construídas pelo povo. Bora construir o poder popular! Só assim, teremos nossas mais legitimas manifestações não coibidas.

Eu quero em São Vicente um carnaval libertário!

No ano passado uma decisão judicial do Ministério Público (MP) proibiu qualquer  tipo de manifestação na vias principais do Município de São Vicente, seja ela de cunho religioso, cultural, esportivo, cívico ou de livre-iniciativa. Essa  decisão é do juiz da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Vicente, Eurípedes Gomes Faim Filho, que atendeu ao pedido da Promotoria.

Muitas criticas surgiram, principalmente por aqueles setores que foram prejudicados com a lei. Na época uma pequena mobilização percorreu as ruas de São Vicente em busca de assinaturas para um abaixo assinado em prol da liberdade de expressão, houve petição na internet e até tuitaço, o que não surtiu efeito algum. E como se tudo não pudesse piorar, na sequência houve o bloqueio de apresentações artísticas no Parque Cultural Vila de São Vicente, deixando muita gente que frequentava o parque, indignada, pois, a cidade no quesito “cultura” é um problema, e com mais esse impedimento a impressão que causou foi que tudo aquilo que era de graça, popular e que possibilitava artistas locais a apresentarem sua arte, estava sendo desmantelado de vez. Algumas discussões ocorreram, vídeos circularam para promover o debate, mas a liberdade de expressão entrou num caminho obscuro…

Na verdade, houve pouco diálogo com a população sobre o que estava ocorrendo, o próprio slogan da campanha  “Pelo Direito de Livre Manifestações – Diga Não a Intolerância – Por uma cultura de paz” ( com direito a foto do ator  inglês Hugh Laurie que fez o protagonista da série Dr. House) que percorreu as ruas não deixava claro o que representava essa lei e quais seus efeitos práticos, e como em ano de eleição tudo vira moeda de troca para angariar votos, é bem provável que as pessoas que tiveram acesso à informação não entenderam o que representava de fato para embarcar na cruzada.

ba_baianas01Hoje, após quase um ano da lei ter entrado em vigor, a discussão tornou-se ácida, pois a Prefeitura em pronunciamento nesta última segunda-feira (4) disse por meio de seu Secretário de Cultura Amauri Alves que irá acatar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Com isso, muita gente ficou indignada e pelas redes sociais expressaram repúdio e colocaram que, há de acontecer um enfrentamento direto, que os blocos carnavalescos devem burlar a lei e irem para as ruas, há também um manifesto percorrendo as redes dizendo que as pessoas devem comparecer na concentração do maior bloco carnavalesco da cidade, o das Ba-baianas, existente há 76 anos, um bloco tradicional que agrega uma quantidade massiva de foliões que sai do Parque Bitarú, cruza todo o centro da cidade e termina na praia.

Podemos afirmar sem sombras de dúvidas que este bloco é uma iniciativa popular de carnaval de rua tão forte que é impossível de conter por meio de uma lei, inclusive a presidente do bloco, Regina Dias preocupada com a questão, disse que irá comunicar os foliões, mas, de acordo com as manifestações que estão ocorrendo pela rede, o bloco vai para a rua em ato de protesto. Afinal, o formato do bloco é de iniciativa livre, ou seja, as pessoas vão aderindo à ele durante o percurso de forma natural, e assim ele vai se construindo, resultado: como se pode evitar isso? ( preocupante, pois, a Prefeitura anunciou que vai intensificar a fiscalização e o efetivo policial para coibir)

Pois é, a ignorância dos governantes ( no sentido de ignorar) é tão grande, e deixa claro o quanto São Vicente tem uma visão provinciana, sem a menor sensibilidade de entender que bloquear o carnaval de rua, é atingir o cerne de uma das maiores expressões culturais brasileiras ( e popular, o mais interessante) e também podemos tirar como conclusão que, quem faz as leis não está conectado com a realidade, e a lei é sempre um produto vindo de cima para baixo que não atende aos interesses  da população.

Em cidades do nordeste brasileiro, por exemplo, nas de Pernambuco onde os blocos de rua tem um significado e uma força popular muito grande, diferente dos espetáculos apoteóticos, é impossível pensar na proibição de tal evento. Segundo os números oficiais do Carnaval Multicultural de Pernambuco realizado em 2012, foram: 300 atrações nos palcos, 325 shows, 800 apresentações de agremiações em polos descentralizados, 8 polos no centro, 9 polos decentralizados e 42 polos comunitários. O Bairro do Recife teve um público de 600 mil pessoas por dia. E na economia injetou R$ 773,6 milhões.

Ok, podemos dizer que em Pernambuco há uma industria do carnaval, enquanto em São Vicente estamos longe disso. Correto? Até porque neste ponto abre-se outra discussão, afinal, nós da Rádio da Juventude queremos um carnaval gestionado pelo povo. Entretanto, a analogia é apenas para visualizarmos o quanto existe de um pensamento raso na forma como está sendo discutido essa questão, e como toda esta miopia favorece os grupos de interesse que se aproveitam deste momento para se articularem usando o povo como massa de manobra, atacando uns aos outros, mas, são todos farinha do meu saco querendo palanque.

O momento político de São Vicente

A cidade de São Vicente está num momento delicado de transição política, os serviços públicos estão completamente sucateados, nem o governo de ontem resolveu e nem o de hoje com certeza irá, mas, a disputa politica partidária está usando de todas as maneiras possíveis para amarrar a população e legitimar suas bandeiras. Isso resultará em quê? Fica à reflexão. Pois, colocar o bloco na rua e enfrentar a polícia e um governo reacionário é legitimo, mas devemos levar todas as nossas bandeiras: da educação, da saúde, do emprego, da cultura, da informação e de tudo que nos é arrancado dia a dia. Sem contar também que há de se colocar essa discussão em pauta com toda a comunidade, se existem pessoas que estão sendo prejudicadas com as manifestações nas vias públicas, elas também têm o direito de serem ouvidas. Este é o ponto, abrirmos ao debate e discutirmos levando em consideração todas as partes, e coletivamente decidirmos o que é melhor para toda a comunidade vicentina. ( sem lei que oprima)

O carnaval é uma das manifestações culturais mais legitimas que existe, vinda de um povo que a 500 anos aprendeu a resistir e com muita criatividade criou formas de expressões riquíssimas, contudo, a lógica da sociedade em que vivemos é transformar tudo em mercadoria, e os grupos de interesse, velhas raposas treinadas no jogo da manipulação, são habilidosos em usar o povo como massa de manobra. É tempo de subverter isso, se queremos blocos nas ruas, precisamos de autonomia para realmente sermos protagonistas de nossas formas de produção, e deste modo, ninguém usar dos nossos sonhos e das nossas lutas para nos explorar e nos vender como objetos.

É isso, São Vicente precisa de um carnaval libertário! Livre para todas as expressões e formas livre de se viver.  Sem preconceito de credo, cor ou grupo social!

Um carnaval do povo feito pelo povo!

São Paulo: Manifestação em solidariedade aos presos políticos no Chile

Foto-0190Nesta segunda-feira dia 4 de janeiro de 2013 cerca de vinte pessoas estiveram por volta das 11h em frente ao Consulado Chileno para exigir que o Governo do Chile liberte das prisões lideranças do povo Mapuche. O grupo não conseguiu falar com nenhuma autoridade, mas, foi à rua dialogar com a população sobre a quantidade de prisões arbitrárias que estão ocorrendo no Chile e sobre toda a comunidade Mapuche que está sendo dizimada. Ao término do ato o grupo decidiu tornar constante os protestos em solidariedade aos Mapuches e mobilizar outras organizações para aderirem a luta.

Quem são os Mapuches?

Os Mapuches, “pessoas da terra” é uma etnia indígena que vive no Chile, e desde a invasão espanhola lutam para defender suas tradições, seus costumes, sua cultura e suas terras, que consideram não apenas como áreas de plantio, de caça e de pesca, mas, também terras sagradas onde toda a ancestralidade Mapuche reside, por isso, eles não reconhecem a soberania chilena sobre os territórios onde estão suas comunidades e resistentemente vem travando uma luta contra o Governo do Chile que tem desencadeado uma violenta repressão, utilizando de aparatos do próprio Estado. Exemplo disso, é que parte dos territórios no sul do país, onde há comunidades Mapuches, essas áreas encontram-se militarizadas, os “Carabineiros” possuem bases especiais com única e especifica função, reprimir manifestações. ( os carabineiros são um tipo de polícia ostensiva de defesa civil, de defesa nacional, isso, segundo o governo, mas, na verdade sua única função é conter atos de protesto, poderíamos fazer uma comparação com o choque e agora com as UPPs que existem por única finalidade)

A prisão de Milary Huichalaf

Considerados terroristas, as prisões chilenas estão cheias de nativos Mapuches desde os tempos da ditadura Pinochet, quando foi instituída uma lei Antiterrorista que ampliou a perseguição e a criminalização do povo Mapuche. Hoje na América Latina a luta deste povo é um exemplo de resistência e ofensiva, da mesma forma como os Zapatistas no México, seu nível de organização, talvez, seja o que mais assusta o Governo Chileno. Por isso, nos últimos dias aconteceram: um espancamento à uma mulher e outras três foram presas, uma delas era Milary Huichalaf não só líder política, mas também espiritual. O que representa que este ataque do Estado é para desestruturar espiritualmente a comunidade Mapuche, já que Milary é uma liderança espiritual muito importante em sua comunidade.

Milary esteve no Brasil ano passado participando do Tribunal Popular da Terra em São Paulo no bairro Parque Santo Antônio, o Tribunal foi um júri popular que reuniu diversas organizações do país que colocaram o Estado no banco dos réus, o considerando culpado por todos os seus crimes contra a população pobre, preta, indígena, kilombola, homossexual e todo grupo social ou pessoa que vive na pele a opressão promovida pelo Estado.

Nos momentos em que Milary falou, pontuou que, hoje tem a certeza de que o Governo Chileno quer de qualquer forma eliminar o povo Mapuche, utilizando da violência, e legitimando por meio de difamações, chamando os Mapuches de terroristas, um povo que apenas defende sua cultura e não aceita e jamais aceitará ser expulso de suas terras, pois, são sagradas, resistirão a todo custo. Contudo, esta realidade vivida pelos Mapuches não é apenas uma particularidade deles, mas um plano econômico muito maior que atingirá toda a América Latina, por isso, a soma de forças entre os povos é fundamental para combater este Estado genocida que vem dizimando comunidades inteiras.

Foto-0202Mapuches, Guarani Kaiowá e a luta de todos nós 

Sobre os Mapuches podemos fazer um paralelo com a luta dos Guarani Kaiowá aqui no Brasil, que lutam para defender suas terras contra a expansão do agronegócio e de construções de usinas hidrelétricas, ou seja, o motivo de tanta repressão é histórico, questão econômica, pois, os territórios que pertencem aos Mapuches e aos Guarani Kaiowá são grandes biomas, e como a ganância desta organização social em que vivemos (capitalismo) não tem limite, ela simplesmente procura de todas as formas absorver e  eufemizar com o manto falacioso do desenvolvimento que nada está acontecendo de mal, só para o bem.

Por isso, desarticular, prender e assassinar tem sido a prática de todos os governos. (mesmos os que tinham um alinhamento à esquerda, hoje apenas defendem uma política desenvolvimentista que esmaga gente).

Toda solidariedade aos Mapuches! Tamu junto nesta luta!

Lei que obriga utilização do cartão magnético no transporte público é inconstitucional. Cabe denúncia no Ministério Público

25946_515402968493324_1911446852_nA partir do dia 23 de abril de 2013 quem utiliza o transporte público na cidade de Santos será obrigado a utilizar o cartão magnético, (cartão transporte) pois, não será aceito dinheiro como forma de pagamento.

Essa obrigatoriedade do uso cartão advém do projeto de lei do vereador Geonisio Aguiar (PMDB) o Boquinha, apresentado na câmara dos vereadores de Santos em 9 de maio do ano passado, a lei não foi aprovada. Porém, o atual prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) resolveu aprová-la com a justificativa de que  essa medida irá resolver o problema da dupla função dos motoristas e melhorar a qualidade do transporte, dando maior agilidade no percurso, disse também que haverá investimento na frota. Já o Boquinha autor do projeto declarou que a utilização do cartão também resolverá a questão de vulnerabilidade que estão expostos os motoristas, que por estarem transportando dinheiro correm o risco de assaltos. Essa lei está em vigor em algumas cidades do Brasil, inclusive, foram parar no Ministério Público, e por quê?

Porque a lei é inconstitucional, segundo a Constituição Federal não se pode recusar a moeda corrente no pais. E mesmo que a prefeitura justifique que disponibilizará postos de vendas, segunda a lei, ela estará relativizando a moeda em curso, o que afronta a Constituição enquanto totalidade normativa.

(artigo 43 do Decreto-Lei 3.688/41 de 1941 – permanece com a Constituição de 1988 – apenas com pequena retificação, referente a multa)

Claro, que todos os trâmites para se derrubar por meio de uma ação jurídica é extremamente demorada e desgastante, porém, válida, da mesma forma como a mobilização popular é fundamental neste momento para decidir sobre uma questão que violou um direito constitucional, e que em momento algum esse decreto foi colocado em discussão aberta com a população.

Baixada Santista

Há anos que se discute sobre a questão do transporte público, que ele é ruim, caríssimo, que não deveria ter sido repassado à iniciativa privada e sobre formas de transporte público alternativo, vide a novela do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) que agora, parece que vai… Contudo, na prática o que se efetiva é o desmantelamento total do transporte público, primeiro com a demissão dos cobradores que refletiu na dupla função do motorista, e agora na cidade de Santos com essa lei arbitrária, que não é duvidável que se expanda por toda a região.

A cerca de uma década que essa realidade não muda, e piora cada vez mais! Vivemos como reféns, nas mãos de uma organização mafiosa, que até o momento nenhum tipo de organização foi capaz de fazer o enfrentamento para no mínimo barrar um aumento. Há de citar também que o Sindicato dos Rodoviários, nada fez para barrar a demissão dos cobradores e não permitir a dupla função dos motoristas, além, claro, de palanque em torno do problema.

Consequência: 

Ano após anos a passagem aumenta e assistimos atônitos. A informação não circula, os meios de comunicação que neste caso exerceriam um papel fundamental, pouco se movem e vão sempre no embalo da onda.

Algumas organizações sociais acabam por ir às ruas protestar, o que é muito importante, por exemplo, no ano passado houve uma grande agitação na câmara Municipal de Santos promovida por diversas organizações que exigiram a abertura da planinha de custos e de uma audiência pública. Não conseguiram. Porém, foi fundamental, no sentido de desmascarar a farsa que são os representantes públicos da região, deixando claro, à quem eles servem, e que só entram nessa discussão quando lhes convém, sempre para angariar votos, ou seja, meros interesses políticos pessoais, enquanto os interesses da população que os elegeram são atirados para o lixo. Resultado: a passagem aumenta, a insatisfação também e a população continua sustentando parasitas.

É difícil encontrar uma fórmula que estabeleça parâmetros de como reverter essa realidade, de como mobilizar de forma permanente e construir uma organização popular que retire das mãos dos incompetentes e corruptos as decisões que influenciam nas nossas vidas. Porém, um passo importante além do enfrentamento, é o início de um diálogo constante com a população, isso sem bandeiras, porque elas mais segregam do que contribuem para derrubar as catracas que nos oprimem.

Admitamos ou não, o Prefeito de Santos sacou isso, e foi à campo pegar buzão e vender seu peixe. Enquanto, as esquerdas estão lendo manual em reuniões.

Por um transporte público gestionado pelo povo!

Juventude e o mundo do trabalho que explora

Rapaz

Rapaz vendendo cartões solidários

 (Vistos como mão de obra barata pelo mercado capitalista, o que também contribui para empurrá-los à informalidade, essa é a realidade dos jovens trabalhadores)

A inserção da juventude no mercado de trabalho sempre foi um problema social protelado. Segundo dados de julho de 2012 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) o índice de desemprego entre os jovens é maior do que no caso dos adultos. No Brasil após a crise dos EUA de 2009, (que exportou problemas para o mundo inteiro) apesar da economia ter se mantido aparentemente instável, o problema da escassez de emprego continuou sendo um problema sério que há anos assombra boa parte da classe trabalhadora, principalmente os jovens.

O relatório da OIT apresentou que houve mudanças significativas no que diz respeito ao trabalho decente, apesar de não haver explicações neste relatório do que a OIT entende por trabalho decente.

Em 2005 foi criado o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) que em seu site ressalta que em sete anos de existência (quase oito) importantes conquistas foram obtidas por meio de diálogo entre sociedade civil e o Governo, garantindo assim diretrizes de uma política nacional de juventude. Porém, a maior parte destas conquistas se traduzem em projetos sociais que ao passar dos anos pouco se efetivaram em mecanismos de proteção e de garantias sociais concretas. O que tem revelado de fato, é que esses projetos não mudam a realidade radical das condições de vida da juventude trabalhadora. Na verdade, mascaram com soluções paliativas. (isso sem levar em discussão quem administra, ou promove esses projetos que nem sempre são órgãos públicos)

Resultado: cada nova geração enfrenta os mesmos problemas da geração anterior como: desemprego, educação precária, saúde péssima, falta de espaços de lazer,  de acesso à informação e de acesso à cultura, além de uma infinidades de outras coisas. Ou seja, total falta de perspectiva de uma vida digna, onde cada jovem possa viver segundo suas aspirações e encontre o sentido mais profundo de suas vidas. ( se é, que isso seja possível dentro dessa organização social)

Neoliberalismo 

O avanço de uma política neoliberal, que atualmente atende pelo nome de “desenvolvimento econômico sustentável”,  qual à esquerda que ascendeu ao poder brada cheia de imponência, intensificou ainda mais o processo de desmantelamento dos direitos trabalhistas da classe trabalhadora, formatos de contratos de trabalhos temporários como os serviços de Call Center, Part time e todas as terceirizações e quarterizações absorveram para este mercado principalmente os jovens, e sem nenhuma fiscalização ou lei que regulamente e crie mecanismos de proteção, a verdade é que essa configuração trabalhista deixou a juventude muito mais vulnerável. Desta forma, de um lado é tentar se inserir dentro de um projeto social durante algum tempo, porque os projetos têm exigência de faixa etária e também possuem um tempo para existirem, ou, de outro lado encarar o mundo da informalidade e do subemprego, cujos formatos citados, hoje são os que mais empregam, com isso também os que mais exploram.

E dentro desta precariedade, como se não pudesse piorar, há de se ressaltar as entidades (pilantrópicas) que contratam jovens para pintarem o nariz de palhaço e venderem cartões solidários pelas ruas, e esses jovens apenas recebem um percentual daquilo que vendem (que não é muito), após receberem treinamentos de técnicas de venda com base na solidariedade, pois, estarão prestando um trabalho lindo para a sociedade. (insano, sem contar a venda do sonho de artistas, que é mais uma das coisas vendidas para a juventude)

Diante de tudo isso, cabe à reflexão que, a juventude precisa se organizar, criar contra-posição e construir novos códigos sociais. Toda essa realidade que esmaga como um rolo compressor, tem que ser demolida. Talvez este seja o grande desafio num tempo que passa depressa –  leva nossos sonhos  –  e num acordar de dias iguais, onde o trabalho deixa de ter significado, perdemos as esperanças. Porém, lutar, criar, poder popular sempre!

A juventude trabalhadora somos todos nós!

Lixo – A irresponsabilidade administrativa

Foto-1327Foi normalizada a coleta de lixo em São Vicente nesta sexta-feira dia 18 de janeiro de 2013. Muitos bairros ficaram sem a coleta de lixo, e o resultado disso são montantes de lixo que acumulou-se pelas esquinas da cidade. (principalmente os periféricos, pois o centro e a praia teve ação tarefa, por que será?)

A paralisação da coleta deveu-se a greve dos coletores que teve como justificativa a falta de pagamento do vale-alimentação e também segundo reivindicações dos trabalhadores, a falta de segurança que estão submetidos. Legítimo e apoiado a luta dos coletores!

A coleta de lixo em São Vicente é feita pela Termaq uma empresa prestadora de serviço contratada pela Prefeitura e pela CODESAV, Companhia de Desenvolvimento de São Vicente que é uma Sociedade Anônima de capital fechado, classificada como empresa de economia mista que tem como controle acionário e acionista majoritário a Prefeitura de São Vicente –  detentora de 99,99% de suas ações.

Segundo a Prefeitura a diminuição do repasse federal foi o motivo pelo atraso dos pagamentos, contudo, não se trata apenas de atraso quando falamos de uma prestadora de serviço, pois, cabe a prestadora de serviço cumprir o seu contrato, mesma que a verba pública atrase, ela vem, neste caso, o que ficou comprovado foi a falta de fiscalização e compromisso da Prefeitura em garantir o serviço e o pagamento dos trabalhadores. O que prova na prática a delegação de responsabilidades de uma administração pública que vai repassando suas obrigações, favorecendo à iniciativa privada por meio de licitações, o que contribui à precarização das condições de trabalho dos trabalhadores.

Com o palanque armado

A nova administração começou bradando mudanças, mas em novembro demitiu 200 pessoas que pertenciam a frente de trabalho contratados, que como num passe de mágica foram todos demitidos, não receberam o último mês de trabalho, sem contar que esses trabalhadores estavam empregados por meio de um projeto de inserção social, que visava atender pessoas com dificuldades de inserção no mercado de trabalho, ou seja, tiveram seu direitos trabalhistas violados. Interessante ressaltar que esta frente de trabalho foi criada pelo atual Prefeito quando pertencia a Secretaria de Relações do Trabalho. ( A Prefeitura deu como resposta em relação as demissões, que o projeto somente duraria enquanto houvesse receita)

Aspones

Outro ponto à dizer é referente o sindicalismo que pouco ou em nada representam estes trabalhadores, há de se aguçar o olhar em relação estes momentos que são extremamente oportunos para lideranças se promoverem e abocanharem cargos. Pois, uma coisa tem que ficar claro, esses trabalhadores prestam um serviço de extrema importância para a sociedade e são remunerados com salários risórios, cadê a luta? Cadê a luta contra as terceirizações do serviço público? Essa história de projeto é pura balela para explorar o suor dos trabalhadores.

Uma coisa é certa: a população precisa se organizar!

Incra ocupado! Milton Santos resiste

Cerca de 120 pessoas, entre assentados e apoiadores do Assentamento Milton Santos, ocuparam o Incra em São Paulo. Por Passa Palavra

Fonte: http://passapalavra.info/?p=70663

Cerca de 120 pessoas, entre assentados e apoiadores do Assentamento Milton Santos, ocuparam um pouco depois das 4 horas da manhã do dia 15 de janeiro o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria) na Rua Doutor Brasílio Machado, 203, Santa Cecília, na região central de São Paulo. Foram estendidas lonas e faixas na entrada do prédio e os funcionários que chegavam para trabalhar estavam sendo dispensados. Perto das 8h começaram a chegar os primeiros funcionários do corpo técnico do Incra, que também foram impedidos de entrar.

Os assentados já estenderam seus colchões e pertences em um andar do prédio.

Já há seis meses as famílias estão convivendo com a insegurança, diante da ameaça de perderem suas casas e, ao contrário do que aconteceu em outros momentos, desta vez a posição dos manifestantes é manter-se em ocupação até que a presidenta Dilma assine o decreto de desapropriação.

Também acompanham a ocupação alguns representantes do acampamento Luiz Gustavo, situado na região de Colômbia, próximo a Barretos. Eles exigem que o Incra acelere o processo de indenização do terreno, sob o risco de 110 famílias serem desalojadas nos próximos dias.

Atualizações

As circunstâncias da ação de hoje

A ação de hoje acontece como tentativa de estabelecer um canal de pressão mais direto sobre o governo federal.

Apesar de o Incra vir sofrendo um processo de enfraquecimento de suas funções, a própria mudança de orientação na prática de reforma agrária do governo coloca este órgão no centro das atenções.

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A ocupação do prédio mantem-se total por prazo indeterminado. Substituindo a sua atividade ordinária, outras estão sendo pensadas com o intuito de estreitar os laços com outras organizações e parceiros na cidade de São Paulo. A idéia é abordar a questão do Assentamento Milton Santos dentro de um contexto mais amplo, vivenciado por outras experiências de luta social, marcado pelo avanço das formas de expropriação da classe trabalhadora.

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Enquanto isso, em Americana…

Enquanto no prédio do Incra nenhum responsável apareceu para estabelecer um contato oficial com os manifestantes, coisas importantes aconteceram no Assentamento.

O prefeito de Americana esteve no local para dialogar sobre possíveis soluções. Chegou a oferecer propostas reparativas para as famílias, como alojamentos provisórios ou subsídios, mas que foram prontamente rechaçadas por elas. Neste diálogo chegou a ser cogitada a possibilidade de a Prefeitura executar a desapropriação, desde que tivesse dinheiro em caixa para cobrir a idenização, o que recolocaria o problema no colo do governo federal.

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Por fim, é importante ressaltar que hoje a notificação chegou no Assentamento pela parte da manhã, de forma a não deixar nenhuma dúvida de que o prazo está correndo. Ao mesmo tempo, espera-se o resultado do julgamento do embargo da liminar pedido pelo INSS. Era essa a última desculpa sustentada pelo governo federal para executar a desapropriação, visto que em todos os espaços de negociação ele alegou que faria uso deste instrumento tão logo se esgotassem os recursos jurídicos.

Mas até o momento não há informações sobre esta questão.

Apelo de solidariedade às famílias do assentamento Milton Santos

Reproduzimos abaixo comunicado do setor de comunicação do assentamento Milton Santos, que vive um momento delicado nos últimos dias. Como não poderia ser diferente, nos colocamos ao lado dos companheiros nessa luta.

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A comunidade do assentamento Milton Santos vive uma situação urgente e extremamente delicada.

O assentamento Milton Santos é uma comunidade consolidada há 7 anos, por 68 famílias que batalharam na luta pela reforma agrária e construíram suas casas e suas vidas mantendo plantação e produção de alimentos na região de Americana, São Paulo. No entanto, desde julho de 2012, os moradores do Milton Santos vêm sofrendo pressões para saírem das terras nas quais foram legalmente assentados pelo presidente Lula e pelo Incra, em 23 de dezembro de 2005.

Em meados do ano passado, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi intimado a cumprir uma reintegração de posse solicitada pela pela família Abdalla, antiga proprietária do terreno que teve parte de sua propriedade confiscada, na década de 1970,  por conta de dívidas que mantinha com o Estado. Ignorando o longo e doloroso processo de consolidação da comunidade de pequenos agricultores – que conta inclusive com apoio de diversos programas governamentais – o Desembargador Federal Luiz Stefanini autorizou a ordem de despejo.

Desde então, várias tentativas se seguiram no sentido de reverter a situação. Conversas com representantes do governo e ações de protesto foram realizadas, mas nenhuma delas trouxe a garantia que as famílias precisam para voltarem às suas vidas e continuarem a sua produção.

No início desse ano, no dia 09 de janeiro, o Incra foi oficialmente comunicado da decisão judicial, que estabelece o prazo de 15 dias para as famílias se retirarem do terreno. Conforme o documento, a partir do dia 24 de janeiro a ação de despejo pode ser executada com o uso da força policial. E, de acordo com o histórico da região, é muito provável que esta ação seja feita de forma altamente truculenta.

Os assentados não têm nenhuma alternativa, por isso prometem lutar até as últimas consequências para que possam continuar vivendo tranquilamente em suas casas, com suas plantações, na comunidade onde já estão há 7 anos e pela qual empenharam toda a vida. Por isso, reivindicam que a presidenta da república, Dilma Rousseff, assine o decreto de desapropriação da área por interesse social, a única medida que resolveria o problema de forma definitiva.

A situação no local é extremamente tensa. É urgente difundir o que está acontecendo com o assentamento Milton Santos e apoiar a luta dessas famílias que correm o risco de serem jogadas na rua a partir do dia 24 deste mês. Apelamos para que apoiadores da causa, jornalistas e observadores de direitos humanos voltem a sua atenção para o caso e não deixem que outra barbárie se repita.

Saiba mais sobre o caso:

www.assentamentomiltonsantos.com.br

http://www.facebook.com/AssentamentoMiltonSantos

 

Entre em contato pelo email:

assentamentomiltonsantos@gmail.com

EZLN: “Escutaram? É o som de seu mundo caindo”

[Nossa grande fonte de inspiração de luta autônoma popular, os zapatistas, no México, deram mais uma demonstração de sua força]

Post de origem: Desinformémonos

Numa ação massiva, disciplinada e simultânea, que não era vista desde os dias do levantamento insurgente de 1994, milhares de zapatistas ocuparam pacificamente e num silêncio ensurdecedor cinco cidades do estado de Chiapas. Algumas horas depois,revelaram um breve comunicado.

Desinformémonos
Tradução: Mariana Petroni e Erneneck
Fotos: Moysés Zúñiga

Chiapas, México. Milhares de bases de apoio do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) ocuparam num silêncio emblemático as ruas de cinco municípios do estado de Chiapas, na primeira manifestação púbica que os zapatistas fazem desde o dia 7 de maio de 2011, quando se juntaram à convocatória do Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade. Essa ação simultânea e massiva, a maior de toda a história, foi antecedida pelo anúncio de que a organização indígena daria sua palavra, a qual se conheceu algumas horas depois da mobilização.

“A quem possa interessar. Escutaram? É o som do seu mundo caindo. É o do nosso mundo ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. E noite será o dia que será o dia” Foi a mensagem assinada pelo subcomandante Marcos e difundido horas depois, através da página Enlace Zapatista.

Em cada uma das cidades ocupadas (Ocosingo, Las Margaritas, Palenque, Altamirano e San Cristóbal), os tzeltales, tzotziles, ch’oles, tojolabales, zoques, mames e mestiços marcharam com seus tradicionais lenços e passa-montanhas, em fila e silêncio rigoroso. Homens e mulheres, na sua maioria jovens, passaram sobre o templete em cada cidade e levantaram o punho. Essa foi a expressão mais simbólica de toda a mobilização.

Força, disciplina, uma ordem extraordinária, dignidade, integridade e coesão. Não é pouco. São 19 anos nos quais uma infinidade de vezes foram considerados mortos, divididos e isolados. Uma e outra vez saíram para dizer “aqui estamos”. Hoje, com 40 mil zapatistas nas ruas, novamente silenciaram, de uma só vez, os boatos infundidos.

Em San Cristóbal de Las Casas, cidade onde são feitas tradicionalmente as manifestações do EZLN fora do seu território, mais de 20 mil homens e mulheres zapatistas provenientes do caracol de Oventik, onde se concentraram um dia antes, desfilaram sob uma chuva que começou de madrugada. A passeata de 28 destacamentos (segundo a numeração que levavam os grupos nos seus passa-montanhas) iniciou fora da cidade, ao redor das oito e meia da manhã, e aproximadamente ao meio dia a retaguarda ainda estava muito longe do centro da cidade. A praça central foi muito pequena para receber todos eles.

Habitantes e turistas gritaram e cantaram o hino zapatista em alguns trechos da passeata. Os comerciantes, como de praxe, baixaram suas cortinas, porque os índios novamente os surpreenderam. O templete foi colocado na frente da catedral, enquanto que os blocos zapatistas organizados se localizaram ao redor da zona central da cidade.

Em Palenque, uma antiga cidade ch’ol e um dos centros turísticos mais importantes do estado de Chiapas, os indígenas zapatistas entraram pela avenida principal e realizaram o gesto do punho sobre o templete colocado no centro da cidade, em frente à igreja. Posteriormente, saíram pela rua Chiapas para voltar às suas comunidades.

Em Las Margaritas, os zapatistas repetiram a dinâmica com 7 mil bases de apoio, enquanto que em Ocosingo – cidade tomada pelo insurgentes no dia 1 de janeiro de 1994, onde se deu o massacre de civis por parte do exército federal durante os primeiros dias de guerra, mais de 6 mil bases de apoio iniciaram a ação a partir das seis horas da manhã; aproximadamente 8 mil zapatistas ficaram no caracol de La Garrucha porque o transporte para a cidade não foi suficiente. Não tinham se concentrado tantos zapatistas nessa localidade desde os combates sangrentos do levantamento indígena.

Os símbolos são muitos elegeram o último dia do ciclo maia, o dia que seria “o fim do mundo” para muitos e para outros o início de uma nova era, a troca de pele, a renovação. Durante estes 19 anos o caminho da luta zapatista está cheio de simbolismos e profecias, nessa ocasião não foi diferente.

Desde o anúncio de que, em breve, a comandância geral do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) daria sua palavra, a expectativa pelo conteúdo de sua mensagem só cresceu, mas, nessa sexta-feira, o que se escutou foram os passos, o caminhar silencioso cruzando cinco praças, seu andar digno e rebelde pelas ruas e seu punho ao alto.

A última vez que o subcomandante Marcos, chefe militar e porta-voz zapatista, falou foi no epistolar intercâmbio com o filósofo Luis Villoro, no dia 7 de dezembro de 2011. A iniciativa política mais recente foi o festival da Digna Raiva, para o qual convocaram as lutas e os movimentos do México e do mundo, em dezembro de 2008.

Esta sexta-feira não se apresentaram os membros do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena, como fizeram em maio de 2011, que foi a última vez que foram vistos Tacho, Zebedeo, Esther, Hortência, David e a toda a comandância geral, com a exceção do subcomandante Marcos, que tem se mantido distante da cena pública.

Comunicação livre! levante sua antena, levante sua voz!

A concessão

No Brasil a questão da concessão sempre foi um negócio político e capital. De um lado políticos que enxergam o meio como aparelho ideológico, de outros empresários transformando tudo em negócio, (e tudo se funde) enquanto a informação e o direito a liberdade de expressão são jogados no lixo. Na realidade o direito de se comunicar e produzir informação são sufocados por uma moral que favorece alguns e excluem outros.

Os oligopolistas durante décadas controlam que tipo de conhecimento deve chegar até o povo, velhas raposas insistem num discurso vazio, do tipo: rádio pirata derruba avião. No entanto, nunca foi confirmado por laudos técnicos que isso fosse verdade.

Subvertendo o espectro radiofônico

Rádios livres com orgulho! E se quiserem que chamem de pirata, porque ninguém está se apropriando de nada, mas sim ocupando o espectro que é direito de todos, e para informação, rádios livres atuam numa potência de até 250 watts e comerciais de até 8.000 watts. Quem derruba avião afinal? Sem contar que as rádios atuam numa frequência de 88 MHz a 108 MHz, enquanto a aviação atua numa faixa acima de 108 MHz.

Enfim, há interesse político e capital neste discurso que a mídia, o quarto, senão o primeiro poder neste país, prolifera cheia de moral em defesa sabemos do que.

Pois, essa moral regulatória defende os barões da mídia, e desta forma não é qualquer mortal que terá uma concessão, pois o meio legal a ser trilhados não é para qualquer um, é coisa de gente $, ou seja, deve-se oferecer uma proposta financeira ao governo avaliada em muitos e muitos zeros, concessão? Não! Estelionato descarado. A moral neste caso, não tem moral nenhuma, é de uma violência incontestável.

O que percebemos claramente é que ela vem carregada de subjetividades e quem paga com isso somos nós comunicadores,  militantes, universitários, comunidades, sindicatos, movimentos populares… Todos sem exceção! Proibidos de exercer a comunicação por causa de uma moral dissimulada que exclui e dita regras.

Mas, vamos falar francamente. Qual o problema de se ter uma rádio com fins lucrativos ou não? O espectro está saturado em algumas cidades, ok? Vamos administrar, numa lógica de respeito, de organização e não de opressão? Alguém topa? Duvidamos, querem o controle total, é a lógica deste sistema, controlar para acumular mais capital e poder.

Anistia bloqueada no Congresso Nacional

A lei de Anistia não ter passado no Congresso Nacional, infelizmente, não dá para ser encarada com espanto, oras, boa parte dos Deputados são concessionários, donos ou acionistas de TVs e Rádio no Brasil, não é a toa que o projeto de regulamentação dos meios de comunicação também não consegue prosseguir adiante, o que vemos sempre são discussões e mais discussões e promessas.

Na prática segundo dados do Coletivo Intervozes “ o Governo do PT fechou mais rádios comunitárias que o Governo do FHC” E isso, não é nenhuma novidade vindo de um Governo cujo interesse se resume a luta pelo poder e que entende comunicação social como uma meia dúzia de Blogueiros Progressistas pelegos que vivem da critica ao PIG, mas, que fecham os olhos a politica opressiva do Governo.

Um direito humano

A comunicação deve ser entendida como um direito humano fundamental, do mesmo modo que a educação, a saúde, a moradia… Mas assim, como esses direitos, ela é negada e quem ousa subverter essa lógica ainda é taxado de criminoso.

O que devemos fazer é levantar nossas antenas, ligar nossos transmissoras e deixar ecoar a nossa voz! A rádio livre tem um papel importantíssimo nessa luta contra a opressão Estatal. Não é possível aceitar mais um dia de opressão, de exclusão, de prisão e de todo o lixo que essa organização social fundado no lucro quer nos empurrar e nos fazer vivenciar dia a dia.

Rumo a gestão popular de rádios livres! De forma que não fiquemos engessados em leis que impossibilitam a luta pela transformação radical da sociedade.

E toda solidariedade aos companheir@s comunicador@s que estão respondendo processos, por ter o direito a comunicação negado, contrariando o Artigo 5º da Constituição Federal que diz:

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença

Seguimos na luta!

Lançamento: Mães de Maio, Mães do Cárcere – A Periferia Grita

MÃES DE MAIO, MÃES DO CÁRCERE – A PERIFERIA GRITA (Nós por Nós, São Paulo, 2012)

(Evento no facebook)

Coletiva de Imprensa + LANÇAMENTO nesta Quarta-Feira (05/12), a partir das 15:30hs no Sindicato dos Jornalistas (Rua Rêgo Freitas, 530 – Sobreloja – São Paulo)

Mais informações: 13-8124-9643 (Débora Maria) ou 11-98708-7962 (Danilo Dara)

Coletiva de Imprensa nesta Quarta-Feira (05/12) a partir das 15:30hs no Sindicato dos Jornalistas (Rua Rêgo Freitas, 530 – Sobreloja)

Seguiremos, no mesmo dia, a partir das 18:00hs, ali do lado para o SESC Consolação – Teatro Anchieta (Rua Dr. Vila Nova, 245 – Consolação, São Paulo), junto ao lançamento do Relatório Anual de DH da Rede Social de Direitos Humanos.

Ao longo das próximas semanas ocorrerão diversas outras atividades de lançamento/apresentação do livro (CONFIRAM ABAIXO).

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