Homenagem a Cuba em São Paulo. “Os 50 anos de Praia Girón”

Post de origem Diário liberdade

Acontece no próximo dia 25, segunda-feira, a partir das 19 horas, na Câmara Municipal de São Paulo, o ato de apoio, seguido de debate sobre “Os 50 anos da vitória em Praia Girón”

O evento é uma homenagem de diversas entidades e do vereador Jamil Murad (PCdoB) ao povo cubano que, em abril de 1961, venceu, naquele local, a invasão inimiga financiada pelos Estados Unidos.

Para debater o tema, estão confirmadas as presenças de Lázaro Cabrera, cônsul-geral de Cuba; Socorro Gomes, presidente do Cebrapaz, Vivian Mendes, do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, além do próprio parlamentar proponente.

Com o apoio do Portal Vermelho, Cebrapaz, UJS, PC do B e Fundação Maurício Grabois, o debate visa pôr em pauta a trajetória de resistência da Ilha e a luta pelo socialismo tanto no cenário pós-revolução quanto nos dias de hoje em que o país busca atualizar sua economia e sua política frente aos desafios do século 21.

“Queremos homenagear o povo cubano e a luta árdua que tem travado para vencer as agressões imperialistas e construir o socialismo na Ilha. Seu heroísmo é um patrimônio da humanidade”, disse o vereador Jamil Murad.

Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, ressalta o heroísmo do povo cubano, a contribuição que dá a toda a humanidade na luta anti-imperialista e pela paz.

“Ao longo desses 50 anos de revolução, Cuba e o socialismo nos permitiram sonhar com a possibilidade de um mundo humano, mais justo com as diversidades”, argumentou Netinho de Paula, que compõe com Jamil a bancada comunista na Câmara paulistana.

O editor do Portal Vermelho, José Reinaldo Carvalho, considera importante a solidariedade a Cuba na nova etapa que o país ingressa na construção do socialismo.

Serviço:

Ato de apoio a Cuba: “Os 50 anos de Praia Girón”;

Dia 25/04, a partir das 19 horas;

Salão Nobre da Câmara de São Paulo/SP (Viaduto Jacareí, 100 – 8º andar).


É a esquerda mundial governista que não quer ajudar ou é Cuba que não tem condições de receber ajuda?

Post de origem Cidadã do Mundo


Alguns meses atrás o sociólogo argentino Atílio Boron postou em seu blog (1) um pequeno artigo sobre as “reformas” que estão ocorrendo em Cuba, que tem seu auge na realização do VI congresso do Partido Comunista Cubano (2) durante o período de 16 á 19 de abril. Inclusive o artigo foi traduzido e publicado no Blog Solidários (3) (blog da ACJM-SC, que colaboro) e em diversos blogs e sites da esquerda latino-americana.

Com um título nada atraente, para um leitor de esquerda de primeira viagem, “um plano Marshall para Cuba”, Atílio lançou um manifesto em defesa de Cuba tendo a América latina e os governos “amigos” da ilha como protagonistas.

Segundo Atílio diversos países da América Latina e do Caribe tem dívidas com Cuba, mas também são credores. E devido a toda ajuda e solidariedade que o governo e a sociedade cubana deram durantes anos, e atualmente ainda dá – principalmente na área social, estes países deveriam retribuir e ajudar Cuba neste momento tão difícil para a pátria de José Marti.

Ao contrário dos EUA e dos países colonialistas e imperialistas que além de saquearam, enviaram forças repressivas para massacrar (em suas maiorias terroristas e militares) o povo, Cuba com sua política internacionalista solidária envio médicos, cientistas e educadores. Então deve ser feita além de dedicatórias de solidariedade em relação às mudanças em Cuba, ajudas econômicas efetivas.

Ele também coloca que há uma obrigação moral desses países, hoje em sua maioria governados por partidos de esquerda e movimentos sociais, de ajudar na recuperação econômica da ilha.

Por que se não fosse à heróica e pertinente luta dos cubanos, primeiro contra o colonialismo e imperialismo e depois para manter de pé seu processo revolucionário, nossa América, como outros países do “terceiro mundo”, não teriam resistido e, talvez, não estivesse nesta situação “avançada” que se encontra atualmente. Só para citar dois exemplos de influência da revolução cubana nestes países: o PT, que hoje governa o Brasil, até pouco tempo se orientava estrategicamente através do processo político cubano. E mais recentemente a Revolução Bolivariana, em curso na Venezuela, teve inspiração na luta do povo cubano para conseguir o inicio de sua emancipação.

Então, é devido a esses e outros elementos que a América Latina e os “amigos” da ilha deverão perdoar as dívidas (para aqueles que são credores) e organizar junto um fundo especial de solidariedade á Cuba. Esse fundo ele chamou de Marshall – fazendo analogia ao que os EUA fizeram para os países da Europa – que recuperou parte daquelas economias, daquele continente, após a segunda guerra mundial.

E pelas informações que Atílio levantou há dinheiro, só falta vontade política desses governantes para por em pratica esse ato de estrita justiça.

Como o leitor atento pode observar neste breve resumo do texto do sociólogo argentino, o “Plano Marshall” parece necessário, porém utópico, se considerarmos o caráter de alguns destes governos “amigos” de Cuba. Tirando os países da ALBA, a maioria desses países é governada por um esquerda que há muito tempo esqueceu o que é socialismo e atua no cenário mundial com políticas de acordo com seus interesses nacionais e capitalistas. Será que suas burocracias (burguesias estatais) vão ariscar investir dinheiro num país bloqueado e com poucos recursos naturais e minerais? Será que esses governantes ainda são nutridos por questões humanitárias como fazem nos pensar quando discursam em nome dos direitos humanos?

Eu pessoalmente acho muito difícil um plano desses ser colocado em pratica. Não que Cuba não precisa e não mereça como li pseudo-esquerdistas (4) dizendo por ai. Mas, pela ideologia dessa nova esquerda “amiga” de Cuba, que não custa repetir, não é socialista, embora já tentassem construir o socialismo em seus países, prefiro acreditar mais nas forças internas cubanas do que nesta ajuda externa.

E é justamente em relação às forças internas cubanas que li recentemente um artigo (5) replicando a tese do Atílio, dizendo que o problema é o processo interno cubano. Ou seja, esse militante de esquerda acha que o problema não o que apontei acima.

Para esse militante, português – possivelmente do bloco de Esquerda, já que sua reflexão está no site de uma revista de cunho marxista ligado a esse partido, Cuba só não repetiu os erros do “socialismo real” como não inovou em relação “à construção de política de debates dos movimentos sociais”. Enquanto a sociedade civil teve significativo papel na ação popular e na transformação política latino-americana em Cuba “esta praticamente não contribui em nada para o desenvolvimento do processo”.

Está certo que os movimentos sociais destes países latinos que o próprio Atílio se refere, pelo menos em muitos deles, teve uma grande jornada de debates plurais, desde década de 80 até os dias hoje. E em Cuba em nome de certa unidade e da autodefesa não pode ser tão plural assim como deveria. Porém houve sim debates e inovações para a construção de um modelo alternativo em relação ao modelo socialista já existente. E mesmo se houve falta de reflexão aberta para uma proposta nacional isso é justificável devido a questões que quem estudou a história cubana sabem quais são. Ignorar essa complexidade é desconhecer a realidade cubana. E fazer analise superficial deste tipo, como fez o escritor do Bloco e fazem outras correntes “esquerdistas” (6), é seguir a cartilha dos reacionários, disfarçado de “liberais”, que vivem na mídia “pregando” o fim da revolução cubana.

Ao fazer a revolução Fidel, líder dessa, queria justiça social e “democracia direta”, porém foi obrigada a seguir um novo modelo para continuar seu processo de emancipação. Lembre que o “fechamento do regime” foi devido aos EUA não deixaram alternativas.

Os “doutores” (7) marxistas acham que as conquistas sociais vieram de uma burocracia ou de um esforço coletivo do povo cubano? Será que as organizações sociais cubanas criadas na década de 60 são apenas superficiais? Os 90% que aprovam a política do partido comunista, vanguarda organizada da nação, e os 92,5% que são membros dos Comitês em Defesa da Revolução (CDR) são pessoas que não servem para nada, numa nação sem analfabetos? São pessoas que deixaram “o gato comer suas línguas”? Ou será que um milhão que lotam as ruas no “Primeiro de Maio” não passam de massas “manipuladas” pelo único partido da ilha que tem um milhão de militantes numa nação com aproximadamente 7 milhões de pessoas ativas? (8)

Não meus caros leitores, quem diz que o povo cubano é ignorante, não passam de ignorantes em relação à realidade cubana e por isso escreve incredulidades como essas.

Quando olho para os movimentos sociais latinos vejo cada um com seus erros e dificuldades. “Cooptado” como é caso do Brasil e criminalizado e marginalizado como é caso do Peru. Situação pior encontro quando analiso as situações dos mexicanos e colombianos (muitos precisam pegar em armas para militar). Não consigo ver esta diferença brutal que se diz que têm em termos de organização democrática entre as sociedades latinas, de “democracias liberais”, e Cuba de “ditadura” socialista.

Cuba tem que avançar em seus debates e corrigir os erros históricos, porém duas coisas me parecem, que não podem se descuidadas: a manutenção da unidade e a atualidade da luta anti-imperialista.

Vejo que os erros internos só podem ser resolvidos pelos cubanos enquanto os fatores externos, como por exemplo, romper com o isolamento, que é uma tarefa fundamental para crescer economicamente e sair de uma crise de quase 30 anos, não é tarefa apenas de suas forças internas.

Por isso reafirmo que o problema maior de Cuba é sua relação com o mundo capitalista é não seus problemas internos. Cuba precisa relacionar com o mundo capitalista e neoliberal, sem ferir seu socialismo e ao mesmo tempo tentar aperfeiçoá-lo. Tarefa muito mais difícil do qual quer país do mundo com uma grave crise econômica, inclusive aqueles governados por esquerdas.

Notas:

(4) Essa reação partiu principalmente de setores de “esquerda”, inclusive de alguns que com a “derrocada do socialismo real” em 1990 passaram a defender um “socialismo” que não tem nada haver com o “socialismo cientifico” de Marx e Engels.
(6) Os esquerdistas que me refiro são as correntes trotskistas. A mais forte delas é LIT e sua seção no Brasil é o PSTU.
(7) Chamo de “doutores em marxismo”, analistas puros e moralistas do materialismo histórico.
(8) AYERBE, L. A revolução Cubana. São Paulo: Editora da UNESP, 2004.
*Sturt Silva é estudante de história, blogueiro e militante do PCB.

Poesia: Seguiremos adiante? Companheir@s.

Neste  primeiro de abril cinzento de pouco sol

Pergunto a todas e todos

Seguiremos adiante?

Por onde? Pra onde? E como?

Afinal, os homens de playa Giron

Hoje, mais parecem poesias soltas

 

Irreais e tão distantes

 

A revolução que tanto desejamos

Nem cabe mais na pauta

Parece que o saudosismo

Cospe desesperança

Será,

medo ou falta de entendimento?

 

Cada caminho dissidente

Que nós revolucionários  criamos

Resumi-se em mais um “nada”

E a quem fortalece?

Repito então, seguiremos adiante?

Construindo nossa história

Ou  nem poesia solta seremos?

 

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História para boi dormir

Por Fidel Castro

Enquanto os reatores danificados despedem fumaça radioativa no Japão e aviões de monstruosa estampa e submarinos nucleares lançam mortíferas cargas telecomandadas sobre a Líbia, um país norte-africano do Terceiro Mundo com apenas seis milhões de habitantes, Barack Obama falava aos chilenos uma história parecida às que eu escutava quando tinha 4 anos de idade: “Os sapatinhos me apertam, as meias me dão calor; e o beijinho que me deste, o levo no coração” (versos infantis).

Alguns dos seus ouvintes ficaram pasmos naquele “Centro Cultural”.

Quando o Presidente olhou ansioso para o público após mencionar a pérfida Cuba, esperando uma explosão de aplausos, houve um silêncio glacial. Às suas costas, – Ah, ditosa casualidade! – entre o conjunto de bandeiras latino-americanas, estava exatamente a de Cuba.

Se ele tivesse se virado um segundo sobre seu ombro direito teria visto, como uma sombra, o símbolo da Revolução numa ilha rebelde que seu poderoso país quis, mas não conseguiu destruir.

Sem dúvida, qualquer pessoa seria extraordinariamente otimista se esperasse que os povos de Nossa América aplaudam o 50º aniversário da invasão mercenária de Girón (Baia dos Porcos), 50 anos de cruel bloqueio econômico de um país irmão, 50 anos de ameaças e atentados terroristas que custaram milhares de vidas, 50 anos de projetos de assassinato dos líderes do histórico processo.

Senti-me aludido em suas palavras.

Prestei, efetivamente, meus serviços à Revolução durante muito tempo, mas nunca eludi riscos nem violei princípios constitucionais, ideológicos ou éticos; lamento não ter disposto de mais saúde para continuar servindo-a.

Renunciei sem hesitar a todos meus cargos estatais e políticos quando adoeci, inclusive ao de Primeiro Secretário do Partido, e nunca tentei exercê-los depois da Proclamação de 31 de julho de 2006, nem quando recuperei parcialmente minha saúde mais de um ano depois, embora todos continuassem chamando-me afetuosamente dessa forma.

Porém continuo e continuarei sendo como prometi: um soldado das ideias, desde que possa pensar ou respirar.

Quando a Obama interrogaram sobre o golpe de Estado contra o heróico presidente Salvador Allende, promovido como muitos outros pelos Estados Unidos, e sobre a misteriosa morte de Eduardo Frei Montalva, assassinado por agentes da DINA, uma criação do governo norte-americano, perdeu seu estado de ânimo e começou a gaguejar.

Foi certeiro, sem dúvida, o comentário da televisão do Chile no final do seu discurso, quando expressou que Obama já não tinha nada que oferecer ao hemisfério.

Eu, por minha parte, não quero dar a impressão de que experimento ódio para com sua pessoa e muito menos para com o povo dos Estados Unidos, ao qual reconheço a contribuição de muitos dos seus filhos à cultura e à ciência.

Obama tem pela frente agora uma viagem a El Salvador a partir da terça-feira. Ali terá que inventar bastante, porque nessa nação irmã da América Central, as armas e os treinadores que recebeu dos governos do seu país derramaram muito sangue.

Desejo-lhe uma boa viagem e um pouco mais de sensatez.

Visita de Obama ao Rio: protesto das massas ou plateia adestrada?

Por Marcelo Salles

A visita do presidente dos Estados Unidos ao Brasil, no próximo final de semana, conta com uma forte ação midiática que objetiva sensibilizar o nosso povo. O site da embaixada pede que brasileiros enviem mensagens de boas vindas e promete presentear as melhores com camisas, livros e outros presentes. Corporações de mídia foram contratadas – ou a cobertura que vemos seria apenas reflexo da simpatia? – para divulgar, diariamente, a vinda de Barack Obama. Tudo com muito entusiasmo e leveza, dando um ar “cool” ao mega-evento e fazendo parecer que se trata de uma grande oportunidade oferecida, gratuitamente, pelos sempre benevolentes vizinhos do norte. A visita já ganha contornos de mega-evento, com direito a show musical e tradução simultânea.

A ação midiática tem sua razão de ser. Quando Bush visitou o Brasil, em 2007, milhares de pessoas protestaram no Brasil inteiro. Pude acompanhar as manifestações no Rio de Janeiro, onde consulado estadunidense ficou todo pintado, assim como bancos ianques. O lado triste é que nossa polícia, composta por gente do nosso povo, agrediu os manifestantes.

E é exatamente isso que pode acontecer quando Obama chegar ao Rio no próximo domingo, dia 20. Se milhares saíram às ruas da capital fluminense quando Bush esteve em Brasília, o que podemos esperar quando Obama pisar no Rio? É certo que Obama não é Bush, mas se os ideólogos ianques estivessem tranquilos não haveria necessidade de investir tanto em ações midiáticas.

O Rio de Janeiro tem características específicas, assim como qualquer outra capital. No caso do povo fluminense, ex-capital da República, ex-capital da Colônia, palco de uma mistura infinita de religiões, raças e ideologias, acabamento perfeito da miscigenação de que fala Darcy Ribeiro. Por tudo isso e muito mais, trata-se de uma região cuja capacidade de rebelião não pode ser subestimada. Em 2007, uniram-se partidos de esquerda, movimentos sociais e grupos anarquistas contra a chegada de Bush. Deram uma demonstração clara de que parte expressiva do povo brasileiro não aceitava a política de guerra preventiva, Guantánamo e Abuh Graib de Bush. A aliança será mantida agora, quatro anos depois? Que fenômeno político terá mais relevância no dia 20: o protesto das massas ou a plateia inebriada pelas palavras e imagens sedutoras das corporações de mídia?

A visita de Obama acontece num momento de declínio do império ianque, que apesar disso ainda é a maior economia e a maior potência militar do planeta. No plano interno, o presidente estadunidense tem tido dificuldades de levar adiante sua agenda, ou pelo menos a agenda que foi prometida na campanha. Os EUA seguem invadindo Iraque e Afeganistão, e não conseguiu implementar um sistema público de saúde universal, duas de suas principais bandeiras de campanha.

Em artigo recente, o cineasta Michael Moore destaca um terceiro ponto: o roubo do povo pelos agentes do sistema financeiro, que com a “crise” de 2008 receberam bilhões de dólares do erário com a chantagem de que sem essa transferência haveria uma quebradeira generalizada.

O Brasil, por outro lado, é o país com maior população, maior PIB, maior território e mais riquezas naturais da América Latina. Nos últimos oito anos, milhões de pessoas saíram da miséria e ingressaram na classe média. O mercado de consumo avança, o emprego cresce e as obras não param em todo o território nacional.

No cenário internacional, o Brasil é um país cada vez mais respeitado. Saímos da posição de expectadores para a condição de um ator relevante. Somos escutados, requisitados para mediar conflitos, duplicamos nossas representações diplomáticas em todo o mundo e temos boas probabilidades de ingressar como membro efetivo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Nos últimos anos, ao contrário do que certos colunistas afirmam, o Brasil não manteve uma posição de enfrentamento aos EUA. Nós simplesmente passamos a expressar nossas próprias opiniões – isso sim incomodou àqueles que só enxergam o Brasil seguindo ordens de Washington.

Na nova ordem multilateral seguida pelo Brasil, ampliamos nossas relações comerciais com nossos vizinhos latino-americanos e estabelecemos novas negociações com outros parceiros, especialmente países africanos e árabes. O eixo Sul-Sul foi fortalecido, de modo que, proporcionalmente, foi reduzida a relevância (e com isso a influência) da relação com os Estados Unidos.

Nessa conjuntura, Obama deve vir ao Brasil com um discurso de conciliação. Vai querer ganhar o apoio do “gigante do Sul” para a sua esfera de influência, e dessa forma reforçar sua disputa global com China e União Europeia. No plano interno, uma aproximação comercial com o gigante do sul pode dar uma sobrevida ao país em crise. Mas quais seriam as consequências para a integração latino-americana?

Vamos acompanhar com atenção as movimentações das ruas e as articulações diplomáticas, com a certeza de que em jogo estão os interesses não apenas de Brasil e Estados Unidos, mas de todo o povo latino-americano.

Marcelo Salles, jornalista, atuou como correspondente da revista Caros Amigos no Rio de Janeiro (2004 a 2008), e em La Paz (2008 a 2009).

*Matéria publicada originalmente no O Escrevinhador

O Mercosul e os desafios da comunicação: manifesto do grupo de comunicação da Cúpula Social

Post de origem Blog do Miro

Reunidos em Itaipú, Foz do Iguaçú, os integrantes de organizações da sociedade civil reunidos na Comissão de Comunicação dentro da X Cúpula Social do Mercosul, manifestam que:

Vivemos tempos de mudança na América Latina. Hoje, mais do que nunca, os grandes meios de difusão que são parte do poder econômico, convertem-se nos principais opositores a essas mudanças, exercendo um verdadeiro terrorismo midiático. Ao mesmo tempo, vemos com otimismo o fortalecimento e a articulação de iniciativas de comunicação transformadoras, populares, alternativas, comunitárias, educativas e outras. Esses meios disputam sentidos, questionam a hegemonia do pretenso discurso único e são expressão das diversidades de nosso continente.

Afirmamos que a comunicação deve ser reconhecida como um Direito Humano a ser exercido por e para todas as pessoas. O Direito à Comunicação implica garantir diversidade e pluralidade. Não nos conformamos com as proclamações que reduzem a liberdade de expressão à liberdade de empresa. Não se trata somente do fato de que os Estados não censuram a imprensa. Entendemos necessária a implementação, por parte dos Estados, de políticas públicas, com participação cidadã, para garantir a todas e todos o exercício dos direitos à livre expressão, à informação e à comunicação. Dessa forma se possibilitará a expressão a povos e setores silenciados.

Entendemos que isso implica revisar e reformular os marcos regulatórios para assegurar uma comunicação democrática e horizontal. Isso implica, entre outras coisas, que a informação e a comunicação sejam consideradas um direito e não uma simples mercadoria; que se impeçam os monopólios e oligopólios na comunicação; que se assegure o livre acesso à informação pública; que se promovam e fortaleçam os meios do setor social, populares, comunitarios, educativos; que se reconheça e se facilite o direito dos povos originários a gestionar seus próprios meios preservando suas identidades: que se promova a formação de novos comunicadores/as que expressem a identidade de nossas comunidades; que se estimule e facilite a criação ou fortalecimento de redes de comunicação regionais públicas e de gestão de organizações sociais; que se impulsionem e se desenvolvam meios públicos com participação cidadã; que se assegure o acesso e utilização universal dos beneficios das tecnologias da Informação e da Comunicação, garantindo o acesso universal à banda larga para nossos povos.

Nós, dos movimentos sociais, reconhecemos e valorizamos os meios de comunicação próprios, comunitários e populares, comprometendo os maiores esforços em potencializar e articular seu trabalho para contar a história desde o olhar de nossos povos e disputar os sentidos com o discurso do poder. Isso supõe não só mais meios, mas também meios mais fortes, com novas estéticas e articulados em rede. Por isso, estes meios devem ser não só permitidos, mas também fomentados e apoiados pelos Estados. Neste sentido, rechaçamos a criminalização que se exerce atualmente contra meios comunitarios, especialmente no Paraguai e no Brasil.

Apreciamos que o novo cenário continental abra oportunidades e, ao mesmo tempo, desafios para contribuir para a integração de nossos povos, promovendo a solidariedade, facilitando o diálogo intercultural, integrando a diversidade de vozes e dando visibilidade aos povos originários e afrodescendentes, a diversidade sexual, as populações imigrantes, as pessoas com necesidades especiais, mulheres, crianças e jovens, para construir em conjunto “outra América possível”.

Propomos às chancelarias de nossos países que sejam constituídos Conselhos Consultivos da Sociedade Civil, onde ainda não existem, para tornar possível a participação das organizações da sociedade civil no proceso de integração regional. Especificamente, solicitamos que se efetive a participação da sociedade civil na Reunião Especializada de Comunicação Social.

Solicitamos que os estados desenvolvam políticas públicas para meios de comunicação em regiões de fronteira que tendam a favorecer conteúdos em defesa da integração com respeito à diversidade, com participação das populações envolvidas e atendendo sua vivência cotidiana.

Neste sentido, apontamos como exemplo a integração já exercida entre meios de comunicação da sociedade civil do Brasil e da Argentina e do Paraguai e Argentina a partir de iniciativas surgidas nas Cúpulas de Salvador (Brasil) e da Ilha do Cerrito (Argentina). Entendemos necessária a plena participação da sociedade civil na Reunião Especializada de Comunicação Social (RECS) tanto a nível nacional como regional.

Propomos aos países membros a adoção de medidas que garantam às pessoas com necesidades especiais: a) acesso aos meios de comunicação televisivos mediante a implementação de legendas, áudio-descrição e Língua dos Sinais nos programas; b) acesso aos jornais e revistas digitais e a toda informação institucional mediante o desenvolvimento de páginas Web acessíveis levando em conta as recomendações de nível internacional.

Vemos de forma positiva a incorporação nesta instância de pequenos e médios empresarios da comunicação identificados com as bandeiras das lutas dos movimentos sociais de nossos países. Por último, reiteramos o chamado a nossos presidentes para definir e implementar políticas concretas e imediatas para Democratizar a Comunicação com a ativa participação das organizações sociais.

Foz do Iguaçu, 15 de dezembro de 2010.

Pelo Brasil:

João Paulo Mehl – Intervozes
Jessica RodriguesRadio de la Juventud
Marco Piva – Altercom
Rafael Reis – Parlamento do Mercosul

Pelo Uruguai:

Sabrina Crovetto – Mercociudades
Alvaro Queiruga – Ovejas Negras
Soledad Fontela – Red Especial Uruguaya
Humberto De Marco – Red Especial Uruguaya
Alberto Esteves – CEDECOOP
Marianella Custodio – Federación de Estudiante Universitarios

Pelo Paraguai:

Santiago Ortiz – Radio Fe y Alegria
Atanasio Galeano – Voces de Paraguay
Lorena Escobar – Voces de Paraguay

Pela Argentina:

Carlos Borona – Cancillería
Hugo Pan – FM La Nueva
Pedro Lanteri – Radio Madres de Plaza de Mayo
José Luis Moyano – Radio El Libertador

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

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Pelos caminhos da América – edição #01 – Foz do Iguaçu

Nosso repórter vai percorrer a América do Sul, destacar pontos turísticos e falar dos povos locais

Como já foi anunciado anteriormente, estamos produzindo o “Pelos Caminhos da América“, uma série de programas sobre cidades e lugares bacanas espalhadas pela América do Sul e que nem sempre são destaque nos informativos de turismo.  Nosso colaborador Fábio Piovan está fazendo um roteiro que vai passar por Paraguai, Argentina, Chile, Bolívia e, é claro, Brasil.

E é no Brasil que a série começa. Piovan esteve em Foz do Iguaçú, no estado do Paraná. Conheceu as Cataratas, que fica na divisa do Brasil com a Argentina, e que tem acesso pelos dois países. Além de Puerto Iguazu, na Argentina, a cidade também faz fronteira com Ciudad del Este, no Paraguai. Confira com exclusividade este primeiro episódio, clicando no player abaixo:

Não deixe de acompanhar os próximos episódios deste especial. Na próxima edição, Piovan vai até Asunción, no Paraguai, conhecer a cidade e cobrir o Fórum Social das Américas. Não perca!

Entidades pedem que índios Mapuches recebam mesmo tratamento que presos cubanos

Extraído do Blog Cidadã do mundo

post de origem Na práxis

Lei de Pinochet que enquadra povo Mapuche como terrorista em potencial ainda não foi revogada.

E aí? Será que a mídia corporativa – que hipocritamente levanta a bandeira dos Direitos Humanos quando lhe convém – vai divulgar isso?

A valorização da libertação dos chamados “prisioneiros políticos” de Cuba pelo governo chileno e inclusive por algumas pessoas da oposição e o não pronunciamento sobre os mapuches presos e processados pela lei antiterrorista é uma posição paradoxal, disse o advogado José Aylwin, do Observatório Cidadão, que os considera “presos políticos”.

Hoje, o observatório e a organização Acción pediram ao governo de Sebastián Piñera e também à oposição que tenham o mesmo critério de tratamento entre os presos cubanos e os indígenas mapuches. Atualmente 19 deles estão em greve de fome, de um total de 58 presos já condenados ou aguardando julgamento.

As organizações pedem o fim da aplicação da lei antiterrorista imposta pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que é mantida e aplicada ainda hoje contra grupos indígenas, porque “não cumpre com as condições de um devido processo”.

Os 19 mapuches que entraram em greve de fome em 12 de julho também exigem o fim da aplicação da medida, além da desmilitarização das comunidades indígenas e do desenvolvimento de um “devido processo” para seus casos.

“Podemos falar em prisão política, porque o Estado utiliza politicamente a lei antiterrorista para processar os mapuches. Há claramente uma analogia com os presos cubanos”, disse Aylwin, em declarações à ANSA.

Ele ainda acrescentou que os chilenos não sabem da existência de “58 pessoas processadas ou condenadas por esta legislação, além de meia centena de processados por crimes ordinários no marco de conflitos por terras”.

Aylwin sustentou que a lei antiterrorista foi aplicada de forma inadequada contra quem é acusado de cometer crimes “nos marcos de um protesto social por reivindicação por terras ou pelo exercício de direitos políticos”.

Ele explicou que “existe uma legislação penal ordinária que permite julgar e eventualmente condenar estes delitos, mas a opção do Estado é aplicar a lei antiterrorista que data do regime militar, que tem sérias limitações para um devido processo e agrava as penas substancialmente. É uma opção política”.

O senador Alejandro Navarro, do Movimento Amplo Social, visitou na segunda-feira cinco dos detidos em greve de fome na prisão El Manzano, na cidade de Concepción, a 513 quilômetros ao sul de Santiago. O parlamentar pediu a instalação de uma mesa de diálogo com os indígenas para analisar suas reivindicações.

“Esta greve de fome é séria. Peço que o governo atue agora e não se equivoque, porque depois pode ser muito tarde, já que estes processos se alongam e se tornam pouco contornáveis”, advertiu Navarro.

Nesta segunda-feira, o senador de oposição Patricio Walker reuni-se na Chancelaria do Chile para acertar as condições de recepção do cubano José Izquierdo, que esteve preso por sete anos e faz parte da lista dos dissidentes soltos, divulgada pela Igreja Católica há alguns dias. A ida de Izquierdo ao Chile foi solicitada pelo próprio dissidente e constitui-se o primeiro pedido de viagem a este país.

Com informações de Ansa

Golpe nas Honduras: para quem ainda tinha dúvida

Postado originalmente em cidadã do mundo de Miro

EUA orquestraram golpe de Honduras


Aos poucos, a verdadeira história do golpe civil-militar em Honduras vai surgindo e enterrando, de vez, qualquer ilusão no “democrata” Barack Obama. Aos poucos, fica nítido que o presidente é refém do “complexo industrial-militar ianque” e representa os interesses do imperialismo, que não morreu. O golpe de junho passado, a instalação de sete bases militares na Colômbia, as provocações constantes ao Irã e a Coréia do Norte e até as recentes ameaças de retaliações ao Brasil, entre outras agressões, confirmam que não se deve nutrir ilusão com o “império do mal”.
O renomado jornalista Jean-Guy Allard acaba que provar que uma agente contratada pela Usaid dirigiu o golpe em Honduras. “Jacqueline Foglia Sandoval, a hondurenha citada como ‘a pessoa encarregada de coordenar e operar o golpe de estado’ pelo ex-ministro Roland Valenzuela, pouco antes dele ser assassinado, não só é egressa da Universidade de West Point e foi Agregada de Defesa da Embaixada de Honduras em Washington, como também chefiou as relações internacionais como subcontratada da Agência para o Desenvolvimento Internacional (Usaid)”.

“Formando líderes” conspiradores

“Ela é que distribuiu as tarefas para cada um dos executores do golpe, que determinou o que eles deveriam fazer e o que deveriam declarar”, descreve o jornalista, citando Valenzuela. Antes do golpe, “Jackie” Foglia era diretora de relações externas da Universidade Zamorano, instituição que recebia recursos e orientações da Usaid e do Departamento de Estado dos EUA. Em 2008, ela dirigiu o programa “formando líderes para Honduras”, destinado a identificar e formar jovens para o futuro comando político e econômico do país.

“Essa operação corresponde integralmente aos planos da Usaid e da inteligência estadunidense para se infiltrar no país, subverter e desestabilizar governos”, afirma Allard. A própria Foglia confessou numa entrevista para o sítio “dinero.com” que “84% dos jovens hondurenhos que atualmente estudam no Zamorano recebem apoio financeiro. Isto nós conseguimos, ano após ano, com o apoio solidário de governos, fundações, instituições multilaterais e empresas privadas”. A universidade inclusive possui um escritório especial nos EUA.

Entidades de fachada da CIA

Allard não vacila em afirmar que Jackie Foglia pertence a CIA, o centro terrorista ianque. “Toda a carreira de Foglia a identifica como candidata idônea para os serviços de inteligência dos EUA, desde a Academia Militar em West Point, onde obteve licenciatura em ciências políticas, a sua integração posterior, de 1984 a 1995, nas Forças Armadas de Honduras até a sua reaparição na United Way, como diretora executiva”. Esta instituição, acusada de ser uma entidade de fachada da CIA, é responsável por formar “futuros líderes” em vários países latino-americanos.

Na sua sinistra biografia ainda consta a participação nas negociações do tratado neocolonial de “livre comércio” na região e a consultoria a várias corporações estadunidenses, como a Cargill. Foglia chegou a presidir a Câmara de Comércio Honduras-EUA. “Juntamente com o embaixador dos EUA no país, o cubano-americano Hugo Llorens, ela participou diretamente na planificação do golpe contra Zelaya. Em 10 de junho de 2009, o então presidente do Congresso Nacional, Roberto Micheletti, fez chegar a Llorens o rascunho com o decreto de destituição de Zelaya com a data de 28 de junho. Ele recebeu o documento das mãos de Jackie Foglia Sandoval”.