Denúncia: Morador do Parque Prainha tem sua casa destruída

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Reparem na irresponsabilidade, há fios de alta tensão bem próximo da escavadeira, poderiam causar um acidente com isso.

Para que serve a Defesa Civil? Proteger populações que estão em área de risco, ou expulsar e destruir moradias? A casa deste morador (não apresentaremos fotos do morador por uma questão de proteção) foi praticamente destruída e a justificativa era porque a construção não possui regulamentação. Agora, num país onde a propriedade particular vale mais que o direito de moradia, evidente que este é o maior papo furado, e a discussão de área de proteção ambiental muito menos. ( segundo motivo de acordo com a Defesa Civil) Afinal, a casa deste Sr está ao  lado de outras, a questão neste caso, é porque ali há uma ocupação de “área privada”, com certeza! “Área” esta, que simplesmente não está sendo  utilizada, ou seja, não cumpre função social nenhuma, é o velho problema da terra no Brasil, onde só tem direito quem tem poder aquisitivo, de resto: exclusão, expulsões e violência.

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Querendo intimidar a cobertura da Rádio da Juventude com sua máquina fotográfica.

A Defesa Civil não conseguiu derrubar a casa por completo, porque a população se revoltou e a expulsou, mas, sabemos que eles irão voltar. Aconteceu tudo muito rápido, não deu tempo de tirar tantas fotos. Parabéns a população que reagiu! Mas agora, com certeza irão voltar com a polícia na surdina. Até porque um Sr que aparentava ser o responsável pela ação, chegou a indagar a Rádio da Juventude porque ela estava fotografando, e para intimidar tirou fotos do repórter popular.

Foto-0280Precisamos denunciar! Essas ações ferem os direitos humanos, que antecedem o direito de Estado, e para isso também, precisamos de organizar popular!

A cidade de São Vicente vem passando por um processo muito complicado de quebra de braço entre velhas oligarquias que disputam poder na cidade, com isso, quem está pagando as contas é a população, vide a situação das creches, do CREI, (único hospital da cidade) do transporte, do lixo e de tudo.

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Domingão na Constituição! A Rádio da Juventude é toda Feminista!

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Semana da Mulher – Dia 10 de março 13h  Tod@s estão convidad@s!!!

O que irá rolar?

-Comes  (opções vegetarianas) e bebes

-Música – com artistas da região!!!

-Teatro de rua – ocupando geral!

-Microfone aberto para todos que quiserem expressar opinião

-Poesia – Pra aliviar e instigar a alma

-Venda de livros – Desligue a TV e leia um livro –

-Intervenções radiofônicas com a Rádio da Juventude – ocupando e questionando! Por uma Comunicação Livre e Popular!!

Com a  participação do Coletivo Feminista Pagu e da Biblioteca Carlo Aldegheri

Local: Casa da Juventude Operária Católica – JOC – Rua da Constituição 331, (próximo da rua 7 de setembro) – Santos

Solicitamos apenas a contribuição voluntária e solidária com 1k de alimento não perecível que será destinado à aldeia indígena de Paranapuã em São Vicente, (Parque Xixová – reserva ecológica) comunidade esta, que vem sofrendo vários embargos do Poder Público.

É isso aí!  Pão, Tesão e Anarquia pra tod@s!!! Nos veremos lá. 

São Vicente: A lógica do dinheiro público

Não é de hoje que o dinheiro público vem sendo descaradamente repassado à iniciativa privada numa lógica de parceria que propaga a ideia de uma forma de melhor administrar os Órgãos Públicos em determinados setores. Há quem defende essa ideia com unhas e dentes, mas o resultado na prática é o desmantelamento de direitos trabalhistas, a precarização da condições de trabalho da classe trabalhadora e toda uma administração pública que gestiona distante da realidade da população e, sempre engessada e controlada por grupos políticos de interesses que além de mamar no dinheiro público também estão sentados como parlamentares defendendo leis que lhes beneficiam, quando não, Lobby lizando.

Como a Rádio da Juventude localiza-se na cidade de São Vicente, partimos de alguns exemplos próximos para discutir como o dinheiro público é administrado e questionar que, enquanto a população não assumir as rédeas de gestionar aquilo que lhe pertence, estará condenada a cada dia mais ter todos os seus direitos violados.

Foto-1487Cidade de São Vicente

A Ponte Pênsil um dos cartões postais da cidade de São Vicente está desde dezembro de 2012 em reforma, com o prazo de término da primeira parte da obra até março deste ano com continuidade da obra em 2013. Por enquanto, apenas as trocas das madeiras danificadas estão sendo feitas num período de duas ou três vezes por semana durante algumas horas para que não prejudique o trânsito.

Foto-1489Os gastos serão de  R$ 496.809,27, (quase meio milhão) uma parceria do Governo Federal com a Prefeitura de São Vicente, quem passar pelo local, ou tiver vontade, ou também a oportunidade de  conferir, irá constatar uma placa informando, há também uma outra placa próxima, indicando gastos na pavimentação da rua Saturnino de Brito no Parque Prainha, onde o custo foi de R$1.366.145,73.

Foto-1493A primeira vista parece que o Governo Municipal e Estadual estão investindo na qualidade de vida da população vicentina com reformas, pavimentações e outras coisas que vem demandando bastantes gastos dos cofres públicos (há tempos) e que nos levam ao questionamento (devido os números expressivos) se esses gastos são realmente necessários? E quais resultados eles trazem? Por exemplo, os investimentos com a sinalização turística que foi de R$108.427,50 e a restruturação do Parque temático Vila de São Vicente, de R$140.000,00, (cujo local criado em 2001 tinha a proposta de contribuir para o desenvolvimento da cultura local e preservar a história da primeira Vila de São Vicente, assim, como servir de ponto turístico).

A realidade que temos é que a cidade de São Vicente está precisando mesmo de muita coisa, (porém, é preciso administrar numa lógica de prioridades) a Ponte Pênsil precisa de reforma, ok, há madeiras e ferragens em péssimas condições, sendo que a ponte é a única passagem para os moradores dos bairros Prainha e Japuí.  Mas, é  importante questionar algumas coisas? Precisamos de uma sinalização turística com esse valor todo? E, alguém viu ela por aí? Será que com ela fazia parte as luminárias que foram instaladas no final do ano passado no deck dos pescadores, junto com uma iluminação azul que o enfeitava, e que foram todas (iluminação azul) retiradas, e as luminárias estão lá, desligadas e o deck se encontra às escuras, com apenas parte dele iluminado. (está aí mais dinheiro jogada fora, retiraram as “luzes” da mesma forma como colocaram, sem ninguém ser consultado)

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E aí?

Primeiro: o dinheiro público que está sendo gasto nestas obras, há fiscalização? Prestação de contas à população? A população esta sendo consultada? Por exemplo, é preciso mesmo cerca de meio milhão para consertar a Ponte? Oras, que trabalho de solda, de troca de ferragens e de madeiras são esses? Que vão custar quase meio milhão e já estamos quase no mês de março, trocaram algumas tábuas apenas. Ah! mais os laudos técnicos levaram a este orçamento. (certeza que o trabalhador que está contratado, não está recebendo tanto assim, para uma orçamento tão grande)

Foto-1698Segundo: sobre a Vila de São Vicente, há uma relação promiscua neste caso, porque o espaço é público, porém, tem a iniciativa privada lá dentro. Parceria do público/privado? Mais ou menos, porque a Associação do Desenvolvimento Econômico  e Social às Famílias (ADESAF) administrava em parceria com a Prefeitura e cobra R$ 700,00 aos concessionários que queiram explorar o ambiente. Mas, na hora do investimento o dinheiro somente sai de uma lado? Como é isso? Vamos por parte, a população financia a reforma do espaço, ok, e com isso, sub-entende-se que as apresentação artísticas serão gratuitas, pois é, não são! ( rara vezes que são) O que rola na verdade, é  uma espaço em que a iniciativa privada contrata artistas e o público consumidor paga couver,  então, como fica essa relação? Outra coisa, há o objetivo que a Vila seja além de um espaço cultural, mas também um lugar de preservação histórica, ok. Mas qual história? Pois, a que está sendo contada lá, (numa sala de fotos e dados históricos) é a mentirosa, aquela que glorifica Martim Afonso e na sequência uma série de estadistas brasileiros. O espaço é importante culturalmente, porém, há muito a ser resolvido.

Foto-0523Terceiro: Vamos usar como exemplo as obras da rua Saturnino de Brito no bairro Parque Prainha, cujas responsabilidades não foram cumpridas como disse na época (em 2009) o secretário de Desenvolvimento Urbano e Manutenção Viária de São Vicente (SEDUR), Léo Santos (PSB) que a rua seria pavimentada e seria construído um muro de arrimo, devido o desmoronamento que houve num trecho da rua, desta forma  garantiria maior segurança aos moradores, pois bem, a obra levou quatro anos para ficar pronta, e agora?

Foto-0524Quem explica porque não foi construído o muro de arrimo? Sendo que o Governo Federal liberou cerca de R$ 6,45 milhões para obras de contenção de encosta em áreas de risco para São Vicente e de contra partida a Prefeitura tinha cerca de um milhão para construção da escada d’ água no local onde houve deslizamento, a escada está lá, mas o muro de arrimo não! sem contar que passar o asfalto por cima do paralelipípedo, é fácil e fica bonito, porém, áreas de encosta precisam de construções de contenção, cadê?  E para onde foi esse dinheiro? Voltou para a Federação por ser mal administrado? E no outros locais da cidade, cadê os muros de contenção?

Resumindo: Há muito dinheiro público que circula em obras que não são prioridade, outras que é nítido que há superfaturamento, e este é o ponto a ser discutido, decidir o que é prioridade, pois numa cidade com um enorme problema de saúde, (com único hospital para atender uma população de 332 424 habitantes) que faltam creches, escolas, empregos e tudo mais que diz respeito à equipamentos que garantam o bem estar social, é fundamental a população se apropriar e administrar a forma como esse dinheiro é utilizado, pois a lógica que impera hoje é o público sustentando a iniciativa privada, e o resultado são problemas sendo protelados ou resolvidos meia boca, mascarando e ludibriando a população.

OBS: Seguiremos neste assunto, há muito a ser discutido, desmascarado e denunciado.

O lixo nas ruas de São Vicente continua

Em frente ao Centro Comunitário Saquaré

Em frente ao Centro Comunitário Saquaré na Vila Margarida

O problema com a falta de coleta de lixo em São Vicente continua causando transtorno à população, e principalmente aos bairros periféricos da cidade que encontram-se em situação de caos, devido a quantidade de lixo que estão abandonados pelas esquinas, calçadas e ruas. O que é preocupante, pois o lixo em céu aberto atrai ratos, baratas mosquitos, moscas… Podendo transmitir doenças como diarreias infecciosas, parasitoses, amebíase, dengue etc. Além de que, quando exposto ao ar num local por muito tempo, o processo de decomposição realizado por bactérias e fungos produz o chorume, que logo após um momento de chuva, se dissolverá junto com substâncias químicas e metais pesados de alta toxicidade contaminando o solo e impedindo o crescimento de plantas. 

Cruzamento entre a rua Vale do pó e a rua Polidoro na Vila Margarida

Cruzamento entre a rua Vale do pó e a rua Polidoro na Vila Margarida, sobras de lixo incinerado.

Em algumas partes da cidade a população está utilizando como solução, queimar o lixo, contudo, a queima de qualquer material libera CO2 (gás carbônico) na atmosfera, gás tóxico em grandes quantidades (o que já acontece devido à emissão por fábricas e carros). Portanto, prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Sem contar que todo material (não orgânico) como vidro, madeira, plástico, ferro etc, irá contribuir para obstruir as vias de escoação de água, resultado: alagamentos. Ou seja, o problema do lixo implica numa questão de saúde pública e de meio ambiente, por isso, cabe denúncia no Ministério Público (MP) por causa do risco que as pessoas estão sendo submetidas e cabe também ação direta da população de se organizar, enfrentar e alterar essa lógica de submissão aos administradores públicos.

Foto-1571A Prefeitura desde o ano passado vem dando explicações que não resolveram o problema, o que temos de concreto é uma cidade que chegou num acumulo de lixo, que temos que admitir, resolver este problema será necessário a participação de toda a população. Isso, numa tarefa que talvez não seja de fácil assimilação, sendo que há tempos a comunidade vicentina acostumou-se a delegar suas responsabilidades ao poder público. E este, atrofiou-se nos últimos tempos de tal modo que reflete total inoperância. Cabe agora a população decidir, continuar jogando o lixo pelas ruas, ou agir coletivamente na resolução deste problema, tendo a consciência que a culpa também é sua, (pela passividade) pois, quem administra faz sempre da forma como quer, desrespeitando totalmente a população em seus direitos (quando não cumpre com os seus deveres).

Hoje, São Vicente é só um reflexo do resto do país, onde os governos nada mais são do que máquinas de criar problemas e de moer gente.

Bate papo com a Dona Gilda no Centro Comunitário

Bate papo com a Dona Gilda no Centro Comunitário

A Rádio da Juventude esteve no Centro Comunitário do Saquaré no México 70 e conversou com a Dona Gilda ativista da Pastoral da Criança e uma das coordenadoras do centro comunitário, segundo ela o problema no México 70 é gravíssimo, há lixo não doméstico espalhado por todo o bairro, e em frente ao centro comunitário, onde foi construído um pequeno jardim comunitário pelos moradores, derrepentemente de novembro para cá o jardim transformou-se num grande depósito de lixo, pois, muita gente tentando resolver o seu problema (particular) do lixo, simplesmente foi despejando lixo e mais lixo onde estava o jardim, Gilda acrescenta que vem tentando dialogar com a população sobre a questão, até porque começaram a incinerar o lixo, devido a quantidade, porém, a fumaça criada com a queima vai toda para o centro que desenvolve atividades com pessoas de todas as idades, e certo dia, o fogo e a fumaça eram tantos, que tiveram que mobilizar algumas pessoas para conte-los, pois, o risco era grande, tanto de intoxicação quanto de espalhar o fogo para o centro. Ela disse também que entrou em contato com a Prefeitura, mas até agora nem uma solução foi tomada por parte da mesma, chegou a chamar uma TV local, (Filiada da Record) que compareceu, porém, achou que havia lugares com maiores quantidades de lixo e não deu importância, gravou uma entrevista que até o momento não foi ao ar. Por isso, vem discutindo junto com a comunidade uma forma de resolver o problema, orientando para que as pessoas não joguem o lixo pelas ruas, mas que cobrem do poder público, “pagamos impostos, precisamos nos organizar… e cobrar, cobrar e cobrar

Segue o áudio com Dona Gilda:

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Solidariedade às famílias das vítimas do carnaval de Santos

Viemos por meio desta nos solidarizar com os  familiares e os  amigos das vitimas da tragédia que ocorreu no carnaval de Santos nesta madrugada de terça-feira (12). Com a consciência de quanto é difícil neste momento de dor encontrar palavras que possam confortar quem perdeu um ente querido. Contudo, expressamos nossos profundos sentimentos e nossa solidariedade.

Esperamos que o Poder Público apure o caso, encontre os responsáveis e também crie mecanismos de fiscalização e de proteção mais eficazes à vida humana , sem precisar que novas tragédias ocorram para que se mobilize. Pois, delegar a responsabilidade a uma falha mecânica, ou, sobrepor às vitimas que empurravam o carro, é dar uma resposta simplória, perversa e mentirosa à sociedade.

A Prefeitura disse que foram tomadas todas as medidas de segurança, porém, como se decide o perímetro de segurança à qual precisa-se de fiscalização? E, há acompanhamento de pessoas capacitadas durante o trajeto dos carros fora do sambódromo? Entendemos que uma fatalidade ocorre sem previsões, desde que esta realmente não apresente condições de preveni-la. No caso desta tragédia sem especulação ou exploração, é preciso que se faça toda uma avaliação também de quais eram as condições que esses trabalhadores estavam submetidos para desempenhar tal função. ( não para culpabilizá-los, mas para sabermos se havia precariedade)

Prefeitura, organizadores e escolas têm responsabilidades sobre o desfile de carnaval como um todo. ( do momento em que o carro sai da escola e vai para a avenida, e vice-versa) O carnaval não é só uma grande festa popular, há tempos que também é um grande negócio capital, para que ele aconteça, há investimentos do setor público e privado que esperam lucrar com ele, então, que não negligenciem  a tragédia, resumindo como mera fatalidade.

Esperamos transparência e respeito às famílias e à toda sociedade que merece no mínimo o parecer verdadeiro dos órgãos competentes.

São Vicente às escuras em pleno carnaval.

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22h, orla da praia vazia em pleno carnaval.

Quem procurou algum lugar para se divertir durante as noites de carnaval em São Vicente, (como de hábito na cidade) não encontrou nada, além de muita polícia na rua e um vazio espantoso em plena época de folia. Pois é, a Prefeitura resolveu caçar geral qualquer manifestação que fizesse referência ao carnaval, com isso, o calçadão da praia e o deck dos pescadores tiveram parte de sua iluminação desligada, criando assim, para quem passeava pela orla, um sombrio divertimento, com direito a assistir um helicóptero que sobrevoava a orla da praia da Biquinha até a Ponte Pênsil passando pela Prainha com um projetor de luz iluminando a todos que passavam pelo local. (será inspeção para averiguar se estava tudo em ordem?)

23h helicóptero da PM sobrevoando São Vicente

23h, helicóptero da PM sobrevoando São Vicente

Tempos de absurdo são esses em que em pleno carnaval há mais policia na rua que foliões. Quem tiver a oportunidade de conferir essa situação bizarra e preocupante, basta caminhar pela praia de São Vicente durante a noite para constatar a quantidade de viaturas, de policiais e todo o aparato bélico que foi implantado na cidade.

22h jovens sendo revistados pela PM

22h, jovens sendo revistados pela PM

Claro que queremos segurança, mas, qual o preço teremos que pagar? Sem contar que queremos ser consultados! 

Outra coisa, humilhação, desrespeito e abuso de autoridade são coisas completamente diferentes, e isso, é o que tem ocorrido nos últimos dias na cidade, enquanto, boa parte dos “representantes do povo”, que administram e (infelizmente) decidem o futuro dela (e de sua população), inclusive, o Prefeito, festejam o carnaval em outras cidades, porque em São Vicente, só ficou o bloco da Polícia Militar (PM) cantando seu velho samba com seus apagadores de liberdade. “Mão na cabeça, cara no chão! tapa na cara, te jogo na vala…”

Carnaval em São Vicente: Uma ditadura particular

Foto-1587Neste domingo dia 10 de fevereiro, foliões vicentinos compareceram em massa no maior bloco de carnaval da cidade, o Ba-baianas. E também como prometido pela Prefeitura da cidade, a Força Tarefa marcou sua presença para coibir que o bloco saísse do bairro e passasse pelas vias do centro indo até a praia. Quem esteve presente pode conferir uma verdadeira operação de guerra que remetia ao regime ditatorial. (se é que não foi uma ditadura particular)

Foto-1565Foi por volta das 11h que o bloco das Ba-baianas saiu em direção oposta à de costume, circulou pelo bairro de forma contida, mas provocante, iniciou com um grito de guerra que mandava o Prefeito ir chupar. Porém, o som do trio elétrico estava baixo e como havia apenas um este ano, as pessoas que vinham acompanhando o trio numa distância maior de 60 metros, simplesmente não conseguiam ouvir nada.

Foto-1634Num passeio de uma hora e meia o bloco retornou ao seu ponto de partida e a pedido de Oficiais da Polícia Militar (PM), que de forma “delicada” disseram aos organizadores que era para acabar a festa ali, e deste modo, evitar problemas.

Pois é, como já diz o ditado “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, lá se foi o carnaval de rua, deu para brincar um pouco, beber um pouco, xingar um pouco e se irritar muito! Pois, foi vergonhosa a forma como a população foi tratada num dos únicos momentos em que ela pode sair à forra e se divertir, depois durante o percorrer do ano,  enfrentar um CREI sucateado, uma Educação sucateada e toda uma cidade entregue aos vermes do Estado, que fizeram palanque, que fizeram uma São Vicente entregue ao descaso.

Foto-1569Vamos economizar as palavras, silêncio! Eles pedem com os cães para ficarmos em silêncio.

Carnaval em São Vicente foi liberado. A vitória é do povo!

O carnaval em São Vicente foi liberado de última hora. Um grupo de vereadores e representantes carnavalescos foram dialogar com o Juiz e conseguiram a liberação, ou seja, encontraram uma brecha, sendo assim, desde que o bloco não cruze o centro está tudo certo, ficou acordado que o bloco das baianas ficará pelo bairro, pois é, menos mal, ( não queríamos ver sangue) só que agora vai rolar um palanque em torno disso. Por isso, interessante não perdemos o foco: A vitória é do povo! Pois foi a população, que mesmo não tendo ido ao fórum, afirmou que iria as ruas.

A vitória é do povo!

Força Tarefa pretende coibir as manifestações carnavalescas em São Vicente

Reunidos nesta quinta-feria (7), representantes do carnaval vicentino e vereadores procuraram encontrar uma solução pacifica para que não haja violência no carnaval (censurado) deste ano em São Vicente, pois, as manifestações estão proibidas, mas segundo o que circula nas redes sociais e pelas ruas é que os foliões vão subverter a regra.

Pois é, a decisão deste grupo que se reuniu de forma extraordinária foi ir no dia (8) até o fórum da cidade para tentar resolver essa situação, pois a criação de uma força tarefa da Policia Militar, Civil e Guarda Municipal atuando de forma preventiva já está armada. A Prefeitura cancelou as festividades e disse que essa ação (força tarefa) é para manter a ordem, garantindo a integridade física das pessoas e preservando o patrimônio público.

Se a população será silenciada, representada, ou irá para o enfrentamento, é a “trifurcação” na qual chegamos, aceitarmos as imposições, as delegações, ou perdermos a paciência. (sendo que são muitos os motivos para se perder a paciência) No entanto, temos que refletir, as forças político partidárias que estão aí, lutam pelo bem comum de todos, ou por interesses particulares? Qual o passo que temos que dar?

O que temos de concreto é que as representações partidárias historicamente nunca trouxeram nada para o povo, mais atrapalharam do que contribuíram. Todas as conquistas foram sempre construídas pelo povo. Bora construir o poder popular! Só assim, teremos nossas mais legitimas manifestações não coibidas.

Eu quero em São Vicente um carnaval libertário!

No ano passado uma decisão judicial do Ministério Público (MP) proibiu qualquer  tipo de manifestação na vias principais do Município de São Vicente, seja ela de cunho religioso, cultural, esportivo, cívico ou de livre-iniciativa. Essa  decisão é do juiz da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Vicente, Eurípedes Gomes Faim Filho, que atendeu ao pedido da Promotoria.

Muitas criticas surgiram, principalmente por aqueles setores que foram prejudicados com a lei. Na época uma pequena mobilização percorreu as ruas de São Vicente em busca de assinaturas para um abaixo assinado em prol da liberdade de expressão, houve petição na internet e até tuitaço, o que não surtiu efeito algum. E como se tudo não pudesse piorar, na sequência houve o bloqueio de apresentações artísticas no Parque Cultural Vila de São Vicente, deixando muita gente que frequentava o parque, indignada, pois, a cidade no quesito “cultura” é um problema, e com mais esse impedimento a impressão que causou foi que tudo aquilo que era de graça, popular e que possibilitava artistas locais a apresentarem sua arte, estava sendo desmantelado de vez. Algumas discussões ocorreram, vídeos circularam para promover o debate, mas a liberdade de expressão entrou num caminho obscuro…

Na verdade, houve pouco diálogo com a população sobre o que estava ocorrendo, o próprio slogan da campanha  “Pelo Direito de Livre Manifestações – Diga Não a Intolerância – Por uma cultura de paz” ( com direito a foto do ator  inglês Hugh Laurie que fez o protagonista da série Dr. House) que percorreu as ruas não deixava claro o que representava essa lei e quais seus efeitos práticos, e como em ano de eleição tudo vira moeda de troca para angariar votos, é bem provável que as pessoas que tiveram acesso à informação não entenderam o que representava de fato para embarcar na cruzada.

ba_baianas01Hoje, após quase um ano da lei ter entrado em vigor, a discussão tornou-se ácida, pois a Prefeitura em pronunciamento nesta última segunda-feira (4) disse por meio de seu Secretário de Cultura Amauri Alves que irá acatar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Com isso, muita gente ficou indignada e pelas redes sociais expressaram repúdio e colocaram que, há de acontecer um enfrentamento direto, que os blocos carnavalescos devem burlar a lei e irem para as ruas, há também um manifesto percorrendo as redes dizendo que as pessoas devem comparecer na concentração do maior bloco carnavalesco da cidade, o das Ba-baianas, existente há 76 anos, um bloco tradicional que agrega uma quantidade massiva de foliões que sai do Parque Bitarú, cruza todo o centro da cidade e termina na praia.

Podemos afirmar sem sombras de dúvidas que este bloco é uma iniciativa popular de carnaval de rua tão forte que é impossível de conter por meio de uma lei, inclusive a presidente do bloco, Regina Dias preocupada com a questão, disse que irá comunicar os foliões, mas, de acordo com as manifestações que estão ocorrendo pela rede, o bloco vai para a rua em ato de protesto. Afinal, o formato do bloco é de iniciativa livre, ou seja, as pessoas vão aderindo à ele durante o percurso de forma natural, e assim ele vai se construindo, resultado: como se pode evitar isso? ( preocupante, pois, a Prefeitura anunciou que vai intensificar a fiscalização e o efetivo policial para coibir)

Pois é, a ignorância dos governantes ( no sentido de ignorar) é tão grande, e deixa claro o quanto São Vicente tem uma visão provinciana, sem a menor sensibilidade de entender que bloquear o carnaval de rua, é atingir o cerne de uma das maiores expressões culturais brasileiras ( e popular, o mais interessante) e também podemos tirar como conclusão que, quem faz as leis não está conectado com a realidade, e a lei é sempre um produto vindo de cima para baixo que não atende aos interesses  da população.

Em cidades do nordeste brasileiro, por exemplo, nas de Pernambuco onde os blocos de rua tem um significado e uma força popular muito grande, diferente dos espetáculos apoteóticos, é impossível pensar na proibição de tal evento. Segundo os números oficiais do Carnaval Multicultural de Pernambuco realizado em 2012, foram: 300 atrações nos palcos, 325 shows, 800 apresentações de agremiações em polos descentralizados, 8 polos no centro, 9 polos decentralizados e 42 polos comunitários. O Bairro do Recife teve um público de 600 mil pessoas por dia. E na economia injetou R$ 773,6 milhões.

Ok, podemos dizer que em Pernambuco há uma industria do carnaval, enquanto em São Vicente estamos longe disso. Correto? Até porque neste ponto abre-se outra discussão, afinal, nós da Rádio da Juventude queremos um carnaval gestionado pelo povo. Entretanto, a analogia é apenas para visualizarmos o quanto existe de um pensamento raso na forma como está sendo discutido essa questão, e como toda esta miopia favorece os grupos de interesse que se aproveitam deste momento para se articularem usando o povo como massa de manobra, atacando uns aos outros, mas, são todos farinha do meu saco querendo palanque.

O momento político de São Vicente

A cidade de São Vicente está num momento delicado de transição política, os serviços públicos estão completamente sucateados, nem o governo de ontem resolveu e nem o de hoje com certeza irá, mas, a disputa politica partidária está usando de todas as maneiras possíveis para amarrar a população e legitimar suas bandeiras. Isso resultará em quê? Fica à reflexão. Pois, colocar o bloco na rua e enfrentar a polícia e um governo reacionário é legitimo, mas devemos levar todas as nossas bandeiras: da educação, da saúde, do emprego, da cultura, da informação e de tudo que nos é arrancado dia a dia. Sem contar também que há de se colocar essa discussão em pauta com toda a comunidade, se existem pessoas que estão sendo prejudicadas com as manifestações nas vias públicas, elas também têm o direito de serem ouvidas. Este é o ponto, abrirmos ao debate e discutirmos levando em consideração todas as partes, e coletivamente decidirmos o que é melhor para toda a comunidade vicentina. ( sem lei que oprima)

O carnaval é uma das manifestações culturais mais legitimas que existe, vinda de um povo que a 500 anos aprendeu a resistir e com muita criatividade criou formas de expressões riquíssimas, contudo, a lógica da sociedade em que vivemos é transformar tudo em mercadoria, e os grupos de interesse, velhas raposas treinadas no jogo da manipulação, são habilidosos em usar o povo como massa de manobra. É tempo de subverter isso, se queremos blocos nas ruas, precisamos de autonomia para realmente sermos protagonistas de nossas formas de produção, e deste modo, ninguém usar dos nossos sonhos e das nossas lutas para nos explorar e nos vender como objetos.

É isso, São Vicente precisa de um carnaval libertário! Livre para todas as expressões e formas livre de se viver.  Sem preconceito de credo, cor ou grupo social!

Um carnaval do povo feito pelo povo!

São Paulo: Manifestação em solidariedade aos presos políticos no Chile

Foto-0190Nesta segunda-feira dia 4 de janeiro de 2013 cerca de vinte pessoas estiveram por volta das 11h em frente ao Consulado Chileno para exigir que o Governo do Chile liberte das prisões lideranças do povo Mapuche. O grupo não conseguiu falar com nenhuma autoridade, mas, foi à rua dialogar com a população sobre a quantidade de prisões arbitrárias que estão ocorrendo no Chile e sobre toda a comunidade Mapuche que está sendo dizimada. Ao término do ato o grupo decidiu tornar constante os protestos em solidariedade aos Mapuches e mobilizar outras organizações para aderirem a luta.

Quem são os Mapuches?

Os Mapuches, “pessoas da terra” é uma etnia indígena que vive no Chile, e desde a invasão espanhola lutam para defender suas tradições, seus costumes, sua cultura e suas terras, que consideram não apenas como áreas de plantio, de caça e de pesca, mas, também terras sagradas onde toda a ancestralidade Mapuche reside, por isso, eles não reconhecem a soberania chilena sobre os territórios onde estão suas comunidades e resistentemente vem travando uma luta contra o Governo do Chile que tem desencadeado uma violenta repressão, utilizando de aparatos do próprio Estado. Exemplo disso, é que parte dos territórios no sul do país, onde há comunidades Mapuches, essas áreas encontram-se militarizadas, os “Carabineiros” possuem bases especiais com única e especifica função, reprimir manifestações. ( os carabineiros são um tipo de polícia ostensiva de defesa civil, de defesa nacional, isso, segundo o governo, mas, na verdade sua única função é conter atos de protesto, poderíamos fazer uma comparação com o choque e agora com as UPPs que existem por única finalidade)

A prisão de Milary Huichalaf

Considerados terroristas, as prisões chilenas estão cheias de nativos Mapuches desde os tempos da ditadura Pinochet, quando foi instituída uma lei Antiterrorista que ampliou a perseguição e a criminalização do povo Mapuche. Hoje na América Latina a luta deste povo é um exemplo de resistência e ofensiva, da mesma forma como os Zapatistas no México, seu nível de organização, talvez, seja o que mais assusta o Governo Chileno. Por isso, nos últimos dias aconteceram: um espancamento à uma mulher e outras três foram presas, uma delas era Milary Huichalaf não só líder política, mas também espiritual. O que representa que este ataque do Estado é para desestruturar espiritualmente a comunidade Mapuche, já que Milary é uma liderança espiritual muito importante em sua comunidade.

Milary esteve no Brasil ano passado participando do Tribunal Popular da Terra em São Paulo no bairro Parque Santo Antônio, o Tribunal foi um júri popular que reuniu diversas organizações do país que colocaram o Estado no banco dos réus, o considerando culpado por todos os seus crimes contra a população pobre, preta, indígena, kilombola, homossexual e todo grupo social ou pessoa que vive na pele a opressão promovida pelo Estado.

Nos momentos em que Milary falou, pontuou que, hoje tem a certeza de que o Governo Chileno quer de qualquer forma eliminar o povo Mapuche, utilizando da violência, e legitimando por meio de difamações, chamando os Mapuches de terroristas, um povo que apenas defende sua cultura e não aceita e jamais aceitará ser expulso de suas terras, pois, são sagradas, resistirão a todo custo. Contudo, esta realidade vivida pelos Mapuches não é apenas uma particularidade deles, mas um plano econômico muito maior que atingirá toda a América Latina, por isso, a soma de forças entre os povos é fundamental para combater este Estado genocida que vem dizimando comunidades inteiras.

Foto-0202Mapuches, Guarani Kaiowá e a luta de todos nós 

Sobre os Mapuches podemos fazer um paralelo com a luta dos Guarani Kaiowá aqui no Brasil, que lutam para defender suas terras contra a expansão do agronegócio e de construções de usinas hidrelétricas, ou seja, o motivo de tanta repressão é histórico, questão econômica, pois, os territórios que pertencem aos Mapuches e aos Guarani Kaiowá são grandes biomas, e como a ganância desta organização social em que vivemos (capitalismo) não tem limite, ela simplesmente procura de todas as formas absorver e  eufemizar com o manto falacioso do desenvolvimento que nada está acontecendo de mal, só para o bem.

Por isso, desarticular, prender e assassinar tem sido a prática de todos os governos. (mesmos os que tinham um alinhamento à esquerda, hoje apenas defendem uma política desenvolvimentista que esmaga gente).

Toda solidariedade aos Mapuches! Tamu junto nesta luta!

Para que uma encenação de um milhão de reais, enquanto está faltando alimento nas escolas e nas creches municipais?

64686_107766022725870_1357241847_nÉ um absurdo! Como fora todos os outros anos em que eram gastos em torno de seis milhões na encenação da Vila de São Vicente. Neste ano será gasto um milhão ( o tal do ator Casa Grande vai levar R$ 60,00) é muito dinheiro para uma cidade endividada querer gastar todo esse dinheiro só porque o tal espetáculo é considerado o maior espetáculo em areia de praia do mundo e faz parte da tradição histórica da cidade (que história? Que Martim Afonso veio aqui e mandou matar todos os índios, enquanto os jesuítas fincavam a cruz na cultura guarani, até quando vamos aceitar isso?)

Oras, raciocinemos, uma cidade quebrada que colocou na rua um monte de trabalhadores, está em dívida com o funcionalismo público, possui apenas um hospital público que está aos cacos, tem um transporte público de péssima qualidade, problemas de habitação seríssimos, falta de alimentos nas creches e nas escolas, falta de empregos e oportunidades em todos os sentidos. (é considerada uma cidade dormitório) É ou não, uma insanidade revoltante gastar todo esse dinheiro e pedir de ingresso essa ajuda solidária? (puro desrespeito)

Analisem, não é possível o grau de ignorância política que atingimos, representantes tacanhos que não representam nada e Organizações Sociais omissas, silenciadas por uma pasta, um cargo, uma mentira perversa que ninguém se encoraja a desafiar, enquanto isso, a cidade afunda numa realidade abrupta onde quem mais paga com isso é o trabalhador, aquele que tem que pagar aluguel caro, ou morar numa casa de condições precárias porque brincam de fazer política nessa cidade, é também aquele com o filho numa fila imensa do CREI, implorando por um atendimento, a juventude que não tem perspectiva de futuro real, apenas mentiras embaladas que as vendem em projetos assistenciais que mascaram a realidade e injeta dinheiro no bolso de entidades pilantrópicas.

Chegamos num ponto em que a cidade está largada, o novo Prefeito reconfigurou sua administração aos mesmos moldes da antiga, o quadro político é o mesmo, basta ver quem são os secretários, esse enxugamento da máquina administrativa foi um tiro certeiro na classe trabalhadora.

Ele reclama dos cargos de confiança, mas o diretor da encenação de um milhão de reais é o mesmo que fez propaganda para ele durante a campanha, coincidência? Não! Tudo é uma troca de favores em São Vicente. Tudo é um toma lá dá cá.

Está mais do que na hora de perdermos a paciência!!!

Incra ocupado! Milton Santos resiste

Cerca de 120 pessoas, entre assentados e apoiadores do Assentamento Milton Santos, ocuparam o Incra em São Paulo. Por Passa Palavra

Fonte: http://passapalavra.info/?p=70663

Cerca de 120 pessoas, entre assentados e apoiadores do Assentamento Milton Santos, ocuparam um pouco depois das 4 horas da manhã do dia 15 de janeiro o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria) na Rua Doutor Brasílio Machado, 203, Santa Cecília, na região central de São Paulo. Foram estendidas lonas e faixas na entrada do prédio e os funcionários que chegavam para trabalhar estavam sendo dispensados. Perto das 8h começaram a chegar os primeiros funcionários do corpo técnico do Incra, que também foram impedidos de entrar.

Os assentados já estenderam seus colchões e pertences em um andar do prédio.

Já há seis meses as famílias estão convivendo com a insegurança, diante da ameaça de perderem suas casas e, ao contrário do que aconteceu em outros momentos, desta vez a posição dos manifestantes é manter-se em ocupação até que a presidenta Dilma assine o decreto de desapropriação.

Também acompanham a ocupação alguns representantes do acampamento Luiz Gustavo, situado na região de Colômbia, próximo a Barretos. Eles exigem que o Incra acelere o processo de indenização do terreno, sob o risco de 110 famílias serem desalojadas nos próximos dias.

Atualizações

As circunstâncias da ação de hoje

A ação de hoje acontece como tentativa de estabelecer um canal de pressão mais direto sobre o governo federal.

Apesar de o Incra vir sofrendo um processo de enfraquecimento de suas funções, a própria mudança de orientação na prática de reforma agrária do governo coloca este órgão no centro das atenções.

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A ocupação do prédio mantem-se total por prazo indeterminado. Substituindo a sua atividade ordinária, outras estão sendo pensadas com o intuito de estreitar os laços com outras organizações e parceiros na cidade de São Paulo. A idéia é abordar a questão do Assentamento Milton Santos dentro de um contexto mais amplo, vivenciado por outras experiências de luta social, marcado pelo avanço das formas de expropriação da classe trabalhadora.

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Enquanto isso, em Americana…

Enquanto no prédio do Incra nenhum responsável apareceu para estabelecer um contato oficial com os manifestantes, coisas importantes aconteceram no Assentamento.

O prefeito de Americana esteve no local para dialogar sobre possíveis soluções. Chegou a oferecer propostas reparativas para as famílias, como alojamentos provisórios ou subsídios, mas que foram prontamente rechaçadas por elas. Neste diálogo chegou a ser cogitada a possibilidade de a Prefeitura executar a desapropriação, desde que tivesse dinheiro em caixa para cobrir a idenização, o que recolocaria o problema no colo do governo federal.

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Por fim, é importante ressaltar que hoje a notificação chegou no Assentamento pela parte da manhã, de forma a não deixar nenhuma dúvida de que o prazo está correndo. Ao mesmo tempo, espera-se o resultado do julgamento do embargo da liminar pedido pelo INSS. Era essa a última desculpa sustentada pelo governo federal para executar a desapropriação, visto que em todos os espaços de negociação ele alegou que faria uso deste instrumento tão logo se esgotassem os recursos jurídicos.

Mas até o momento não há informações sobre esta questão.

Mães de Maio lançam livro na Rádio da Juventude (ouça o programa!)

A periferia de São Vicente foi a primeira região na Baixada Santista a receber o lançamento do novo livro das Mães de Maio, chamado “Mães de Maio, Mães do Cárcere – A Periferia Grita”.

Nós da Rádio da Juventude tivemos a satisfação de falar em primeira mão sobre o livro, lançado em Sampa três dias antes, e que é mais um esforço do Movimento em dar visibilidade aos crimes cometidos pelo Estado brasileiro (principalmente o de São Paulo), a partir de 2006. Neste sábado, dia 08 de dezembro, o programa Vozes do Gueto recebeu a coordenadora do movimento, Débora Maria da Silva, e o poeta Armando Santos, onde conversamos por mais de duas horas.

Parceiras e referência de luta para nós, as Mães de Maio já tinham passado pela Rádio da Juventude neste ano. Agora, voltaram em transmissão que rolou ao vivo só para os moradores da região da Vila Margarida, periferia de São Vicente. O livro, inclusive, além da palavra de vários parceiros, traz nosso manifesto: “A luta por mudanças se faz além das urnas”.

CLIQUE AQUI E OUÇA O PROGRAMA NA ÍNTEGRA

Transcrevemos aqui algumas falas dos convidados:

Armando

“Não adianta trocar secretário (…) Tem que mudar o sistema de segurança pública (…) E tem que desmilitarizar mesmo!”

Débora:

“Eu paguei a bala que matou meu filho. (…) Essa bala que matou meu filho teve uma direção certa: o pobre, o negro, o periférico.”

“Em 2006 trocaram o comando, todo o aparato corruptor, mas só pra inglês ver. Porque a política continua a mesma, talvez pior.”

“[o atual secretário de Segurança Pública de SP] Grella foi um dos procuradores com quem tivemos conversando, e ele foi um dos que se exaltou quando eu falei que era necessário a federalização dos crimes, e ele rapidamente mandou o Ministério Público fazer uma investigação interna para poder blindar o pedido de federalização que nós fizemos em 2010.”

“Que se faça a desmilitarização, porque a gente não precisa de duas polícias: uma polícia que mata e uma que não investiga”

“A mídia, por trás dela, vive o capitalismo”

“A gente não precisa de mais partido. A gente precisa de mais vergonha na cara por parte deles!”


Manifesto Guarani Kaiowá em Santos

Cerca de cinqüenta pessoas estiveram na praça da independência em Santos, neste último domingo dia 11 de novembro de 2012, manifestando-se em solidariedade a comunidade indígena Guarani Kaiowá. Faixas, cartazes e pinturas de protesto deram o tom do ato.

Frases de protesto como “Somos todos Guarani Kaiowá” embalaram a manifestação que seguiu da praça da independência até a orla da praia, onde os manifestantes começaram a convidar as pessoas que passavam pelo local para participarem e expressarem sua indignação em relação ao massacre que ocorre há quinhentos anos sobre as populações indígenas, e que nos últimos anos, tem se intensificado com a construção de hidroelétricas, barragens, ferrovias, especulação imobiliária, expansão do agronegócio e todo o modelo desenvolvimentista adotado pelos governos que passaram pela história do Brasil.

A organização do manifesto ocorreu de forma espontânea, sem que nenhum grupo específico o organizasse, apenas, foi disseminada a convocação para o ato solidário por meio das redes sociais como: twitter, bloggs e facebook. Resultado: estudantes, ativistas, militantes de diversas organizações sociais e simpatizantes que por ali passavam fizeram os seguintes apontamentos:

“Essa é uma realidade de quinhentos anos de massacre! Não podemos aceitar esses massacres calados, os povos indígenas são nossos irmãos”

“Não são somente os povos indígenas que estão sendo massacrados, são também as comunidades ribeirinhas, kilombolas, sem teto, sem terra […] a expansão desta política desenvolvimentista resulta em massacre de toda a população pobre […] A juventude da periferia está sendo exterminada”

“A construção de Belo Monte trará efeitos violentos tanto no aspecto ambiental, quanto social! Comunidades inteiras serão expulsas para a construção de uma hidroelétrica desnecessária que somente irá servir ao capital”

“Temos que nos organizar, unirmos forças! Aqui mesmo em nossa região, em São Vicente há uma aldeia Guarani (Paranapuã) onde essa comunidade está sendo dizimada pelo poder público […] E tantas outras em nosso litoral que estão sendo esmagadas, pois, o poder público, proíbe a construção de escolas indígenas, não permite o acesso de grupos solidários, e boa parte dos indígenas acabam tendo que buscar emprego nas cidades, nas feiras livres, ou na mendicância […] Na verdade, nossa região carece de uma organização popular que levante e faça o enfrentamento direto, porque problemas aqui não faltam. O que a copa do mundo irá trazer de beneficio para a população? Nada! O pré-sal? Nada!” e o que estamos fazendo? “A especulação imobiliária e a higienização social estão aí explodindo na nossa cara”

“A gente não pode se iludir mais com o voto, nem com nenhum tipo de governo, nós precisamos criar formas alternativas de produção e luta social […] Socializar os conhecimentos e fortalecer nossas quebradas, é na periferia que o bicho pega! Todos sabem algo: escrever, cantar, dançar… Propagar cultura para fortalecer com iniciativas, isso, na base popular é fundamental! Não adianta esperar por um messias, um líder, um salvador, façamos por nós com nossas próprias mãos!

Ao término dos apontamentos, o grupo que se encontrava em circulo discutindo muito mais questões que aqui registradas, naturalmente dispersou-se e alguns manifestantes ainda animados resolveram seguir em caminhada até a cidade vizinha de São Vicente, onde estava ocorrendo uma feira de artesanato (também na orla da praia) e lá levar as reivindicações e por fim encerrar o ato.

OBS: Podemos elencar de positivo no ato, a resistência deste grupo que num domingo de sol se propôs a discutir e a solidarizar-se com os Guaranis Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Mas, também é preciso que essa energia produzida continue a crescer e a fortalecer as lutas sociais de forma solidária, livre e horizontal, para deste modo, transformar a realidade social, e isso, há de ser entendido como um compromisso popular que esteja além de bandeiras partidárias.