O esculacho nosso de cada dia: Jovem voltando de uma entrevista de emprego leva geral da polícia

Foto-0211

A quantidade de policiais por metro quadrado na cidade de São Paulo é sinal de segurança ou de puro controle social?

Oras, quem vive em São Paulo já deve ter notado a quantidade de policias que estão pelas ruas garantido a segurança da população, principalmente no centro. Interessante salientar que algumas bases policiais instaladas são bem estratégicas, na Av Paulista por exemplo, frente ao Museu de Arte Moderna (MASP) onde sempre ocorre  diversas manifestações, (que inclusive a policia marca presença pra reprimir) tem lá uma base em atenção.

Foto-0183Curioso né? Pois bem, no dia 4 de janeiro a Rádio da Juventude esteve participando do Ato em Solidariedade aos Presos Mapuches no Chile que ocorreu exatamente no Masp, (vide matéria sobre no link) e infelizmente presenciou um jovem sendo esculachado pela PM em plena luz do dia ( por volta das 14h).

Segue o bate papo rápido que fizemos com o rapaz e tirem as conclusões de como a onda de violência direcionada à juventude não para. Sendo que, importante refletirmos sobre toda essa militarização das cidades, por que isso? Copa? Olimpíada? Será uma espécie de domesticação da população para tempos obscuros que virão? (continuaremos com esse assunto)

Bate papo:

Foto-0209Rádio da Juventude: E aí cara o que houve ali com a Polícia? Pareceram bem agressivos com você?

Jovem: Tranquilo é assim mesmo… só geral

Rádio da Juventude: Tranquilo como? Desculpa te encher, mas, a forma como te trataram não é legal não.

Jovem: To ligado, mas eles queriam saber se tava passando algo, ou ia fumar… eu tava lá de boa acabei de vim de uma entrevista e só tava dando um tempo, mas ali é osso, cola muita molecada pra fumar, aí tem uns nóia, tá ligado?

Foto-0208Rádio da Juventude: Sei… Quantos anos você tem?

Jovem: Vinte

Rádio da Juventude: Tu é daqui de SP?

Jovem: Sou lá do Boa Vista

Rádio da Juventude: Eles mexeram na tua bolsa né?

Jovem: É cara, mas, eles não tão nem aí, vê só quantos “homi” tem na rua, ficar dando mole, eles pensam mal de você e já querem te enquadrar e levar pro esculacho, é normal, fazer o quê? To acostumado…

Rádio da Juventude: Entendi, é que pra mim isso é maior violência, eu vi eles sacudindo sua bolsa, te revistando, isso não é certo não, tá ligado, não quero te encher, mas sou de uma rádio lá da Baixada Santista e queria divulgar isso, eu tirei fotos do que aconteceu.

Jovem: Tranquilo cara, mas não quero que apareça meu nome não, beleza?

Rádio da Juventude:Tranquilo, escuta tinha um cara lá que eu vi que desceu pelo vão, o que foi aquilo?

Jovem: Então, ali perto de onde eu tava sentado, tinha um cara deitado, acho que mendigo, aí quando os homi veio, mandaram já o cara descer pelo vão, dizendo: “aí some daqui, vai desce por aí mesmo de onde tu saiu”. É assim mesmo…

Rádio da Juventude: Assim mesmo como?

Jovem: A geral cara…. policial é assim… e aqui no centro é foda! os cara tão sempre aí querendo enquadrar, mostrar serviço, aí, ali no Masp nem cola de ficar, porque já ficam de olho…

Rádio da Juventude: Mas o espaço ali é público não é? E tinha outro pessoal também e não fizeram isso?

Jovem: É que eu tava mais afastado, os homi já acham que tá na escama, mas é assim, na cidade é eles quem mandam e não dá pra fazer nada, é foda! Mas é isso aí…To acostumado, nem ligo mais..

Rádio da Juventude: Beleza cara, valeu! vai na paz!

Jovem: “Só”.

OBS: A naturalização de acontecimentos como este não podem ser tidos como naturais, ( ainda mais porque não são isolados, tem se tornado frequentes e propositalmente direcionados) mesmo que a juventude não perceba isso, afinal, ir atrás de um trampo e no caminho para casa ser humilhado, é muita violência e retira as esperanças de qualquer um. Precisamos subverter essa lógica!

A Encenação da fundação da vila de São Vicente: Legitimação e glorificação do holocausto indígena

Não bastasse a atual conjuntura de caos na administração municipal de São Vicente, herdeira da dinastia França, o novo prefeito Bili já começou a mostrar a que veio. Em meio ao tom populista, evidenciado pelo discurso de redução de gastos da máquina administrativa, destacam-se também as concepções nitidamente fascistas, marca registrada do atual partido do prefeito, o Partido Progressista (PP), legenda oriunda da antiga ARENA, que representava as forças repressoras durante a ditadura militar em nosso país.

20070402220531-radio-livre[1][1] cropped-projeto-logo-radio.jpg

Declarações homofóbicas, defesa da “moral”, dos “bons costumes” e da “família” marcaram o inicio turbulento de sua administração, enquanto no outro lado da história, as creches continuavam com escasses de merenda, os salários dos servidores de diversas categorias continuavam atrasados, o lixo amontoava-se nas calçadas e as pessoas simplesmente morriam nos corredores do CREI (Centro de Referência Emergência e Internação).

Como uma cereja podre a “encenação da vila de São Vicente” veio para decorar um bolo mofado e cheio de vermes. Inicialmente a administração dava a entender que devido aos cortes no orçamento seria inviável garantir o “espetáculo” que acontece praticamente todos os anos desde 1982. Essa notícia deu brecha para que políticos oportunistas, como o deputado Luciano Batista, encontrasse uma maneira de se auto-promover. O deputado que é bastante próximo ao governador Geraldo Alckmin conseguiu a liberação da cifra de 1 milhão de reais para garantir a “festa”. Lembrando que o gasto total da encenação no ano anterior foi de incríveis 6 milhões de reais, dinheiro público utilizado para pagar cachês de galãs globais, encher o bolso de “diretores de teatro” super-egóicos e por fim distribuir entre os vereadores, deputados e gestores da máquina pública, personagens não tão famosos quanto os globais, mas que exercem um papel fundamental na trama da corrupção brasileira.

Alheios às cifras os grupos de teatro amador, os jovens, crianças e idosos participaram do “espetáculo” como “voluntários”. Nos ensaios era possível medir o amor que os “cifrados” nutriam pelos “voluntários”: “ – Olha, quem não ficar até o final não vai ganhar lanche! Corta o lanche deles!” berrava o diretor pedindo aos organizadores não deixarem que algumas crianças se ausentassem do local do ensaio.

Seria apenas “trágico” se isso fosse tudo, mas a indignação aumenta quando nos damos conta do conteúdo da encenação, esse ano apresentada no formato de um musical.

O 1 milhão de reais, dinheiro público (nosso) que poderiam ser utilizados para pagar os salários atrasados dos servidores e comprar merenda para as creches, por exemplo, foi gasto em um espetáculo legitimador de uma das maiores carnificinas da história do nosso continente: a invasão dos portugueses ao território dos povos originários e sua posterior dominação e dizimação.

Em meio a músicas que lembram as canções dos filmes da Disney, todo discurso dos “vencedores” e colonizadores era colocado sob a óptica nacionalista, ufanista e civilizatória do branco europeu, homem valente que cruzou os sete mares para levar os benefícios da “civilização ocidental” e “salvar as almas” dos povos bárbaros que aqui habitavam, através da sua conversão à fé católica.

Os índios, retratados como animais maléficos que comiam uns aos outros, representavam perigo aos bravos colonizadores, por isso deveriam ser escravizados. Usados como meros adereços exóticos e folclóricos (no mal sentido) o “espetáculo” passa a imagem de um índio passivo a sua própria destruição étnica.

Tudo isso em um momento no qual os povos indígenas que ainda resistem em nosso território sofrem numerosas perseguições, ameaças e assassinatos. Um exemplo é a situação dos Guarani Kaiowá.

Em meio aos gritos de fãs histéricas e uma grande queima de fogos de artifício o diretor cultua o status quo da sociedade capitalista de consumo, berrando constantemente o nome do ator global que interpretou Martim Afonso de Souza. Assim termina a encenação da fundação da vila de São Vicente. Todos saúdam a grande festa da “Primeira Câmara das Américas” a tal “Célula Matter da democracia brasileira”. Enquanto os espectadores saem satisfeitos, o locutor oficial do evento, contratado pelo Governo Alckmin trata de puxar a sardinha para o governador, destacando a liberação da verba milionária. O controlador do som, por sua vez, subalterno da administração municipal, trata de abaixar o som do microfone no exato momento em que o locutor discorria a bajulação ao Governo do Estado. Logo após o “incidente”, o locutor, agora em alto e bom som registra alegremente a presença de centenas de personalidades entre vereadores, deputados e apadrinhados políticos. Fim do pão e do circo.

Brecht e a “Teoria do rádio”

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142007000200017&lng=en&nrm=iso

Celso Frederico

“Não existe nenhuma possibilidade de evitar o poder da
desconexão mediante a organização dos desconectados?”

AS REFLEXÕES pioneiras de Brecht sobre o rádio estão sintetizadas num conjunto de breves artigos sobre esse então novo meio de comunicação, escritos entre 1927 e 1932, no mesmo período das “peças didáticas”.1 Em ambas as intervenções encontram-se o apelo à participação, o incentivo para que o mundo do trabalho tome a palavra. Os conhecimentos teóricos do teatro épico, diz Brecht, podem e devem ser aplicados à radiodifusão.

O novo teatro e o novo meio de comunicação caminham juntos para realizar o imperativo de interatividade, deixando para trás o antigo conceito que via a cultura como uma forma que “já está constituída” e, portanto, “não carece de qualquer esforço criativo continuado”.

O “esforço criador”, tanto no teatro como na radiodifusão, não se contentava com o “aprimoramento” dessas entidades, de abastecê-las com bons produtos, mas visava à sua transformação radical. Vale aqui lembrar a famosa passagem de “Notas sobre Mahagonny”, escritas em 1930:

a engrenagem é determinada pela ordem social; então não se acolhe bem senão o que contribui para a manutenção da ordem social. Uma inovação que não ameace a função social da engrenagem […] pode por ela ser apreendida. Mas as que tornam iminente a mudança dessa função e procuram dar à engrenagem uma posição diferente na sociedade […] é renegada por ela. A sociedade absorve por meio da engrenagem apenas o que necessita para sua perpetuação. (Brecht, 1967, p.56)

Brecht não tinha ilusões sobre a capacidade de cooptação e neutralização do sistema, e, como marxista, observou muito antes de Adorno o primado da produção sobre o consumo dos bens simbólicos ao afirmar que “é a engrenagem que elabora o produto para consumo”.

As radicais e muito criativas teses brechtianas sobre o rádio e o teatro exprimem, como não poderia deixar de ser, o momento histórico vivido pelos intelectuais alemães, ainda marcado pelo entusiasmo provocado pela revolução russa de 1917 e pela certeza de que a revolução, abortada na Alemanha em 1919, em breve triunfaria.

A agitação política do período foi acompanhada de uma intensa fermentação cultural em que se discutiam o esgotamento das formas tradicionais de se fazer arte e a busca de novas formas de comunicação. Nesse sentido, os alemães reproduziram em boa parte o debate russo sobre o novo papel da arte na sociedade a ser construída.2

 

 

Um novo público

Na Alemanha, o teatro engajado tinha como único respaldo o forte movimento operário. A partir de 1928, a esquerda obtém uma expressiva votação e o Partido Comunista Alemão passou a apoiar com entusiasmo a movimentação teatral que vinha se desenvolvendo durante toda a década de 1920.

A transferência de Brecht para Berlim, em 1924, coincide com o movimento ascensional do teatro político. Brecht trabalha com Piscator e, graças a ele, convence-se da necessidade de fazer um teatro político. As influências de Piscator e, também, da vanguarda russa fizeram-no refletir sobre a necessidade de revolucionar a forma do teatro, reflexão que o acompanhou pelo resto da vida.

O encontro da intenção política com o espírito vanguardista manifesta-se inicialmente nas chamadas peças didáticas. Essas peças não foram escritas para serem encenadas; consistiam basicamente em exercícios para os atores. O vôo sobre o oceano – peça didática radiofônica para rapazes e moças é, talvez, a mais interessante delas. Brecht encena a façanha de Lindbergh que, pela primeira vez na história da humanidade, cruzou o oceano num avião. A peça apresenta uma utilização inédita do rádio: foi feita para o rádio e o rádio é “personagem” da peça, pois é ele que narra a epopéia do herói.

Na época, Paul Claudel, que havia passado muitos anos no Japão, encenou uma peça influenciada pelo teatro Nô. A peça, chamada Cristovão Colombo, retrata a descoberta do Novo Mundo em nome da religião. Brecht, aproveitando a idéia, retratou a “redescoberta do Velho Mundo em nome da nova tecnologia” (Willet, 1967, p.146).

Como os construtivistas russos, Brecht expressava o seu entusiasmo com o progresso técnico. O socialismo era a própria promessa do progresso social, avanço das forças produtivas rebelando-se contra as relações de produção. O teatro, nesse momento, é invadido pela técnica: esteiras rolantes, palco giratório, introdução de filmes etc. Nos textos teóricos do período, Brecht usa constantemente termos como montagem, processo, máquina, instrumento, experimento, ciência, produção etc.

O ativismo cultural do período deve-se à formação de um novo público, produtor e consumidor de arte, que exige a renovação do fazer artístico. Quando se fala da arte na República de Weimar, a atenção volta-se exclusivamente para as expressões da “alta cultura”, o expressionismo e a nova objetividade, e tende-se a ignorar o movimento cultural subterrâneo que se desenvolveu em torno do movimento operário.3

Em primeiro lugar, vale lembrar a existência da imprensa operária que serviu de referência para as novas práticas teatrais. Alguns dados são esclarecedores. Uma das publicações, o Jornal Ilustrado do Trabalhador, chegou a ter uma tiragem de 350 mil exemplares.4 Esse e outros jornais tinham uma orientação totalmente diferente da imprensa burguesa e que não se restringia apenas à posição política. Havia um empenho em fazer que o leitor operário se identificasse com o jornal. Procurava-se, para isso, “transmitir a idéia de coletividade, de pertencer a um conjunto maior, portanto, de quebra de isolamento e do anonimato, características dos meios de comunicação burgueses e da ‘imprensa operária tradi-cional’” (Marcondes, 1982, p.33). Um das formas era o envolvimento do leitor e sua participação direta por meio de artigos e cartas, gerando amplo material a ser aproveitado pelo teatro político.

A participação do público ocorreu também por meio da federação dos corais operários ligados à social-democracia. A federação dos corais reunia mais de quatorze mil conjuntos vocais, totalizando 560 mil participantes, em sua maioria operários.5

O grande meio de comunicação de massa do período era o cinema, que atraía milhões de pessoas fascinadas pela nova arte às salas de projeção que proliferaram em toda a Alemanha. Em 1924, dois milhões de entradas foram vendidas, para sessões que tinham início de manhã e se estendiam até de madrugada (Richard, 1992, p.226-30).

Em 1925, os comunistas alemães fundam a firma Prometheus, para a criação e divulgação de filmes. Analisando a filmografia partidária, uma estudiosa observou:

A contraposição entre a cultura burguesa decadente, sentimental e individualista, e a cultura proletária, rica de sentimentos viris, expressões da força, da combatividade e da solidariedade do movimento operário, se estende ao cinema. À “dramaturgia da ficção”, oferecida pelo cinema oficial, tenta-se opor uma “dramaturgia da realidade”, que coloca em evidência a capacidade documentária do novo meio… (Ascarelli, 1981, p.86)

Priorizando o aspecto documental do cinema e sua utilidade política, não se levava em conta a especificidade da linguagem cinematográfica. Coube aos pensadores de vanguarda, como B. Balász e Brecht, fazerem as primeiras teorizações sobre as possibilidades revolucionárias da linguagem cinematográfica. Em 1932, Brecht, Eiler, Ottwalt e Dudow produziram o filme Kuhle Wampe em que exploraram as possibilidades técnicas do novo meio. No mesmo período, Walter Benjamin escreve sobre as possibilidades abertas pelo rádio (Benjamin, 1987).6

Os filmes políticos, entretanto, ficaram restritos aos documentários russos e à produção local centrada nas reportagens sobre a condição operária. A tentativa de criar um cinema alternativo ao oficial para conquistar a audiência popular fracassou com o advento do cinema falado, que encareceu o custo da produção a tal ponto de torná-lo inviável para os partidos de esquerda e sindicatos. Em 1930, a firma Prometheus fecha suas portas.

A disputa para conquistar os corações e mentes teve no rádio um campo de batalha com características originais.

Em sua origem, o rádio surgiu como um substituto do telégrafo, sendo, por isso, conhecido inicialmente como “sem-fio”. Esse aparelho rudimentar era usado nos navios para transmissões telegráficas em código. Em 1916, houve uma revolta pela independência da Irlanda e os revoltosos, de forma pioneira, usam o “sem-fio” para transmitir mensagens. Essa foi a primeira utilização que se conhece do rádio moderno. Marshall McLuhan (1979, p. 342 – grifo nosso), comentando o episódio, observou:

Até então, o sem-fio fora utilizado pelos barcos como “telégrafo” mar-terra. Os rebeldes irlandeses utilizaram o sem-fio de um barco, não para uma mensagem em código, mas para uma emissão radiofônica, na esperança de que algum barco captasse e retransmitisse a sua estória à imprensa americana. E foi o que se deu. A radiofonia já existia há vários anos, sem que despertasse qualquer interesse comercial.

O rádio nasce, assim, para permitir a interação entre os homens e não para ser o que depois veio a se tornar – uma aparelho de emissão controlado pelos monopólios e a serviço de sua lógica mercantil.

Os estudos sobre a história do rádio na Alemanha mostram, a propósito, que esse meio de comunicação teve a sua origem também ligada a uma rebelião – a revolução operária de 1918-1919.7

À semelhança da Revolução Russa, o movimento operário alemão organizou-se em soviets. Durante essa breve experiência revolucionária, o rádio faz sua estréia, servindo como meio para coordenar o movimento nas várias regiões do país e manter contato com o regime revolucionário da Rússia. O rádio surge, pois, como um instrumento de mobilização política, e, só depois de cinco anos, com a revolução derrotada, é que se estabeleceu a “radiodifusão pública da diversão”, ou seja, passou a ter uma função comercial e a monopolizar o “comércio acústico”, segundo a feliz expressão de Brecht.

 

 

Ao lado das emissoras comerciais, contudo, proliferam as rádios ligadas ao movimento operário. Inicialmente, os trabalhadores fazem aparelhos de emissão em larga escala, com o objetivo de divulgar informações políticas e concorrer com as emissoras oficiais que permaneciam distantes da vida da classe trabalhadora. Paralelamente, criaram-se as “comunidades de ouvintes”: instalavam-se amplificadores nas ruas para ouvir e debater as notícias veiculadas.

Esses grupos que construíam rádios reúnem-se em abril de 1924 na Arbeiter-Radio-Klub Deutschland. Segundo informes da polícia, a associação agrupa, em 1924, quatro mil sócios, e em 1926, de oitocentos a 1.500 (Dahal, 1981, p.29).

É nesse contexto que Brecht intervém com sua “Teoria do rádio”, respaldado pela existência do movimento das rádios operárias que, entretanto, a cada dia vai conhecendo a presença sufocante da censura. Quando o tempo fecha de vez, os ativistas passam a interceptar as emissoras oficiais para fazer discursos políticos.

Com a repressão crescente, os grupos econômicos monopolizaram finalmente esse meio de comunicação, apossaram-se da transmissão e transformaram o público em mero receptor. E isso, afirma Brecht, não ocorreu por razões técnicas: uma simples modificação pode transformar qualquer aparelho de rádio num instrumento que, ao mesmo tempo, recebe e transmite mensagens. Mas as possibilidades da técnica, ou melhor, o desenvolvimento das forças produtivas encontrava-se bloqueado pelas relações de produção e sua expressão jurídica – as relações de propriedade. Brecht reivindica a transformação desse aparelho de distribuição num verdadeiro instrumento de comunicação.

 

 

O monopólio dos meios de comunicação, por um lado, e a existência de um outro tipo de público produtor e consumidor, por outro, delimitam o espaço em que Brecht se debate. Pode-se, então, entender o paradoxo brechtiano: a luta contra o monopólio da fala coexistindo com “a tentativa inédita de utilização dos recursos do rádio”. Comentando O vôo sobre o oceano, Brecht (1992b, p.184) observa que a peça “não deve servir-se da radiodifusão atual, mas que deve modificá-la. A concentração de meios mecânicos, assim como a especialização crescente na educação […] requerem uma espécie de rebelião por parte do ouvinte, sua ativação e reabilitação como produtor”. E acrescenta: “Esta não é certamente a maneira mais importante de utilização do rádio, mas sem dúvida se insere em toda uma série de experiências que caminham nesse sentido”.

 

Um texto profético

Os escritos de Brecht sobre o rádio não mereceram ainda a devida atenção. São poucos os estudos dedicados àquela intervenção feita no calor da hora e com uma antevisão que ainda hoje surpreende.8

A argumentação brechtiana é bastante simples: a comunicação é um processo interativo e o rádio, como um substituto do telégrafo, foi feito para permitir a interação entre os homens. Mas não foi isso que aconteceu: os grupos econômicos monopolizaram esse meio de comunicação, apossaram-se da transmissão e, desse modo, transformaram todos em meros receptores, e o rádio tornou-se um mero aparelho de emissão.

E isso não ocorreu por razões técnicas: uma simples modificação transforma qualquer aparelho de rádio num instrumento que, ao mesmo tempo, recebe e transmite mensagens. De repente, o rádio sofre uma brutal limitação em sua capacidade. O invento revolucionário, ao ser apoderado e monopolizado pelos grupos econômicos, transforma-se rapidamente numa velharia, “um descobrimento antediluviano”. A atrofia do rádio é, assim, mais um capítulo da história da contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção.

Já naquela época, Brecht critica os apologistas do rádio que costumavam valorizar tudo o que contivesse “possibilidades” sem se preocupar nunca com os “resultados”. O rádio, diz Brecht, tinha “a possibilidade de dizer tudo a todos, mas, pensando bem, não havia nada a ser dito”. O rádio comercial não nasceu porque era necessário: “não era o público que aguardava o rádio, senão o rádio que aguardava o público”. Um vez inventado, o rádio saiu atrás do público. Onde está o público? Há um público para o jornal, outro para o esporte, outro para a música etc. O que fez o rádio? Foi atrás do público “alheio”. Passou a transmitir notícias para atrair os leitores de jornal; esporte, para concorrer com os estádios esportivos; música, para laçar os freqüentadores das salas de concerto; peças teatrais, para atingir os amantes do teatro etc.

Assim, o rádio não criou nada de novo, apenas reproduziu os procedimentos próprios dos meios anteriores. Cada novo meio de comunicação parece condenado a representar o papel de vampiro que se alimenta das invenções anteriores.9

Brecht, escrevendo no início da radiodifusão foi profético: o que ele diz sobre o rádio vale também para a televisão e a internet. A televisão, também, ao surgir, vampirizou os antigos meios de comunicação. Basta lembrar aqui sua relação vampiresca com o cinema e com o teatro. A mesma coisa nos dias de hoje vem ocorrendo com a internet e promete se repetir com a televisão digital. A internet, além de vampirizar os meios de comunicação anteriores, segue os seus passos: o que foi inventado para ser um novo instrumento de comunicação para os usuários está se desvirtuando. Esses cada vez mais são meros receptores e consumidores. Receptores de propaganda comercial de produtos que podem ser comprados sem precisar sair de casa. E consumidores “ativos” que trabalham de graça para o capital toda vez que utilizam o computador para fazer transações bancárias.

Essas novas formas de desvirtuamento dos meios de comunicação, contudo, expressam também a nova etapa da contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção (e sua expressão jurídica: a propriedade privada). Uma vez mais, as possibilidades atrofiadas dos novos meios de comunicação e seus pífios resultados chamam a atenção para o caráter arcaico das relações de propriedade. A antiga queixa do direito de propriedade autoral do livro, solapado pelas fotocopiadoras, tornou-se rapidamente superada pelos recursos da internet, que, a cada novo dia, fazem aflorar a irracionalidade das relações de produção bloqueando o progresso social e o nascimento de um novo mundo.

Brecht não queria apenas “democratizar” o acesso dos consumidores à radiodifusão, mas “abalar a base social deste aparato”. Não queria também contribuir com inovações, mas impulsionar as inovações “à sua missão básica”.

Com a derrocada do movimento revolucionário, colocou-se, na Alemanha, a questão do controle do rádio. Quem deve controlar o rádio? A Telefunken e a Lorenz, duas gigantes da indústria de radiodifusão, além de fabricarem os aparelhos, queriam ter o monopólio da emissão. O Estado, porém, logo percebeu a importância estratégica do rádio e quis mantê-lo sob o seu exclusivo controle. Depois de muita discussão, chegou-se a um acordo: o Estado mantém o controle, mas fornece concessões para os grupos interessados. O movimento operário alemão, apesar de afastado do poder, também pleiteou uma concessão, pois, afinal, ele já tinha uma experiência de radiodifusão. O Estado, evidentemente, não concedeu e o rádio passou a ser um instrumento político diretamente voltado contra o movimento operário e a serviço da ascensão do nazismo.

Quando Brecht amargou o exílio, o rádio o acompanhou, mas sua função era bem diferente de suas possibilidades emancipatórias:

– Você, pequena caixa que trouxe comigo
Cuidando para que suas válvulas não quebrassem
Ao correr do barco ao trem, do trem ao abrigo
Para ouvir o que meus inimigos falassem

Junto ao meu leito, para minha dor atroz
No fim da noite, de manhã bem cedo
Lembrando as suas vitórias e o meu medo:
Prometa jamais perder a voz! (Brecht, 2000, p.272)

 

Notas

1 São cinco os artigos que compõem a “Teoria do rádio”: o mais importante deles é “O rádio como aparato de comunicação”, publicado neste número de estudos avançados em cuidadosa tradução de Tercio Redondo, revista por Marcus Vinicius Mazzari. Os demais textos são: “O rádio: um descubrimento antediluviano?”, “Sugestões aos diretores artísticos do rádio”, “Aplicações” e “Comentário sobre O vôo sobre o oceano” (cf. Brecht, 1984), edição preparada por Werner Hecht. O último texto, extraído do caderno I dos Versuche, foi traduzido para o português por Fernando Peixoto em Brecht (1992a, p.184).

2 Uma extensa documentação sobre o teatro operário encontra-se reunida nos quatro volumes da obra Le théâtre d’agit-prop de 1917 a 1932 (Lausanne: La Cité – L’age d’homme, 1978). Os dois primeiros tratam da presença desse movimento teatral na Rússia e os demais na Alemanha, França, Polônia e nos Estados Unidos. Agradeço a indicação bibliográfica e a generosidade de Claudia Arruda Campos e Iná Camargo Costa. Ver também, Storch (2004).

3 Um dos exemplos dessa omissão é o livro de Peter Gay (1978).

4 Cf. o importante estudo de Ciro Marcondes (1982, p.35).

5 Cf. E. Schumacher, Die dramatischen Versuche Bertolt Brechts 1918-1933 (Berlin: Rüten und Loening, 1955) (apud Koudela, 1991, p.50).

6 Tempos depois, Adorno, em seu exílio nos Estados Unidos, foi convidado por Paul Lazarsfeld para participar de uma pesquisa sobre a audição de música no rádio. Escreve, então, para Benjamin perguntando sobre os modelos de audição que ele havia desenvolvido na Alemanha no início dos anos 1930 (cf. Müller-Doohm, 2003, p.370). O autor esclarece que esses modelos de audição foram desenvolvidos em analogia com o teatro épico de Brecht: “seu objetivo era didático e queria combater a mentalidade de consumo frente ao novo meio de comunicação”.

7 Ver, a propósito, Marcondes (1982), Ascarelli (1981) e Dahal (1981).

8 Uma honrosa exceção é Hans-Magnus Enzensberger (1978). Ver, também, o interessante trabalho do jornalista Leão Serva (1997), que retoma as idéias de Brecht para pensar temas contemporâneos.

9 O jornalista Leão Serva (1997, p.23-4), um dos primeiros a divulgar a “Teoria do rádio” de Brecht entre nós, escreveu um belo livro em que comenta esse processo de vampirização: “O jornal publicava trechos de livros e decretos. Os primeiros fotógrafos reproduziam os retratos em óleo. O cinema mostrava pequenas cenas da vida cotidiana e de mercados, de circo etc. O rádio emite concertos, para ocupar espaço das sinfônicas, e notícias, para ocupar os espaços dos jornais. A TV chega fazendo tudo o que o rádio e o cinema faziam, também jornalismo, concertos etc. Repete-se sempre a mesma rotina: meios novos ‘fagocitam’ os procedimentos anteriores simplesmente para ter seu público. Ao mesmo tempo, esta cópia parece banalizante ao que cede os procedimentos e precede no tempo”.

 

Referências bibliográficas

ASCARELLI, R. Comunicazioni di massa e movimento operaio. In: Critica marxista, Roma, n.1, Riunite, 1981.        [ Links ]

BENJAMIN, W. Deux formes de vulgarisation. In: Trois pièces radiophoniques. Paris: Chiristian Bourgois Éditeur, 1987.        [ Links ]

BRECHT, B. Teatro dialético. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.        [ Links ]

_______. El compromisso en literatura y arte. 2.ed. Barcelona: Península, 1984.        [ Links ]

_______. Teatro completo 3. 2.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992a.        [ Links ]

________. O vôo sobre o oceano. In: ___. Teatro completo. 2.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992b. v.3.        [ Links ]

BRECHT, B. Ao pequeno aparelho de rádio. In: ___. Poemas. 1913-1956. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Editora 34, 2000.         [ Links ]

DAHAL, P. Detrás de tu aparato de radio está el enemigo de clase (Movimiento de radios obreras en la República de Weimar). In: BASSETES, L. (Org.) De las ondas rojas a las radios libres. Barcelona: Editorial Gustavo Gili S.A., 1981.        [ Links ]

ENZENSBERGER, H.-M. Elementos para uma teoria dos meios de comunicação. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.        [ Links ]

GAY, P. A cultura de Weimar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.        [ Links ]

KOUDELA, I. D. Brecht: um jogo de aprendizagem. São Paulo: Edusp, Perspectiva, 1991.        [ Links ]

MARCONDES, C. O discurso sufocado. São Paulo: Loyola, 1982.        [ Links ]

McLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo: Cultrix, 1979.        [ Links ]

MÜLLER-DOOHM, S. En terra de nadie. Theodor Adorno, una biografia intelectual. Barcelona: Herder, 2003.        [ Links ]

RICHARD, L. Uma distração de massa: o cinema. In: ___. A República de Weimar. São Paulo: Cia. das Letras, 1992. p.226-30.         [ Links ]

SERVA, L. Babel. A mídia antes do dilúvio e nos últimos tempos. São Paulo: Mandarim, 1997.        [ Links ]

STORCH, W. O teatro político na República de Weimar. In: CARVALHO, S. de. (Org.) O teatro e a cidade. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, 2004.        [ Links ]

WILLET, J. O teatro de Brecht. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.        [ Links ]

Texto recebido em 12.1.2007 e aceito em 26.1.2007.

Celso Frederico é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e bolsista do CNPq. @ – celsof@usp.br

Solidariedade às famílias das vítimas do carnaval de Santos

Viemos por meio desta nos solidarizar com os  familiares e os  amigos das vitimas da tragédia que ocorreu no carnaval de Santos nesta madrugada de terça-feira (12). Com a consciência de quanto é difícil neste momento de dor encontrar palavras que possam confortar quem perdeu um ente querido. Contudo, expressamos nossos profundos sentimentos e nossa solidariedade.

Esperamos que o Poder Público apure o caso, encontre os responsáveis e também crie mecanismos de fiscalização e de proteção mais eficazes à vida humana , sem precisar que novas tragédias ocorram para que se mobilize. Pois, delegar a responsabilidade a uma falha mecânica, ou, sobrepor às vitimas que empurravam o carro, é dar uma resposta simplória, perversa e mentirosa à sociedade.

A Prefeitura disse que foram tomadas todas as medidas de segurança, porém, como se decide o perímetro de segurança à qual precisa-se de fiscalização? E, há acompanhamento de pessoas capacitadas durante o trajeto dos carros fora do sambódromo? Entendemos que uma fatalidade ocorre sem previsões, desde que esta realmente não apresente condições de preveni-la. No caso desta tragédia sem especulação ou exploração, é preciso que se faça toda uma avaliação também de quais eram as condições que esses trabalhadores estavam submetidos para desempenhar tal função. ( não para culpabilizá-los, mas para sabermos se havia precariedade)

Prefeitura, organizadores e escolas têm responsabilidades sobre o desfile de carnaval como um todo. ( do momento em que o carro sai da escola e vai para a avenida, e vice-versa) O carnaval não é só uma grande festa popular, há tempos que também é um grande negócio capital, para que ele aconteça, há investimentos do setor público e privado que esperam lucrar com ele, então, que não negligenciem  a tragédia, resumindo como mera fatalidade.

Esperamos transparência e respeito às famílias e à toda sociedade que merece no mínimo o parecer verdadeiro dos órgãos competentes.

Eu quero em São Vicente um carnaval libertário!

No ano passado uma decisão judicial do Ministério Público (MP) proibiu qualquer  tipo de manifestação na vias principais do Município de São Vicente, seja ela de cunho religioso, cultural, esportivo, cívico ou de livre-iniciativa. Essa  decisão é do juiz da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Vicente, Eurípedes Gomes Faim Filho, que atendeu ao pedido da Promotoria.

Muitas criticas surgiram, principalmente por aqueles setores que foram prejudicados com a lei. Na época uma pequena mobilização percorreu as ruas de São Vicente em busca de assinaturas para um abaixo assinado em prol da liberdade de expressão, houve petição na internet e até tuitaço, o que não surtiu efeito algum. E como se tudo não pudesse piorar, na sequência houve o bloqueio de apresentações artísticas no Parque Cultural Vila de São Vicente, deixando muita gente que frequentava o parque, indignada, pois, a cidade no quesito “cultura” é um problema, e com mais esse impedimento a impressão que causou foi que tudo aquilo que era de graça, popular e que possibilitava artistas locais a apresentarem sua arte, estava sendo desmantelado de vez. Algumas discussões ocorreram, vídeos circularam para promover o debate, mas a liberdade de expressão entrou num caminho obscuro…

Na verdade, houve pouco diálogo com a população sobre o que estava ocorrendo, o próprio slogan da campanha  “Pelo Direito de Livre Manifestações – Diga Não a Intolerância – Por uma cultura de paz” ( com direito a foto do ator  inglês Hugh Laurie que fez o protagonista da série Dr. House) que percorreu as ruas não deixava claro o que representava essa lei e quais seus efeitos práticos, e como em ano de eleição tudo vira moeda de troca para angariar votos, é bem provável que as pessoas que tiveram acesso à informação não entenderam o que representava de fato para embarcar na cruzada.

ba_baianas01Hoje, após quase um ano da lei ter entrado em vigor, a discussão tornou-se ácida, pois a Prefeitura em pronunciamento nesta última segunda-feira (4) disse por meio de seu Secretário de Cultura Amauri Alves que irá acatar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Com isso, muita gente ficou indignada e pelas redes sociais expressaram repúdio e colocaram que, há de acontecer um enfrentamento direto, que os blocos carnavalescos devem burlar a lei e irem para as ruas, há também um manifesto percorrendo as redes dizendo que as pessoas devem comparecer na concentração do maior bloco carnavalesco da cidade, o das Ba-baianas, existente há 76 anos, um bloco tradicional que agrega uma quantidade massiva de foliões que sai do Parque Bitarú, cruza todo o centro da cidade e termina na praia.

Podemos afirmar sem sombras de dúvidas que este bloco é uma iniciativa popular de carnaval de rua tão forte que é impossível de conter por meio de uma lei, inclusive a presidente do bloco, Regina Dias preocupada com a questão, disse que irá comunicar os foliões, mas, de acordo com as manifestações que estão ocorrendo pela rede, o bloco vai para a rua em ato de protesto. Afinal, o formato do bloco é de iniciativa livre, ou seja, as pessoas vão aderindo à ele durante o percurso de forma natural, e assim ele vai se construindo, resultado: como se pode evitar isso? ( preocupante, pois, a Prefeitura anunciou que vai intensificar a fiscalização e o efetivo policial para coibir)

Pois é, a ignorância dos governantes ( no sentido de ignorar) é tão grande, e deixa claro o quanto São Vicente tem uma visão provinciana, sem a menor sensibilidade de entender que bloquear o carnaval de rua, é atingir o cerne de uma das maiores expressões culturais brasileiras ( e popular, o mais interessante) e também podemos tirar como conclusão que, quem faz as leis não está conectado com a realidade, e a lei é sempre um produto vindo de cima para baixo que não atende aos interesses  da população.

Em cidades do nordeste brasileiro, por exemplo, nas de Pernambuco onde os blocos de rua tem um significado e uma força popular muito grande, diferente dos espetáculos apoteóticos, é impossível pensar na proibição de tal evento. Segundo os números oficiais do Carnaval Multicultural de Pernambuco realizado em 2012, foram: 300 atrações nos palcos, 325 shows, 800 apresentações de agremiações em polos descentralizados, 8 polos no centro, 9 polos decentralizados e 42 polos comunitários. O Bairro do Recife teve um público de 600 mil pessoas por dia. E na economia injetou R$ 773,6 milhões.

Ok, podemos dizer que em Pernambuco há uma industria do carnaval, enquanto em São Vicente estamos longe disso. Correto? Até porque neste ponto abre-se outra discussão, afinal, nós da Rádio da Juventude queremos um carnaval gestionado pelo povo. Entretanto, a analogia é apenas para visualizarmos o quanto existe de um pensamento raso na forma como está sendo discutido essa questão, e como toda esta miopia favorece os grupos de interesse que se aproveitam deste momento para se articularem usando o povo como massa de manobra, atacando uns aos outros, mas, são todos farinha do meu saco querendo palanque.

O momento político de São Vicente

A cidade de São Vicente está num momento delicado de transição política, os serviços públicos estão completamente sucateados, nem o governo de ontem resolveu e nem o de hoje com certeza irá, mas, a disputa politica partidária está usando de todas as maneiras possíveis para amarrar a população e legitimar suas bandeiras. Isso resultará em quê? Fica à reflexão. Pois, colocar o bloco na rua e enfrentar a polícia e um governo reacionário é legitimo, mas devemos levar todas as nossas bandeiras: da educação, da saúde, do emprego, da cultura, da informação e de tudo que nos é arrancado dia a dia. Sem contar também que há de se colocar essa discussão em pauta com toda a comunidade, se existem pessoas que estão sendo prejudicadas com as manifestações nas vias públicas, elas também têm o direito de serem ouvidas. Este é o ponto, abrirmos ao debate e discutirmos levando em consideração todas as partes, e coletivamente decidirmos o que é melhor para toda a comunidade vicentina. ( sem lei que oprima)

O carnaval é uma das manifestações culturais mais legitimas que existe, vinda de um povo que a 500 anos aprendeu a resistir e com muita criatividade criou formas de expressões riquíssimas, contudo, a lógica da sociedade em que vivemos é transformar tudo em mercadoria, e os grupos de interesse, velhas raposas treinadas no jogo da manipulação, são habilidosos em usar o povo como massa de manobra. É tempo de subverter isso, se queremos blocos nas ruas, precisamos de autonomia para realmente sermos protagonistas de nossas formas de produção, e deste modo, ninguém usar dos nossos sonhos e das nossas lutas para nos explorar e nos vender como objetos.

É isso, São Vicente precisa de um carnaval libertário! Livre para todas as expressões e formas livre de se viver.  Sem preconceito de credo, cor ou grupo social!

Um carnaval do povo feito pelo povo!

Arraiá Populá!

Arraiá Populá!
Dia 21/07 – Sábado, das 18 à 0 hora
Local: Av. Mascarenhas de Morais, s/n – Igreja Bom Jesus dos Navegantes
(atrás do supermercado Atalaia)
México 70 – São Vicente

Atrações:
Trupe Olho da Rua, com o espetáculo Bufonarias
Cordel, músicas juninas… óia a cobra sô!
Comidas típicas, fogueira, cirandas, telegrama caipira!
Vem participar cum nóis! O último que chegá é muié do padre!

Realização: Rádio da Juventude, JOC Brasileira, Educafro Vila Margarida, Toque da Arte, Creche Pica-Pau, Creche Estrela do Amor

Programa Vozes do Gueto com Liberdade e Revolução

No dia 12/05, o programa Vozes do Gueto contou com debates, entrevistas e muito Hip-Hop militante com o Liberdade e Revolução, galera de Grajaú – SP. Como não conseguimos gravar pela web por problemas técnicos, registramos o audio em duas partes e disponibilizamos aqui, confere ae!

Na primeira parte, mano Elias falou sobre o dia das mães e convidou à mesa alguns(mas) compas para contribuir no debate. Jesus Faraulo fala sobre a questão da maternidade precosse e o machismo dentro de relacionamentos. Lila reforça o posicionamento do Jesus, e afirma que muitas atitudes machistas atingem a relação mãe e filha/o. Rafaele, mãe separada, desabafa o fato de não poder ficar com seu filho na data tão importante, por atitude machista, a qual foi discutida no programa.

Parte 1 – Debate sobre dias das Mães

Na sequência o mano Vidal ocupa a programação, falando sobre a caminhada no RAP e do CD Liberdade e Revolução – Resistindo a Opressão, Estado e Religião (disponível pra Download), além de comentar sobre religião, papel alienante da mídia, dia da (falsa) abolição, falta de espaços pro RAP Militante, homofobia, e aí vai…

Parte 2 – Entrevista com Liberdade e Revolução

Fica então um salve pro mano Vidal e todxs que fortalecem o Hip-Hiop militante, “dispostos à morrer”!

Inauguração em Santos: Vila do Teatro [31mai12]

Post de origem: Trupe Olho da Rua

Dia 31 de maio de 2012 (quinta-feira), a partir das 19 horas, mais um espaço cultural será  aberto em Santos, na Praça dos Andradas, esquina com a Rua Visconde do Embaré, nº 06: é a Vila do Teatro, nome dado pelo coletivo de grupos e artistas ocupantes do imóvel que estava ocioso, e tiveram o apoio de artistas da baixada e de todo o País, através de abaixo-assinado para a ocupação da vila, que já foi centro de zoonoses e albergue.

Agora, o espaço abrigará atividades e ações culturais que abrangem tanto o imóvel como a Praça dos Andradas, que fica em frente. Muitas atividades vêm acontecendo nessa praça e ao seu redor, pelo número de espaços culturais que nela se encontram hoje em dia. Em torno da praça encontramos o Teatro Guarany, onde funciona a EAC-Escola de Artes Cênicas, o Espaço Teatro Aberto, a Oficina Cultural Regional Pagu (no momento em reforma), e a CPFL, com alguns projetos culturais voltados para literatura e os sebos em torno da praça.

A ideia da Trupe Olho da Rua, junto com a Oficina do Imaginário e o Quarteto Trio Los Dos, coletivos ocupantes do espaço, é fortalecer essas ações em conjunto, transformando a Praça dos Andradas em mais um atrativo cultural da cidade.

Na Vila do Teatro acontecerão oficinas de teatro de rua, circo e dança inicialmente, mas aos poucos outras atividades serão realizadas, haverá também um espaço para biblioteca, vídeo, pequeno alojamento para artistas e grupos que vêm de fora se apresentar na cidade.

O público poderá curtir no dia 31 de maio a seguinte programação:

19h – Cortejo na Praça dos Andradas

20h – Abertura da Vila do Teatro com:

-Pintura artística da vila com os artistas convidados;
-Mural do Kadú Veríssimo;
-Exposição dos coletivos ocupantes;
-Histórico de ocupação do imóvel;
-Espaço circo Herzog;
-Caldinho de feijão do Imaginário;
-Roda de samba do Olho da Rua

E a partir do dia 1º de junho, das 14 às 19h – Inscrições para oficina de Circo, Teatro de Rua e Dança.

Toda programação é gratuita!!!

Uma realização dos coletivos ocupantes da Vila do Teatro:Trupe Olho da Rua, Oficina do Imaginário e Quarteto Trio Los Dos, com parceria da Secretaria Municipal de Cultura.

E para completar o final de semana, a Praça dos Andradas também receberá o Projeto Teatro a Bordo, com uma programação gratuita durante os dias 1º e 2 de junho, fortalecendo as ações que vem acontecendo na praça localizada na frente da rodoviária de Santos.

1° de Maio – Dia de LUTA e CULTURA!

1º de Maio - Dia de LUTA e CULTURAA Rádio da Juventude e a Juventude Operária Católica convidam todos e todas ao
1° de Maio – Dia de LUTA e CULTURA!

A atividade tem por objetivo levantar a reflexão do Dia da/o Trabalhador(a) como uma data de luta, além de fortalecer a inserção da Rádio da Juventude como um instrumento legítimo de luta da comunidade.
O evento contará com música, dança, filmes, teatro, poesia, jornais combativos, intervenção visual e microfones abertos, sem censura!

Horário: A partir das 13hs
LOCAL: Praça da B (Vila Margarida) – São Vicente-SP

Música com Tarja Preta, Wattz 100 MIL (Fat da ZN), Pelé RO3P, Mão Negra RZ, MC Kazuya, Fabrício, Grupo Nossa Kara, Leandro Araújo;
Teatro com Trupe Olho da Rua – espetáculo “Arrumadinho”;
Break com B-Boys;
Intervenção visual com Espaço Mira;
Filmes: Tempos Modernos (Charles Chaplin) – História das Coisas (Annie Leonard);
Poesia com Armando Santos

Participação de Débora Silva Maria, do Movimento Mães de Maio, que falará sobre os assassinatos de filhos de trabalhadores, na maior parte jovens e de periferia.

Nos vemos lá  =)
Arriba los e las que luchan!

P.S.: O evento integra a Semana Internacional da Juventude Trabalhadora, que terá atividades no mundo todo:

http://www.jocbrasil.org.br/
http://www.joci.org/es/actions/activites/93-international-week-of-young-workers-2012.html

Moção sobre Pinheirinho lida na 3ª Mostra de Teatro Olho da Rua – Santos (SP)

O manifesto sobre a invasão da polícia em Pinheirinho (São José dos Campos) foi lido na noite de sexta, dia 27/1/12, no Valongo (Santos), durante programação da 3ª Mostra de Teatro Olho da Rua, que tem a Rádio da Juventude como um dos parceiros.

SOMOS TODOS PINHEIRINHO!

Moção Pinheirinho – Mostra Olho da Rua – Santos.mp3

Moção de Repúdio dos Trabalhadores da Cultura à Política do Coturno em Pinheirinho

De um lado, pelo menos 1.600 famílias que lutam pelo direito de morar no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), ocupação que tem oito anos de existência. Do outro, mais de 2.000 policiais militares e civis cumprindo ordens da Justiça Estadual e da Prefeitura de São José dos Campos, em favor da massa falida da empresa Selecta, pertencente ao mega-especulador Naji Nahas.

Ainda que não houvesse outras circunstâncias agravantes no caso, já seria possível constatar que as instâncias dos poderes executivo e judiciário fizeram a opção, em Pinheirinho, pela lei que protege a especulação imobiliária, em detrimento do direito das pessoas à moradia.

Vence mais uma vez a política do coturno em prol do capital. De um lado, bombas, armas, gases, helicópteros, tropa de choque. Do outro, dois revólveres apreendidos. Não há notícia de que tenham sido usados. Uma praça de guerra é instalada – numa batalha em que um exército ataca civil.

Não há plano de realocação das famílias. As que não conseguiram ou não quiseram fugir, ou receberam dinheiro para passagens para outras cidades, ou estão sendo mantidas cercadas, com comida racionada, como num campo de concentração. A imprensa não pode entrar no local, não pode fazer entrevistas, e os hospitais da região não podem informar sobre mortos e feridos. O que se quer esconder?

O Governo do Estado lavou as mãos diante do caso, assim como o Superior Tribunal de Justiça. O Governo Federal tardou em agir. A chamada “função social da propriedade”, prevista na Constituição Brasileira, revelou-se assim como peça de ficção, justamente onde a ficção não deveria ser permitida.

Mais uma vez, o Estado assume o papel de “testa de ferro” para as estripulias financeiras da “selecta” casta de milionários e bilionários. A política do coturno em prol do capital vem ganhando espaço. Assim está acontecendo na higienização do bairro da Luz, em São Paulo , preparando-o para a especulação imobiliária; assim vem acontecendo na repressão ao movimento estudantil na USP, minando a resistência à privatização do ensino; assim acontece no campo brasileiro há tanto tempo, em defesa do agronegócio. Os exemplos se multiplicam. E não nos parece fato isolado que, hoje, a quase totalidade dos subprefeitos da cidade de São Paulo sejam coronéis da reserva da PM.

Nós, trabalhadores artistas, expressamos nosso repúdio veemente a esse tipo de política. Mais 1.600 famílias estão nas ruas: a lei foi cumprida. Para quem?

ENTIDADES E MOVIMENTOS PARTICIPANTES:

Avoa! Núcleo Artístico
Brava Cia de Teatro
Buraco d’Oráculo
Cia Antropofágica de Teatro
Cia Estável de Teatro
Cia Ocamorana de Teatro
Grupo Teatral Parlendas
Cia São Jorge de Variedades
Cooperativa Paulista de Teatro
Dolores Bocaaberta Mecatrônica
Estudo de Cena
Kiwi Companhia de Teatro
Movimento de Teatro de Rua
Movimento dos Trabalhadores da Cultura
Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo
Roda do Fomento
Trupe Olho da Rua – Santos – SP
Karina Martins
Núcleo do 184
Trupe Sinhá Zózima
A Jaca Est
Grupo Redimunho de Teatro
Coletivo Núcleo 2
Juliana Rojas (Filme: Trabalhar Cansa)
Atuadoras
Rede Brasileira de Teatro de Rua

3ª Mostra de Teatro Olho da Rua!

Vem pra rua, vem! Começa a 3ª Mostra de Teatro Olho da Rua – Ocupando os espaços públicos. A mostra é realizada pela Trupe Olho da Rua, grupo de teatro de Santos. Veja a programação completa aqui. Também acontece o X Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.

A Rádio da Juventude é parceira nessa iniciativa. Vamos ocupar as ruas com cultura!

Cinema & Anarquia

O Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri organiza a exibição dos curtas-documentários “Escolas Modernas” e “O sonho não acabou”, seguido de palestra com Zorel Batioti, miltante anarcopunk e professor da rede pública de ensino em Sorocaba, tratando do tema “Educação libertária”. Participem, tragam suas ideias, perguntas, propostas, fazamos juntos um NOVO MUNDO.

Será sábado, 10/12, a partir das 18 horas, na Cinemateca de Santos.

EDUCAR PARA LIBERTAR!

Domingão na Constituição!

Domingão na Constituição!

Domingão na Constituição!
23/10 – domingo – das 14 às 22 horas
Começa a construção de um novo espaço cultural alternativo e popular!!!

Casa da JOC – Rua da Constituição, 331 – Santos (próx. à Rua Sete de Setembro)
= Evento em prol do Intercâmbio Continental da JOC em SV – de 26 a 30 de setembro =

– Música boa
– Liberdade de expressão
– Luta social
– Vídeo-ataque
– Comes (opção vegana)
– Bebes
– Artesanato indígena
– Intervenção visual: Espaço Mira
– Banca Sebo Cultural
– Preços populares

Som com as bandas:
– The Janders (rock/brega)
– Chiapas Livre (rock)
– Em Chamas (rock)
– TxHxPx (rock)
– Tarja Preta (rap)
– Wattz 100 mil (rap)
– Fino Trato da Goiaba (mpb)
– Banda Lótus (mpb)
– Nóno Samba

Entrada Livre!
Pede-se a doação voluntária de um quilo de alimento não-perecível, para os indígenas da aldeia de Paranapuã

Realização:
Rádio da Juventude
JOC – Juventude Operária Católica

Apoio: D’Ozi Estúdios

Info: (13) 3029-7712
@radiojoc
face: Rádio da Juventude

4º Manifesto ekológico e kultural!

CONTRA O NOVO CÓDIGO (ANTI) FLORESTAL

APOIO ÀS COMUNIDADES INDÍGENAS DO LITORAL

PROGRAMAÇÃO CULTURAL :

POETAS /MÚSICOS /ARTISTAS POPULARES /RITUAL DOS ÍNDIOS GUARANI

Os Pícaros

Vicente Lapa

Chiapas Livre

ONG VERDE AMÉRICA, JD. QUIETUDE – PRAIA GRANDE

(Rua Principal) frente à sede da Associação de bairro
————————————————————————————————————–

REALIZAÇÃO

ONG VERDE AMÉRICA

APOIO

SINDICATOS DOS METALÚRGICOS, BANCÁRIOS E SERVIDORES

Roda de samba com “Nono Samba” e discotecagem com “Dj Caiaffo”

É isso aí,  galera… FESTA!!! 😀

Sábado, 1 de outubro · 16:00 – 21:00, vai rolar muito SAMBA DE RAÍZ com o grupo “Nono Samba”, formado tb por alunos da UNIFESP – Santos e discotecagem  com Dj Caiaffo, do “Futuráfrica Afrobraziliangrooves”.

Roda de samba com "Nono Samba"Organizada de forma autônoma, a festa objetiva contribuir com a construção do Seminário do Tribunal Popular da Terra, na Baixada Santista, onde será discutido as questões ambientais e indígenas, habitação, especulação imobiliaria e a reestruturação das cidades com a desculpa dos mega eventos e a exploração do Pré-sal.

Participe da festa e colabore com a construção do Seminário!

Sábado, 1 de outubro · 16:00 – 21:00
Local: CES – Centro dos Estudantes de Santos – Av. Ana Costa, 308 (ao lado do Extra)
Entrada: 5 reais + doação de alimento não perecível, roupa ou material escolar (para as tribos indígenas da Baixada Santista) com direito a uma cerveja ou refrigerante.

Evento no facebook:  http://www.facebook.com/event.php?eid=259080517464362

Até lá!!!