Direito à Memória e à Verdade: ditadura nunca mais!

Nos dias 22 e 23 de novembro de 2012 e 05 e 10 dezembro de 2012 ocorrerá, em celebração ao “Dia Internacional da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o evento: “Direito à Memória e à Verdade: ditadura nunca mais!”, composto por mesas de debate, oficinas, exposições, sessões de cinema dialogadas e atividades culturais.

Programação

22/11/2012 – Quinta-feira
Abertura – 19hs
– Raiane Patrícia Severino Assumpção (CRDH Unifesp)
– Francisco Assis das Virgens Calazans (CDH Maria Dolores)
– Célio Nori (Fórum da Cidadania)
– José Ricardo Portela (CRP – subsede Baixada Santista)
– Mônica de Melo (Defensoria Pública do Estado de SP – Regional Santos/ Litoral)
– Renato Azevedo (OAB – Guarujá)
– Cheila Olalla (MNDH)
– Dep. Adriano Diogo – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de S. Paulo

Mesa Direito à Memória e à Verdade – 20hs
Amélia Teles – Profa. Doutora – USP
Noite Cultural: 21h30
MPB: Cultura de resistência à ditadura.
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23 de Novembro
Coral Clave de Sol
Mesa: Panorama sobre a tortura no período da Ditadura no Brasil – 19h15
Mirna Coelho – doutora pela USP
Carlos Gilberto Pereira – Grupo Tortura nunca mais

Noite Cultural: 21h30
Música e Revolução
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05 de Dezembro
Teatro: Um novo pedaço da nossa realidade – 19hs
Cinema e Direitos Humanos – Exibição do filme “Batismo de Sangue” e debate dialogado com as professoras da UNIFESP/ BS- Dra Andrea de Almeida Torres e a Dra Ana Maria Estevão – 19h30
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10 de Dezembro – 19hs
Oficina O tecido e o tear (no Laboratório de Sensibilidades) – 17hs
Atividade Vão Livre: microfone aberto às diversas entidades e organizações – 19hs
Mesa: Dia nacional de DH – desafios e desafios – 19h30min
– Ivan Seixas – Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos – Fórum dos Ex-presos políticos e perseguidos pela Ditadura
– Raiane Patrícia Severino Assumpção (CRDH Unifesp)
– Francisco Assis das Virgens Calazans (CDH Maria Dolores)

Local: Campus da UNIFESP/ BS, sito à Av. Silva Jardim, nº 136 – Centro, Santos.
Os participantes receberão certificado.

Comissão Organizadora
CDHBS “Irmã Maria Dolores”
CRDH UNIFESP – Campus/Santos
OAB – Guarujá
Defensoria Pública do Estado de São Paulo – Regional Santos/ Litoral
Conselho Regional de Psicologia (CRP – subsede Baixada Santista)
Fórum da Cidadania de Santos.

Esculacho, o mínimo que merecem

A dois dias da instalação da Comissão da Verdade, Levante Popular da Juventude e outros movimentos fizeram atos de escracho público a agentes da ditadura. Um deles, em Guarujá

A Rádio da Juventude acompanhou na segunda, dia 14, o esculacho ao torturador Maurício Lopes Lima, tenente-coronel reformado, que chefiou equipes da Oban (Operação Bandeirantes), e DOI/Codi (Departamentos de Operações de Informação dos Centros de Operações de Defesa Interna), e é apontado como o torturador de Dilma Rousseff e de Frei Tito. (salvo que a Presidenta esqueceu dos tempos da ditadura e pouco, ou em nada se diferencia de seu torturadores)

A ação foi feita em conjunto com uma série de escrachos a agentes da ditadura, em todo o País, e foi promovida pelo Levante Popular da Juventude, em conjunto com outros movimentos. No Guarujá, cerca de 100 pessoas participaram do ato, que se iniciou às 10h, na porta do prédio de Maurício Lopes Lima, localizado na Rua Tereza Moura, 36, nas Astúrias.

Concentrados em uma praça próxima, os manifestantes se preparavam para a ação, chamando a atenção da vizinhança, que procurava saber quem eram aqueles jovens reunidos em uma manhã de chuva, junto a veículos de imprensa, que já registravam a atividade. Moradores de um prédio próximo chegaram a descer até a porta para averiguar do que se tratava.

Os manifestantes foram em direção ao prédio onde mora o militar reformado, munidos de panfletos, bandeiras, faixas e instrumentos de percussão. Na frente do prédio, no chão, foi pichada a inscrição “Aqui mora um torturador”. Do outro lado da rua, alunos de uma escola olhavam pela janela, curiosos com a ação que era feita ali.

Com falas, palavras de ordem e encenações, os jovens denunciavam os crimes da ditadura e, em particular de Maurício Lopes Lima. Simulações de tortura (inclusive um pau-de-arara) davam maior riqueza ao protesto. Os vizinhos também eram abordados pelos manifestantes, que esclareciam a eles os motivos da ação.

Ao final, a Polícia Militar chegou ao local, a fim de saber o que se tratava. O policial chegou a dizer que os manifestantes podiam tê-los informado da ação com antecedência, a fim de não atrapalhar o “direito de ir e vir” do cidadão.

Cabe a nós ressaltar a organização desta ação, que contou com todo o cuidado para que a informação não vazasse. A imprensa convencional e a alternativa também estiveram presentes, e houve boa repercussão.

O próprio modelo de manifestação adotado também é algo a se destacar. Os clássicos protestos políticos, aqui, ganham nova roupagem, pegando emprestado a música, as artes visuais e as artes cênicas para dar nova dimensão às manifestações. Uma ressalva, apenas, fica num aparente excesso de exposição do movimento, que às vezes se coloca à frente da própria causa.

Em um país cuja história continua sendo de impunidade a agentes da ditadura, que estupraram, torturaram e mataram, o esculacho ou escracho são o mínimo que se deve fazer por quem ainda sente a injustiça histórica. Os torturadores de ontem vivem entre nós, e muitas vezes não temos sequer o conhecimento do papel que tiveram no passado. Mais que um ato de vingança, ações como essa são uma necessidade de uma noção mínima de justiça.

fotos: Levante Popular da Juventude