Despejo brutal pela Guarda Municipal de Itapevi no acampamento do MST “Padre João Carlos Pacchin”

Fonte: Passa Palavra – Publicado em 3 de julho de 2014

Nesta madrugada, os acampados do acampamento “Padre João Carlos Pacchin”, do MST, em Itapevi/SP, foram surpreendidos pela ação violenta da Guarda Municipal.

Fortemente armada e intimidando as pessoas que estavam no local, a Guarda Municipal passou os tratores sobre os barracos e barracões e levou os maderites, entre outros objetos do acampamento. A Guarda Municipal invadiu a ocupação sem mandado ou qualquer documento legal para fazer essa ação, totalmente arbitrária.

Os ocupantes estão no terreno desde o dia 28 de junho. A área da ocupação pertence à COHAB do Município de São Paulo e estava em curso o início de negociação.

Nesse momento, a Guarda Municipal continua no local, impedindo o acesso das pessoas para a retirada de seus pertences. Somente após negociação, a coordenação do acampamento pôde retirar os documentos pessoais dos acampados. As famílias permanecem na rua, em frente ao terreno.

Nesta madrugada haverá vigília no local.

A solidariedade e o apoio são urgentes para a continuidade da luta!

Nota sobre a repressão de 12 de junho

por Comitê Popular da Copa de São Paulo

O Comitê Popular da Copa de SP vem por meio desta nota repudiar a ação do Estado e de seu braço armado, a polícia militar, que com o uso da violência desmedida e irresponsável impediu de acontecer as manifestações programadas para o dia de abertura da Copa do Mundo, na última quinta-feira, dia 12.

A primeira delas, marcada pela frente Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa teve início na saída da estação de metrô Carrão, por volta das 10h, e em menos de 20 minutos foi dispersada sem motivo algum, por balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

Além de impedir o direito constitucional à livre manifestação, a ação da polícia militar teve como saldo um grande número de pessoas machucadas, inclusive uma repórter e uma produtora da emissora internacional CNN que foram feridas por estilhaços da chamada munição “não-letal” e um rapaz que, mesmo depois de imobilizado e alvejado no peito por tiros de bala de borracha, foi covardemente atingido no rosto com jatos de spray de pimenta por policiais militares.

Após a dispersão, alguns/as militantes somaram-se ao ato em frente ao Sindicato dos Metroviários, que trazia como pauta a denúncia das
violações da Copa do Mundo da FIFA e também prestava solidariedade aos 42 metroviários despedidos de maneira ilegal durante a greve de 5 dias realizada na última semana. Com concentração marcada para as 10h, a manifestação foi cercada por um pelotão da Tropa de Choque e seus robocops, que impediam os manifestantes de saírem em caminhada.

Num clima de grande tensão, o que se viu foi mais uma vez a PM assumindo seu papel terrorista, se utilizando de ações truculentas e
ilegais: prisões para averiguação, policiais sem identificação e alguns deles portando armas de munição letal, bem como mais agressões a militantes e profissionais da imprensa.

Relatos de alguns/as militantes presentes no ato apontam que a primeira bomba surgiu do meio da manifestação, numa clara demonstração de que a polícia militar de Geraldo Alckmin e Fernando Grella investe cada vez mais no uso de policiais infiltrados. Sem farda, a PM tumultuou mais uma vez a manifestação para legitimar a dispersão violenta. Assim como no último dia 15 de maio, para impedir o dia internacional de lutas contra a Copa, em que a caminhada durou apenas 20 minutos.

Entre os atingidos, havia um jornalista com uma queimadura na perna e um manifestante com um grande corte no rosto, ambos feridos por bombas. A polícia militar ainda dificultou o socorro dos feridos por unidades de emergência especializadas, como o SAMU e o Resgate do Corpo de Bombeiros, mesmo com a presença de defensores públicos no local. Por fim, acabaram levados ao hospital pela própria PM.

Durante toda à tarde, pessoas com “cara de manifestante” foram perseguidas pela PM em diferentes pontos da cidade, como estações de
metrô, praças públicas e, até mesmo, em universidades. 29 pessoas que estavam no estacionamento da UNESP na Barra Funda foram levadas à delegacia para “averiguação”, apesar de tal procedimento inexistir na legislação. É importante ressaltar que todas essas ações arbitrárias do Estado foram tomadas para impedir manifestações que tinham como objetivo tornar pública a criminalização dos movimentos sociais e o processo de violações acentuado pela vinda da Copa do Mundo da FIFA para o Brasil.

As vitórias populares foram sempre uma conquista das ruas, seja nas greves, protestos, ocupações ou outras formas legítimas de manifestação e ação política. A resposta violenta e autoritária do Estado aos conflitos sociais, apresentando as forças policiais como
únicas “mediadoras”, além de agravar esses conflitos, é uma forma de violar liberdades civis e políticas, ameaçar a população para que se cale – e impor sobre todos uma única visão de mundo.

Sendo assim, fica claro que quem apertou o gatilho, quem jogou as bombas, quem realizou prisões para averiguação e espancou pessoas por
estarem excercendo seu direito à manifestação foi o braço armado do governo de Geraldo Alckmin e Fernando Grella, de mãos dadas com a FIFA e as corporações que lucram com o megaevento!

Por isso, é preciso que gritemos que terrorista é o Estado e a máfia da FIFA! Nem um passo atrás na luta contra a criminalização dos movimentos sociais! Nem um passo atrás na luta pelo direito à livre manifestação!

Força pra quem luta!

Comitê Popular da Copa SP, 14 de junho de 2014