Agora é esquerda versus direita disputando no voto. Não tem outra forma?

Eleições

As eleições de 2014 foi umas das piores eleições que houve no que diz respeito às trocas de ofensas, calúnias, depreciações e exposições de pensamentos conservadores e ultrarreacionários. À exceção dos partidos alinhados à esquerda PSOL, PSTU, PCB, PCO – os outros fizeram campanhas falaciosas, cada um escondendo a própria sujeira e querendo amplificar a sujeira do outro, quando não inventando absurdos, sendo que no fundo todos estão soterrados na mesma política ultrajante que mantém este estado de coisas, seja em maior ou menor grau. E aí, a surpresa pela quantidade de conservadores que foram eleitos e reeleitos no estado de São Paulo é um soco bem dado no estômago, diante do diagnostico atual em que o estado de SP enfrenta diversas dificuldades, de toda ordem, sucateamento do serviço público, problemas seríssimos de mobilidade urbana e moradia, falta d’ água, violência policial, espancamentos e assassinatos de homossexuais, extermínio da juventude negra, entre outras infinidades de violações de direitos. E, no entanto, Alckmin se reelege, a bancada da bala entra para o legislativo paulista com o Coronel Telhada (PSDB) e o Coronel Camilo (PSD), Marcos Feliciano (PSC-SP) e Celso Russomanno (PRB-SP) são eleitos deputados federais, entre outros que seguem a cartilha do conservadorismo à risca e que vão continuar mantendo e até recrudescendo ainda mais uma política de estado opressiva e segregacionista.

Apertar o botão de novo?

A disputa à presidência da república entre Dilma Rousseff e Aécio Neves apresenta um cenário político dantesco, apesar de Dilma e Aécio não serem candidatos ‘tão’ antagônicos como querem parecer. O embate de forças entre setores de direita e de esquerda irão se acirrar ideologicamente, e para as esquerdas é bem provável ainda mais fragmentação. Pois tanto para às esquerdas radicais que não veem no PT, um partido de esquerda, como para àquelas que não acreditam no sistema representativo e propagam o voto nulo e a luta pela autonomia popular, apoiar Dilma é absurdo e contraditório, estariam apenas caindo numa armadilha que desaguaria mais uma vez na legitimação da farsa do sistema. Sim. E este é um ponto interessante, porque de todo modo tudo iria desaguar nisso mesmo. Ou alguém acha que alguma das esquerdas partidárias radicais venceria as eleições? Ou os autonomistas já conseguiram influenciar na construção do poder auto gestionário a tal ponto que podemos ignorar essa bifurcação? Cito os autonomistas devido à luta pelo voto nulo, que tem sua importância, principalmente no discurso de liberdade, porém, é uma palavra de ordem vazia sem organização, e no momento tem o que a dizer além de discurso?

Não há terceira via dentro deste sistema, nesta lógica de poder, vivemos numa prisão, acorrentados a um modus operandi que não nos dá alternativa nenhuma, daí o que há de concreto neste momento, é que se Aécio ascender ao poder, teremos uma mudança de governo para pior, e vai atingir muita gente. Alguém dúvida? Cabe à reflexão. (essa é a leitura frágil deste que escreve)

Quem vai pagar a conta?

Não é preciso ser tão esperto para saber que o déficit cairá na conta da população pobre que depende dos programas assistenciais do governo, (tão criticados, mas que fazem a diferença na vida de muitas pessoas) além de outras e outras coisas. E isso, podem as esquerdas argumentar e discursarem o quanto quiserem, é realidade prevista, só quem acessa ou acessou um programa sabe a diferença que eles fazem na vida, não tem discurso de revolução e teoria que mude isso. Que a política do PT bateu no teto, e não pode avançar para uma mudança estrutural, isso é fato. Porém, discursar na rede, nos grupos subterrâneos, acadêmicos, alinhados à esquerda, nas reuniões de amigos, entre tantos outros, pouco tem contribuído para despertar a consciência da população. A votação massiva nos candidatos conservadores reflete o distanciamento dialógico que às esquerdas estão da população.

Agora, quais são as condições objetivas para superar o discurso, o estado e o capital neste momento? Ainda mais quando a própria população vota em conservadores, nos mesmos que irão formar um paredão no congresso para que não sejam aprovados direitos para os excluídos – e, não é improvável que Aécio seja a cereja deste bolo medonho.

Infelizmente, neste sistema político eleitoral o que é oferecido à população em termos de participação política é a opção de ficar refém de um sistema viciado, que sempre apresenta como alternativa a conformação com o ‘menos pior’. Precisamos superar o discurso e vencer na ação, e vencer na ação é repensar todas as ações de luta, construir realmente organizações sólidas que possam furar esse bloqueio, essa bifurcação, porque é sempre nela aonde chegamos, e não adianta conjecturar fórmulas, estamos presos nela.

E neste momento, numa análise bem fria, este que vos escreve, por exemplo, não se sente à vontade para dizer a algumas pessoas que precisam do beneficio: o importante não é o Bolsa Família, o PROUNE, entre outros, mas a liberdade e a autonomia de se opor a este sistema – minha análise e entendimento neste caso, não servem de nada, soa tão individualista quanto autoritário.

É preciso superar esta bifurcação que nos leva sempre à direita.

OBS: Caso vença as eleições, obviamente o PT (Partido dos Trabalhadores) irá se colocar ainda mais à direita, pois perdeu sua representatividade na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Portanto, a luta tende de um modo ou de outro, ser ainda mais árdua, claro que em medidas muito diferentes. (Reconheçamos isso ou não)