Expo Brasil: Painel de Comunicação Comunitária

Pois é galera como já foi citado no texto anterior sobre a Expo Brasil, uma das coisas interessantes nesta Expo, qual foi nosso alvo, era exatamente discutir comunicação. Logo, no segundo dia estávamos lá, numa sala, sentados em roda com cerca de umas vinte pessoas e com três expositores: Luis Fernando Sarmento articulador de redes sociais do Sesc-Rio, Victor Ribeiro da Rádio Madame Satã e Cássio Martinho, professor de Comunicação Comunitária em Belo Horizonte, que iriam falar sobre esse negócio de Rede de Comunicação Comunitária.

Bem, não existe como relatar tudo que houve nessas duas horas num pequeno texto, então segue os pontos essenciais de cada expositor e depois nossas impressões. 

Sarmento foi quem puxou a conversa falando que: “comunicação é uma arte e as (in) Formações profundas somente chegam ao seu destino quanto o destinatário está receptivo. Conteúdos diferenciados – que intencionam contribuir para qualidade na vida de cada um e de todos – podem ser oferecidos a veículos de comunicação de todo o país. Existem fontes individuais, comunitárias, ONGs, Oscips… Existem veículos potencialmente interessados – jornais, revistas, rádios, TVs. E os virtuais, inventados ou por inventar – sites, blogs, orkuts… Todo esse trabalho só tem sentido se os conteúdos da (in) Formações a ser oferecido contribuírem para o bem individual e coletivo. (in) Formações atemporais comportam variedade de temas e públicos, estimula reflexões… Por isso, Redes Humanitárias Comunitárias são instrumentos para o desenvolvimento sustentável integral – emocional, físico, econômico – de cada um e de todos, especialmente os hoje excluídos. Para isto, aqui e atualmente, redes comunitárias procuram facilitar conhecimentos mútuos, trocam de informações, parcerias e soluções… Interesses comuns fazem com que um se comunique com o outro que se comunica com outro que se comunica com todos que se comunica com cada um e todos. Cada um tem acesso a outro e todos. É a rede… Não é soma, é multiplicação de possibilidades intercomunicações… O conteúdo de sua rede é sua essência e a essência da rede seu conteúdo.”

Na seqüência Martinho falou de Comunicação Comunitária, da importância e da responsabilidade que cabem aos comunicadores da comunidade de reconstruirem os signos. A comunicação hoje na mídia é um mero produto pausterizado feito para vender e por isso ela não trabalha o ordinário, e sim o extraordinário, formando valores irreais e distantes da realidade, resultado: ela cega com essa super exposição do extraordinário, é preciso inverter essa lógica, a partir de trabalhar o ordinário, ou seja, o comum, a vida como ela é, isso é re-significar os significados para aguçar nossa percepção e ampliar nossas perspectivas. Somente assim, sairemos do mundo das sensações extra-ordinárias que nada tem a oferecer, além de contribuir para o esvaziamento de conteúdo e formar valores artificiais sobre a sociedade. Logo, tudo é extraordinário e artificial. Logo, a vida é artificial.

O último expositor Ribeiro falou sobre sua experiência com o grupo excola que trabalhava com Educação Popular junto a moradores de Rua na Lapa – zona portuária – que daí originou a Rádio Madame Satã – Já são dez anos trabalhando com comunicação livre, comprometida com exatamente em discutir e problematizar assuntos relevantes de nossa realidade que não são aprofundados em outros meios que se pautam pela lógica da mais-valia. Disse que: “comunicação é um direito humano fundamental, e que as rádios comunitárias precisam estar num exercício constante de troca para fortalecer redes de troca livre sem ser mediado por meios de comunicação como Globo, SBT… fortalecendo os processos culturais, sem filtros, sem intenções comerciais, porque ainda a comunicação comunitária é frágil, é preciso se unir, por exemplo: “Entramos em contato com as rádios comunitárias que operam no Complexo do Alemão tentando fazer um link de informação do que estava ocorrendo de fato lá, mas foi caótico, a opressão generalizada colocou todo mundo em lócus, não havia como cobrir o que estava ocorrendo, a população estava com medo e não queria falar, qualquer entrada e saída do Complexo era sinistra e não dava pra galera de rádio livre ou comunitária cobrir nada, e a grande contradição revoltante era a Rede Globo transmitindo em tempo real, fomos até cobrados – pô! E aí Victor, e essa parada de rádio livre de vocês, que não fala nada sobre o que está ocorrendo? Nossa alternativa foi discutir o problema, colocando em pauta também nossas limitações. “Fizemos um programa com o nome Rio 40 caos.”

Depois dessas exposições assistimos um vídeo falando sobre a importância de Redes de Comunicação Comunitária com pessoas já envolvidas no projeto, depois foi aberto aos participantes fazerem suas perguntas, opinarem, enfim, era o momento de chutar o pau ou dizer amém.

As observações foram mais acréscimos ao assunto do que discordância, algumas colocações, por exemplo, dizia respeito à forma como as rádios comunitárias ainda reproduzem cópias da rádio comercial – vozes impostadas – programação pautada pela propaganda – programas idênticos a das outras rádios convencionais – ou seja, não há rompimento com a linguagem e nem com a lógica comercial. Outra questão, diz respeito aos monopólios midiáticos nas mãos de nove famílias que mantém o controle de conteúdo, cultural, político e econômico, possuindo poder de Estado e criminalizando toda iniciativa de Rádio ou TV Comunitária.”

Nossa observação foi que concordávamos com a reconstrução dos signos, com o fortalecimento de redes comunitárias e que também entendíamos a comunicação como um direito fundamental como a educação, a saúde…  E essa liberdade de uma mídia livre não deve ser controlada pelo Estado, o privado não deve controlar o público, pertence ao público, mas precisamos pensar em uma coisa, ocupar todos os espaços, Rádios, TVs, web…  É de suma importância na construção de uma comunicação mais humana, mas é necessário também não se esquecer da comunicação olho no olho, cara a cara, na rua…  As pessoas estão se acomodando com as novas possibilidades tecnológicas e se esquecendo que o ato de se comunicar também se faz corpo a corpo, não que devemos ignorar as novas tecnologias, mas sim agregá-las, como disse Leo da Rádio Madame Satã:  “o mundo virtual em sua constante atualização existe em potência, e potência é energia vital que existe em essência, ela acontece também quando a realidade é colocada em movimento, como estamos fazendo aqui hoje.”

Mas… O tempo foi curto e refletindo sobre os apontamentos, faltou uma discussão mais aprofundada sobre a questão do enfrentamento com Estado, porque esse enfrentamento é uma realidade, afinal, se o objetivo é fortalecer redes comunitárias que agreguem conteúdos atemporais, fomentando cultura, valorizando identidades locais e  trocando por miúdo investindo em cidadania – bingo – não se discute cidadania sem discutir sociedade – Estado – direito e deveres – REALIDADE – essa é verdade, sem isso, é tudo falácia de intelectual metido a besta que se masturba com livros. (incluindo nós) Cruelmente falando, não re-significa nada!

OBS: Essas discussões de realidade, que para nós faltou. Não sabemos se foi dado prosseguimento durante a tarde numa tal de desconferência que iria rolar e que havíamos proposto ao Sarmento que discutíssemos esses dilemas da comunicação.

Isso porque acabamos se enturmando com os caras da Rádio Madame Satâ que nos convidaram a conhecer os estúdios da rádio, com isso deixamos a Expo e fomos continuar nossa discussão a respeito lá no covil dos lobos livres que tinham dez anos de experiência para socializar com a gente.

E no próximo post, detalhes sobre essa visita, BLZ! Até.

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