Camelô morto em SP na ‘Operação Delegada’ é o resultado de uma política de opressão e de exploração do Estado

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O projeto Operação Delegada foi criado pelo ex-prefeito de SP, Gilberto Kassab (PSD) para combater o comércio informal na cidade de São Paulo, e desde março deste ano, o projeto vem sido estendido a outros municípios do estado com a falácia proposta pelo Sr Geraldo Alckmin (PSDB) (governador de SP), de combater os altos índices de criminalidade, criando operações pontuais em locais considerados de periculosidade. Para isso, foi previsto que seria necessário aumentar o efetivo policial, e deste modo, foi brilhantemente pensado e aprovado pelo governador como solução: dar o direito aos policiais militares trabalharem nos dias de folga num espécie de “bico oficial” onde o estado arca com as horas extras. Segundo o Sr Alckmin, além do combate ao crime, o estado estaria garantindo melhores condições de trabalho ao policial, que poderá receber em torno de R$ R$ 1.500 em um mês pelas horas extras. Na prática, nada mais é que o aumento obrigatório da jornada de trabalho do policial, o que obviamente só irá resultar no aumento de estresse, consequência: uma policia ainda mais violenta.

Outra coisa, referente este projeto, seu objetivo real é banir os trabalhadores informais da cidade, pois não é de hoje que os trabalhadores informais são considerados um problema – e o estado incapaz de criar uma solução justa, acirra ainda mais as condições. Contudo, o trabalho destes ambulantes de rua, apesar de considerado ilegal perante a justiça, é a forma como milhares de pessoas asseguram o pão e o leite, e de modo muito mais honesto comparado ao de políticos profissionais que só criam leis para segregar a população.

Um tiro acidental, um ‘caso isolado’ segundo o prefeito Fernando Haddad (PT).

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A quantidade de disparo acidental ou por legitima defesa efetuado pela Polícia Militar mata cinco pessoas por dia no Brasil, de acordo com o Relatório Mundial sobre Direitos Humanos, divulgado 21 de janeiro deste ano pela organização não governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW). (disparo acidental ou por legitima defesa são sempre as alegações da PM)

A morte do camelô Carlos Augusto Muniz, 30, na Lapa, SP, nesta última quinta-feira (18) foi exatamente por um policial que estava em Operação Delegada, (trabalhando em dia de folga) e que já matou um morador de rua por legitima defesa, sabiam?

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Os vídeos que se espalharam pela internet mostram que o policial estava num nível de estresse elevado, ao retirar a pistola do coldre e mantê-la em punho apontando para a população, dá uma ideia de que algo ali poderia acontecer a qualquer momento, aí o camelô noutro nível de estresse, resolve confrontar e tenta tomar o spray de pimenta e acaba por levar um tiro na cabeça.

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Quem é o responsável pela tragédia? O camelô? O policial? Irresponsabilidade houve de ambos, entretanto, o policial é um soldado treinado para saber agir em situações de conflito, além do mais, quando qualquer policial efetua um disparo, é o Estado que tem a responsabilidade por isso. Não dá para individualizar a questão, até porque a violência policial é uma realidade concreta que tem atingido níveis de violações de direitos humanos que são verdadeiros atentados à democracia – não são simples casos isolados de excessos de autoridade, por isso a discussão em torno da desmilitarização da polícia militar se faz necessária e urgente, pois a única eficácia da polícia hoje é defender o patrimônio privado, reprimir os movimentos de contestação e exterminar a população pobre, ou seja, representa um aparelho repressivo cuja atuação se pauta no uso da violência legítima a serviço do Estado, que há anos mata preto, indígena, sindicalista e trabalhador periférico. Portanto, o caminho para desmilitarizar a Polícia Militar, é mais um longo caminho de luta contra este Estado genocida, verdadeiro responsável por todos os problemas que afligem nosso cotidiano.

Porém, não devemos esquecer que aqueles que defendem este sistema assassino têm nome e sobrenome, partido, posição política e estão sendo coniventes com tudo isso, e podem acreditar, muitos querem o seu voto nestas eleições, e alguns nas próximas.

A Polícia Militar tem que acabar.

OBS: Antes do vídeo ter sido postada na internet a Polícia Militar tinha alegado que o policial agiu em legitima defesa e havia sido ferido em confronto. Com os inúmeros vídeos que desmascararam a mentira, ficou claro, o policial não foi ferido e a morte do camelô foi o resultado de uma ação policial desastrosa. O policial está solto.