Trabalhadores da limpeza urbana e a luta para que seus direitos não sejam jogados para debaixo do tapete

Foto: Rádio da Juventude

Foto: Rádio da Juventude

A greve dos coletores de lixo em São Vicente vem ocorrendo desde 2012. Por que as empresas se recusam a pagar acordos coletivos?

Os coletores de lixo de São Vicente e de Praia Grande entraram novamente em greve esta terça-feira (08). Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação as empresas quebraram o acordo coletivo firmado e descontaram os dias parados devida a greve do mês passado.

Apesar do direito a greve ser garantido pela Constituição Federal, em seu artigo 9º e a Lei nº 7.783/89, assegurar que todo trabalhador e trabalhadora compete à oportunidade de exercê-la. Entretanto, toda greve em geral é sempre muito criminalizada pela sociedade. Aproveitando-se de tal situação, as empresas, ignoram a lei e agem da maneira como querem, dificilmente sendo penalizadas. Tratando-se de prestadoras de serviços públicos, o problema piora. Vide as notas lançadas pelas Prefeituras, sempre atenuando a situação, na verdade, “lavando as mãos”, muito mais preocupadas com a própria imagem governamental, do que com os problemas reais, e neste caso, são as condições insustentáveis de trabalho que estão sujeitos os coletores da região.

Em São Vicente, por exemplo, desde 2012 que os coletores estão nesta briga, devido os atrasos de salário; de valores de benefícios como vale-transporte e auxílio refeição, no final de 2012 houve paralisação, depois no início de 2013, neste ano em junho e agora em julho. A reivindicação dos garis é pelo aumento de salário; condições de trabalho; insalubridade e também denunciam o assédio moral e até sexual que alguns têm sofrido.

Para termos uma ideia; varredores, margaridas e garis em São Vicente recebem R$ 755,00 e coletores ganham R$ 785,00 (absurdo!). A categoria pediu que o piso aumentasse entre R$ 900,00 e R$ 1mil (o mínimo de justiça) No mês passado foram 14 dias de paralisação e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP): decidiu pelo reajuste salarial de 12,5%; estabilidade de 90 dias para todos os trabalhadores; pagamento dos dias parados. Porém, as empresas ignoraram e descontaram dos trabalhadores os dias de greve, com isso, a categoria resolveu cruzar os braços até que o pagamento destes dias seja feito.  Em nota as empresas informaram que os pagamentos serão feitos nesta quinta-feira (10), ou na decorrência da semana, pois, houve problemas devido o feriado. Será?

A luta destes trabalhadores de limpeza urbana não é fácil, mesmo com estas conquistas que obtiveram por meio da luta, não são suficientes diante das necessidades reais. Pois as fragilidades quais estão submetidos dentro dessas empresas de prestação de serviço, (terceirizadas) blindam e garantem uma lógica de exploração capitalista que se apropria cada vez mais dos direitos dos trabalhadores. Daí as denúncias de assédio moral e sexual, pois quando retornam, têm que cumprir prazos absurdos, trabalhar em dobro debaixo de sol e chuva, conviver com o preconceito, com a falta de solidariedade e respeito de quem se sente prejudicado com a greve, dentre outras coisas, que só contribuem para essas situações de violência.

Infelizmente, está longe de terminar toda essa exploração, porém, cruzar os braços e agir coletivamente é o caminho para as mudanças.

Todo apoio a luta!