A cidade de São Vicente mais uma vez é palco de uma tragédia política, e a população é quem pagará as contas no final.
No início deste ano na área continental em São Vicente teve inicio uma ação de despejo para desocupar uma região conhecida como Fazendinha (atendendo ordem do Ministério Público). Durante as remoções algumas famílias tiveram que sair de suas casas e outras não.
A explicação desta confusão entre quem teve que sair – e quem pôde ficar – é devido algumas pessoas terem comprado o terreno há muitos anos durante um loteamento que houve de forma planejada com recorte de arruamento e com o conhecimento da Prefeitura, outras, no entanto começaram a ocupar recentemente de forma desordenada.
A Secretaria de Habitação cercou o local para evitar novas ocupações; e mantém vigilância constante
De lá para cá, além de toda a operação de guerra montada para as remoções sobre a égide de proteção ambiental e de defesa de um proprietário que reivindicava parte do terreno, uma longa discussão foi sendo desencadeada a partir de uma denúncia de envolvimentos de grupos políticos/partidários do próprio governo vicentino, que até então, estaria incentivando as ocupações – um vídeo postado na rede, mostrou o vice Prefeito João da Silva, também Subprefeito da área continental na época, estimulando as ocupações – o caso ganhou espaço na mídia local, e o Prefeito Luiz Claudio Billi teve que exonerar o vice e se pronunciar a respeito, de modo que o vice antes de sair, afirmou que iria a justiça se defender de tal calúnia, pois estaria sendo bode expiatório de tal situação.
Nesta semana em depoimento concedido para uma comissão de investigação montada por vereadores, o vice Prefeito apresentou documento que comprova não ser o único responsável na empreitada de estimulo às ocupações, mas, juntamente com as secretarias: de Habitação, Obras, Meio Ambiente, Guarda Municipal e Defesa Civil, além do Prefeito Luiz Cláudio Billi que tinha total conhecimento, revelando, inclusive, que a Secretaria de Obras quem forneceu os postes de luz, (concedido pela concessionária) e a Secretaria de Transporte quem fez a escolta dos postes do bairro do Itararé até a Fazendinha, e tudo isso, foi acertado em reunião no paço municipal, com documento protocolado no gabinete do Prefeito. (troféu óleo de peroba para o governo Billi que negou envolvimento).
Daí o prato cheio para setores de oposição bradar por uma nova São Vicente, com um discurso que no fundo o que anseia, é pela volta do antigo governo, como se o anterior fosse exímio de algo.
Mas vamos lá, qual o foco do problema nessa questão?
Ao que parece a discussão nem de longe levanta o problema real, que é a habitação, este é o ponto, esta é a questão que poucos têm coragem de problematizar e dizer; dane-se! Moradia é um direito e ninguém será removido. Para termos uma ideia; há dois conjuntos habitacionais se deteriorando na cidade, e a responsabilidade tanto é do governo atual quanto do anterior, (de todos os governos, e não há um que presta nesta história) todos eles são os responsáveis por deixar que São Vicente chegasse a este caos. Mas essa discussão não interessa… Afinal, a cidade há anos não passa de uma verdadeira capitania hereditária cheia de coronéis, onde em cada bairro tem um, a frente de uma creche, de um CER, Centro Comunitário, entre outros equipamentos (transformados em curral político).
Enquanto isso o déficit habitacional explode, a quantidade de pessoas que não tem o acesso à moradia é enorme, sem contar os outros direitos sociais, que há tempos são violados na cidade, e tudo isso, ao longo dos anos tem aumentado quase que de forma natural. Se a pauta de discussões de direitos sociais está em evidência na cidade, é porque “mudou o governo”, só isso… E claro, a reconfiguração política é instável, aí preencher espaço se tornou meta de quem perdeu a eleição, e também de quem ganhou e precisa se manter no poder.
Enquanto bradam querer o antigo governo de volta, deveríamos era não querer governo nenhum! Discussões girando em torno de quem é o mais malandro, o mais corrupto, o mais irresponsável, é tão retrógrado e conservador que dá nojo – o correto mesmo seria; qual o grupo político é o mais covarde e pernicioso.
Enfim…
A discussão de maior parte dessa classe política vicentina é pela disputa de poder, muito mais interessada numa cadeira, num cargo comissionado, de secretário, de vereador, agregado, ou de prefeito, do que interesse real em contribuir com os interesses da população. Por isso, vale mais abrir os olhos e se organizar, ocupando mesmo! Do que esperar que alguém, ou algum grupo resolva este caos.
Dane-se o vice, o Prefeito atual, o antigo e o próximo, mudar isso tudo só será possível com organização popular!
Não vote, organize-se. Ocupe!
OBS: Temos que ter responsabilidade com o meio ambiente? Sim. Mas usar desta responsabilidade como fundamento para remover pessoas que não têm onde viver, enquanto diversos outros terrenos pela cidade são ocupados para construção de pátios de contêiner, é muita hipocrisia diante do déficit habitacional da cidade (em torno de 20 mil, segundo os dados da Prefeitura).
A ocupação na área continental é o resultado de anos de incompetência política habitacional administrativa – e na Fazendinha, também é uma questão de defesa de propriedade privada e não de direitos da população. Por isso, ocupar é um dever!