As famílias que foram atingidas por um incêndio em junho deste ano, na favela do México 70, na cidade de São Vicente, reivindicaram por moradia na última quinta-feira (31) e conquistaram junto a Prefeitura a prorrogação do auxilio aluguel que havia sido cortado no quarto mês, sendo que a Prefeitura havia acordado oito parcelas e não cumpriu. Segundo o Deputado Estadual Márcio França, o Ministério da Integração do Governo Federal depositou em torno de duas semanas antes, um milhão de reais para a Prefeitura de S.V fazer estes pagamentos. No entanto, o dinheiro não foi repassado às famílias. Ao todo são 366 famílias cadastradas e, segundo a Prefeitura, todas receberão suas casas.
Neste mesmo dia, (31) outro incêndio ocorreu no México 70 deixando mais 42 famílias desabrigadas. Estas foram cadastradas pela Prefeitura para entrar no programa de política habitacional da cidade e encaminhadas para o CECOF (Centro de convivência) em Samaritá – área continental de São Vicente. Porém, apenas nove famílias continuam no local. As outras foram para casa de amigos e parentes.
Com um déficit habitacional em torno de 19 mil moradias, São Vicente arrasta este problema há anos. A favela do México 70 é uma área de manguezal, ocupada no final da década de 1.960 que só ganhou luz elétrica e água encanada no início de 1.980 e sempre foi um local com problemas sérios de habitação (sem contar outros problemas de serviço público). Nos anos 1.990 a política de habitação do Governo do Estado construiu em parte da favela conjuntos habitacionais da CDHU, que deu uma “maquiada” no problema. Porém, expulsou muita gente que não podia pagar (daí temos um dos motivos que contribuíram para o crescimento da área continental). As que ficaram e não conseguiram casas, foram segregadas espacialmente no ambiente em que vivem.
A questão da habitação, de fato, é um problema muito sério que persiste há anos em São Vicente, mas não é nem nunca foi prioridade dos governantes, as políticas que são desenvolvidas são meramente eleitoreiras e não atendem a necessidade real das trabalhadoras e trabalhadores da região, além da quantidade de dinheiro que não devemos esquecer jamais; são cerca de 12 milhões que saiu dos nossos bolsos na construção do conjunto habitacional do Dique do Sambaiatuba, (leia aqui e aqui) e hoje, devido o abandono e o descaso, estão deteriorados e terão que passar por reformas, sendo que estavam prontos.
Por essas e outras foi de extrema importância a ação realizada por moradoras e moradores do México 70. O auxílio aluguel é um pequeno fruto da pressão popular e com organização nós podemos construir uma outra realidade.
Todo poder ao povo!
OBS: Continuaremos com este assunto.