Professores em greve no Rio de Janeiro são duramente reprimidos pela polícia

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Na noite de sábado, com o uso da truculência habitual, a PM retirou manifestantes que ocupavam a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Os manifestantes eram todos professores que trabalhavam nessa cidade e lutavam por melhorias nas condições de trabalho e contra um plano de carreira desenvolvido pelo Poder Executivo do município. As cenas mostradas na mídia alternativa são chocantes. Senhoras tiveram spray de pimenta jogados na face.

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A quantidade dos jatos de pimenta despejadas pelos policiais era intensa. Outras senhoras foram arrastadas por policiais que também ofendiam com palavras de baixo calão centenas de professores. A PMRJ agiu sem mandato judicial e a pedido do presidente da casa de leis da cidade. Policiais estavam mascarados, em uma cidade onde nem o Batman escapou da lei estapafúrdia de proibir máscaras de manifestantes.

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A ação violenta da PMRJ de ontem é uma expressão da forma com que os professores da rede pública brasileira são tratados, na maioria das vezes, pelos governos. As condições de trabalho são muito deficientes. Salas de aula com capacidade acima do aceitável para um bom processo educacional. Professores que devem dar mais aulas do que seria razoável supor. Escolas com infra-estrutura deficiente. Alunos que, em muitos casos, desrespeitam a autoridade do professor e não estudam o mínimo necessário. Professores que são vítimas de ofensas por parte de alunos.

A frustração de ser obrigado a fazer com que alunos sem saber calcular ou ler tenham que progredir nas diferentes séries na escola. Educadores que recebem poucas oportunidades de qualificação e desenvolvimento. O resultado, todos nós sabemos. Ano passado, o Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking global da educação preparado pela Economist Inteligence Unit, atrás de países como Russia, Romênia e México. Apesar de ser um dos estados mais ricos da federação, a educação praticada no Rio de Janeiro em todos os níveis está atrás de estados como Goiás e Espirito Santo e divide a mesma posição com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

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A polícia retirar professores de forma violenta de dentro de um parlamento, que na teoria deveria ser um lugar onde o interesse da população é defendido, é a cristalização de um estado doente. Um país onde professores são tratados com bombas de gás e spray de pimenta, é um país que maltrata o seu futuro. O governo do estado e da cidade do Rio de Janeiro tem optado pelo uso da violência e da truculência policial para lidar com as questões sociais.

Tem cometido absurdos contra manifestantes e contra a democracia. A lei da porrada vinda do estado está imperando no Rio de Janeiro. Isso apenas irá recrudescer ainda mais a tensão na cidade. Total solidariedade aos Professores em greve no Rio de Janeiro. Repúdio ao uso da violência ao invés do diálogo, do spray de pimenta ao invés da negociação. Um parlamento deve sempre ser a casa do povo, não o castelo dos políticos. É triste ver que estamos construindo um país sem futuro. Como professor e cidadão, é triste e humilhante assistir as cenas desta madrugada.

Exclusivo para o Jornal Zona de Conflito Mídia Independente.