Comunicação independente viabiliza protestos contra aumentos na Baixada Santista

Por

Márcio Garoni, no CMI Brasil

A Região Metropolitana da Baixada Santista, assim como São Paulo e outras cidades do País, teve reajustados os valores das tarifas do transporte público. Mesmo com o enfraquecimento da cultura de protesto na região, está sendo iniciada mobilização para barrar os aumentos, puxado pela mídia independente

Na onda dos aumentos no transporte público de todo o País, a Região Metropolitana da Baixada Santista, composta por nove cidades do litoral de São Paulo, também teve as tarifas reajustadas.

O primeiro aumento foi na primeira semana de fevereiro: 7% de reajuste, em média, nas linhas intermunicipais, pelo Governo do Estado. Hoje, por exemplo, a passagem de ônibus entre Santos e São Vicente, cidades que dividem a mesma ilha (57 km²), custa no mínimo R$ 3,10. Em efeito cascata, os municípios logo trataram de reajustar também as tarifas em suas localidades, pressionadas pelas todo-poderosas viações rodoviárias. Em Santos, paga-se o absurdo valor de R$ 2,65, em uma cidade pequena e plana. Valor mais alto que a maioria das capitais brasileiras.

Outro problema é a falta da figura do cobrador, em quase todas as cidades, um claro desrespeito às leis trabalhistas (já que o motorista exerce duas funções) e aos usuários do transporte.

A perda de uma cultura de protesto na região e o clima de comodismo de muitos fez com que não houvesse protestos coletivos imediatos aos reajustes. Porém, a união entre movimento social e comunicação livre possibilitou uma “faísca” inicial, que já lançou suas primeiras chamas.

A Rádio da Juventude, de São Vicente, iniciativa do movimento social internacional Juventude Operária Católica (JOC), fez um chamado para o último dia 25 de fevereiro, a uma semana do Carnaval. No Centro da cidade seria feito um protesto contra os aumentos abusivos na região. O 1º Ato Contra o Aumento do Busão na Baixada Santista teve a participação de cerca de 50 pessoas, muitas delas informadas por ferramentas virtuais como blog, twitter e facebook. Com um microfone e caixa de som, todos puderam se manifestar contra o alto custo e a baixa qualidade do transporte público.

A comunicação independente e os movimentos acabaram por começar um maior contato entre si. Vestiram a camisa do protesto os sites Juventude e Luta, Ideia Quente e Opcional TV, além do Centro dos Estudantes de Santos. Jovens e adultos, estudantes ou não, sem ligação com movimentos também aderiram ao protesto, bem como companheiros de ideologia anarquista, e outros ligados ao movimento sindical. Outros movimentos, apesar de convidados, não compareceram ou manifestaram apoio, revelando o famoso “rabo preso” com forças políticas e econômicas da região.

No último sábado, dia 05 de março, foi realizado o 2º Ato, desta vez com direito a passeata que fechou as vias do centro de São Vicente, mesmo com o baixo número de manifestantes. O protesto chamou atenção da secretaria de trânsito local e da PM que, justiça seja feita, agiu com tranquilidade.

O fato de o dia ter sido de Carnaval e chuvoso só aumentou o otimismo dos participantes para uma sequência de manifestações. O 3º Ato, neste sábado, será no bairro do Gonzaga, em Santos, o coração da Cidade. A cada semana as mídias independentes se articulam e, cada qual a seu modo, divulgam as próximas ações. Propositadamente não há uma política de entrar em contato com as grandes mídias convencionais, uma postura tanto de afronta como de termômetro do nível de mobilização das pessoas.

A Rádio da Juventude tem concentrado em seu blog ( http://radiodajuventude.wordpress.com) as principais informações sobre os atos, mas a intenção é que, com o tempo, as outras mídias independentes e movimentos sociais se apropriem das ferramentas e todos continuem
trabalhando conectados entre si. E contra o aumento do busão.