As eleições estão aí e a disputa eleitoral começou. O velho circo de sempre! Este ano a novidade das campanhas é a apropriação das jornadas de junho pela maioria dos candidatos, todos de um modo ou de outro, não há dúvidas, querem tirar algum proveito de um dos maiores acontecimentos da história das lutas sociais no Brasil, e assim, “surfar sobre a onda das lutas”, que até agora, levanta debates e inúmeras discussões, além de estimular outras e dar mais força e visibilidade.
A “malandragem” dessas campanhas está em reduzir as jornadas a um movimento espontâneo que surgiu do nada motivado apenas pela insatisfação popular, o que é uma farsa! Mas claro que candidato não vai apresentar em sua campanha que tudo isso começou puxado pelo Movimento Passe Livre (MPL) de forma autônoma e que foi resultado de anos de organização de base; rodas de conversas em escolas, universidades, grupos de bairro, entre movimentos sociais, nos terminais de ônibus junto aos usuários do transporte; panfletando, realizando pequenos atos de conscientização, estimulando a participação popular direta; que o povo assuma as responsabilidade e lute coletivamente sem delegar sua responsabilidade a terceiros, entre outras coisas. Não. Nada disso interessa. Apenas a politicagem e a disputa eleitoral, alguns, inclusive, já estão usando “marketeiramente”; frases de efeito; o gigante acordou, não foi por vinte centavos, conquistando direitos, somos a oposição nas ruas… A cara de pau não tem limites. Podemos dizer que é uma disputa histórica pela consciência da classe trabalhadora, e neste caso, mais uma vez um tipo de politica escrota e parasitaria que não mede esforços para chegar ao poder.
A política representativa bateu no teto
A grande simbologia das jornadas é que a política representativa está em ruínas, direitos sociais se conquistam com luta e com autonomia, jamais se negocia numa mesa com conchavos, pois é este tipo de política que mantém o sistema de exclusão, é este tipo de política que tem que cair, mas, os politiqueiros se recusam, não querem discutir, ignoram e desqualificam – quando o termo horizontalidade aparece então, querem transformar em palavra sinônima de desorganização, ao contrário, é o direito de todos terem voz e participarem dos processos decisórios; é buscar o consenso e romper com a imposição, com a autoridade. Mas o discurso deles, enfim, é assim; os vândalos e os pacíficos, o lindo verde amarelo e o feio Black Bloc, deste modo o Estado sai imune e a ditadura corporativa agradece.
Não vote! Se organize coletivamente!
OBS: Muitos grupos sociais; coletivos, de partidos, além do MPL estiveram nas ruas, e há anos estão travando essa luta por uma sociedade justa e igualitária. Mas é inegável a importância de mudança de paradigma impulsionado pelo MPL, em ir pra rua sem carro de som, não tratar a luta do transporte como um negócio, ou como os donos dela, e pra além, se organizarem na base de forma autônoma pelo empoderamento do povo, e claro, ninguém do MPL neste ano de eleição pedirá voto porque esteve na luta.