Pacifismo: um discurso a favor do Estado.

518642Desde que os protestos pelo país iniciaram-se a cerca de dois meses, a palavra “vandalismo” tornou-se um jargão obrigatório utilizado pela mídia, por políticos e conservadores de plantão, tanto de direita quanto de esquerda. Além de ser uma forma perversa de jogar a opinião pública contra os manifestantes é um meio bastante perspicaz de inserir indiretamente uma ideia de paz no imaginário popular, estimulando e usando o senso comum para sustentar uma farsa que irá confrontar e eliminar qualquer  iniciativa política crítica que se materialize em ação concreta.

Mídia oficial e as manifestações

Reparem quando a mídia comenta algo, não há uma única vez em que as notícias das manifestações não sejam divulgadas de forma a desviar o foco do objetivo, pautando alguma outra coisa que possa contribuir para desmoralizar a manifestação, uma das táticas é usar a defesa do patrimônio público. (como se este realmente nos pertencesse) Mas será que eles estão defendendo o patrimônio público ou a propriedade privada?

Pois locais como lojas de grife, concessionárias de carros, bancos, Mc Donald’s, em que são uteis para o trabalhador estes patrimônios? Na verdade são símbolos da exploração da classe trabalhadora.

945471_527182704004652_2016846386_nReapropriar-se 

As manifestações nas ruas para além da pauta de reivindicação, é um momento de re-apropriação do espaço público, da cidade, do direito de ir e vir que durante anos tem sido tomado pela especulação imobiliária – com a conivência do Estado e sobre a gerencia dos governos – deste modo, todos os espaços urbanos são de segregação social, basta avaliarmos como as cidades estão estruturadas: o centro, os bairros nobres e a margem; o morro, o gueto… Onde quem vive lá, só tem o direito de ficar calado, de obedecer a ordem diante do sucateamento de todos os serviços públicos – destituído de tudo, ainda assim, tem que sustentar a paz, enquanto centenas morrem assassinados nas mãos da polícia, na fila de um hospital esperando atendimento, na rua de fome, de frio e de descaso… Aí vem o serviço social e diz: este local é de “vulnerabilidade social”, não! Na verdade, é o local onde os direitos sociais são violados! Onde a exclusão e a opressão são efetivadas duramente pelo Estado e por suas Instituições.

acao_coracaoPor isso

Discursos pacifistas de “paz e amor”, de democracia, de bondade e humanismo que não apontam e não revelam os crimes do Estado, não passam de dissimulações categoricamente pensadas para ludibriar as massas de modo a coibir pensamentos divergentes e blindar o Estado.

Se fizermos uma análise da situação que se encontra a classe trabalhadora no Brasil, destituída de direitos básicos fundamentais como saúde, moradia, educação, trabalho… travando uma imensa guerra por terra, por teto, pão, justiça… de fato vamos perceber que o discurso de paz não faz o menor sentido, pois há uma violência incontestável muito presente exterminando o povo. Como há de se clamar por paz sem se revoltar diante de tanta covardia do Estado?

A paz ao Estado servirá.