Há uma direita querendo capitanear todo o movimento contra o aumento da tarifa. Será?

1016087_548704811858383_1920239757_nOs manifestos na baixada santista contra o aumento da tarifa se atrelaram à bandeira da ‘corrupção (leia aqui, está agregação passou pelo grupo sem discussão) sendo que este era um discurso de um grupo do Facebook de direita chamado “Nas Ruas Brasil” criado no face com a intenção de criar manifestos integrados contra a corrupção (indiretamente a ideia era apenas atacar o governo do PT)

Era um grupo que não queria discutir nada além da corrupção e dos valores morais, e fazia questão de em qualquer debate suscitar o amor pela pátria, e caso alguém discordasse de tal argumento e quisesse discutir com profundidade os problemas do país, simplesmente era excluído ou ignorado.

Muitos debates foram travados na rede no ano de 2011, o grupo ao perceber que perdia território dilui-se curiosamente em outro grupo chamado “Pátria Minha” que ainda existe, hoje quase todo centro urbano tem o seu grupo na rede, na baixada, por exemplo, temos o denominado; “Pátria Minha Baixada” – sua causa principal no momento é lutar contra a PEC 37.

A grande questão é que o grupo vem articulando numa linguagem muito inteligente e capciosa, dizendo ser um grupo não partidário, e alguns integrantes usam a denominação “suprapartidária” nome bastante em moda nos últimos tempos, e sua finalidade é chamar o povo para fazer política, combater a impunidade e a corrupção. Pragas de nosso país segundo eles.

Até aí ok, concordamos. Contudo, o perfil do grupo é o mesmo do outro, se alguém entrar no grupo e for discutir partido, a palavra de ordem é; aqui somos livres, lutemos por nós, chega de politicagem partidária, e se for discutir, por exemplo, sobre higienização social – aí não – estão desviando o foco –  isso no início, pois, nos dois últimos anos o grupo foi se adaptando para discutir todos os problemas sociais, mas sempre com a cartilha da Constituição e com a bandeira nacional na mão, com isso, minuciosamente o discurso reacionário foi sendo travestido de revolucionário, até chegar ao ponto que, quem não tem a mínima ideia de luta social, se depara com a discussão de: queremos educação, queremos saúde e todos os outros direitos que nos são negados, é de uma legitimidade profunda, sem contar que os símbolos nacionais são de fácil assimilação para uma população condicionada, quem irá criticar?

Prestem atenção a quantidade de verde e amarelo que está surgindo na rede, algumas coisas são de pessoas comum que pegaram carona, mas, a maioria é intencional. Frase do tipo; o gigante acordou. Oras. Quem estava dormindo do lado de cá da trincheira por acaso?

Mas vamos pensar; a utilização desses símbolos é dialógico pra caramba com a população e com a nova geração de jovens que querem depositar seu ódio em algum lugar e resgatar algum orgulho (palavra está perigosa somada com revolta) .

Porém, o grupo permanece pontual numa coisa, o problema não é a estrutura social e a organização econômica, mas sim a falta de participação política que não deixa as leis funcionarem, é preciso atitude e leis mais enérgicas, ou, seja, fortalecer ainda mais o Estado. (não assumiram que é isso, faço apenas a leitura de acordo com o posicionamente deles,  que é cheio de contradições e nunca classista).

O ponto onde quero chegar é que as manifestações estão tomando um caminho na baixada que precisamos refletir sobre elas, assim como em âmbito nacional, pois, um vídeo de chamada “supostamente” do MPL circula pela rede e sutilmente pode enganar os mais desavisados, pois faz absorções dos discursos da luta, porém, é um vídeo obviamente que irá fortalecer a direita. E tem um do V que está circulando que é ainda mais sútil, mais cheio de discurso nacionalista (logo abaixo os vídeos) e acho que esse foi de alguém que só reproduziu o discurso.

Prestem atenção na exacerbação dos símbolos pátrios, discussão da não violência, associação das lutas sociais com o amor pelo futebol e amor pelo Brasil.

Qual organização, ou movimento social faria isso?

No entanto, estão ganhando força dentro dos atos, pois adotando o discurso: não queremos partidos, não queremos bandeiras, queremos tudo horizontal, e sem lideres, democracia direta, é de extrema facilidade para agregar gente cansada de atrelamento partidário.

Seria a anarquia surgindo da noite para o dia?

Os princípios são legais né? Só que não. Não devemos nos iludir, temos que ficar juntos, ainda mais quando a violência é praticada contra companheiros de luta, como está ocorrendo em SP, com agressões físicas aos militantes do PSTU e do Psol, e quase ocorreu aqui na baixada, só que para piorar o PSTU (para se defender) lança uma nota que coloca tudo na conta dos anarquistas, (sobre as agressões) e uma galera com toda razão ficou furiosa com tal declaração e achincalhou o PSTU.

Quer dizer;

Um colocando na conta do outro e o saldo: a direita nacionalista está indo bem, está conseguindo comprar a consciência das novas gerações e de toda a população deixando as esquerdas brigando entre si – enquanto ela prepara o golpe.

Precisamos de lucidez!

Não é fácil debater nesse momento de euforia em que as revoltas explodem, porém, as esquerdas que possuem uma perspectiva de classe vão ter que pensar em como vão fazer essa disputa de consciência, ( não sei se essa é a palavra a ser usada “disputa”) porque a direita instalou-se nos eventos dos atos, de todo o país, e tem gente aderindo ideias de redução da maioridade penal, do aborto, debates legalistas sendo propagados. Ao mesmo tempo em que isso faz parte, pois num estado de revolta em que todos se erguem, cada um revela o que pensa e gera conflitos.

Porém, a preocupação é fazer esse recorte, essa luta e não deixar discursos reacionários comandarem, eles são a catapulta para correntes extremistas surgirem, não é toa que estão propagando o ódio não somente aos partidos, mas, aos sindicatos e as organizações sociais, querem desmoralizar os instrumentos de luta da classe trabalhadora.

A Rádio da Juventude enquanto instrumento livre, classista e popular que não está atrelada a nenhuma corrente partidária e que preza por princípios de autonomia, horizontalidade, auto gestão e combatividade, tem participado desta luta e preza por uma luta que seja classista sempre defendendo os direitos do trabalhador e da trabalhadora. Temos a certeza que, é a organização social e o poder econômico que geram essa disparidade social que tem como o grande provedor e mantenedor o Estado, sendo assim, baixar a tarifa é apenas a ponta de um iceberg, fortalecemos! Mas de forma alguma nos aliaremos as correntes de direita que somam a essa luta, e deixamos nossa preocupação com essa enorme contradição que o sistema nos colocou que é não deixar nossas lutas serem absorvidas por grupos que não sabemos bem quem são, mas que são contrários a liberdade.

Quanto aos nossos companheiros e companheiras de luta que pertencem a partidos que foram atacados por esse ódio, manifestamos nossa profunda solidariedade.

E não se enganem! Toda essa hostilização é proposital, querem espalhar ódio e desmoralizar todos os instrumentos de luta da classe trabalhadora! Ser apartidário e prezar por valores de autonomia, autogestão, horizontalidade não significa hostilizar e agredir companheir@s de luta que adotam estratégias de luta diferentes.

Poder Popular sempre! Numa perspectiva classista! Querem confundir a luta. Esse papo de corrupção não engana. Parada é essa de gigante acordou? Sempre estivemos na luta!

É tempo de somar forças!

Lutar, criar poder popular!