Reflexão e Ação discute o fenômeno Tiririca

Pior do que está não fica! Como previsto, um milhão trezentos e poucos votos, confirmando a política do pão e do circo.
Seus projetos segundo ele: “só coisa boa!” Com isso o palhacinho mais querido do país desbancou o Ronald e se tornou o Deputado Federal mais votado do Brasil.

Neste último sábado dia 09/10, o programa Reflexão e Ação dando continuidade ao sábado anterior véspera de eleição onde discutiu “Eleição é coisa séria! Não seja um palhaço nas urnas”. Colocou em pauta para discussão “o fenômeno Tiririca“. É certo dizer que, não é nenhuma novidade o envolvimento de “celebridades” no mundo da política, e o fato de um candidato usar de seu talento “palhaçal” para angariar votos, não quer dizer que ele será um péssimo político. Será? Horas, outros palhaços velhos de guerra estão há muito tempo na política e vestem terno e gravata.

E aí? Viva a democrácia?

Foi o que tentamos entender.

Estiveram no estúdio para contribuir com o assunto o Professor de História e militante do Psol e do Círculo Palmarino, Maykon, o Bacharel em Serviço Social e militante do Conselho da comunidade Negra de Santos, André Leandro e o Professor de Filosofia Wellington Souza.
Para iniciarmos o debate a pergunta inicial foi: Essa quantidade de votos obtido pelo Tiririca se traduz de que forma? Revolta? Descrença? E quais seus efeitos?

Segundo Maycon: Vivemos hoje no Brasil uma democracia frágil, onde a intervenção política através do voto está saturada, ou seja, vivemos uma falência do sistema democrático. Por isso a entrada de celebridades tanto reflete um sistema que possibilita a entrada de pessoas despreparadas para o cargo, quanto a eleição de um candidato com um milhão e trezentos votos, que pautou sua campanha com um slogan debochado e sem propostas, nada mais é que o reflexo da insatisfação popular, gente que não se vê representada de forma alguma, e totalmente descrente com as possibilidades de mudanças através do voto.
André Leandro acrescenta: Para isso acabar, precisamos de uma reforma política, primeiro: voto distrital para fortalecer a representação local e criar identidade entre representante e representado, segundo: criar um sistema de filtragem, quem se candidata a cargos públicos tem que ter histórico político, isso seria uma forma de acabar com os paraquedismos, terceiro: transparência e igualdade entre os candidatos, criar um teto de campanha e financiamento público para todos.
Wellington pondera a respeito “Todas essa reformas são necessárias, mas não acredito que o voto distrital irá realmente resolver e criar essa identidade, outra coisa a ser colocada em discussão, diz respeito a Educação, sem ela nada disso será resolvido, e quando me refiro a educação, refiro-me a Ethos, a forma ética de ser e de estar neste mundo, e por mais subjetividades que ela tenha em seu entendimento, ela, é quem nos faz refletir sobre a configuração social. Com isso, de que forma iremos atuar sobre as esferas da moral que regem nossa sociedade? Por exemplo: Algum tempo atrás no Brasil o coronelismo tinha uma instituição “igreja católica” que a seu lado fortalecia a opressão perante o povo, hoje os meios de comunicação cumprem este mesmo papel, alimentando uma moral de catequese. E aí?

Aí, foi que no calor da discussão muitos pontos foram levantados e que infelizmente gostando ou não, o Tiririca foi eleito e com ele mais cinco companheiros de partido ocuparão cadeiras no congresso nacional. Mas o voto não é o fim, apesar de uma democrácia frágil, cabe fiscalizar, denunciar e bater panela, o que não vale é se calar e acreditar que pior não fica, fica sim! Já ficou né?

Outros pontos que fortaleceriam a democrácia:

* Utilizar outros elementos de participação popular, como:
Plebicitos e referendos.

* Criação de dispositivos de filtração para saber quem é o candidato e qual o seu histórico.
* Criação de fóruns de discussão, para que o povo possa decidir como utilizar verbas públicas, com isso, maior participação no legislativo e executivo.
* Criação de teto para campanhas através de financiamento público gerando igualdade entre os candidatos.
* Criação de mecanismos para que o povo tenha poder de revogar o mandato de um candidato.

Porém, além de tudo isso, tem duas palavrinhas fundamentais que irão dar o ponta pé nisso tudo:Participação política, senão, como disse Wellington repetindo uma frase velha, no entanto, atual e que incomoda “ O povo tem o governo que merece!”

4 pensou em “Reflexão e Ação discute o fenômeno Tiririca

  1. Adorei, qria ter ouvido esse debate! Eu que ainda me considero parte dessa juventude perdida e nao representada num sistema falido, sinto falta dessa oportunidade de me aprofundar no assunto e nao somente perceber as falhas, mas ter a capacidade de criar algo novo, de ter realmente essa participacao politica! Parabens pela Radio da Juventude estar trazendo essas questoes tao importantes de forma simples e clara!

  2. O maior castigo para aqueles q não se interessam por politica, é q serão governados pelos q se interessam … Mas ainda ta muito cedo p td isso, vamos esperar para ver. Quem será q ensinará o q faz um Deputado Federal a Tiririca?

  3. “criar um sistema de filtragem, quem se candidata a cargos públicos tem que ter histórico político”

    A meu ver, isso não fortaleceria a democracia, ao contrário, poderia dificultar – ou mesmo impossibilitar – a entrada de novos atores sociais na esfera de poder, favorecendo os grupos dominantes e contribuindo para a manutenção da ordem estabelecida.

    “Participação política”, sim! Orçamento participativo; meios para a revogação popular de mandato; instrumentos que viabilizem a fiscalização popular do candidato e promovam a transparência da gestão; educação, educação, educação. Sim, aula de Filosofia, de Sociologia, de Cidadania desde o Ensino Fundamental… fortalecimento dos movimentos populares…enfim, conscientização política.

    Só assim as pessoas poderão adquirir a percepção de que seus votos são coisa séria. Só assim deixarão de votar em Collors pela beleza (???), em Tiriricas pela graça, em jogadores de futebol pelo time do coração. Só assim passarão a se interessar por “projetos”, “compromisso”, “cidadania”, “respeito”, “trabalho”, enfim, “Política”!

    Abçs,

    Veronique d’Angoulême

    • Obrigado Veronique pela sua contribuição, é de discussão e ação que necessitamos para conseguir avançar e encontrar alguma soluções para nossos problemas. Apareça sempre pelo blog. tchau!

Os comentários estão fechados.