Audiência Pública:12 de novembro tod@s contra a construção do túnel Santos/Guarujá.

Prezados Compas

31052012034950984348889A residência em que nasci e fui criado fica no Bairro do Macuco,(especificamente na Praça Rubens Ferreira Martins, nas casas populares)esta ameaçada , bairro este de tradição operária e proletária, advinda das atividades portuárias de Santos, localizando-se no dito “file mignon” do entorno portuário da cidade de Santos.

O Bairro é eternizado na trilogia de Jorge Amado “Subterrâneos da Liberdade” onde narra-se que vários comunistas e lutadores históricos se escondiam durante as perseguições getulistas e legalistas que sempre assolaram a cidade de Santos, justamente por causa do Porto de Santos, e das lutas aguerridas dos Sindicatos e dos Partidos de Esquerdas, bem como da luta abnegada dos famosos anarquistas santistas que aqui vieram e se instalaram.

Bairro chamado Macuco, por causa de seu pássaro famoso, que foi-se embora com os aterramentos dos mangues e da construção do Porto e de suas adjacências.

Moradores Macuco Túnel crédito MATHEUS TAGÉ DL (7)

Moradores Macuco Túnel crédito MATHEUS TAGÉ DL (7)

Agora vem mais um capítulo desta luta, quando o Governo do Estado de São Paulo, diga-se Geraldo Alckmin e seus pupilos, querem que o povo do Macuco e de Santos, engulam de goela abaixo o projeto atual do Túnel de ligação entre Santos e Guarujá. Tentam de todas as formas possíveis desalojar o povo do Bairro do Macuco, que ali mora a mais de 80 anos, para colocar este empreendimento mirabolante e recheado com mais de USD 1 bilhão, é isto mesmo, mais de um bilhão de dólares, para construção do dito túnel sob o Porto de Santos.

Das Assembleias Populares na quadra da praça e na igreja, bem como da primeira audiencia dita pública na Associação dos Cabos e Soldados, os moradores do Bairro do Macuco se colocam contra o atual projeto, pois até o EIA-RIMA é uma falácia, todos sabem que o aterro do Porto do Santos e do seu canal de navegação é provido de uma lodo de resíduos industriais despejados desde 1953 por todas as indústrias do Polo Petroquímico de Cubatão, que possuem todos os elementos da tabela periódica, e que precisa de um esforço sério dos Governos Federal/Estadual e Municipal para sua solução ambiental, e não mais um projeto que irá comprometer mais ainda o meio ambiente geral da baixada santista: POR QUE O GOVERNO FEDERAL / ESTADUAL E MUNICIPAL junto com as milionárias empresas do Polo Petroquímico de Cubatão não investem uma contrapartida de USD 1 bilhão para a solução ambiental do ecossistema frágil e ameaçado do Estuário de Santos / São Vicente / Guarujá e Cubatão?

Coloco aos prezados leitores e leitoras a necessidade de uma analise profunda sobre o atual projeto do túnel, e seus aspectos sócio, culturais e ambientais que são intrigante mente camuflados pelo Governo do Estado e empreendedores, temos certeza que não foi realizado e nem querem realizar o Estudo de Impacto da Vizinhança, pois teriam uma visão clara e objetiva sobre os anseios da população do bairro do Macuco e do impacto desta obra sobre esta mesma população, nehuma pesquisa histórica séria foi feita pois constataria a importância histórica do bairro para a cidade tanto no aspecto arquitetônico (seu casario característico assim como o conjunto das casas populares que é um dos últimos registros materiais de uma importante época da historia da cidade e do Brasil) bem como no aspecto cultural duas importantes escolas de Samba de Santos (Padre Paulo e X9) nasceram neste bairro que além de inspirar livros como o citado no inicio deste texto,também foi cenário para textos de teatro de autores como Plinio Marcos e filmes.

Além disto nada se fala do impacto social, comunidade tradicional o macuco e as casas populares possuem familias que vivem na mesma casa a pelo menos 3 gerações “dinheiro não compra tradição” e o projeto apresentado reduz a desapropriação de lares a uma questão meramente econômica, pagou desapropriou ignorando idosos de 70, oitenta anos e que vivem a 60 anos na mesmo casa e para quem a desapropriação é uma sentença de morte .A seriedade do impacto ambiental da obra também foi igualmente ignorado pelos estudos, não bastasse o fato dos estudos pouco ou quase não mencionarem a contaminação da canal do porto eles propõem que o rejeito desta obra seja jogado em terrenos no jardim Quarentenario em São vicente contaminando ainda mas uma região já seriamente afetada pelo conhecido lixão da Rhodia, além disto nenhum estudo do impacto da obra no metabolismo urbano da região consta nos relatórios.Sera que estes estudos não seriam necessários visto que um gigantesco fluxo de trânsito será transferido para dentro da cidade e com eles toneladas de carbono para uma área sem dispersão de poluentes e que já vive o problema de ilhas de calor em sua malha urbana e por fim ignora-se tb os problemas que serão gerados na mobilidade urbana e na infraestrutura local, pela construção e finalmente com o grande volume de transito desviado para um local totalmente inadequado permanecendo o atual traçado da obra .

Não queremos, aí sim, que o Bairro do Macuco e a cidade de Santos tenha sua população exposta a uma obra feita com este descaso destruindo lares e impactando profundamente suas vidas e suas relações sócio culturais e ambientais .

Isto posto, requeremos que não seja realizada as audiências publicas de 12 e 13 de novembroa sobre o atual projeto do túnel, por conta dos descaminhos do EIA-RIMA dos pontos de vistas sócio, cultural e ambiental e da não proposição do Estudo de Impacto a Vizinhança, que terá o papel fundamental junto a comunidade.

Vamos protestar na audiência Pública de 12 de novembro contra a construção do túnel Santos /Guarujá.
Local: Arena Santos às 17 horas

Abraços,
Prof. Giulius Césari Gomes Aprigio
Historiador, Antropólogo e Diretor do CAVE (Coletivo Alternativa Verde)

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